— Vocês... Têm um segredo! O olhar de Valentina vagava entre os dois e, como esperado, percebeu que suas expressões não eram naturais. Como se tivessem se lembrado de algo, trocaram um olhar por um instante, mas logo desviaram, como se tivessem sido queimados. Parecia... Culpa de quem esconde algo?! Assim que Valentina falou, duas vozes soaram ao mesmo tempo: — Não... — Não... — Não temos segredo nenhum! A última frase foi dita com a mesma entonação, firme e incrivelmente sincronizada. Essa sintonia... Que coisa! Valentina arqueou a sobrancelha. — Mesmo? Eu não acredito! Embora não conhecesse Henrico há tanto tempo, já havia aprendido um pouco sobre ele e nunca o vira tão desconfortável como agora. E aquela mulher de preto... Valentina a observou. À tarde, já havia simpatizado com ela. Diferente daquela "coelhinha branca", que, apesar das roupas imaculadas e do semblante inocente, exalava uma aura calculista que incomodava. — Venha, se sente aqui. — Valent
No andar de baixo, as damas da alta sociedade não conseguiam se aproximar da Sra. Mello e só podiam se esforçar para agradar a Sra. Nina. Toda a atenção estava voltada para a Sra. Nina, exceto a de Cássia. Cássia viu Selene subir as escadas e, desde então, aguardava ansiosa por algum movimento no andar de cima. No entanto, à medida que o tempo passava, ela começou a ficar inquieta. Ela havia enganado Selene para que subisse, esperando que ela esbarrasse na Sra. Mello. Mas não tinha certeza do que aconteceria lá em cima. Sabia que Selene não necessariamente cruzaria o caminho da Sra. Mello, então já havia se preparado para outras possibilidades. Seu plano envolvia Aderbal. Cássia sabia exatamente como instigar a aversão de Aderbal por Selene e atiçar sua raiva contra ela. E uma vez enfurecido, seria muito fácil que ele acabasse envolvendo a Sra. Mello no meio do caos. Ao perceber que o andar de cima continuava em silêncio, Cássia decidiu partir para a próxima etapa de seu
— Vocês dois... São noivos? A pessoa parada na entrada da escada lançou um olhar hesitante entre Aderbal e Cássia. Mal a pergunta foi feita, Aderbal prontamente respondeu: — Sim, Cássia é minha noiva! Seu olhar era firme, como se Cássia fosse, de fato, sua legítima noiva. De qualquer forma, ele estava determinado a romper o noivado com Selene. Agora que Cássia teria a chance de se destacar diante da Sra. Mello e realmente se tornar sua benfeitora, ele insistiria em trocar sua noiva por Cássia. Seu avô certamente não teria mais objeções. Quem sabe? Talvez ele e a família Ferreira acabassem se tornando benfeitores da Sra. Mello. Se isso acontecesse, seu avô até o elogiaria. Quanto mais Aderbal pensava nisso, mais empolgado ficava. No entanto, a pessoa que os questionava era cautelosa. Mesmo com a afirmação de Aderbal, isso ainda não bastava. Ela voltou seu olhar para Cássia, esperando sua confirmação também. Naquele momento, os pensamentos de Cássia estavam a mil. S
— De fato, foi um grande susto. A voz soou um pouco grave. Cássia ouviu isso e ficou animada, achando que não apenas havia convencido a Sra. Nina, mas também finalmente persuadido a Sra. Mello. Por isso, quando a Sra. Mello perguntou de repente: — Quem você acha que me assustou? Ela quase respondeu sem pensar: — Selene! O tom assertivo parecia estar condenando alguém. Mas ela respondeu rápido demais, o que inevitavelmente gerou suspeitas. Ao perceber o olhar estranho da Sra. Nina, tentou se recompor apressadamente: — Selene é minha irmã. Eu apenas a vi subindo as escadas antes, então pensei que talvez fosse ela quem esbarrou na Sra. Mello. — Assim que terminou de falar, Cássia se ajoelhou no chão, ainda mais emocionada. — Sra. Mello, se minha irmã realmente a esbarrou sem querer, por favor, perdoe ela! Ela pode ser impulsiva, mas com certeza não fez isso de propósito. O jeito como Cássia demonstrou incerteza parecia sugerir que nem ela mesma sabia se Selene havia fe
"Bolo? O que essa Selene está fazendo com um bolo?" Cássia não deu importância e, com um movimento discreto, puxou o pulso de Selene com um pouco mais de força. No instante seguinte, o bolo caiu no chão. — Ah... Selene exclamou surpresa e, com uma expressão de pesar, se agachou para pegar o bolo. Cássia aproveitou o momento e, sem que ninguém percebesse, empurrou ela levemente, fazendo com que Selene acabasse de joelhos no chão. — Assim está certo, Sra. Mello. Minha irmã reconhece o erro, por favor, tenha piedade... — Mas tem que castigá-la severamente! Cássia pensava assim, mas não ousava dizer essas palavras em voz alta. Ela precisava fingir que intercedia por Selene, pois isso mostraria sua bondade e responsabilidade. No entanto, antes que pudesse fingir estar pedindo clemência, uma voz soou de repente: — Erro? Que erro? Aquela voz fez o corpo de Cássia enrijecer instantaneamente. Ela olhou para a figura sentada no sofá de costas para ela. Então, se virou na direçã
— Minha irmã já deveria voltar para casa.Neste momento, Cássia não se importava mais em agradar ninguém.Ela puxou Selene e foi embora, mas, ao passar ao lado de Henrico, Selene deu um grito repentino e parou.Cássia olhou para trás e viu que o Sr. Henrico havia pegado a outra mão de Selene.— Por que tanta pressa? — Henrico, sem pressa, olhou com indiferença para a mão de Cássia que segurava a de Selene. — Solte ela!Cássia sentiu um frio na espinha.Quando estava prestes a soltar a mão de Selene, ela desistiu da ideia.— Desculpe, minha irmã...— Solte ela! — Antes que ela pudesse terminar de falar, Henrico aumentou o tom de voz.A raiva latente em sua voz fez Cássia engasgar, sem conseguir respirar direito.Mas será que ela deveria realmente soltar Selene? Ela não queria. Então, apertou a mão de Selene com mais força, como se, ao soltá-la, visse Selene alcançar o sucesso sem ela.Isso era algo que Cássia não queria de jeito nenhum.— Solte ela! — Henrico falou novamente.Desta vez,
Bastaria ela se comportar bem diante da Sra. Mello e até fazer com que a Sra. Mello adotasse mais uma irmã adotiva. Não seria impossível, certo?Cássia pensou assim, e de repente sentiu uma chama de determinação acender em seu coração.Mas essa chama queimou apenas por um instante, logo sendo apagada por um balde de água fria, sem piedade.— Você não precisa fazer nada por mim. Eu não gosto de você. — Valentina disse, sorrindo suavemente. Essas palavras diretas não surpreenderam apenas Cássia, mas também os outros fora da sala, que ficaram um tanto atônitos."O que... Está acontecendo? A Sra. Mello não ia adotar Cássia como irmã adotiva? Como assim ela diz que não gosta dela? E mais... A Sra. Mello já ia adotar a Cássia, mas parece que elas não se conhecem direito. O que está acontecendo aqui?"Por um momento, todos ficaram curiosos.Aderbal, que estava segurando a mão de Cássia, imediatamente ficou rígido.— Sra. Mello, o que... Quer dizer com isso? — Percebendo que poderia ser mal in
O que ela poderia fazer? Além de rezar secretamente para que as coisas não acontecessem como ela imaginava e que as câmeras de segurança não gravassem nada, ela não podia fazer mais nada. Ela nem sabia o que fazer! Mas será que poderia mesmo ser como ela rezava? Cássia olhava para a tela da televisão, onde as imagens das câmeras de segurança eram exibidas. No vídeo, as mulheres estavam dançando. Quando ela viu sua própria imagem aparecer na pista de dança, todo o sangue de seu corpo congelou. "O que fazer? O que fazer?" Ela se lembrava de que havia empurrado alguém ao seu lado. No vídeo, ela levantava lentamente a mão. Havia tantas pessoas na cena que talvez ninguém tivesse notado seu movimento. Ela não conseguia mais ficar parada. Cássia olhou discretamente para as pessoas ao seu redor. Talvez, se a tela fosse acidentalmente danificada, ninguém veria nada e ela não seria descoberta. Sim, isso podia funcionar. Certamente funcionaria. Cássia respirou fundo e deci