— De que adianta o Fábio ser inteligente? Até agora ele nem sabe que o filho que carrego no meu ventre nem sequer é dele... A primeira frase no áudio foi como uma bomba, explodindo imediatamente. E a voz da mulher que falava era idêntica à da mulher na tela grande, que conversava de maneira sugestiva com um homem. Num instante, todos associaram a voz à pessoa certa. De repente, todos olharam para Agatha. O que se viu em seu rosto foi, em um primeiro momento, um semblante atônito, seguido por puro desespero. A voz que saía do celular continuava: — Ele nunca nem me tocou, mas isso não importa. Já estamos casados. Um dia, o Fábio vai acabar me tocando. Ele... Ele é bondoso, é certinho demais, e isso é exatamente o que me permite manipulá-lo. Basta prendê-lo moralmente, e ele vai acabar enxergando o meu valor. A mulher ria, triunfante, como se estivesse se vangloriando de sua conquista. Fábio era sua conquista. Naquela época, ela nem imaginava que tudo o que disse havia
— Sr. Tadeu, por favor, dê uma olhada. — O advogado foi extremamente cortês. Tadeu, no entanto, lançou a ela um olhar feroz. Ao pegar os documentos, bastou olhar o conteúdo de um dos cantos das páginas para que sua postura imponente claramente enfraquecesse. "Como pode ser?" Sem se importar com as inúmeras pessoas ao redor que o observavam, ele começou a folhear os documentos de forma frenética. Quanto mais lia e avançava pelas páginas, maior era sua culpa, e gotas de suor do tamanho de feijões começaram a escorrer por sua testa. — Sr. Tadeu, os bens que o senhor ocultou serão reclamados legalmente pela Sra. Marilda e pela família Junqueira. Além disso, a questão da mulher que o senhor sustenta fora de casa e das crianças que teve com ela, prejudicando os interesses da Sra. Marilda, também será tratada. Eu, em nome da Sra. Marilda, me encarregarei disso. Era evidente que o advogado já havia recebido instruções de Marilda há muito tempo. Os presentes ficaram boquiabertos.
— Traidor. Uma pessoa assim, sem a família Junqueira, quero ver se ele ainda consegue se manter de pé na cidade HC. Tadeu ficou em pânico. O que eles queriam dizer? Como ele não entenderia? Eles iam bani-lo? Mas ele... — Eu não dependo da família Junqueira. Eu, Tadeu, tenho habilidades excepcionais. Se a família Junqueira alcançou tanto sucesso, foi muito por causa de mim... — Tadeu falou com indignação. Assim que terminou, foi recebido com risadas de desprezo vindas de todos. — Você foi indispensável? Se você não carregasse o nome da família Junqueira, acha que alguém te daria atenção? — Exatamente, quem você pensa que é? Se não fosse por ser parte da família Junqueira, tem muita gente aqui que você nem teria a chance de ver uma única vez! — Isso mesmo... As risadas cheias de desdém ecoavam, uma após a outra. O coração de Tadeu afundou. Houve um momento no passado em que ele chegou a pensar que, mesmo sem a família Junqueira, ele já havia superado as barreiras
Valentina encarou o olhar de Agatha, como se soubesse exatamente o que ela estava prestes a fazer. E, de fato, logo em seguida, ouviu a voz de Agatha continuando: — Eu tenho algo para lhe dizer. — Após uma breve pausa, ela acrescentou firmemente. — A sós. Ela queria falar com Valentina a sós! — Não. — Fábio foi o primeiro a discordar. Seu corpo inteiro transparecia a desconfiança em relação a Agatha. Era evidente que ele temia que, ao ficarem sozinhas, Agatha pudesse machucar Valentina. Agatha sorriu ao olhar para Fábio, seus sentimentos se misturando em um turbilhão. — Você ainda se preocupa tanto com ela. Mas não se preocupe, eu só quero conversar com ela, não vou machucá-la. Porém... Como você poderia confiar em mim? — Agatha respirou fundo, como se decidisse algo. — Tudo bem, já que você não confia, venha junto então. Fábio olhou para Valentina, buscando a opinião dela. Se Valentina não quisesse falar com Agatha, ele estava pronto para expulsá-la dali. Mas Valen
Agatha sentiu a urgência de Valentina. Sem rodeios, ela olhou para Fábio e então disse para Valentina: — Vali, você sabia? Naquele dia, na cidade JC, quando eu te liguei pedindo ajuda, eu fiz de propósito. Alguém me pediu para te levar até aquela estrada. E sabe por que eu aceitei? Porque eu queria que algo acontecesse com você, para que você não pudesse mais atrapalhar o meu caminho. Mas, infelizmente... Enquanto Agatha falava, ela esperava ver uma expressão de choque no rosto de Valentina. Mas ficou desapontada. Desapontada a ponto de até esquecer o que ia dizer em seguida. Em vez disso, ela perguntou a Valentina: — Por que você está reagindo assim? "Não deveria ser essa reação tão calma, deveria?" Ela ouviu dizer que naquela noite Valentina quase sofreu um acidente de carro. Não deveria ser essa reação. Ela não deveria apenas sorrir levemente e, ainda por cima, responder com uma voz extremamente tranquila. — Eu já sabia. Como se estivesse falando sobre o clima.
Agatha viu e seus olhos brilharam com um traço de esperança. No entanto, aquela figura apenas hesitou por um instante antes de continuar andando e logo desaparecer na curva do corredor. O coração de Agatha deu um salto, como se algo dentro dela tivesse escapado completamente. ... — Vali, eu... No caminho de volta ao salão, Fábio seguia atrás de Valentina. Ele se sentia culpado por tudo o que tinha acontecido naquele dia. Hoje era a final do concurso do design de joias, mas foi interrompida por causa de um problema de sua família. Tudo o que Agatha fez, no final das contas, era direcionado contra a família Junqueira e contra ele. Além disso, havia algo que ele não contou a Valentina... Fábio tinha tantas coisas que queria explicar, mas mal abriu a boca, e Valentina, como se já soubesse o que ele queria dizer, o interrompeu. — Fábio... — Valentina parou de andar, cortando suas palavras. Naquele momento, havia uma sinceridade em seus olhos misturada com seriedade, c
O coração de Valentina batia descontroladamente. Aquela sensação de inquietação ficava cada vez mais intensa. Ela saiu rapidamente da mesa dos jurados, fez todos os preparativos necessários e voltou para os bastidores. As imagens das câmeras de segurança já estavam sendo exibidas. Os funcionários ao lado de Valentina, sem ousar relaxar por um instante, examinavam atentamente os vídeos em busca daquela figura. Mas... A pessoa que havia lhe entregado a caixa de joias parecia ter desaparecido no ar, como se nunca tivesse existido. — Como... Como isso é possível? Tenho certeza... Tenho certeza de que foi um homem quem me entregou. Ele não era muito alto, usava uma máscara e não tinha mais nada de especial... Os funcionários tentavam descrever as características daquele homem. Mas, mesmo seguindo as descrições, e com todos procurando em cada canto, ninguém conseguiu encontrá-lo. Valentina sentiu ainda mais que havia algo errado. "Quem é ele? Por que enviou este anel? Qua
— Quem é ele? — Uma voz soou ao lado de Rafaella. Rafaella voltou à realidade, se virando para olhar Mateus, que estava ao seu lado. Mateus tinha ouvido o sussurro de Rafaella de mais cedo, quando ela murmurou baixinho "Desculpe, irmão", e também seguiu a direção do olhar dela, se fixando naquela silhueta. Aquela silhueta parecia... Mateus franziu ligeiramente as sobrancelhas. Rafaella percebeu o que ele estava pensando e rapidamente explicou: — A silhueta dele parece com a do meu irmão. Só a silhueta, mais nada. Não é ele. — É mesmo? Na memória de Mateus, ele nunca tinha ouvido Rafaella mencionar algo sobre um irmão. Ele não tinha interesse algum no irmão de Rafaella, mas aquela silhueta... — Eu o conheço? — Mateus perguntou de repente, sentindo que aquela figura lhe parecia familiar. O coração de Rafaella disparou. — Como você poderia conhecê-lo? Você não o conhece! Não conhecia mesmo? Havia um leve traço de decepção nos olhos de Mateus. De repente, ele vi