Aquela pitada de sarcasmo, leve como uma pluma, parecia um tapa invisível que atingiu o rosto dela com força.Como naquela noite, muitos anos atrás...Algo dentro de Kayra pareceu se romper.O olhar de Mateus apenas passou por ela, sem nem sequer parar, pois ele não achava que valia a pena. Em seguida, ele focou toda sua atenção carinhosa na mulher ao seu lado.Ele segurou a mão de Valentina e a fez se sentar ao seu lado.Não satisfeito com o pequeno espaço que havia entre eles, Mateus envolveu a cintura de Valentina com o braço e a puxou firmemente para mais perto.Só ficou satisfeito quando ela estava colada ao seu corpo.Todos esses movimentos foram feitos sem a menor preocupação com as pessoas presentes no salão.O rubor que já coloria as bochechas de Valentina não havia desaparecido. Com as ações dele, seu rosto ficou ainda mais quente. Esse homem... Não tinha noção de lugar e hora!Valentina franziu as sobrancelhas para ele, protestando com o olhar.Mas Mateus não se incomodou.P
— Por que está rindo? — Nina franziu as sobrancelhas, aborrecida.Quando a risada de Sadi finalmente cessou e o ambiente voltou a se aquietar, seus olhos ficaram repletos de loucura.— Estou rindo da família Mello, que não passa disso, sendo manipulada por mim como marionetes!Todos na sala ficaram visivelmente sombrios por causa dessas palavras.Todos concentraram o olhar em Sadi."Um simples guarda-costas, com que direito ele zomba da família Mello?"O olhar de Sadi se tornava cada vez mais insano, e a expressão louca tomou conta de seu rosto inchado de tanto apanhar, o tornando quase monstruoso, mas sem esconder o orgulho evidente em seus olhos.— Família Mello? Eu simplesmente detesto a família Mello! Vocês esqueceram que meu sobrenome é Carvalho...Carvalho?Até mesmo Nina, ao ouvir esse nome, não conseguia associá-lo a nada de especial.Mas Mateus murmurou, num tom suave:— Ubirajara Carvalho...Esse nome fez com que Sadi hesitasse por um breve momento.Ele olhou para o homem que
— E mais uma coisa, a Sra. Emanuele...Os nomes dessas duas pessoas saíram da boca dele, e todos os presentes sentiram como se suas almas tivessem sido violentamente atingidas.Sra. Emanuele...Esses nomes eram quase um tabu para toda a família Mello, algo que ninguém queria mencionar.E Rafaella...Dulce observava tudo silenciosamente.Ela já tinha ouvido falar de Emanuele, mas, naquele momento, o que mais despertava sua curiosidade era saber qual era a relação entre a Srta. Rafaella da família Freitas e a família Mello, a ponto de Sadi querer machucá-la.Valentina, após o choque inicial, começou a formular algumas hipóteses.E sua suspeita foi confirmada pelo riso insano de Sadi:— A Srta. Rafaella da família Freitas... Eu quase me esqueci dela. Há pouco, alguém disse que o Sr. Mateus nunca se interessou por nenhuma mulher. Isso está errado. Naquela época, o Sr. Mateus e a Srta. Rafaella se davam muito bem. Talvez, se nada tivesse acontecido com a Srta. Rafaella, os dois já seriam ca
Kayra olhou para Vitor, ansiosa para encerrar o assunto daquela noite.— Vitor, a culpa é minha. Eu prepararei o acordo de divórcio. Se você não quiser me ver, podemos deixar tudo nas mãos dos advogados. — Terminando a frase, Kayra se virou para sair.No instante em que ela se virou, Henrique Coelho instintivamente olhou para Mateus, seu olhar desesperado parecia dizer que não poderiam deixá-la ir.Sadi assumiu toda a responsabilidade há pouco.Henrique Coelho não entendia algumas coisas, mas em relação ao que aconteceu com a mãe anos atrás, ele tinha certeza de que muitas das situações não ocorreram como Sadi havia descrito.Aquilo tinha sido... Kayra...O olhar de Mateus tentava acalmar sua ansiedade.Quando a figura de Kayra desapareceu na porta, Mateus se levantou, segurando a mão de Valentina.— Esse jantar de aniversário... Que pena.No salão, o imenso bolo, que ainda não havia sido cortado, continuava no mesmo lugar.Mateus olhou para o bolo. Suas palavras diziam "Que pena", mas
— Que tal... Deixá-lo assim? — Valentina sugeriu em um tom hesitante, demonstrando um pouco de compaixão.Mateus não respondeu, mas a expressão em seu rosto claramente transmitia um "não" categórico."Deixá-lo assim? Como assim deixar assim?" Se não jogasse Henrique Coelho para fora do carro, então ele o levaria de volta ao ninho de amor que compartilhava com Valentina? De jeito nenhum, absolutamente não! Ele já estava atrapalhando o momento dos dois, e Mateus não tinha mais paciência.Mateus deu um tapinha na mão de Valentina, tranquilizando ela de que estava tudo bem. Logo em seguida, suas longas pernas saíram do carro com agilidade. Ele abriu a porta traseira e segurou o braço de Henrique Coelho, tentando puxá-lo para fora.Pesado como uma pedra, e sem dar o menor sinal de acordar.Mateus franziu a testa. Nesse caso, não poderia culpá-lo por ser rude. Mesmo que tivesse que arrastá-lo para fora, ele iria tirá-lo do carro!— Mateus, o Henrique... Ele parece tão vulnerável... —
Valentina ficou um pouco atordoada.Ela comparava secretamente os dois rostos em sua mente e teve que admitir que o rosto de Henrique era admirável e impressionante, mas o de Mateus fazia seu coração bater de maneira inexplicável.Nesse momento, o coração de Valentina descompassou novamente, e suas bochechas começaram a esquentar.Ela estava corada.Mateus sabia que Valentina gostava de seu rosto e ficou muito feliz por isso, especialmente ao ver que ela corava ao olhar para ele.Seu olhar ficou ainda mais ardente.Valentina parecia ter se queimado, desviou o olhar de repente e sentiu um desejo incontrolável de fugir.Mas como Mateus permitiria que ela escapasse?Ele já não queria mais continuar apresentando a casa que havia preparado para ela. Agora, ele só queria abraçar Valentina.Sem hesitar, Mateus a pegou no colo.— Ah...Valentina levou um susto e soltou um grito, mas logo percebeu que, além deles dois, Henrique também estava na casa. Imediatamente, cobriu a boca em pânico.Ao l
Isso... Não se podia negar, é um tanto surreal!Olhando para aquela figura ocupada por tanto tempo, como se estivesse tendo um embate com um ovo, Henrique finalmente confirmou: era Mateus!"Ele está preparando o café da manhã para a Valentina?"Henrique Coelho sentiu um pouco de ciúmes.Em toda a sua vida, ele nunca havia comido um café da manhã preparado por ele.Henrique observou Mateus na cozinha, examinando aquele café da manhã de todos os ângulos. Incapaz de se conter, finalmente se levantou e foi até lá."É só um café da manhã, ele vai esculpir alguma flor?"Henrique bufou em silêncio e, com passos largos, se sentou diretamente em frente ao café da manhã que Mateus tratava como um verdadeiro tesouro.Mateus parou por um momento."De onde ele saiu?"Não é possível...— Por que você ainda não foi embora? — O tom de Mateus era ríspido. — Eu te dei a chave do carro ontem à noite. Se não quer dirigir, posso ligar para o Délcio vir te buscar.Em resumo, o melhor seria que ele saísse im
Mateus entendeu o que ele queria dizer. — Qualquer tipo de assistência que precisar, pode contar com o Paulo para te ajudar. Quando Valentina desceu as escadas, os dois mudaram imediatamente a expressão séria de antes e rapidamente exibiram um sorriso. Mateus estava pronto para levar Valentina ao Grupo Freitas. Ao sair, viu um carro de luxo estacionado do lado de fora, com Afonso ao lado. Apesar da distância, os dois homens se encararam. Foi só por um instante, e o olhar de surpresa de Mateus logo desapareceu. Afonso provavelmente já tinha investigado tudo sobre ele, sabia que ele estava preparando a nova casa ali, então não era algo surpreendente. Mateus soube ser discreto. Entregou Valentina para Afonso. Quando Valentina chegou à empresa, as pessoas que encontrou pelo caminho a olhavam de um jeito... Bem estranho! — Presidente Valentina, parabéns, parabéns... — Presidente Valentina, muito obrigado! As pessoas na empresa sempre a chamavam de Presidente Valentina;