ALEXANDER
As ressacas moral, emocional e patológica brigavam entre si para saber quem infligia mais dor em mim. Quando acordei no dia seguinte, imediatamente pensei em Carter. Lembrei que tinha ligado para ela e falado coisas que não devia.
Era cruel jogar na cara dela aqueles sentimentos. Merda! Eu não devia ter escutado Melissa.
Olhei para o seu lado da cama e pensei em cheirar seu travesseiro para saber se o seu perfume ainda estava lá. Eu segurei a vontade para evitar que meu coração sangrasse mais um pouco.
Quando conheci Caterine, tudo em mim mudou. Meu coração, minha alma, convicções, meu cotidiano, tudo. Foi uma reviravolta.
A melhor reviravolta.
Durou tão pouco tempo, não foi o suficiente. Eu não a tive o suficiente. Meu coração não se conformava com o rompimento. Tínhamos acabado de nos casar, de organizar o nosso
CATERINEFinalmente tinha chegado o dia da minha alta. Logicamente eu teria que continuar o meu tratamento. Antidepressivos diariamente, sem passar perto de nada alcoólico e terapia uma vez por semana até que o doutor Boomer me liberasse para consultas mensais. Eu me sentia bem, os remédios estavam fazendo o seu papel e eu pretendia levar adiante o tratamento. Queria ficar bem.Por outro lado, a perda do meu menino sempre me acompanharia. Aprendi com a terapia que a dor nunca passaria, mas que eu teria que seguir em frente e, eventualmente, eu aprenderia a conviver com ela. Eu também retomaria a minha vida, já havia feito isso uma vez e talvez agora fosse um pouco mais difícil, uma vez que eu não teria um amor, a minha janela, para seguir em frente.Pedi a ele para deixar eu pular a janela e ele deixou. Fez o que pedi e seguiu em frente.Como eu pude? Afastei o amor da minha vida novamente. Pela segunda vez
ALEXANDERAinda era difícil de acreditar que Melissa estava me deixando. Era difícil, mas também um alívio.Sentia-me culpado por me sentir aliviado também.Vai entender.Ter minha assistente apaixonada por mim e não corresponder era difícil, contudo, Melissa Dill havia sido uma boa amiga, especialmente nos últimos tempos. Sem contar o seu profissionalismo.Sempre tive certeza de sua capacidade, só não tinha ideia de que Bennett Stanford quereria comprar seu passe como se ela fosse um jogador de futebol do Real Madrid. Quando ele entrou em meu escritório apresentando-se como o representante da promotoria de Seattle no caso Hoffman, seus olhos e palavras não desviavam de Melissa. Como sempre, ela se mostrou ousada e eficiente o deixando ainda mais animado com o seu trabalho, ainda que eu desconfiasse que sua animação não era tanto de cunho profis
CATERINEDizer adeus para Michael não foi difícil. Talvez, na época em que aconteceu, teria sido se tivesse tentado. Mas naquele momento, não.Eu deixei Melissa esperando no carro e procurei por seu túmulo levando o meu tempo, como ela havia permitido. Quando o encontrei, cumprimentei meu falecido noivo e sentei em cima do local onde ele descansava, de frente para a sua lápide.— Eu não vou me desculpar. — Fui categórica. — O que você fez comigo não tem perdão. E não é porque você está morto que está absolvido de tirar meu livre arbítrio e tomar decisões sérias em meu lugar. Você definitivamente não será absolvido por ter me agredido. Mas eu estou deixando você ir. Eu estou dizendo que não vou mais viver sob a sombra dos seus erros e dos meus erros do passado. Eu estou deixando
ALEXANDERUm ano depoisSeus cabelos eram mais longos agora. O platinado tinha ido embora deixando o tom castanho claro, quase loiro, natural. Estavam presos de forma bagunçada porque ela estava suando demais de tão nervosa e ansiosa. Havia ganhado mais peso também e estava cheia de curvas. A maturidade chegou para ela de diversas formas. Todas positivas. Inclusive profissionalmente.Nós montamos um escritório de advocacia. Hartnett & Hartnett. Era um escritório mais para Caterine do que para mim, eu tinha meu trabalho na promotoria e não podia me envolver em seus casos oficialmente, mas claro que sempre lhe auxiliava. Mesmo assim ela fez questão que fosse Hartnett & Hartnett alegando que talvez eu quisesse deixar de ser promotor um dia. No escritório ela atendia pessoas de baixa renda. Realmente foi um grande passo para nós e ela parecia quase completa.Quase.O
ALEXANDER— Sim, acredito que um acordo seja mais prudente para o seu cliente, Marvin. Ele se declarando culpado pegará vinte anos — expliquei para o advogado de defesa de Edmund Rustings, um dos homens de Raymond Hoffman. Eu não tinha nada sólido contra o desgraçado lavador de dinheiro, mas estava pegando cada um dos seus testa de ferro. Eu chegaria nele.— Falarei com ele, Alexander. Eu imagino que ele aceite o acordo. — Marvin era um advogado inteligente, não se valia de showzinho para conseguir a pena do júri. Ele olhava para o quadro e pegava o que fosse melhor para seus clientes.— É o mais esperto a se fazer neste caso, ele se declara culpado e entrega o Hoffman, e talvez eu veja o que posso fazer para diminuir um pouco mais a sua pena — brinquei sabendo que se Edmund Rustings entregasse Hoffman era melhor que ele pegasse perpétua. No momento que ele coloc
CATERINEReclamar da vida não era uma opção para mim. Sempre procurei ver o lado bom de tudo e todos, mesmo quando estava embaixo do meu nariz a realidade sobre as coisas.Cresci praticamente sem mãe, mas tive um pai, que por muito tempo se dedicou a mim e só a mim. Por anos ele não foi capaz de preencher uma parte vazia em meu coração, mas quando tive idade o suficiente para perceber que minha mãe apenas não me queria, sem qualquer justificativa, e que nem eu e nem meu pai tínhamos culpa disso, eu resolvi olhar para ele como tudo. Mãe, pai, confidente, amigo e herói.Se eu disser que fiquei feliz com a forma que ele se uniu a Milly, minha madrasta, estaria mentindo. Por um longo tempo ele foi amante dela. Milly traiu o marido até ter coragem o suficiente para deixá-lo e ficar com meu pai. Eu não aprovava ou apoiava, mas quando minha madrasta finalment
CATERINEAlexander e eu estávamos seguindo nossa vida como se já estivéssemos casados, mas o fato de ter Mary Anne e Elisabeth na família querendo fazer um grande circo em volta da nossa união fez com que decidíssemos fugir para Vegas. Nos casaríamos em alguma capela barata e passaríamos o final de semana inteiro destruindo a cama da suíte do hotel. Estávamos evitando qualquer sexo desde o seu presente de aniversário na última semana em seu escritório, para dar alguma emoção às nossas núpcias e eu também estava querendo matá-lo por ter dado essa ideia em primeiro lugar. Desde o seu aniversário eu não sabia o que era sexo.Ouvi a porta bater no momento em que fechei o zíper da minha mala e, como sempre, não consegui conter a euforia dentro de mim. Ele estava em casa.— Carter? — Alex gritou da
CATERINE— Alex, querido, sente-se direito e coloque o cinto de segurança ou a comissária vai voltar aqui novamente — disse, empurrando sua cabeça para longe da minha barriga. Aparentemente ele estava explicando para o bebê que mamãe e papai estavam indo para Vegas, casar. Assim, quando ele chegasse, nossa atenção seria apenas dele. Era fofo, realmente, mas ele estava irritando a comissária de voo e precisava se comportar.— Tudo bem, tudo bem! — Ele levantou, finalmente, e beijou meus lábios com ternura, antes de se endireitar em sua poltrona e afivelar seu cinto.O voo para Nevada duraria cerca de quatro horas. Estávamos voando de classe econômica por insistência minha, não via necessidade em gastar com classe executiva para quatro horas de voo apenas. Alex queria mais espaço e conforto para eu e o bebê, estava preocupado sobre alguma le