LorennaChegamos ao escritório do amigo do Ian, um pouco depois das três da tarde. Acabei pegando no sono e André não quis me acordar, por dormir em uma cela sem nenhum conforto. Dona Rose e seu Antônio estavam cientes do roubo, porém não sabiam da acusação contra mim e nem que minha irmã era uma das suspeitas. O doutor Cortez, estava em reunião com outro cliente, então André e eu ficamos aguardando na recepção do luxuoso escritório.— Com toda confusão, acabei esquecendo de te contar — André disse, segurando minha mão sem importar com as outras pessoas ao redor.— O que houve?Perguntei, curiosa, ao ver o sorriso no rosto do meu agora namorado.— Sua amiga contou para o meu primo que está grávida dele — fiquei surpresa com a revelação da gravidez da minha amiga de faculdade.— Não acredito que os dois… quero dizer… seu primo e Luciana passaram a noite juntos?Perguntei e André balançou a cabeça concordando.— Na festa da Bella, os dois saíram juntos e pelo que meu primo contou, Luci
Lorenna— Amor, é melhor você deixar para conversar com a sua irmã, quando estiver mais calma — André segura minha mão, tentando me tranquilizar. Porém não estava nenhum um pouco tranquila, após ouvir o que o advogado contou e ler sobre o depoimento do Iranildo. Minha irmã, era uma pessoa má, cruel e que não pensa nas consequências dos seus atos nem em prejudicar qualquer pessoa no caminho.— Eu estou calma André! Vira nessa esquina que a casa é no final da rua — André me acompanhou até a comunidade e depois iria comigo até a minha casa. Chega de ser a Lorenna boazinha, pacífica que tenta resolver tudo na conversa. Mamãe iria descobrir hoje mesmo a verdadeira face da sua filha.O carro estacionou na porta da casa do Luciano, passava um pouco das oito da noite. Após o encontro com o advogado, André levou-me para uma caminhada no parque da cidade, assim eu poderia pensar melhor. Decidi que iria confrontar Laisa, antes que a polícia chegasse. O doutor Cortez avisou que a polícia estava
LorennaNão ficaria mais calada, nem mesmo abaixaria a cabeça para tudo que minha irmã fez. O limite da minha paciência chegou ao fim e eu não vou limpar a sujeira da minha irmã outra vez. Mamãe continuava chorando, dizendo que Laisa era inocente, que com toda certeza Luciano foi quem armou tudo para incriminar a namorada. De certa forma era irônico, porque tanto na primeira como agora na segunda, aquele vagabundo se livrou da prisão, enquanto a tonta da minha irmã foi quem levou a culpa. Não vou me surpreender se, no final de tudo, a única a pagar pelos crimes seja a minha irmã.— Mamãe, preciso contar toda a verdade para a senhora — comecei a falar, mamãe levanta o rosto que não esconde a raiva no olhar. Sou surpreendida com isso, pois minha mãe sempre foi amorosa comigo.— Contar qual é a verdade? Que você se prostitui? Que foi trabalhar na casa de gente rica, e não satisfeita com o salário que recebe, dorme com seu chefe, com idade para ser o seu pai, em troca de uma boa vida? Não
LorennaAndré dirigia de volta para casa. Desde o momento em que saí da delegacia, não pronunciei uma única palavra. André foi quem conversou com o advogado, pedindo que o homem encontrasse alguém para representar a minha irmã. Era engraçado, o homem que teve sua casa roubada, pagando um advogado para representar a mandante do crime. Ouvi a conversa dos dois, antes de entrar no carro. Laisa, até o momento, estava levando a culpa por tudo, até as drogas a polícia colocou como dela. Luciano continuava desaparecido e eu teria que conversar com Juliana depois sobre como andava a situação em casa. Mamãe, com toda certeza, moveria céus e terras para salvar a filha de ser presa. Olhei a hora no meu relógio de pulso, era um pouco mais de dez e meia da noite. Logo os meus patrões chegariam em casa, então eu teria mais um problema para enfrentar. Será que André continuaria comigo? Eu não acreditava em nada de bom acontecendo de agora em diante. Passei a mão pelo rosto, tentando manter minha men
AndréOlhei o horário em meu relógio de pulso. O voo que trazia meus pais posaria em breve. Ian já estava no aeroporto aguardando a chegada dos tios, enquanto eu permaneço sentado em minha poltrona, pensando em tudo que aconteceu desde o meu retorno. Para quem pensou que teria dois dias felizes ao lado da mulher que amava, tudo falhou em minha volta. Passei a mão pelo rosto, tentando pensar com calma. Lorenna veio até o escritório, avisando que iria até o seu quarto, tomar um banho e trocar de roupa. Me contou que conversou com Lúcio e Lissandra, pediu desculpa aos dois e ambos disseram que tudo era passado e que a garota não tinha que se culpar por erro de outra pessoa. Desde o momento que saí da casa dela, percebi que Lorenna estava preocupada com o rumo das coisas e com a reação dos meus pais, principalmente da minha mãe. Não queria preocupar minha garota com nada, porém, no fundo, eu já imagino que mamãe seria contra a nossa relação. Entretanto, não seria motivo para me afastar da
AndréLorenna ficou esperando comigo a chegada dos meus pais. Notei que mamãe estava estranha ao entrar em casa, porém imaginei que era somente cansaço do voo. Por ser tarde, achei melhor deixar para contar tudo no dia seguinte. Fomos todos dormir, eu insisti para Ian ficar na mansão, contudo meu primo disse que teria um compromisso no dia seguinte. Mamãe sabia da gravidez da Luciana e imaginei que isso era motivo para ela estar agindo de forma rude. Nem mesmo abraçou Lorenna quando a garota foi até ela, deixando minha namorada desconfiada. Antes de dormir, fui até o quarto dela, fazendo com que Lorenna se acalmasse. Eu não iria para a construtora novamente, primeiro porque precisava falar com meus pais sobre toda confusão e segundo porque não queria Lorenna enfrentando tudo sozinha. Como Ian sabia sobre o nosso relacionamento, apenas avisei ao meu primo que precisava organizar tudo. Cortez havia enviado mensagem logo cedo para mim, dizendo que Laisa iria descer para o presídio após o
LorennaAndré saiu do quarto, pedindo que eu esperasse que ele viria ajudar com as minhas coisas. Limpo as lágrimas que continuam caindo e tento manter a mente calma. Recordar das palavras que a dona Rose disse é muito doloroso. Nem parecia a senhora que me contratou meses atrás. Quando acordei e Lissandra, avisou que os patrões desejavam falar comigo no escritório. Era tão cedo que até assustei com a hora, porém assim que recebi o aviso fui até os dois. Deparei-me com seu Antônio um tanto nervoso, enquanto dona Rose demonstrava raiva no olhar.Ao recordar suas palavras, dizendo que não poderia aceitar em sua casa, uma moradora de favela, foi como um tapa em meu rosto. Não contaria para André as insinuações sobre a babá dando em cima do patrão, nem que garotas jovens, vinda do lugar que nasci, costumavam aplicar golpes em homens mais velhos e com dinheiro. Era como se outra pessoa estivesse à minha frente, ofendendo-me com palavras que me deixavam sem ter o que responder. Apenas conco
LorennaLevando uma bolsa menor na mão e a mala de carrinho na outra, caminhava com André ao meu lado, recordando dos bons momentos que vivi nesta mansão. Sentiria muita falta, das conversas com Lissandra, de quando dona Rose chamava para acompanhar a jardinagem, explicando sobre as plantas e flores.— Te disse que vai ficar tudo bem — André disse-me ao mesmo tempo que carregava as duas caixas com as minhas coisas. Com toda certeza sua mãe iria estranhar o cuidado que o filho estava tendo com uma simples funcionária. Não disse nada, apenas sorri para André, antes de chegarmos à sala de estar.Quando surgimos na sala, encontrei a dona Rose de pé, de frente a janela de vidro, que mostrava uma parte do jardim e o marido sentado no sofá. Ao notar nossa presença, seu Antônio sorriu como se quisesse dizer que ficaria tudo bem.— Mamãe, estou indo deixar Lorenna e retorno para casa à noite — André disse, parado na sala, com aquelas duas caixas em suas mãos. A mãe virou o rosto, surpresa ao p