Após a saída de Ana, o corredor do hospital ficou agitado, com o burburinho dos funcionários sussurrando sobre a partida repentina de Lucas.Márcia, ainda com seu sorriso malicioso, virou-se para Dr. John, que permanecia parado no meio do corredor, observando Ana se afastar.— Ah, John, parece que nossa querida Dra. Ana anda em uma corda bamba emocional, não é? — comentou Márcia, cruzando os braços enquanto lançava um olhar irônico.John sorriu com aquele ar presunçoso de quem se divertia demais com o caos alheio.— Ela se preocupa demais com esse Lucas. Deve ser difícil ter que lidar com pacientes assim... tão intensos. — Ele suspirou dramaticamente, como se estivesse interpretando o papel de um observador compassivo. — Mas, vamos ser honestos, Márcia, há mais do que preocupação médica naquela mulher. Ana está envolvida emocionalmente, só não quer admitir.Márcia ergueu uma sobrancelha, rindo baixinho.— Ah, John, você sempre tão atento ao relacionamentos dos outros. Talvez devesse f
De volta ao apartamento e ao Lucas, ele permanecia em silêncio, a mente processando todas as possibilidades. Ele sabia que não tinha muito tempo. A sensação de ser perseguido não o deixava relaxar, e a dores em seu corpo começavam a aparecer. Com passos decididos, ele começou a se mover pelo pequeno apartamento, procurando algo para comer, sua glicose provavelmente estava baixando. A geladeira fazia um zumbido baixo, e ele abriu, encontrando uma garrafa de água e alguns alimentos que havia deixado da última vez que esteve ali. Depois de beber um gole de água, Lucas pegou seu celular descartável e ficou olhando para a tela por um momento. Ele sabia que precisava manter contato mínimo, mas não podia evitar. Sem pensar muito, digitou uma mensagem rápida para Ana. Lucas: “Estou fora do hospital. Espero que você esteja bem.” Ele não esperava uma resposta imediata. "Por que estou pensando tanto nela?" — Lucas pensou, sentando-se à mesa e jogando a cabeça para trás. Enquanto esperava
Lucas se sentou na beira da cama do pequeno apartamento, sentindo o suor frio formar-se em sua testa. Seu corpo começou a tremer levemente, os sinais da hipoglicemia surgindo. Ele sabia que estava sem comer e que o controle de sua diabetes era precário desde que saiu do hospital. "Merda... isso não pode estar acontecendo agora" – pensava, sentindo a visão começar a ficar embaçada. Com uma respiração falha, ele olhou para a mesa. A garrafa de água que havia tomado antes não era suficiente, e ele sabia que não podia ignorar o problema por mais tempo. Lucas abriu a mala desesperadamente, à procura de algum remédio, mas não encontrou nada. Lutando contra a fraqueza que tomava conta de seu corpo, Lucas pegou o celular descartável novamente. A única pessoa em quem conseguia pensar era Ana. Ele hesitou por um momento. Ela estava provavelmente no hospital, ocupada com seus pacientes. "Ela vai me matar... Vai pensar que eu estou fazendo isso de propósito." – Lucas pensava, mas sabia qu
Lucas: “Você precisa ser discreta, Ana. Não quero que ninguém te siga.” Ana olhou para a mensagem enquanto a chuva começava a cair com força. A chuva caía com uma intensidade quase desumana, as gotas batendo no para-brisa como se quisessem invadir o carro. Ana apertava o volante com força. Cada batida de seu coração parecia sincronizada com o som das gotas no vidro. "Por que você está fazendo isso, Ana?" – sua mente gritava enquanto uma parte lutava contra a ideia de atender ao pedido de Lucas. "Ele saiu do hospital por conta própria, contra as minhas recomendações. Ele pode muito bem cuidar de si mesmo." – pensou. Mas então, a lembrança da última mensagem de Lucas ecoou em sua mente: "Eu preciso de você." Havia algo naquela frase que desarmava todas as suas defesas, algo que ela não conseguia ignorar. Ela olhou para o celular e digitou uma resposta rápida. Ana: “Você está me pedindo para ser discreta? O que está acontecendo, Lucas? Por que tanto mistério?” A resposta não d
Ana finalmente chegou à porta do prédio, ofegante, a respiração embaçando o ar frio ao seu redor. A chuva martelava em seu capuz, encharcando suas roupas e fazendo seus sapatos deslizarem na calçada. Tudo dentro dela gritava para ir embora, mas algo mais forte a empurrava para frente. Talvez fosse a preocupação, talvez fosse o fato de que, por mais irritante e teimoso que Lucas fosse, ela não conseguia simplesmente deixá-lo. "Ele está mal... ou é só mais uma jogada dele?" – Ana pensava, rangendo os dentes enquanto tocava a maçaneta da porta. Ela bateu com força na porta do apartamento, sentindo uma mistura de ansiedade e raiva. "Se ele estiver bem e eu tiver corrido para cá no meio dessa tempestade por nada, ele vai ouvir!" – pensou, impaciente. Lucas enviou a última mensagem para Ana: Lucas: "Entre. A porta está destrancada." Ela abriu a porta lentamente, e a cena que encontrou do outro lado fez seu coração apertar. Lucas estava sentado no chão, encostado contra a parede, o ros
A chuva batia forte nas janelas do pequeno apartamento, ecoando pelo cômodo escuro. Lucas, já um pouco melhor, sentou-se mais ereto na cama, mas ainda ofegava levemente, recuperando-se do episódio de hipoglicemia. Ana, por outro lado, estava visivelmente desconfortável, encharcada da cabeça aos pés. Ela cruzou os braços, tremendo de frio, enquanto olhava para a chuva incessante lá fora.— Você está tremendo — Lucas observou, tentando soar casual, mas claramente preocupado.— Estou bem. — Ana respondeu automaticamente, mas sua voz saiu um pouco trêmula, traindo a verdade.Lucas se inclinou, puxando sua mala que trouxe consigo do hospital que estava jogada no canto do quarto. Ele remexeu no interior até encontrar um agasalho. Era grande, meio surrado, mas ainda assim muito mais seco do que as roupas de Ana.— Toma, veste isso. — Lucas disse, estendendo o agasalho para ela.Ana olhou para o agasalho com ceticismo, arqueando uma sobrancelha. — Eu não vou vestir suas roupas, Lucas. Esto
Enquanto Ana se ajeitava na beirada da cama, Lucas não conseguia deixar de observar cada movimento dela, notando como ela tentava se manter distante, mesmo que a cama de solteiro fosse pequena demais para isso. O calor do agasalho dele parecia aquecer mais do que o corpo de Ana — mexia com sua cabeça também. E o som da chuva torrencial só fazia a tensão no ar crescer. — Tá confortável aí? — Lucas perguntou, com aquele tom preguiçoso e provocativo que só ele tinha. — Mais do que eu gostaria — Ana retrucou, de forma afiada, sem olhar para ele. Mas, por dentro, seu coração batia mais rápido. O agasalho de Lucas carregava o cheiro dele, e isso não ajudava em nada a manter o foco. Ela virou-se um pouco de costas para ele, como se estivesse tentando criar uma barreira invisível. No entanto, o espaço era apertado demais, e qualquer movimento parecia aproximá-los mais do que ela queria admitir. — Acho que você fica bem com minhas roupas. — Lucas disse de repente, o sorriso malicioso evide
O barulho da chuva intensa que batia violentamente nas janelas, os acordou no meio da madrugada.A tempestade parecia ter piorado, com trovões ecoando à distância e o vento uivando como se quisesse arrancar o pequeno apartamento do chão.Ana abriu os olhos lentamente, piscando no escuro, tentando entender onde estava. Ao seu lado, Lucas também se mexeu, despertando com a mesma inquietação.— Que barulho é esse? — Ana murmurou, ainda meio sonolenta, sentindo o coração acelerar com o som ameaçador da chuva.— Parece que o mundo está desabando lá fora — Lucas respondeu, a voz rouca de sono. Ele se levantou ligeiramente, tentando enxergar algo pela janela, mas a escuridão era quase total.A luz havia acabado minutos antes, deixando o apartamento mergulhado em uma penumbra. O som da tempestade parecia ainda mais alto, mais violento, na escuridão.— Não vai parar tão cedo — disse Ana, suspirando. — Ótimo. Mais uma coisa pra lidar.Ela se mexeu na cama, ainda desconfortável com o espaço aper