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Ana sabia que seu dia já havia começado mal desde o momento em que colocou os pés no hospital. A tensão entre ela e Márcia era palpável, como uma tempestade iminente, e parecia que todos os outros desafios apenas se acumulavam, como uma pilha prestes a desmoronar. Quando Márcia entrou na sala de procedimentos, o ar pareceu se comprimir. Ela ajeitava os instrumentos com uma precisão quase agressiva, cada clique dos metais soando como um aviso. O sorriso cínico nos lábios deixava claro que não estava ali apenas para o trabalho. — Ana, querida, — começou Márcia, sua voz transbordando veneno disfarçado de simpatia. — Você precisa ser mais cuidadosa com suas... associações. Algumas amizades podem trazer consequências inesperadas. Ana sentiu o sangue gelar por um segundo, mas rapidamente se recompôs. Ela sabia que Márcia estava referindo-se a Lucas e talvez até ao recente episódio com John. No entanto, recusou-se a dar a Márcia a satisfação de ver seu desconforto. — Estou apenas focada n
O dia seguia com uma rotina rigorosamente organizada, onde Ana se esforçava para evitar Lucas, negando o quanto a obsessão dele a afetava. Ela mantinha uma distância calculada, limitando as interações e evitando contato visual, tentando esconder seus sentimentos. Tentava se convencer de que manter essa barreira era o melhor. Estava carregada de emoções não ditas e de um desejo que, apesar de negado, se tornava impossível de ignorar. Durante as avaliações médicas, Ana tratava Lucas com a mesma eficiência e profissionalismo que dedicava a todos os seus pacientes. Mas, por trás da máscara de serenidade, seu coração batia acelerado, e sua mente se inundava de pensamentos contraditórios. Lucas, por outro lado, fazia o máximo para manter a fachada de indiferença, esforçando-se para parecer calmo e controlado. Mas, por dentro, a presença de Ana despertava nele uma tempestade de emoções e desejos que ele mal conseguia conter. No intervalo do almoço, Ana tentou desviar sua atenção, se d
Lucas permaneceu imóvel por alguns minutos após a saída de Nicolas, tentando acalmar a tempestade que se agitava dentro de si. Respirando fundo, ele se levantou lentamente da cama, sentindo os músculos ainda doloridos. Havia uma sessão de fisioterapia agendada, e ele precisava se concentrar nisso. A recuperação física era apenas parte do caminho para o novo recomeço que ele tanto desejava. Mas, enquanto ele se preparava para sair do quarto, a imagem de Ana invadia seus pensamentos, trazendo um calor que contrastava com o frio deixado por Nicolas. Ele sabia que precisava vê-la, sentir sua presença calmante, mesmo que apenas por um momento. Havia algo em Ana que o fazia acreditar que, talvez, ele pudesse ser uma pessoa diferente, melhor. Quando Lucas chegou à sala de fisioterapia, seu olhar imediatamente buscou por Ana. Ela estava ali, como sempre, movendo-se com a eficiência e a graça de quem dominava seu ambiente. Seus olhos se encontraram por um breve instante, e Lucas sentiu s
– SOCORRO! PRECISO DE AJUDA, RÁPIDO! – A voz desesperada de uma enfermeira ecoou pelos corredores do hospital, enquanto ela se ajoelhava ao lado de Lucas, deitado inerte no chão do quarto. O corpo dele estava frio e pálido, e seus olhos fechados sugeriam que ele já estava desacordado há alguns minutos. Ela pressionou dois dedos trêmulos contra o pescoço dele, sentindo um pulso fraco e irregular. Em questão de segundos, a equipe médica invadiu o quarto, entrando em ação no momento em que a enfermeira soou o alarme. A tensão no ar era palpável, e a urgência nos movimentos de todos ali era evidente. Os médicos e enfermeiros se apressaram em reunir os equipamentos necessários, enquanto o corpo inerte de Lucas estava no chão, seus sinais vitais rapidamente se deteriorando. – O QUE ACONTECEU? – perguntou o médico de plantão enquanto se abaixava para verificar Lucas. – Verifiquem o pulso e a respiração! – ordenou o médico, sua voz firme, mas carregada de preocupação. Um dos enfermeiro
No silêncio da madrugada, a UTI estava imersa a uma calma inquietante, interrompida apenas pelos sons dos monitores ao lado de Lucas, que permanecia estabilizado. No corredor, passos quase inaudíveis se aproximavam do quarto. A figura que se movia ali parecia se fundir com as sombras, seus movimentos suaves e calculados, como se quisesse evitar qualquer detecção. A Pessoa se vestia com um uniforme da enfermagem, parou diante da porta, respirou fundo, e, com um movimento ágil e silencioso, girou a maçaneta. A porta se abriu sem emitir um único som, e a figura entrou no quarto, quase indistinguível na escuridão. Por um instante, a pessoa misteriosa ficou imóvel, observando Lucas deitado na cama. "Será que ele realmente mudou? Ou ainda carrega em si, as atitudes do seu passado?" – pensou, enquanto avaliava cada detalhe do rosto adormecido de Lucas, buscando respostas nas linhas marcadas pelo tempo. A respiração dele era tranquila, mas o semblante estava tenso, como se estivesse lut
Lucas, ainda desacordado, começou a mexer levemente os dedos, como se estivesse tentando agarrar algo no ar. Sua respiração se tornou irregular por um momento, e o monitor cardíaco ao seu lado emitiu um breve bip de alerta, que logo voltou ao ritmo normal. Mas, por dentro, sua mente estava em plena atividade. Ele estava preso em um sonho, um pesadelo, onde as fronteiras entre o passado e o presente se confundiam.Em seu sonho, Lucas se via em um campo escuro. Ele estava sozinho, ou assim parecia. O chão sob seus pés era frio e úmido, e o ar estava carregado de um cheiro de terra molhada e algo mais... algo metálico, como sangue. O silêncio era absoluto, opressor, mas então ele ouviu algo, um som de correntes arrastando-se pelo chão. Lucas tentou mover-se, mas seus pés pareciam grudados ao chão. Ele olhou para baixo e viu que estava preso por raízes que se enroscavam ao redor de seus tornozelos, como mãos invisíveis que o puxavam para baixo.Quando finalmente conseguiu levantar a cabe
Após a saída de Ana do quarto, Lucas permaneceu sentado na cama, os pensamentos a mil. Seu corpo ainda desejava Ana, e sua mente estava tomada por um turbilhão de emoções conflitantes. Algumas horas se passaram, mas Lucas mal conseguia descansar. Seu corpo ainda estava em alerta, e a memória de Ana, sua proximidade, os toques, o desejo reprimido… tudo isso o deixava inquieto. Ele não conseguia pensar em mais nada além dela.De repente, a porta do quarto se abriu novamente. Ana entrou, dessa vez sozinha, suas feições ainda sérias, mas com um brilho nos olhos que ela tentava esconder.— Eu vim te checar mais uma vez antes de terminar meu turno — ela disse, tentando manter a voz controlada, mas era evidente que ela estava nervosa.Lucas a observou em silêncio por um momento, antes de soltar um pequeno sorriso de canto, um sorriso que carregava malícia e um toque de provocação.— Sei que você não consegue ficar longe de mim, Ana — ele disse, sua voz baixa e rouca, enquanto seus olhos per
Lucas, ainda imerso em seus pensamentos, não percebeu o momento em que Nicolas entrou no quarto.— Lucas — Nicolas murmurou, o tom de voz carregado de um misto de frieza e preocupação. — Precisamos conversar.Lucas não respondeu de imediato. Ele se levantou da cama e ajustou a posição dos travesseiros.— O que você quer? — Lucas perguntou, a voz carregada de desdém e um toque de exasperação. — Você sabe que não estou em condições para discussões agora.Nicolas, com um olhar sombrio, respondeu: — Eu tenho informações importantes. A situação está mais complicada do que eu pensava. Há alguém investigando o passado, e isso pode nos afetar.Lucas caminhou de um lado para o outro. — Quem está investigando? O que sabe?Nicolas olhou ao redor, certificando-se de que não havia ninguém por perto antes de se inclinar mais perto de Lucas. — Não posso dizer tudo agora. Só sei que preciso agir rápido. Se descobrirem algo, estaremos em perigo.Lucas esfregou o rosto, claramente perturbado. — Precisa