VivianeAjudo o Pedro a sentar na cadeira de plástico e vejo em seu rosto que ele segura o gemido de dor para não me preocupar. Após tirar a bata que ele usava e a cueca, ele se senta com cuidado e ligo o chuveiro pegando o chuveirinho para dar banho nele. A tipoia própria para isso ajuda e por sorte no banheiro tinha um tipo de apoio de ferro que o Pedro colocou em seu braço para não cansar. Deixaria para fazer a barba dele somente em casa, fui lavando o cabelo primeiro, depois molhando o seu corpo e ele permanecia com a cabeça baixa enquanto isso. Lucas apareceu no hospital bem cedo para saber notícias dele e avisou que voltava com a Vitória a noite para que eu pudesse jantar tranquila.— Quando você sair daqui, espero que me explique como aconteceu isso e quem atiraria em você do nada?Eu digo, Pedro levanta o rosto para mim e vi que ele estava com raiva e não ligo em ver ele dessa forma.— Não tem nada para explicar Viviane, isso é problema meu e não quero você preocupada com is
PedroViviane foi jantar com a amiga e Lucas ficou comigo no quarto repassando tudo que aconteceu nessas últimas 24 horas.— Chefe, na madrugada fui até o beco, tentei encontrar alguma informação e ninguém viu nada ou sabe de nada. Acho até que o Zezinho não tem nada com o tiro se quer saber.— Como não tem nada com o tiro? Quem tentaria me matar e assim poderia ocupar meu lugar na Estrela Guia e ainda por cima pintar e bordar ali.Eu digo, mas Lucas tem certeza que não foi ninguém da nossa comunidade. Não sei em quem pensar ou no que pensar em relação ao que me aconteceu. Em todos esses anos jamais fui algo de qualquer atentado e sempre fui atento aos que me rodeavam.— Chefe o seu Neto já tá sabendo do que aconteceu, por sorte não saiu nos jornais, mas o seu Marcelo ligou preocupado com o senhor também.— Se não foi o Zezinho, não acredito que possa ser o Marcão ou então...Lembro do nosso encontro, das ironias que aquele maldito me jogou na conversa e de como não disfarçou que se e
LeonardoSara e eu jantávamos na cozinha do apartamento dela. Depois do sexo intenso ao lado dela, a fome nos pegou e decidimos pedir comida italiana. Enquanto estava na cama com Sara eu só conseguia enxergar a Viviane na minha frente, fiquei tão confuso que cada gemido dela embaixo de mim eu achava que era aquela garota comigo. Ver a forma que ela se preocupava com aquele homem, estava me deixando louco e eu precisava tirar ela da mente ou acabaria me tornando um obcecado por ela.— Meu querido Leonardo, não acredito que tentaram matar o chefe da sua amada comunidade em plena luz do dia.Sara me tira do transe que me encontrava. Nem eu conseguia entender como o homem foi baleado assim na frente de todo mundo e esse tipo de coisa eu só assistia em filmes de ação.— Foi bem estranho mesmo, mas eu não quero me meter nesse assunto e meu foco ali é apenas continuar com os atendimentos.Respondo, bebendo um gole do vinho que desce pela minha garganta queimando.— Mas bem que se o homem não
VivianeAguardo o elevador chegar para ir para casa, achei melhor deixar o Pedro sozinho com a visita. Certeza de que os dois tinham algo importante para conversar. Sabia que o Pedro não contaria nada para mim sobre a verdade em relação ao tiro que ele levou. Se o Pedro me queria longe dos problemas, eu aceitaria, melhor viver sem saber de nada do que me preocupar com tudo e não viver em paz. A porta do elevador se abriu e surpresa dei de cara com o Leonardo encostado na parede mexendo no seu celular. Assim que entrei dei bom dia a ele que sorriu ao me ver.— Bom dia para você também — Leonardo me responde dando um beijo em minha bochecha. Segurava a bolsa com as minhas coisas e a do Pedro e o Leonardo estendeu a mão para que entregasse para ele segurar para mim.— Pedro não teve alta ainda, você está indo para onde está levando essa bolsa?Leonardo me pergunta e respondo que estava retornando para casa e devolvo a pergunta.— Hoje não é o dia de atendimento na comunidade? Pergunto,
PedroSeu Neto foi embora 15 minutos atrás, a enfermeira me ajudou com o almoço e Viviane me ligou avisando que estava a caminho do hospital. Repassava em minha cabeça a conversa com meu amigo sobre o tiro e as consequências que esse ato teria em minha vida e na comunidade. Conversamos sobre as pessoas que queriam minha morte e desejavam ocupar a comunidade e nenhuma delas tinha um motivo forte para mandar me matar. Marcão e Zezinho não passavam de dois inúteis que achavam que poderiam me derrubar e ambos sabiam disso e de como eu conhecia muita gente tanto na polícia como fora dela. Cheguei onde estou usando a paciência e sendo quem sempre fui desde que entrei na polícia na casa dos 20, mesmo após ser expulso anos depois eu permanecia o mesmo homem quando se tratava de negócios. Minha viagem para a Colômbia teria que ser adiada pelo menos por alguns meses até que a poeira baixasse. Levantei-me da cama andando com cuidado e fui até a janela do quarto. O tempo estava nublado e o sol de
LeonardoGuardava minhas coisas no consultório, o dia foi cheio com mais atendimentos do que eu esperava, mas no final tudo deu certo mesmo com a ausência da Sofia. Ajudei com uma paciente hipertensa e consegui encaminhar a senhora para o hospital de um conhecido da minha família. Enquanto atendia, minha mente fervilhava com a informação de que o bandido era também um assassino. Nada no mundo poderia me convencer que alguém, além disso, uma mulher acharia normal isso. Após organizar tudo eu saio do consultório, trancando a porta me despedindo das secretárias que encerravam o expediente. Me dirijo até o meu carro e encontro Jéssica encostada nele me aguardando. Com certeza estava ali para me pedir que não contasse nada do que me falou no exame. Mesmo que eu quisesse abrir os olhos da Viviane, entendia a situação daquela garota e não queria que ela se machucasse por conta de um ato impensado meu.— Boa noite, Jéssica! Eu falo me aproximando dela que não esconde um sorriso bastante preoc
JéssicaSe alguém me contasse que eu estaria um dia jantando num restaurante chique como esse, eu juro que iria rir da cara da pessoa. Quando o doutor gostoso me convidou para jantar, jurava que ele me levaria em uma lanchonete qualquer. Mas eu estava sentada ao lado dele, numa mesa belíssima, num restaurante repleto de gente rica e nem me importava com a minha roupa. Se ele que é rico não ligou, porque eu teria que me preocupar em comer aquela comida que custa muito dinheiro às custas de um homem bonito, rico e educado como o doutor Leonardo?— Gostou do lugar? O doutor me pergunta e nem precisava disso. Como não amar um ambiente rico como aquele? Titia iria surtar quando eu contasse que o médico da comunidade olhou para mim sem nem precisar fazer qualquer esforço.— É muito bonito aqui e sinceramente doutor aqui tem só gente grã-fina.Respondo sem esconder a admiração e animação. Parecia uma criança em uma fábrica de doces.— Esse restaurante é um dos meus favoritos, gosto de jantar
LeonardoDepois de um jantar bastante agradável ao lado da Jéssica, dirijo de volta para a comunidade. Descobri que ela era mais velha que a Viviane, mas ainda assim muito mais jovem que eu. Morava com a tia e os pais eram falecidos e desde bebê foi criada pela tia, a única parente viva. A todo momento ela deixava claro as intenções e não sabia se era certo mudar o caminho e fazer o que ela deixou bem explicito que queria.— Acabei de avisar minha tia que eu talvez não durma em casa essa noite — Me fala guardando o celular na bolsa, colocando a mão na minha perna sem tirar os olhos de mim. Meu corpo reage ao toque daquela garota e não seria errado ter um momento de prazer.— Tem certeza de que sua tia não vai achar ruim você dormir fora?Pergunto enquanto ela continua passando a mão na minha perna, ao mesmo tempo que tento me concentrar no trânsito.— Titia não liga onde durmo ou com quem eu durmo. Se quer saber a verdade, se eu sumisse e não voltasse, teria certeza de que ela iria ag