LeonardoO jantar com minha mãe girou em torno de assuntos fúteis que ela tinha, das reclamações sobre o meu trabalho.— Leonardo, notei que você anda se preocupando muito mais com aquela gente favelada do que com os pacientes que realmente te dão algum tipo de lucro.Mamãe começa o sermão, e desde que comecei a trabalhar na comunidade, ela sempre vem com alguma piada ou reclamação sobre o lugar onde agora atendo ou as pessoas que moram ali.— Mamãe, até quando vai reclamar das minhas escolhas e decisões?Começo a falar e vejo que ela não gosta do que perguntei, apenas pelo seu olhar.— Reclamo porque meu filho é estudado, viajado, de boa família e um homem correto e íntegro que perde horas do dia trabalhando com pessoas que não vão agregar em nada na sua vida profissional. Leonardo, pare com esse seu espírito de bom samaritano de que pode ajudar todos os pobres e oprimidos. Não percebe que, enquanto gasta tempo fazendo esse tipo de caridade, poderia estar ajudando muito mais o seu pa
VivianeAo ouvir a pergunta que o Pedro me faz fico sem saber o que responder. Além de ter entendido errado, ele poderia pensar que eu dizia para a vovó que ele me maltratava ou algo do tipo. Mas não me referia a isso quando eu reclamava dele e sim da forma mandona que ele me tratava e da minha imaturidade em lidar com nosso relacionamento.— Eu nunca disse para minha avó que você não me fazia feliz — começo a responder e Pedro continua me olhando como se tivesse dúvidas no que eu falava.— Sei que não sou perfeito e nunca quis ser um príncipe para você, então fiquei sem entender a fala da sua avó.— Eu não gostava do seu jeito mandão e nem de ter que ficar com você sabendo que além de mim você tinha aquelas outras garotas. Só isso e não fique pensando besteira que eu digo a verdade.Aproveito a distração dele e me sento em seu colo, beijando seu rosto, fazendo carinho em seu peito nu.— Eu estou feliz com o que temos agora, com o que vamos viver e por saber que posso me sentir como s
PedroDeixei Viviane na porta da clínica junto com dona Zélia. Depois de ser acordado por ela, aproveitamos algum tempo no quarto e acabei atrasando o trabalho de casa que Viviane faria. Ela fingiu ficar chateada comigo, mas avisei a ela que quanto mais rápido uma pessoa nova fosse contratada, mais tempo teríamos para ficarmos juntos.Eu iria aproveitar a ida até a zona Norte para visitar novamente o seu Neto. Ele deveria saber o que Henrique queria comigo. A visita não seria apenas para contar sobre aquele homem me procurando, mas para pedir ajuda e assim prender o chefe do Rio de Janeiro que estava financiando o tráfico na favela que Zezinho comandava e que queria ocupar a minha comunidade modelo e assim trazer todas as merdas que ele gostava para dentro de Estrela Guia. Mas eu não deixaria que isso acontecesse. Para isso teria que fingir que de nada sabia e minha sorte era Lucas aprendendo melhor a cada dia. Bigode esse eu já estava notando a falta de compromisso com o trabalho e a
LeonardoApós deixar Viviane e dona Zélia no salão da Vitória, eu sigo para o meu consultório e assim que entro minha secretária pergunta o motivo da minha alegria. Sofia está saindo da sala do preventivo assim que entro e dou de cara com ela.— Voltando agora? Sofia me pergunta e respondo que sim.— Flávia me dê 10 minutos para próxima paciente que preciso conversar um assunto com o Leonardo e já volto.Sofia fala e me segue até meu consultório. Ela fecha a porta enquanto coloco meu jaleco e me sento abrindo minha agenda daquela tarde.— Aconteceu algo para falar comigo agora? Eu pergunto a ela que continua parada de frente para mim com um olhar preocupado.— Precisamos conversar sobre um assunto sério e sei que não tenho o direito de me meter na sua vida já que somos apenas colegas de trabalho, mas depois do que vi hoje não posso me calar.Sofia começa a falar e nem precisa ser adivinha para saber que é da Viviane que ela se refere.— Foi apenas um almoço para a despedida de uma das
VivianePedro ficou me esperando na saída da rodoviária, fomos deixar vovó e eu enrolava para ter que me despedir dela.—Filha, não chora que Socorro fica bem ali e não vou me mudar para outro lado do mundo.Vovó me abraça me confortando e pedindo que eu me cuide.— Viva bem, cuide da sua casa e do Pedro filha. Tenho certeza de que você será feliz ao lado dele. Espero vocês dois em breve para me visitarem e quem sabe não vou receber boas notícias.Vovó passou o tempo todo falando que era hora de ganhar um bisneto mesmo com minha resposta já pronta sobre isso.—Já conversamos sobre isso e não preciso repetir. Agora vamos te ajudar a entrar no ônibus.Entramos no ônibus e acomodo vovó na poltrona. O Pedro escolheu a melhor dentro do ônibus de viagem e guardou as coisas dela na parte de bagagem de mão. Me despeço novamente num abraço repleto de saudades e amor.—Tome seus remédios, se cuide e nada de fazer suas artes só porque estou longe da senhora.Beijo seu rosto enrugado e saio antes
PedroSaí do meu escritório com a cabeça fervendo de raiva por saber que o Bigode andava aprontando pelas minhas costas. Assim que ele aparecesse na minha frente eu resolveria essa questão com ele e colocaria aquele moleque para fora daqui. Precisava organizar minha viagem ainda, tinha a Viviane com a partida da avó. Tanta coisa na minha mente que não sabia por onde começar. Assim que chego na porta do prédio a cena que presenciei por pouco não me faz cometer um crime ali mesmo na frente da Viviane. O médico rico tocando no rosto dela, sorrindo para ela e bem próximo a ela.Aquele homem não tinha medo do perigo mesmo, me aproximei dos dois chamando pela Viviane e aquele idiota me olha com a expressão irônica no olhar.—Vamos agora, eu resolvi o que precisava aqui e podemos ir para nossa casa.Eu falo para ver se aquele imbecil se manca, mas o efeito é totalmente o oposto e ele não se move nenhum centímetro.— Pedro, o Leonardo estava me contando sobre os atendimentos. Não é ótimo isso
Rio de JaneiroPedroDesembarquei no Rio de Janeiro depois do almoço. Aproveitei os dias que fiquei em casa para organizar algumas coisas que Lucas resolveria para mim e Bigode seguia em sua lua de mel com Jéssica às custas do meu dinheiro. Quando eu retornasse para São Paulo, aquele moleque entenderia o lugar dele dentro da comunidade. Assim que saí do aeroporto encontrei José, o amigo do seu Neto que faria a minha segurança na cidade mesmo sendo contra o meu velho amigo, queria apenas que eu tomasse cuidado.— Quanto tempo não nos encontramos — José me recepciona e entra em seu carro deixando a bolsa no banco de trás.— Estive aqui mês passado para resolver uma compra nova e não tive muito tempo de diversã
VivianeEstava em casa sozinha, a garota que cuidaria das coisas saiu minutos atrás e eu fui para a sala tentar assistir algo na televisão. Passava um pouco das quatro da tarde, Pedro não me ligou até agora e eu já pensava bobagem. Ele sempre ligava quando desembarcava no Rio, mas não estou preocupada com isso. Dessa vez ele foi sozinho de certo iria encontrar com gente importante e era melhor focar em outra coisa.Meu celular tocou e peguei o aparelho para ver e leio o nome da Sofia no visor.O que ela queria comigo? Pensei em atender a ligação. Vovó não estava, mas na cidade não era necessário conseguir os remédios de pressão.— Alô? Falo ao atender e Sofia do outro lado da linha pergunta como estou e se poderia falar.— Claro que posso! Eu estava sentada na sala vendo televisão e posso falar sim.Respondo e Sofia então começa a me explicar sobre um buffet que ela estava organizando para os moradores que a pessoa responsável pela comida ela conseguiu e precisava de uma pessoa para o