Pedro— Chefe com essa roupa o senhor tá parecendo é os empresários almofadinhas dessa cidade.Luquinha me fala e começo a rir do que ele disse.— Você achou que eu iria aparecer na frente do governador usando jeans e camiseta?Pergunto dando um tapa na cabeça dele, quem sabe assim o neurônio pensante funcionava.— Eu falo a verdade chefe, está diferente assim e Viviane de certeza tem um dedo nessa mudança.Me fala e lembro do que ela me disse antes de sair de casa. Estaciono o carro na vaga de visitantes ao mesmo tempo um veículo luxuoso estaciona ao lado do meu.Peguei minhas coisas no porta-luvas e desço do carro com Lucas e a porta do motorista do carro ao lado se abre e vejo o médico saindo de dentro dele. Ninguém merece ter que olhar pro paspalho essa hora e ainda ter que ficar trancado em uma sala com ele por horas.Apenas dou um aceno de cabeça enquanto Lucas vai até ele cumprimentando aquele homem.— Garoto vamos que o Marcelo detesta atrasos — Chamo Luquinha que pede descu
PedroViviane dorme ao meu lado, depois do banho e do jantar, conversamos sobre meu dia e ela me contou como foi o dela e disse que Maria apareceu na casa que as duas acabaram discutindo e que não se sentia bem, mas com a mulher trabalhando na casa. Não sei o que faria em relação a isso. Queria Viviane ao meu lado, mas eu tinha o dever de proteger Maria com o trabalho na minha casa. Por que é tão difícil lidar com certos tipos de situação? Eu sempre fui rápido em lidar com bandidos, investigar casos de drogas e depois que fui expulso da polícia eu conseguia negociar cargas de valores altos e mercadorias de todos os tipos. Mas lidar com Viviane era algo que tentava mesmo com ela achando que tudo era difícil entre nós dois. Saio da cama com cuidado para não acordar, peguei uma carteira de cigarro na mesa de cabeceira com o isqueiro e sai para varanda. Fumo apenas quando estou preocupado e naquela noite eu estava. Me sentei em uma das cadeiras vendo a escuridão lá fora, vendo algumas pe
PedroLuquinha saiu da minha sala após avisar que Viviane estava na rodoviária esperando a chegada da avó. Um dos garotos já estava avisado que buscaria a senhora e quando chegou até lá deu de cara com ela. Mesmo após ouvir Viviane se encontrava na rodoviária não conseguia me acalmar, muito menos pensar com clareza. A briga que tivemos cedo não foi algo bobo. Talvez seja hora de tomar medidas drásticas para não deixar que minha mulher fique com raiva de mim. Mandei uma mensagem para Maria pedindo que fosse até o meu escritório e que precisava conversar algo importante com ela. Mesmo indo contra o que não acho que valha a pena, era melhor ter Maria longe da minha casa e da minha mulher, que arriscar perder o que Viviane estava começando a sentir por mim. Me sentei em frente ao computador e começo a ler sobre as mercadorias que estão para chegar nas próximas semanas, uma carga enorme de eletrônicos chegaria de navio e os lucros seriam altíssimos. Enquanto lia sobre o contrato novo, meu
VivianeO ônibus em que a vovó está desembarcou e vou para a plataforma de saída dos passageiros esperar por ela. Josué vem atrás de mim para ajudar com a bagagem dela e fico aguardando as pessoas descendo do ônibus até que vejo vovó saindo de dentro com um sorriso em seu rosto.Três dias ao lado dela me fará melhor e feliz mesmo com pouco tempo. Assim que ela me vê aguardando por ela, vovó vem até mim me abraçando com carinho e sinto o cheiro da colônia que ela usa, me sentindo feliz por ter minha avó em meus braços.—Vovó, eu senti tanta saudade da senhora e ainda não acredito que decidiu ir morar por um tempo com sua amiga — eu falo, chamando Josué para buscar a mala que vovó trouxe que nem pesada era.—Filha, Pedro não precisava mandar ninguém que nem trouxe muita coisa — ela aponta para o braço do garoto que sai andando na frente enquanto sigo atrás com vovó ao meu lado. Por sorte havia deixado uma parte da comida pronta e chegaria em casa só prepararia o arroz já que o restante
Leonardo—Meu querido Leonardo, eu senti você distraído no almoço, pensativo como se estivesse em outro lugar, ou melhor dizendo com outra pessoa.Sara me fala eu disfarço em um sorriso sem graça, tratando de explicar que não era nada disso.—Estou apenas pensando na reunião e no evento que vai acontecer no próximo mês — respondo e Sara me olha diferente sabendo bem que não falo a verdade.—Leonardo meu amor, se eu não te conhecesse bem, até acreditaria no que está me dizendo. Mas sei que aquela moça anda rondando sua mente e penetrando em seu coração.Sara me fala e não sei o que responder às verdades que ela me joga na cara naquele momento. Não tenho com quem desabafar sobre meus sentimentos e Sara é minha amiga de anos, sei que ela vai me julgar, mas preciso falar o que sinto nem que fosse para ela.—Sei que você vai me chamar de louco e posso ser isso mesmo. Mas eu beijei a Viviane ontem e hoje cedo encontrei ela na parada esperando o ônibus para a rodoviária e dei carona para ela
PedroDepois que Viviane saiu do banheiro, deixando-me sozinho, os minutos em que permaneci ali fizeram-me repensar as atitudes que eu vinha tomando em relação a nós dois. Ao sair do quarto e deparar-me com ela se vestindo, optei por não dizer nada, evitando piorar nossa briga. Contudo, ao sentir seus braços envolvendo minha cintura e o carinho que ela depositou em meu peito, um sorriso surgiu em meu rosto.— Minha avó está aqui, não quero que ela nos veja desse jeito, nem quero continuar brigando contigo — ela disse, beijando minhas costas e abraçando-me com sinceridade.— Não vamos discutir, seja pela Maria ou qualquer bobagem daqui para frente. Você pode contratar quem quiser para trabalhar aqui; se não quiser ninguém, eu também não me importo. Só não quero que se sinta como se não fosse importante para mim.Virei-me de frente para ela, beijei seus lábios e mostrei a Viviane o que todos percebem em relação ao que sinto por ela. Nosso beijo é sempre cheio de paixão, e Viviane me pux
LeonardoDirigia de volta para casa após concluir a última paciente do dia. Amanhã atenderia na comunidade e acabei cancelando meu jantar com Sara. Após nosso almoço, ela tentou me convencer a desistir de Viviane ao voltarmos para o hospital, mas não queria discutir com minha amiga por esse motivo. Como homem adulto, sabia onde estava me envolvendo, e não era um indivíduo como aquele Pedro que me faria desistir de conquistar o amor da mulher por quem estava apaixonado.Mal podia esperar para me encontrar novamente com Viviane amanhã, conversar com dona Zélia, saber como a senhora estava e, quem sabe, conseguir convencer a idosa a permanecer na cidade, não abandonando a neta à mercê daquele homem. Ao estacionar o carro na garagem de casa, minha mãe me aguardava na entrada. Meu pai participaria de um jantar naquela noite, e minha mãe iria jantar sozinha. Aproveitei essa desculpa para não encontrar Sara e evitar uma briga com ela.Peguei minha maleta do banco do passageiro, sai do carro
LeonardoO jantar com minha mãe girou em torno de assuntos fúteis que ela tinha, das reclamações sobre o meu trabalho.— Leonardo, notei que você anda se preocupando muito mais com aquela gente favelada do que com os pacientes que realmente te dão algum tipo de lucro.Mamãe começa o sermão, e desde que comecei a trabalhar na comunidade, ela sempre vem com alguma piada ou reclamação sobre o lugar onde agora atendo ou as pessoas que moram ali.— Mamãe, até quando vai reclamar das minhas escolhas e decisões?Começo a falar e vejo que ela não gosta do que perguntei, apenas pelo seu olhar.— Reclamo porque meu filho é estudado, viajado, de boa família e um homem correto e íntegro que perde horas do dia trabalhando com pessoas que não vão agregar em nada na sua vida profissional. Leonardo, pare com esse seu espírito de bom samaritano de que pode ajudar todos os pobres e oprimidos. Não percebe que, enquanto gasta tempo fazendo esse tipo de caridade, poderia estar ajudando muito mais o seu pa