VivianeEu estava sonhando... sim eu sonhava com o Pedro me amando. Meu sonho era tão real. Senti seus dedos, tocando minha bochecha, sua boca beijando a minha. Pedro deslizava as mãos pelo meu corpo, parando na minha barriga, me causando um frio tão gostoso.— Pedro... eu disse seu nome, acordando do meu sonho. Foi tão real, que senti como se ele estivesse mesmo ao meu lado na cama. Abro os olhos, pisco e vejo que não era o Pedro que me beijou em sonho. Percebo que nem sonhando eu estava e sim foi tudo real. Sentado ao meu lado, vejo Leonardo me olhando, seu rosto vermelho, demonstra raiva como se eu tivesse feito algo ruim. Lembro que segundos atrás, chamei o Pedro em sonho. Só que não era sonho, foi real e o Leonardo me beijou sem a minha permissão. Levanto-me da cama assustada. Ao sentar ele se afastou de mim, peguei a coberta cobrindo meu corpo, sem acreditar que ele teve a coragem de me beijar enquanto eu dormia.— Leonardo você... eu fico sem saber o que falar. Me sinto suja, q
LeonardoSentado no chão do quarto, observo a bagunça que fiz num momento de surto. O closet com algumas coisas dela ainda permaneciam. Viviane foi embora da minha vida, levando o filho e tudo que trouxe quando nos casamos. Agora era tarde demais para arrependimentos, para consertar os erros e para seguir em frente. Eu fui um monstro ao ter agido de forma cruel, tocando seu corpo sem ela saber, me aproveitando do seu sono, me igualando aqueles que eu tanto criticava. Não era um monstro, eu era um homem correto, sempre fui justo e bom para todos. Só que esse amor, esse sentimento que não conseguia explicar que eu sentia pela Viviane me transformou em outra pessoa. Lembro de uma das últimas conversas que tive com Sara, antes dela ir embora. Sara sempre insistia que eu não amava Viviane, o que existia era apenas uma obsessão por ter algo que nunca iria me pertencer. Até do meu envolvimento com Jéssica, que ela descobriu depois me dizia que eu demonstrava sentimentos por uma e pela outra
Viviane—Hey, mocinho, não mexa nessa vasilha, que você vai acabar derramando a farinha.Uma semana depois, estava em meu momento feliz com Pedro e nosso filho. Preparava o jantar naquela noite, com bife à milanesa, arroz branco, salada e feijão. O advogado do Leonardo entrou em contato comigo, dois dias depois que eu saí de casa. Com o documento da separação e o que eu levaria do casamento. Pedro não queria que eu aceitasse nada, eu mesma não queria, porém era uma das vontades dele, que eu não saísse com as mãos vazias. Tentava viver minha nova vida, esquecendo a noite horrível que vivi ao lado daquele que eu considerava um bom amigo. Pedro continuava desconfiando de algo, já que eu não conseguia esconder o nervosismo cada vez que ele me perguntava o que de fato aconteceu naquela noite.—Pa... papa...Francisco chamava pelo pai, era como se meu filho sentisse o momento que o pai chegava do trabalho. O menino ficava inquieto chamando pelo Pedro, só ficando calmo quando o pai voltava.
LeonardoAcordei com o barulho irritante do meu celular tocando. Me virei de lado, pegando o aparelho de cima da mesinha de cabeceira.—Alô! Digo com a voz sonolenta, me sentando na cama esfregando meu rosto para tentar me manter de olho aberto.—Bom dia, meu querido amigo Leonardo. Um dia lindo e maravilhoso como o de hoje.Olhei a hora no relógio, era um pouco mais de 5:30 da manhã. Dormir tarde pra caramba, acabei cochilando menos de 4 horas e Marcelo me enchendo o saco àquela hora.—O dia pode estar sendo lindo e maravilhoso para você. O que houve?Pergunto, ao sair da cama, indo para o banheiro lavar o rosto, assim tentaria despertar.—Ligue a televisão no canal de notícias, que você vai saber o porquê o nosso dia está lindo e perfeito hoje.Antes que possa responder algo, ele desliga. Dou meia volta, ligando a televisão e colocando no canal que ele disse. Ao ler a manchete, sento-me na cama, xingando ao assistir a cena.De mocinho a bandidoO famoso chefe da comunidade Estrela G
PedroVivia o pior momento da minha vida. Pior até mesmo que minha morte falsa. Quando cheguei ao galpão, encontrei Lucas desesperado e com medo de ser preso, jornalistas fotografando tudo, alguns moradores que moravam ali próximo tentando entender o que de fato acontecia. Confusão, pessoas falando ao mesmo tempo e o pior de tudo foram as acusações; fui escoltado até a delegacia algemado, como se fosse um bandido perigoso. Precisava manter a calma, pensar em tudo antes de responder ao interrogatório. O delegado Noronha, antigo conhecido do tempo em que eu trabalhava na Federal, era o responsável pelo caso. Muita coincidência, alguém que não gostava de mim, estar na investigação.—Pascal, quanto tempo não nos encontramos — Noronha começa a falar, com o ar de superioridade que nunca mudou em anos.—Uma pena te encontrar nessas condições — respondo cruzando os braços no meu peito e esticando as pernas, mostrando aquele panaca que eu não tinha medo dele.Dentro da sala do delegado, dois p
Viviane—Lucas, anda me fala logo para qual delegacia levaram o Pedro? Vitória tentava me acalmar, vovó já estava em casa depois de assistir no jornal sobre a prisão do Pedro e a comunidade se encontrava sem entender nada do que andava acontecendo. Lucas apareceu um pouco depois da minha amiga, tentando me acalmar e dizendo que não era nada grave e que o Pedro voltaria para casa logo.—Viviane, o Pedro me disse pra não te deixar preocupada. Não tenho permissão de contar o endereço da delegacia.Aquele garoto andava me irritando demais, com o silêncio sem me explicar nada e me deixando no escuro.Mal consegui almoçar, sem ter notícias do que acontecia. Pedro nem mesmo pôde me ligar e o medo tomava conta de mim.—Filha, se acalma menina — vovó apareceu na sala, depois de colocar o bisneto para dormir.—Vovó eu não posso ficar calma, quando o pai do meu filho foi preso por algo que todo mundo aqui sabe que ele não fez.Saí da sala, indo para o meu quarto. Entrei trancando a porta, pegan
PedroMinha primeira noite em uma cela. Preso por um crime que não cometi. A cabeça fervia, por saber que os culpados estavam lá foram agindo como santos. José e seu Neto vieram me visitar, pedindo que eu tivesse paciência. Que tudo acabaria em breve, eu poderia retornar à comunidade e a minha vida de antes. O que pesava era ter meu nome sujo por algo que não fiz, saber que pessoas duvidariam da minha inocência a partir do momento que eu saísse daqui. Passei a noite em claro, pensando na Viviane e no meu filho. Sem ter noção da hora, vi quando Veiga apareceu, trazendo uma sacola de papel e duas garrafas.—Bom dia Pascal! Sua mulher te mandou o café da manhã.Levantei-me apressado, indo até a porta da cela, Veiga abriu para me entregar a sacola e as garrafas térmicas.—Um garoto chamado Lucas que trouxe tudo. Ele mandou avisar que no almoço ele traz sua comida.Eu pego tudo, voltando para o banco de cimento, enquanto Veiga me observa tomar o café da manhã. A cela que me colocaram, até
LeonardoAquilo que eu temia, meu maior medo, aconteceu e eu estava nas mãos daquele homem a qual eu odiava. Ao receber os vídeos, em que eu aparecia ao lado de garotas menores, de prostitutas em uma boate de luxo, que foi citada na matéria me apavorou de tal forma, que vi minha vida sendo destruída em um piscar de olhos. Pedro me tinha nas mãos, ele poderia me salvar ou me condenar a desgraça, quando toda a imprensa, meus amigos, pais e pacientes descobrissem que eu sabia de tudo que Marcelo fazia.—Se eu acreditasse em você, poderia até imaginar que tem medo do que vai acontecer, se todos souberem que o secretário que é tido como santo por todos, não passa de um hipócrita que aceita e esconde toda a sujeira que o exemplo de governador faz.Cada palavra que Pedro pronunciava, me colocava, mas próximo ainda do abismo em que me encontrava nesse momento. Ele me odiava tanto quanto eu o odiava. Porém só um naquele momento tinha o poder de destruir o outro.—Eu não tinha noção de que as g