PedroVivia o pior momento da minha vida. Pior até mesmo que minha morte falsa. Quando cheguei ao galpão, encontrei Lucas desesperado e com medo de ser preso, jornalistas fotografando tudo, alguns moradores que moravam ali próximo tentando entender o que de fato acontecia. Confusão, pessoas falando ao mesmo tempo e o pior de tudo foram as acusações; fui escoltado até a delegacia algemado, como se fosse um bandido perigoso. Precisava manter a calma, pensar em tudo antes de responder ao interrogatório. O delegado Noronha, antigo conhecido do tempo em que eu trabalhava na Federal, era o responsável pelo caso. Muita coincidência, alguém que não gostava de mim, estar na investigação.—Pascal, quanto tempo não nos encontramos — Noronha começa a falar, com o ar de superioridade que nunca mudou em anos.—Uma pena te encontrar nessas condições — respondo cruzando os braços no meu peito e esticando as pernas, mostrando aquele panaca que eu não tinha medo dele.Dentro da sala do delegado, dois p
Viviane—Lucas, anda me fala logo para qual delegacia levaram o Pedro? Vitória tentava me acalmar, vovó já estava em casa depois de assistir no jornal sobre a prisão do Pedro e a comunidade se encontrava sem entender nada do que andava acontecendo. Lucas apareceu um pouco depois da minha amiga, tentando me acalmar e dizendo que não era nada grave e que o Pedro voltaria para casa logo.—Viviane, o Pedro me disse pra não te deixar preocupada. Não tenho permissão de contar o endereço da delegacia.Aquele garoto andava me irritando demais, com o silêncio sem me explicar nada e me deixando no escuro.Mal consegui almoçar, sem ter notícias do que acontecia. Pedro nem mesmo pôde me ligar e o medo tomava conta de mim.—Filha, se acalma menina — vovó apareceu na sala, depois de colocar o bisneto para dormir.—Vovó eu não posso ficar calma, quando o pai do meu filho foi preso por algo que todo mundo aqui sabe que ele não fez.Saí da sala, indo para o meu quarto. Entrei trancando a porta, pegan
PedroMinha primeira noite em uma cela. Preso por um crime que não cometi. A cabeça fervia, por saber que os culpados estavam lá foram agindo como santos. José e seu Neto vieram me visitar, pedindo que eu tivesse paciência. Que tudo acabaria em breve, eu poderia retornar à comunidade e a minha vida de antes. O que pesava era ter meu nome sujo por algo que não fiz, saber que pessoas duvidariam da minha inocência a partir do momento que eu saísse daqui. Passei a noite em claro, pensando na Viviane e no meu filho. Sem ter noção da hora, vi quando Veiga apareceu, trazendo uma sacola de papel e duas garrafas.—Bom dia Pascal! Sua mulher te mandou o café da manhã.Levantei-me apressado, indo até a porta da cela, Veiga abriu para me entregar a sacola e as garrafas térmicas.—Um garoto chamado Lucas que trouxe tudo. Ele mandou avisar que no almoço ele traz sua comida.Eu pego tudo, voltando para o banco de cimento, enquanto Veiga me observa tomar o café da manhã. A cela que me colocaram, até
LeonardoAquilo que eu temia, meu maior medo, aconteceu e eu estava nas mãos daquele homem a qual eu odiava. Ao receber os vídeos, em que eu aparecia ao lado de garotas menores, de prostitutas em uma boate de luxo, que foi citada na matéria me apavorou de tal forma, que vi minha vida sendo destruída em um piscar de olhos. Pedro me tinha nas mãos, ele poderia me salvar ou me condenar a desgraça, quando toda a imprensa, meus amigos, pais e pacientes descobrissem que eu sabia de tudo que Marcelo fazia.—Se eu acreditasse em você, poderia até imaginar que tem medo do que vai acontecer, se todos souberem que o secretário que é tido como santo por todos, não passa de um hipócrita que aceita e esconde toda a sujeira que o exemplo de governador faz.Cada palavra que Pedro pronunciava, me colocava, mas próximo ainda do abismo em que me encontrava nesse momento. Ele me odiava tanto quanto eu o odiava. Porém só um naquele momento tinha o poder de destruir o outro.—Eu não tinha noção de que as g
Leonardo— Leonardo, não consigo acreditar em tudo que ouvi e li — mamãe seguia desconfiada, achando que Marcelo era inocente. Que um complô foi armado, porque ele era um homem justo, correto e que jamais faria algo assim.—Soraia, não seja ingênua, minha querida. Às vezes achamos que conhecemos alguém e no final tudo não passa de um personagem.Papai, afirmava enquanto eu permanecia calado na sala apenas ouvindo. Depois que a polícia revistou minha sala, não encontrando nada que me prejudicasse, foram embora e logo depois vim para casa dos meus pais. A notícia nas mídias sociais, pipocavam com acusações piores do que a polícia descobriu. Durante o jantar, a conversa foi a prisão dele e agora seguia o mesmo assunto. Mamãe não acreditava que um homem “bondoso” como Marcelo cometeria crimes horrendos como os que ele estava sendo acusado.—Pai, não sei se devo continuar com o cargo de secretário — desde o momento que Pedro saiu da minha sala a polícia apareceu logo depois, me peguei pens
LeonardoNunca na vida imaginei, que estaria em uma delegacia esperando para conversar com um preso. Ao chegar em casa depois do jantar na casa dos meus pais, enquanto trabalhava no escritório, recebi a ligação de um dos advogados do Marcelo. Na mensagem, o homem exigia a minha presença na manhã seguinte. Que eu precisava ir até lá para ter uma reunião com Marcelo, relacionado às questões da secretária. Claro que era uma mentira, com certeza os celulares dos advogados estavam sendo rastreados. Apenas respondi com um “sim” e agora me encontrava aqui nessa sala, com um policial me vigiando a todo instante como se eu fosse o bandido ali. Disfarçava o nervosismo, concentrando em um ponto qualquer daquela sala, aguardando a entrada do Marcelo. Quase 15 minutos depois, que mais parecia horas, a porta se abriu e ele entrou escoltado por dois policiais.— Garoto, não precisa ficar aqui vigiando a nossa conversa. Você e seus companheiros aí do lado sabem o que devem fazer a partir de agora.Ma
PedroViviane admirava a cidade ao meu lado. Depois do jantar, pedi para que um dos funcionários retirasse as coisas do quarto e assim nós dois poderíamos ficar, mas a vontade. Sentada ao meu lado, minha princesa via do alto as luzes que iluminavam a noite paulista. A única coisa que pedi que deixassem em cima da mesa que ficava ali na varanda era a caixinha com a joia que seria a surpresa final da nossa noite.—Acho que vou ligar para a Fátima e saber o que nosso filho anda fazendo — impeço que Viviane se levante para pegar o celular na sua bolsa.—Não precisa se preocupar com nada Viviane. Nosso filho essa hora já deve estar dormindo. Se algo tivesse acontecido, tenho certeza de que a Fátima ou até mesmo a sua avó teriam nos avisado. Tento deixar Viviane, mas calma. Eu tinha muitos planos para depois do nosso jantar. O anel que eu entregaria dois anos atrás, ela já havia descoberto então eu precisava de uma outra forma de fazer o pedido de casamento e dessa vez de forma correta.A n
PedroSeu Neto e eu esperávamos por Vitória. A garota nos avisaria o momento em que Viviane se encontrava pronta para assim darmos início a cerimônia. Hoje era o dia, mas importante na minha vida. Viviane se tornaria minha esposa para todo o sempre. Todos esperavam a chegada da noiva. Seu Neto e eu nos encontrávamos atrás do altar enquanto Viviane terminava de se arrumar na salinha.—José não conseguiu chegar para o casamento, mas mandou avisar que torce pela sua felicidade ao lado da Viviane.—Ele me contou que não teria como vim e avisou que espera com ansiedade o convite do batizado do segundo filho.Nós dois rimos assim que falo. Viviane me contou que pararia de tomar a medicação. Que ter mais um filho, mesmo com Francisco ainda pequeno. Assim os dois cresceriam juntos.Enquanto conversa com meu amigo, vi Lucas se aproximando de mim. O garoto parecia nervoso e me chamou para conversar em particular.—Chefe, não queria estragar o casamento do senhor, só que preciso contar que a Viv