Capítulo 95Na manhã seguinte, os funcionários, que não haviam percebido a confusão da noite anterior por causa da forte chuva, encontraram rastros evidentes do tumulto: móveis fora do lugar, marcas de sangue secando no chão e a polícia ainda analisando a cena.Dona Amélia, que acordara com tonturas insuportáveis, foi rapidamente levada ao hospital por um dos empregados mais confiáveis. Lá, após exames detalhados, os médicos encontraram uma substância no sangue dela: um sonífero extremamente forte.— Isso poderia ter matado a senhora — disse o médico, ajustando os óculos enquanto analisava os resultados. — Por sorte, sua resistência física foi suficiente para suportar.Dona Amélia estava pálida, ainda sem compreender a gravidade da situação.— Como isso foi acontecer? — ela murmurou, segurando a cabeça entre as mãos.O médico suspirou.— Essa é uma questão que a polícia precisará investigar. Por ora, descanse.Enquanto isso, Gabriel saiu apressado para buscar o celular que havia deixa
Capítulo 96No dia seguinte, Dona Amélia foi liberada do hospital após os médicos confirmarem que ela estava fora de perigo. Apesar de ainda sentir o corpo um pouco fraco, sua vontade de visitar Jussara e conhecer a neta era mais forte. Assim que chegou ao quarto do hospital onde estavam mãe e filha, sua emoção era evidente.Ao entrar, viu Jussara sentada na cama com a bebê nos braços, enquanto Gabriel estava ao lado, sempre atento. Amélia levou as mãos ao rosto, contendo as lágrimas que ameaçavam cair.- Mamãe! - Gabriel exclamou, levantando-se para recebê-la com um abraço caloroso.- Meu filho... - disse ela, emocionada, segurando o rosto dele por um instante antes de olhar para Jussara. - Como você está, minha querida?- Melhorando a cada hora - respondeu Jussara com um sorriso sincero. - E muito feliz por ter vocês aqui.Amélia aproximou-se da cama com passos lentos. Gabriel pegou a pequena nos braços e, cuidadosamente, a entregou para a avó.- Aqui está sua netinha, mamãe.Assim
Capítulo 97Júlio acordou sobressaltado, os olhos arregalados. A mão dela ainda estava em sua cabeça, os dedos delicados e trêmulos. Ele inclinou-se para mais perto, o coração acelerado.— Mary? Você está acordada? — perguntou, a voz carregada de alívio e emoção.Ela abriu os olhos devagar, ainda parecendo frágil, mas o olhar carregava ternura.— Júlio... — repetiu, a voz fraca, mas suficiente para fazer o coração dele apertar.Ele segurou a mão dela entre as suas, inclinando-se até que suas testas quase se tocassem.— Graças a Deus, Mary. Eu estava tão preocupado... — A voz dele falhou, carregada de emoção.Mary tentou sorrir, mesmo com o cansaço visível no rosto.— Você ficou aqui o tempo todo?Júlio assentiu, o rosto marcado pelo cansaço.— Eu não conseguiria sair daqui, Mary. Não depois do que aconteceu.Ela suspirou, fechando os olhos por um momento antes de abri-los novamente.— Letícia... Ela...Júlio interrompeu, apertando suavemente a mão dela.— Não precisa falar disso agora
Capítulo 98Gabriel dirigia com cuidado, enquanto Jussara, no banco ao lado, segurava a bebê adormecida em seus braços. Júlio vinha logo atrás, com Mary encostada em seu ombro, olhando pela janela, absorvendo a tranquilidade da paisagem.Quando chegaram, Dona Amélia já os esperava na entrada, acompanhada de alguns funcionários da casa, todos ansiosos pelo retorno da família. Ao ver o carro estacionar, Amélia apressou-se em descer os degraus da varanda, com um sorriso caloroso no rosto.— Vocês estão em casa novamente! — disse ela, abraçando Gabriel e Jussara, com cuidado para não acordar a pequena. — E como está minha netinha?— Um anjo, Dona Amélia — respondeu Jussara, sorrindo.— Agora sim a casa está completa novamente — disse Amélia, os olhos brilhando de emoção.Júlio e Mary saíram do carro logo depois. Amélia se virou para eles, e seu sorriso se alargou ainda mais.— Mary, querida, como você está? — perguntou Amélia, segurando as mãos da jovem.— Melhor, Dona Amélia. Obrigada po
Capítulo 99Jussara entrou no escritório e encontrou Gabriel sentado à mesa, com o semblante sério e o corpo visivelmente tenso. A imagem a fez lembrar da época em que o conheceu, quando ele carregava sempre aquele ar rígido e reservado.— O que foi, querido? — perguntou, preocupada, aproximando-se devagar.Gabriel levantou o olhar, surpreso pela interrupção, mas rapidamente suavizou a expressão, tentando disfarçar o incômodo.— Não é nada importante, meu amor — respondeu, forçando um sorriso.Jussara estreitou os olhos, percebendo que Gabriel estava tentando mascarar algo. Ela cruzou os braços e caminhou até ele, parando ao lado da cadeira.— Você acha que me engana? Já te conheço bem o suficiente para saber que isso não é “sem importância”.Gabriel suspirou, passando a mão pela nuca, e desviou o olhar por um instante.— Não quero te preocupar, Jussara. Você acabou de sair do hospital, precisa descansar e se concentrar em você e na nossa filha.Ela segurou o rosto dele com delicadeza
Capítulo 100Gabriel estava concentrado no e-mail quando o toque insistente do celular o tirou de seus pensamentos. Ele suspirou ao ver o nome de Francisco na tela, já imaginando que o assunto não seria dos mais leves. Atendeu, recostando-se na cadeira.— Francisco, boa noite. O que houve agora?— Boa noite, Gabriel. Preciso falar de algo sério. — A voz de Francisco era grave, o que fez Gabriel automaticamente endireitar a postura. — O caso do Marcos... Está ficando mais complicado do que imaginávamos.— Como assim? — Gabriel franziu a testa, uma pontada de cansaço o atingindo. — O que mais descobriram?— Coisas que podem afetar não só a vida dele, mas o nome da sua família. Estamos falando de documentos forjados, dinheiro vindo de fontes ilegais e possíveis conexões com pessoas... perigosas.Gabriel esfregou o rosto com a mão, respirando fundo para manter a calma.— E o que exatamente você precisa de mim?— Em breve, você terá que vir para São Paulo. Precisamos da sua presença para r
Capítulo 1Brasil — São Paulo — SP.Gabriel Monteiro, CEO de uma das maiores empresas de tecnologia médica do país, estava no centro do silêncio da sala de estar, observando a chuva bater nas imensas janelas de vidro. Desde o acidente que o deixou numa cadeira de rodas, seu temperamento, já severo, piorara ainda mais. Ele odiava a ideia de depender de alguém, especialmente agora que sua mãe, a única pessoa em quem confiava, estava para viajar.Gabriel escutou um barulho às suas costas e se virou, ficou observando a mãe. Ela começou a falar toda ansiosa sobre a viagem para a Europa. Ele não a ouvia. Sua mente estava presa ao incômodo de ser tratado como se jamais fosse se recuperar do acidente que sofreu. Ficou perturbado ao ouvir que teria uma enfermeira para cuidar dele.- Eu não preciso de nenhuma babá cuidando de mim, mãe - ele grunhiu, com a voz firme.Ela suspirou, ignorando sua explosão de raiva com a paciência de quem já estava acostumada com o temperamento difícil do filho.-
Capítulo 2Jussara ouviu uma leve batida em sua porta. Ela abriu e viu Dona Amélia, que parecia já estar de saída, carregando uma pequena bolsa de viagem.— Jussara, querida, eu preciso sair agora. A situação da minha irmã é delicada, e vou direto para o aeroporto — disse Dona Amélia, ajeitando o casaco enquanto dava um sorriso breve, mas preocupado.— Claro, Dona Amélia. Pode deixar que eu cuido de tudo aqui — respondeu Jussara, passando segurança.Dona Amélia suspirou em alívio, segurando a mão de Jussara por um instante.— Obrigada, minha querida. Ele é teimoso, mas tenha paciência. O Gabriel... — ela hesitou, buscando as palavras. — Ele está com a alma tão ferida quanto o corpo.Jussara assentiu, vendo o amor e a dor que transpareciam nos olhos da mãe. Com um aceno breve, Dona Amélia partiu, deixando a mansão em um silêncio quase absoluto.Assim que fechou a porta, Jussara foi até a mesa onde havia anotado os horários dos remédios de Gabriel. O primeiro deles estava próximo, então