Capítulo 101Na manhã seguinte, Gabriel estava no escritório, imerso em papéis e e-mails, tentando colocar em ordem as pendências acumuladas nos últimos dias. O silêncio do casarão era quebrado apenas pelo som do vento que balançava as árvores do lado de fora. Ele suspirou, ajeitando-se na cadeira, quando o celular começou a vibrar sobre a mesa.Ao olhar o visor, franziu o cenho ao reconhecer o número do detetive particular que contratara semanas atrás para investigar os problemas de Marcos.— Detetive? — atendeu, com a voz firme, mas a preocupação evidente.— Senhor Monteiro, bom dia. Preciso conversar com o senhor com urgência. É algo que não posso tratar por telefone.Gabriel se inclinou na cadeira, apertando o celular contra o ouvido.— Do que se trata? É sobre o meu filho?— Sim, senhor. E outras situações relacionadas. É de extrema importância que tenhamos essa conversa pessoalmente. Preciso olhar nos seus olhos e mostrar todas as provas. Não é algo simples.O coração de Gabriel
Capítulo 102Durante o almoço, Gabriel parecia distante, mexendo na comida com o garfo mais do que realmente comendo. O silêncio dele não passou despercebido. Jussara o observava com preocupação, enquanto Dona Amélia, com seu olhar experiente, decidiu quebrar o gelo.- O que você tem, meu filho? Está mais quieto do que o normal.Gabriel suspirou profundamente, como se estivesse reunindo coragem para responder. Ele ergueu o olhar para a mãe e depois para Jussara.- O detetive está vindo para cá. Chega esta tarde.Jussara inclinou-se um pouco para frente, visivelmente interessada.- E o que ele disse?- Disse que tem algo de suma importância para conversar comigo - Gabriel respondeu, pousando o garfo no prato. - Sinceramente, estou preocupado. Se ele está vindo pessoalmente e falou dessa forma, não deve ser coisa boa.Dona Amélia franziu o cenho, mas manteve a calma, sempre a base da família em momentos tensos.- Filho, você não pode sofrer por antecipação. Espere o detetive chegar e ve
Capítulo 103Gabriel passou as próximas horas trancado no escritório, refletindo sobre o que o detetive havia revelado. Descobrir que Marcos não era seu filho legítimo foi como levar um tapa na cara. A revelação o deixou atordoado, revirando memórias e questionando tudo o que acreditava sobre o passado.Gabriel não tinha mais dúvidas de que Laura sabia que Marcos não era seu filho. Era difícil acreditar em tamanha traição. Não bastava ela tê-lo enganado quando namoravam, agora tudo parecia ainda mais claro. A possibilidade de Marcos ser seu filho havia sido uma farsa desde o início.Mesmo assim, na época, ele havia assumido o garoto, tentando fazer o que julgava ser o certo. Agora, com tudo revelado, sentia uma mistura de alívio e indignação. Contudo, tinha certeza de uma coisa: a justiça seria feita, mais cedo ou mais tarde.***Jussara caminhava lentamente até o escritório, seu coração pesado de preocupação. Gabriel estava trancado lá desde que o detetive havia partido, e o silêncio
Capítulo 104Pouco depois daquela conversa, o som de carros se aproximando do casarão chamou a atenção de todos. Gabriel se dirigiu à janela e viu duas viaturas estacionando na entrada principal. O coração dele acelerou, sabendo que aquele momento era crucial para manter Letícia atrás das grades.Jussara entrou na sala com Caterina no colo, seus olhos ansiosos ao perceber a movimentação.— Parece que a polícia chegou — disse Gabriel, virando-se para os outros. — Jussara, eles vão querer falar com você e com Mary.Dois policiais uniformizados entraram no casarão, liderados por um inspetor. Gabriel os recebeu com um aperto de mão.— Boa tarde. Sou o inspetor Almeida. Estamos aqui para colher os depoimentos e reforçar as evidências contra Letícia. É importante que todos sejam claros e precisos no que disserem.Gabriel indicou a sala de estar, onde Jussara já estava sentada, com Mary ao seu lado.— Jussara será a primeira.O inspetor Almeida assentiu, pegando o bloco de notas e um gravado
Capítulo 105Enquanto Jussara e Mary estavam no quarto com Caterina. Dona Amélia aproveitou a oportunidade para conversar com Gabriel. Ela o chamou discretamente até o escritório, ele percebeu pela expressão no rosto dela que havia algo importante a ser discutido.— Temos um pequeno probleminha que precisamos resolver antes de voltarmos para São Paulo — disse Dona Amélia, com um tom sereno, mas direto.Gabriel franziu a testa, intrigado.— Qual problema, mãe?Ela cruzou as mãos sobre a mesa, um leve sorriso no rosto.— Mary terá que ir conosco. Ela está namorando o Júlio, e eu acho que separar os dois não seria justo.Gabriel inclinou a cabeça, considerando as palavras da mãe. Após um momento, assentiu.— A senhora tem razão. Já está claro que têm sentimentos fortes um pelo outro.Ele se levantou com um leve sorriso, indicando que confiava totalmente no julgamento dela.— A senhora pode resolver esse assunto para mim?Dona Amélia sorriu de volta, segura.— Claro, meu querido. Já tenho
Capítulo 106No dia seguinte, todos se prepararam para a viagem de volta a São Paulo. Após um café da manhã tranquilo, embarcaram no jato particular dos Monteiro. No final da tarde, quando chegaram à mansão, foram recebidos calorosamente pelos empregados, que já estavam preparados para recebê-los. Na porta, Letícia segurava o bebê que Gabriel havia acreditado ser seu neto. O olhar dele vacilou ao lembrar da decepção de descobrir a verdade, mas uma ideia começou a germinar em sua mente. Ele decidiu que conversaria sobre isso com Jussara mais tarde, afinal, já tinham a guarda da criança, assinada pela mãe. Ao entrar na mansão, Mary foi a primeira a cumprimentar Letícia com um abraço. Assim que a babá entregou o bebê para Gabriel, Mary comentou:— Ai, menina, se eu te contar... — O que foi? — perguntou Letícia, curiosa. — Tinha uma louca lá no sítio dos Monteiro com o seu nome. Até me acostumar que você não é ela, vou levar uns sustos! — Credo! E o que aconteceu? — Depois te
Capítulo 107Gabriel estava prestes a sair pela porta principal quando uma das funcionárias o chamou, sua voz suave ecoando pelo corredor:- O senhor não vai tomar o desjejum, senhor Gabriel?Ele parou por um instante e olhou para ela com um sorriso cortês.- Obrigado, mas hoje estou sem tempo - respondeu, com um tom educado.Sem perder tempo, Gabriel saiu e entrou no carro. O som do motor preenchia o silêncio da manhã, e, enquanto dirigia pelas ruas tranquilas, sua mente estava a mil. Ele pensava nos desafios que o aguardavam na empresa e em casa, mas também nos momentos felizes que começava a construir ao lado de Jussara e da filha.Foi apenas quando avistou o imponente prédio de sua empresa que percebeu que havia dirigido o percurso quase no automático. Estacionou no local habitual, desligou o motor e respirou fundo. Mais um dia começava, e ele estava pronto para enfrentá-lo.Gabriel entrou no prédio da empresa com passos firmes e decididos, seu olhar concentrado à frente. A presen
Capítulo 108Jussara levantou quase imediatamente após o marido sair. Depois de cuidar de Caterina e a deixar com Mary, decidiu ir até o quarto do outro bebê. Ao entrar, olhou ao redor e percebeu que a babá não estava presente. O pequeno estava despertando, e seus olhinhos curiosos pareciam buscar conforto.Ela se aproximou, com o coração aquecido, e o observou com ternura. Sem se importar com quem era o verdadeiro pai, sentiu um carinho genuíno por aquela pequena vida.— Oi... você é tão bonito — sussurrou, um sorriso se formando em seus lábios.Pegou-o delicadamente nos braços e ficou por alguns momentos conversando com ele, admirando cada detalhe de seu rostinho. Depois, levou-o até o trocador e começou a cuidar dele com todo o cuidado e atenção.Quando terminou, percebeu que ele estava com fome. Sentou-se na poltrona, segurando-o com carinho, e começou a amamentá-lo. Enquanto o pequeno mamava, Jussara acariciava seu rostinho delicado, observando como ele parecia se sentir seguro e