Capítulo 105Enquanto Jussara e Mary estavam no quarto com Caterina. Dona Amélia aproveitou a oportunidade para conversar com Gabriel. Ela o chamou discretamente até o escritório, ele percebeu pela expressão no rosto dela que havia algo importante a ser discutido.— Temos um pequeno probleminha que precisamos resolver antes de voltarmos para São Paulo — disse Dona Amélia, com um tom sereno, mas direto.Gabriel franziu a testa, intrigado.— Qual problema, mãe?Ela cruzou as mãos sobre a mesa, um leve sorriso no rosto.— Mary terá que ir conosco. Ela está namorando o Júlio, e eu acho que separar os dois não seria justo.Gabriel inclinou a cabeça, considerando as palavras da mãe. Após um momento, assentiu.— A senhora tem razão. Já está claro que têm sentimentos fortes um pelo outro.Ele se levantou com um leve sorriso, indicando que confiava totalmente no julgamento dela.— A senhora pode resolver esse assunto para mim?Dona Amélia sorriu de volta, segura.— Claro, meu querido. Já tenho
Capítulo 106No dia seguinte, todos se prepararam para a viagem de volta a São Paulo. Após um café da manhã tranquilo, embarcaram no jato particular dos Monteiro. No final da tarde, quando chegaram à mansão, foram recebidos calorosamente pelos empregados, que já estavam preparados para recebê-los. Na porta, Letícia segurava o bebê que Gabriel havia acreditado ser seu neto. O olhar dele vacilou ao lembrar da decepção de descobrir a verdade, mas uma ideia começou a germinar em sua mente. Ele decidiu que conversaria sobre isso com Jussara mais tarde, afinal, já tinham a guarda da criança, assinada pela mãe. Ao entrar na mansão, Mary foi a primeira a cumprimentar Letícia com um abraço. Assim que a babá entregou o bebê para Gabriel, Mary comentou:— Ai, menina, se eu te contar... — O que foi? — perguntou Letícia, curiosa. — Tinha uma louca lá no sítio dos Monteiro com o seu nome. Até me acostumar que você não é ela, vou levar uns sustos! — Credo! E o que aconteceu? — Depois te
Capítulo 107Gabriel estava prestes a sair pela porta principal quando uma das funcionárias o chamou, sua voz suave ecoando pelo corredor:- O senhor não vai tomar o desjejum, senhor Gabriel?Ele parou por um instante e olhou para ela com um sorriso cortês.- Obrigado, mas hoje estou sem tempo - respondeu, com um tom educado.Sem perder tempo, Gabriel saiu e entrou no carro. O som do motor preenchia o silêncio da manhã, e, enquanto dirigia pelas ruas tranquilas, sua mente estava a mil. Ele pensava nos desafios que o aguardavam na empresa e em casa, mas também nos momentos felizes que começava a construir ao lado de Jussara e da filha.Foi apenas quando avistou o imponente prédio de sua empresa que percebeu que havia dirigido o percurso quase no automático. Estacionou no local habitual, desligou o motor e respirou fundo. Mais um dia começava, e ele estava pronto para enfrentá-lo.Gabriel entrou no prédio da empresa com passos firmes e decididos, seu olhar concentrado à frente. A presen
Capítulo 108Jussara levantou quase imediatamente após o marido sair. Depois de cuidar de Caterina e a deixar com Mary, decidiu ir até o quarto do outro bebê. Ao entrar, olhou ao redor e percebeu que a babá não estava presente. O pequeno estava despertando, e seus olhinhos curiosos pareciam buscar conforto.Ela se aproximou, com o coração aquecido, e o observou com ternura. Sem se importar com quem era o verdadeiro pai, sentiu um carinho genuíno por aquela pequena vida.— Oi... você é tão bonito — sussurrou, um sorriso se formando em seus lábios.Pegou-o delicadamente nos braços e ficou por alguns momentos conversando com ele, admirando cada detalhe de seu rostinho. Depois, levou-o até o trocador e começou a cuidar dele com todo o cuidado e atenção.Quando terminou, percebeu que ele estava com fome. Sentou-se na poltrona, segurando-o com carinho, e começou a amamentá-lo. Enquanto o pequeno mamava, Jussara acariciava seu rostinho delicado, observando como ele parecia se sentir seguro e
Capítulo 109Jussara desceu para a sala com o pequeno Júnior nos braços, sentindo a suavidade e o calor do bebê contra si. Assim que chegou, viu Caterina no bebê conforto sob o olhar atento de Letícia e Mary. Aproximou-se com um sorriso caloroso e acomodou Júnior no carrinho ao lado da filha.Sentou-se no sofá, observando os dois pequenos. Jussara sentiu uma onda de amor percorrer seu corpo.— Olhem só esses dois — comentou, olhando para as babás. — Meu coração está tão cheio... é como se eles completassem um pedaço de mim.Mary sorriu.— Eles têm sorte de ter uma mãe como você.Letícia assentiu.— É lindo ver como a senhora cuida dos dois, como se fossem gêmeos.Jussara sorriu em resposta, acariciando a cabecinha de Caterina.— Eu os amo como se fossem. Não importa como cada um chegou até aqui, são meus filhos agora.Enquanto observava os dois bebês, sentiu que, sua família estava realmente completa.***Ana chegou à empresa com passos apressados, tentando esconder o atraso. Seus olh
Capítulo 110Dias depois...Gabriel parou por um momento, os dedos ainda repousando sobre o teclado, enquanto um sorriso leve e cheio de significado se formava em seu rosto. A lembrança de tudo o que havia vivido nos últimos meses o invadiu.Ele pensou em como sua vida havia mudado drasticamente. Há pouco tempo, era apenas ele e sua mãe, enfrentando o mundo juntos. Depois veio o acidente, um evento que quase acabou com seus planos e sua esperança, mas que, ironicamente, acabou marcando o início de uma transformação profunda.Agora, ele tinha uma família completa. Jussara, sua esposa, era sua fortaleza e ao mesmo tempo sua razão de sorrir todos os dias. Caterina, sua pequena princesa, era o reflexo de um amor puro e incondicional. E Júnior, com seus documentos finalmente regularizados, também fazia parte desse círculo de amor, completando a visão de um lar que ele nunca imaginou ser possível."É curioso como a vida pode virar de cabeça para baixo e, ainda assim, nos levar ao lugar cert
Capítulo 111Dona Amélia chegou à casa da amiga Clara no início da tarde. Assim que o carro parou em frente ao portão, a empregada da casa abriu a porta da entrada, sorrindo ao reconhecer a visitante ilustre.— Dona Amélia! Que prazer em vê-la! A senhora Clara está na sala, aguardando.— Obrigada, querida. — Amélia respondeu com um sorriso elegante, ajustando o chapéu antes de entrar.Na sala de estar, Clara, uma senhora de cabelos grisalhos e postura igualmente refinada, levantou-se ao ver a amiga.— Amélia! Já estava achando que tinha se esquecido de mim. — Clara brincou, abrindo os braços para um abraço caloroso.— Como eu poderia esquecer você, Clara? — Amélia respondeu com afeto, sentando-se no sofá de estofado claro, decorado com almofadas bordadas. — A casa continua linda, como sempre.— Obrigada! — Clara sorriu, servindo o chá da tarde em uma bandeja com biscoitos e fatias de bolo de laranja. — Agora me conte, o que a trouxe aqui hoje?Dona Amélia segurou a xícara com elegânci
Capítulo 112Francisco entrou no saguão do prédio, a postura visivelmente abatida. Sua gravata estava fora do lugar, e ele tentava, sem muito sucesso, ajeitar o paletó, mas o roxo no olho denunciava o motivo de sua aparência desleixada.Enquanto caminhava, tentava disfarçar o desconforto e o incômodo que sentia ao ser observado, embora soubesse que sua aparência era quase uma piada ambulante."Se não fosse o patrão me chamando, com certeza estaria em casa, no meu canto, cuidando dessa cara toda arrebentada", pensou, fazendo uma careta enquanto apertava o botão do elevador.As portas se fecharam, mas sua mente continuava focada no último episódio de sua vida. O que mais o consumia, no entanto, não era o estado físico que lhe causava dores, mas sim a mulher que estava constantemente em seus pensamentos: Ana.O pensamento o consumia, mas também o afastava. Não conseguia encontrar a coragem para se aproximar dela, especialmente agora, com toda a confusão que estava vivendo."Talvez seja m