Capítulo 112Francisco entrou no saguão do prédio, a postura visivelmente abatida. Sua gravata estava fora do lugar, e ele tentava, sem muito sucesso, ajeitar o paletó, mas o roxo no olho denunciava o motivo de sua aparência desleixada.Enquanto caminhava, tentava disfarçar o desconforto e o incômodo que sentia ao ser observado, embora soubesse que sua aparência era quase uma piada ambulante."Se não fosse o patrão me chamando, com certeza estaria em casa, no meu canto, cuidando dessa cara toda arrebentada", pensou, fazendo uma careta enquanto apertava o botão do elevador.As portas se fecharam, mas sua mente continuava focada no último episódio de sua vida. O que mais o consumia, no entanto, não era o estado físico que lhe causava dores, mas sim a mulher que estava constantemente em seus pensamentos: Ana.O pensamento o consumia, mas também o afastava. Não conseguia encontrar a coragem para se aproximar dela, especialmente agora, com toda a confusão que estava vivendo."Talvez seja m
Capítulo 113Marcos estava sentado num banco de concreto no pátio da prisão, aproveitando os últimos raios de sol do dia, quando um presidiário magro e de olhar desconfiado se aproximou. Ele trazia um semblante sério e uma informação que parecia pesar mais que qualquer barra de ferro naquele lugar.— Seguinte, Marcos, seu contato fora daqui... bateu as botas. — disse o homem, sem rodeios.Marcos franziu o cenho, incrédulo.— O quê? Como assim? O que aconteceu? — perguntou, sua voz carregada de incredulidade.— Não sei direito. Parece que uma facção foi atrás dele. Dizem que devia uma grana preta pra eles. — O homem deu de ombros, como se aquilo fosse algo comum no mundo em que viviam.Marcos sentiu o estômago revirar. Aquele contato era essencial para seus planos. Ele apertou o maxilar, tentando controlar a irritação que começava a tomar conta.— E como eu vou continuar minha vingança agora? — murmurou, mais para si mesmo do que para o presidiário.O homem soltou uma risada curta e am
Capítulo 114Depois de passar um tempo brincando com os filhos e trocando palavras carinhosas com Jussara, Gabriel decidiu se retirar para um banho relaxante. Ele sentia que precisava daquele momento para recarregar as energias antes do jantar em família.Enquanto a água quente escorria por seu corpo, Gabriel refletia sobre as recentes situações em sua vida. Francisco certamente era o maior ponto de interrogação. Ele esperava que o amigo tivesse finalmente caído na real; afinal, quase 40 anos e ainda agindo como um adolescente irresponsável não era algo que ele podia ignorar."Se ele não tomou jeito hoje, amanhã eu coloco ele na linha de novo," pensou com determinação.Seu pensamento logo mudou para Marcos, o jovem que ele acreditou ser seu filho por dois anos. A lembrança ainda o deixava desconfortável, mas sabia que a justiça estava sendo feita."Será que fui ingênuo ou cego?" ponderou, enquanto esfregava o rosto com as mãos e as lembranças apareciam em sua mente como um jato. Ele a
Capítulo 115Sem interromper o beijo, Gabriel a pegou no colo com facilidade e a deitou delicadamente na cama, posicionando-se sobre ela. Seus movimentos eram suaves, mas carregados de desejo, enquanto seus lábios exploravam os dela de forma profunda e intensa. O calor entre eles crescia a cada segundo, e Jussara deixou escapar um gemido suave, incapaz de conter a necessidade que dominava seu corpo.Gabriel acomodou-se entre suas pernas, e Jussara, instintivamente, moveu o quadril, roçando seu corpo no dele. O toque fez com que ambos sentissem a intensidade do desejo que os envolvia, especialmente o volume evidente que ela percebeu no marido e que a fez suspirar profundamente.Ele manteve a calma, saboreando cada momento. Lentamente, afastou os lábios dos dela para tirar sua blusinha, revelando os seios que estavam maiores e ainda mais sensíveis. Gabriel não resistiu e inclinou-se para abocanhar um deles, sugando-o com intensidade e desejo. Jussara fechou os olhos, mordendo levemente
Capítulo 116Na manhã seguinte, Gabriel despertou sentindo-se revigorado. Fazer amor com Jussara sempre o deixava em paz, como se estivesse flutuando sobre as nuvens. O dia prometia ser produtivo, e ele estava determinado a resolver as pendências acumuladas.Já em seu escritório, ele pegou o telefone e ligou para o departamento de Recursos Humanos.— Preciso de alguém para me ajudar com alguns documentos. Pode providenciar isso? — pediu com a voz firme, mas amigável.Meia hora depois, ouviu uma batida na porta.— Entre — autorizou, sem tirar os olhos de um relatório em sua mesa.A porta se abriu, e uma jovem entrou com passos hesitantes, mas firmes.— Bom dia, senhor Gabriel. Meu nome é Michele. Fui designada para substituir Ana como sua secretária temporária — disse ela, ajeitando os óculos no rosto e mexendo na boca, claramente desconfortável com o aparelho que usava.Gabriel levantou os olhos, avaliando-a com atenção. Michele parecia competente, com uma postura profissional, mas ha
Capítulo 117O dia do julgamento de Marcos havia chegado, e Gabriel estava na sala do tribunal, com o olhar fixo na bancada onde o júri começava a se posicionar. A sala estava silenciosa, os murmúrios se acalmando à medida que todos tomavam seus lugares. Ele podia sentir a tensão no ar, o peso do momento. Marcos ainda não sabia que a verdade sobre sua paternidade tinha sido descoberta, e isso estava prestes a mudar tudo.Gabriel observava atentamente, tentando manter a compostura, mas a ansiedade era visível. Ele se lembrou das semanas que se passaram até aquele momento crucial. A estratégia estava bem montada, e agora, era hora de ver os planos se concretizarem.Quando a juíza entrou, o tribunal se aquietou. O julgamento finalmente começava. Marcos estava ali, sentado à sua frente, sem suspeitar de nada. Ele parecia nervoso, olhando para os lados, mas também confiante, achando que tudo estava sob controle. Gabriel sabia que a situação estava prestes a mudar.Laura, sua ex, foi chamad
Capítulo 118Marcos, por outro lado, estava imóvel, a expressão de incredulidade e raiva estampada em seu rosto.— Mãe... — ele finalmente murmurou, com a voz baixa e carregada de dor.Laura tentou se aproximar dele, mas Marcos levantou a mão, impedindo-a.— Não toque em mim. Eu... eu não sou nada para ele. Não sou nada para você... — disse, apontando para Gabriel e depois para Laura.Gabriel permaneceu em silêncio, mantendo a dignidade, enquanto Francisco voltou ao seu lugar, sentindo o peso da verdade finalmente revelada.A juíza ajustou os óculos, chamando a atenção de todos.— Este julgamento continuará com base nos fatos apresentados. Senhora Laura, o tribunal decidirá sobre possíveis sanções devido à sua participação na fraude. Quanto a Marcos, os próximos passos serão discutidos com a defesa e a acusação.Francisco sentou-se ao lado de Gabriel, enquanto o tribunal retomava os procedimentos. Gabriel não precisou dizer nada; o leve aceno de sua cabeça foi o suficiente para demons
Capítulo 119Semanas haviam se passado desde o julgamento, e Marcos não era mais uma sombra na vida de Gabriel. Os dias fluíam com tranquilidade. Sua rotina com Jussara, os filhos e a mãe era harmoniosa, e ele finalmente sentia que a paz estava reinando em sua casa.Quase dois meses depois da vitória no tribunal, Gabriel estava em sua mesa, concentrado no trabalho, quando ouviu vozes alteradas do lado de fora. Uma delas, claramente de Ana, soava tensa, quase um grito.Ele levantou-se rapidamente e foi até o corredor, intrigado. Ao sair, deparou-se com Ana e Francisco em uma discussão acalorada.- Eu já disse que não quero nada vindo de você, Francisco! - Ana esbravejou, visivelmente abalada. - Pare de insistir! Finja que eu e o meu filho nunca existimos!Francisco, parado diante dela, parecia perdido, mas sua expressão era de genuína preocupação.- Ana, eu só quero ajudar! - respondeu ele, mantendo a voz firme, mas baixa. - Não é só sobre você, é sobre a criança. Eu quero assumir a re