Capítulo 118Marcos, por outro lado, estava imóvel, a expressão de incredulidade e raiva estampada em seu rosto.— Mãe... — ele finalmente murmurou, com a voz baixa e carregada de dor.Laura tentou se aproximar dele, mas Marcos levantou a mão, impedindo-a.— Não toque em mim. Eu... eu não sou nada para ele. Não sou nada para você... — disse, apontando para Gabriel e depois para Laura.Gabriel permaneceu em silêncio, mantendo a dignidade, enquanto Francisco voltou ao seu lugar, sentindo o peso da verdade finalmente revelada.A juíza ajustou os óculos, chamando a atenção de todos.— Este julgamento continuará com base nos fatos apresentados. Senhora Laura, o tribunal decidirá sobre possíveis sanções devido à sua participação na fraude. Quanto a Marcos, os próximos passos serão discutidos com a defesa e a acusação.Francisco sentou-se ao lado de Gabriel, enquanto o tribunal retomava os procedimentos. Gabriel não precisou dizer nada; o leve aceno de sua cabeça foi o suficiente para demons
Capítulo 119Semanas haviam se passado desde o julgamento, e Marcos não era mais uma sombra na vida de Gabriel. Os dias fluíam com tranquilidade. Sua rotina com Jussara, os filhos e a mãe era harmoniosa, e ele finalmente sentia que a paz estava reinando em sua casa.Quase dois meses depois da vitória no tribunal, Gabriel estava em sua mesa, concentrado no trabalho, quando ouviu vozes alteradas do lado de fora. Uma delas, claramente de Ana, soava tensa, quase um grito.Ele levantou-se rapidamente e foi até o corredor, intrigado. Ao sair, deparou-se com Ana e Francisco em uma discussão acalorada.- Eu já disse que não quero nada vindo de você, Francisco! - Ana esbravejou, visivelmente abalada. - Pare de insistir! Finja que eu e o meu filho nunca existimos!Francisco, parado diante dela, parecia perdido, mas sua expressão era de genuína preocupação.- Ana, eu só quero ajudar! - respondeu ele, mantendo a voz firme, mas baixa. - Não é só sobre você, é sobre a criança. Eu quero assumir a re
Capítulo 120Alguns dias depois, Dona Amélia estava confortavelmente sentada na poltrona da biblioteca, imersa nas páginas de um romance clássico. A luz suave do final da tarde entrava pelas janelas, criando um ambiente acolhedor para sua leitura. Ela ajustou os óculos e virou a página, completamente envolvida na história. Foi então que o toque insistente do celular a tirou daquele mundo fictício.— Ah, que pena! Estava tão interessante na leitura — murmurou com um leve sorriso, fechando o livro com cuidado e pegando o celular que estava sobre a mesinha ao lado.Ao atender, sua voz saiu tranquila:— Alô?— Amélia, é a Clara! — a voz animada do outro lado da linha fez Amélia sorrir automaticamente. — Como está, minha querida?— Clara, que surpresa boa! Estou bem, minha flor, e você?— Melhor agora que estou falando com você. Mas sabe por que estou ligando? Quero convidá-la para minha festa de aniversário! Vou completar 65 anos e não aceito um 'não' como resposta.Amélia soltou uma risa
Capítulo 121Francisco observou Ana se dirigir aos caixas e, sem pensar muito, fez o mesmo. Ele escolheu um caixa mais afastado, de onde pudesse observá-la discretamente. Ana parecia abatida, o rosto carregado de tristeza. Enquanto a via passar suas poucas compras, ele não conseguiu evitar se perguntar se aquela melancolia tinha algo a ver com ele. No fundo, sentia que sim.Ele pagou rapidamente pelas próprias compras, saiu apressado, e foi até o estacionamento próximo à saída. Enquanto guardava os itens no porta-malas, seus olhos captaram Ana saindo do mercado com uma única sacola nas mãos.Francisco sabia que precisava respeitar o espaço dela, talvez até se afastar de vez. Mas havia algo, uma sensação que ele não conseguia ignorar, que o impelia a tentar mais uma vez, só que de uma forma diferente, mais cuidadosa.Respirou fundo, fechou o porta-malas e caminhou em direção a ela.- Ana? - chamou, hesitante, mas firme.Ana parou de repente, visivelmente sobressaltada ao reconhecer a v
Capítulo 122O dia do aniversário de Clara finalmente chegou, e a família Monteiro estava se preparando para o grande evento. Até as babás foram convocadas para cuidar das crianças, algo que Gabriel insistiu ser essencial.- E se as crianças se cansarem, meu filho? Elas ainda são tão novinhas - perguntou Dona Amélia, com um olhar preocupado.Gabriel, sempre cuidadoso, sorriu e respondeu com confiança:- Elas poderão voltar com o motorista, mas quero que conheçam meus bebês. É importante para mim que estejam lá.Dona Amélia, entendendo o desejo do filho, assentiu com um sorriso afetuoso.- Eu te entendo, querido - disse ela, carinhosa.Ao chegarem no evento, a família Monteiro ficou maravilhada com o cenário. A mansão estava iluminada com milhares de luzes brilhantes por fora e, por dentro, o ambiente era aconchegante e acolhedor, perfeito para a grande celebração. A decoração foi pensada nos mínimos detalhes, com diferentes espaços para atender às várias faixas etárias dos convidados.
Capítulo 123No dia seguinte, pela manhã, Gabriel escutou alguém bater e pediu para entrar. Ele terminou de digitar algo no computador e finalmente desviou o olhar para Francisco, que estava sentado à sua frente com uma expressão que misturava cansaço e confusão.— Então, como estão as coisas com Ana? Vocês estão mais calmos?Francisco suspirou profundamente, passando a mão pelos cabelos como quem tenta encontrar as palavras certas.— Mais calmos? Eu diria que estou confuso. Para ser honesto, estou começando a me sentir... usado.Gabriel franziu o cenho, intrigado.— Usado? Como assim?Francisco cruzou os braços, claramente incomodado.— Faz uma semana desde a última vez que... você sabe, transamos. E, desde então, ela simplesmente sumiu. Foi embora antes de eu acordar, sem dizer nada. Se eu não a visse na empresa, juraria que ela tinha desaparecido.Gabriel tentou conter um sorriso divertido diante da frustração do amigo, mas não conseguiu. O som agradável de seu sorriso ecoou pelo a
Capítulo 1Brasil — São Paulo — SP.Gabriel Monteiro, CEO de uma das maiores empresas de tecnologia médica do país, estava no centro do silêncio da sala de estar, observando a chuva bater nas imensas janelas de vidro. Desde o acidente que o deixou numa cadeira de rodas, seu temperamento, já severo, piorara ainda mais. Ele odiava a ideia de depender de alguém, especialmente agora que sua mãe, a única pessoa em quem confiava, estava para viajar.Gabriel escutou um barulho às suas costas e se virou, ficou observando a mãe. Ela começou a falar toda ansiosa sobre a viagem para a Europa. Ele não a ouvia. Sua mente estava presa ao incômodo de ser tratado como se jamais fosse se recuperar do acidente que sofreu. Ficou perturbado ao ouvir que teria uma enfermeira para cuidar dele.- Eu não preciso de nenhuma babá cuidando de mim, mãe - ele grunhiu, com a voz firme.Ela suspirou, ignorando sua explosão de raiva com a paciência de quem já estava acostumada com o temperamento difícil do filho.-
Capítulo 2Jussara ouviu uma leve batida em sua porta. Ela abriu e viu Dona Amélia, que parecia já estar de saída, carregando uma pequena bolsa de viagem.— Jussara, querida, eu preciso sair agora. A situação da minha irmã é delicada, e vou direto para o aeroporto — disse Dona Amélia, ajeitando o casaco enquanto dava um sorriso breve, mas preocupado.— Claro, Dona Amélia. Pode deixar que eu cuido de tudo aqui — respondeu Jussara, passando segurança.Dona Amélia suspirou em alívio, segurando a mão de Jussara por um instante.— Obrigada, minha querida. Ele é teimoso, mas tenha paciência. O Gabriel... — ela hesitou, buscando as palavras. — Ele está com a alma tão ferida quanto o corpo.Jussara assentiu, vendo o amor e a dor que transpareciam nos olhos da mãe. Com um aceno breve, Dona Amélia partiu, deixando a mansão em um silêncio quase absoluto.Assim que fechou a porta, Jussara foi até a mesa onde havia anotado os horários dos remédios de Gabriel. O primeiro deles estava próximo, então