Capítulo 125Na manhã seguinte, Gabriel chegou cedo à empresa, determinado a trabalhar o quanto fosse necessário para adiantar seus compromissos. Sabia que os próximos dias seriam exaustivos, mas valeria a pena.Enquanto ele revisava a papelada, a equipe de produção já estava a todo vapor. Supervisores coordenavam o trabalho com precisão, garantindo que os produtos fossem produzidos, separados, embalados e despachados dentro do cronograma apertado. O ambiente era organizado e eficiente, o que deixava Gabriel tranquilo para focar nas exigências contratuais que precisava revisar. Ele decidiu fazer tudo pessoalmente, sem delegar essa parte, para garantir que nenhum detalhe fosse negligenciado.O dia transcorria com fluidez. No horário do almoço, Ana, sua secretária, entrou no escritório com um sorriso e um tom prático.— Senhor, vai almoçar ou prefere que eu peça algo?Ele ergueu os olhos dos documentos, cansado, mas agradecido pela atenção.— Vou ficar por aqui mesmo, Ana. Preciso adian
Capítulo 126Francisco estava sentado no sofá do hall, tamborilando os dedos na perna. O cansaço o estava vencendo, mas ele não conseguia sair sem Ana. Depois de uma longa espera, decidiu ligar para Gabriel.— Alô? — atendeu Gabriel, a voz carregada de cansaço, mas profissional.— Boa noite, Gabriel. É o Francisco.— Boa noite, Francisco. O que aconteceu?— Estou esperando a Ana aqui embaixo, queria saber se você vai liberá-la muito tarde. Ela está grávida, e não quero que fique sobrecarregada.Houve uma pausa do outro lado da linha.— Francisco, Ana ainda está aqui? Eu não sabia. Já era para ela ter saído há horas. Vou chamá-la agora mesmo.— Obrigado, Gabriel. Desculpe atrapalhar sua noite.— Não tem problema. Cuide bem dela. Até amanhã.Francisco desligou o telefone e respirou fundo, sentindo-se impaciente e preocupado. Ele sabia que Ana precisava descansar, então decidiu resolver a situação ele mesmo. Com passos firmes, entrou no elevador e apertou o botão para o andar da presidên
Capítulo 127Jussara sentia que algo não estava certo. Um incômodo inexplicável a consumia, e sua mente não conseguia descansar. Pensava constantemente em Gabriel e sua inquietação parecia crescer a cada minuto. Decidida a fazer algo, foi até Dona Amélia para desabafar.— Dona Amélia, estou agoniada. Não consigo tirar o Gabriel da cabeça. Parece que algo está errado.Dona Amélia sorriu de leve, tentando tranquilizá-la.— Minha filha, talvez você só esteja cansada. Com os bebês pequenos, é natural se sentir assim.Jussara balançou a cabeça, recusando a ideia.— Não é cansaço. É diferente... É como se eu precisasse estar perto dele agora.Dona Amélia a observou por um momento e então assentiu com compreensão.— Então vá, Jussara. Eu e as babás cuidaremos dos bebês. Colocaremos os dois para dormir direitinho, pode ficar tranquila.— Tem certeza?— Absoluta. Seu coração está pedindo isso. Vai lá e fique ao lado do seu marido.Jussara sorriu agradecida, abraçou Dona Amélia rapidamente e fo
Capítulo 1Brasil — São Paulo — SP.Gabriel Monteiro, CEO de uma das maiores empresas de tecnologia médica do país, estava no centro do silêncio da sala de estar, observando a chuva bater nas imensas janelas de vidro. Desde o acidente que o deixou numa cadeira de rodas, seu temperamento, já severo, piorara ainda mais. Ele odiava a ideia de depender de alguém, especialmente agora que sua mãe, a única pessoa em quem confiava, estava para viajar.Gabriel escutou um barulho às suas costas e se virou, ficou observando a mãe. Ela começou a falar toda ansiosa sobre a viagem para a Europa. Ele não a ouvia. Sua mente estava presa ao incômodo de ser tratado como se jamais fosse se recuperar do acidente que sofreu. Ficou perturbado ao ouvir que teria uma enfermeira para cuidar dele.- Eu não preciso de nenhuma babá cuidando de mim, mãe - ele grunhiu, com a voz firme.Ela suspirou, ignorando sua explosão de raiva com a paciência de quem já estava acostumada com o temperamento difícil do filho.-
Capítulo 2Jussara ouviu uma leve batida em sua porta. Ela abriu e viu Dona Amélia, que parecia já estar de saída, carregando uma pequena bolsa de viagem.— Jussara, querida, eu preciso sair agora. A situação da minha irmã é delicada, e vou direto para o aeroporto — disse Dona Amélia, ajeitando o casaco enquanto dava um sorriso breve, mas preocupado.— Claro, Dona Amélia. Pode deixar que eu cuido de tudo aqui — respondeu Jussara, passando segurança.Dona Amélia suspirou em alívio, segurando a mão de Jussara por um instante.— Obrigada, minha querida. Ele é teimoso, mas tenha paciência. O Gabriel... — ela hesitou, buscando as palavras. — Ele está com a alma tão ferida quanto o corpo.Jussara assentiu, vendo o amor e a dor que transpareciam nos olhos da mãe. Com um aceno breve, Dona Amélia partiu, deixando a mansão em um silêncio quase absoluto.Assim que fechou a porta, Jussara foi até a mesa onde havia anotado os horários dos remédios de Gabriel. O primeiro deles estava próximo, então
Capítulo 3Jussara entrou no quarto e, ao fechar a porta atrás de si, recostou-se nela, ainda tentando assimilar o que acabara de acontecer. Sentia o coração batendo rápido e as mãos trêmulas, enquanto lembrava do beijo intenso de Gabriel. Uma sensação de vulnerabilidade a pegou de surpresa; ele a havia deixado abalada, e a imagem daquele momento ainda girava em sua mente.Ela passou a mão nos lábios, onde o toque dele parecia ainda presente, e suspirou, um tanto indignada consigo mesma. Não fazia sentido. O que ele estava pensando? E por que ela reagiu daquela forma, caindo tão facilmente na provocação dele?"Caí como um patinho," pensou, sentindo-se incrédula. Era impossível negar que aquele fora o melhor beijo que já tivera.Mas, ao mesmo tempo, uma dúvida insistente começava a se formar. Será que ele apenas estava testando os limites? Ou era uma espécie de jogo para ele? Ainda que ela tentasse manter o profissionalismo, Gabriel estava conseguindo abalar suas defesas.Respirando fu
Capítulo 4Uma semana se passou desde aquele beijo inesperado, e Jussara ficou impressionada com o comportamento de Gabriel. Ele não havia feito mais nenhuma tentativa de se aproximar dela de maneira íntima. Na verdade, sua atitude tinha sido bastante neutra, quase indiferente, como se o momento que compartilharam tivesse sido apenas um capricho passageiro. Mas, por outro lado, a ausência de suas investidas deixou Jussara com uma sensação estranha, como se um vazio tivesse se instalado entre eles.No entanto, suas noites mudaram. Desde aquele dia, seus sonhos começaram a ser invadidos por ele. Todas as noites, Gabriel aparecia em sua mente, sempre a beijando com a mesma intensidade e paixão que ela havia sentido em seus lábios. No último sonho, os dois foram além, e Jussara acordou com o coração acelerado, a respiração entrecortada e a sensação de seus lábios ainda quentes.Ela se pegou pensando nos detalhes vívidos: a forma como ele a segurava, o toque firme de suas mãos, o jeito com
Capítulo 5Gabriel afastou seus lábios dos dela, deslizando os dedos suavemente pelo rosto delicado.— Você vai ser minha.Jussara sentiu o corpo inteiro em chamas ao ouvir as palavras dele e, quase sem pensar, murmurou:— Vou...Para Gabriel, isso só confirmava o que ele já imaginava: Jussara era uma acompanhante. Se ela era uma profissional, certamente não se importaria em estar no controle. Apenas a ideia de tê-la despertava nele sensações intensas, algo que o surpreendia, pois, dias atrás, ele achava que o acidente e a quantidade de remédios que tomava impediriam qualquer desejo.No entanto, após a consulta médica de dois dias atrás, as doses foram reduzidas, e o corte no abdômen estava completamente cicatrizado. O maior obstáculo agora era ainda depender da cadeira de rodas. Apesar de já sentir alguma resposta nas pernas, ainda não conseguia movê-las como desejava, efeito do trauma. Mas o médico garantira que, em breve, ele voltaria ao normal.Enquanto isso, iria se satisfazer no