Capítulo 98Gabriel dirigia com cuidado, enquanto Jussara, no banco ao lado, segurava a bebê adormecida em seus braços. Júlio vinha logo atrás, com Mary encostada em seu ombro, olhando pela janela, absorvendo a tranquilidade da paisagem.Quando chegaram, Dona Amélia já os esperava na entrada, acompanhada de alguns funcionários da casa, todos ansiosos pelo retorno da família. Ao ver o carro estacionar, Amélia apressou-se em descer os degraus da varanda, com um sorriso caloroso no rosto.— Vocês estão em casa novamente! — disse ela, abraçando Gabriel e Jussara, com cuidado para não acordar a pequena. — E como está minha netinha?— Um anjo, Dona Amélia — respondeu Jussara, sorrindo.— Agora sim a casa está completa novamente — disse Amélia, os olhos brilhando de emoção.Júlio e Mary saíram do carro logo depois. Amélia se virou para eles, e seu sorriso se alargou ainda mais.— Mary, querida, como você está? — perguntou Amélia, segurando as mãos da jovem.— Melhor, Dona Amélia. Obrigada po
Capítulo 99Jussara entrou no escritório e encontrou Gabriel sentado à mesa, com o semblante sério e o corpo visivelmente tenso. A imagem a fez lembrar da época em que o conheceu, quando ele carregava sempre aquele ar rígido e reservado.— O que foi, querido? — perguntou, preocupada, aproximando-se devagar.Gabriel levantou o olhar, surpreso pela interrupção, mas rapidamente suavizou a expressão, tentando disfarçar o incômodo.— Não é nada importante, meu amor — respondeu, forçando um sorriso.Jussara estreitou os olhos, percebendo que Gabriel estava tentando mascarar algo. Ela cruzou os braços e caminhou até ele, parando ao lado da cadeira.— Você acha que me engana? Já te conheço bem o suficiente para saber que isso não é “sem importância”.Gabriel suspirou, passando a mão pela nuca, e desviou o olhar por um instante.— Não quero te preocupar, Jussara. Você acabou de sair do hospital, precisa descansar e se concentrar em você e na nossa filha.Ela segurou o rosto dele com delicadeza
Capítulo 100Gabriel estava concentrado no e-mail quando o toque insistente do celular o tirou de seus pensamentos. Ele suspirou ao ver o nome de Francisco na tela, já imaginando que o assunto não seria dos mais leves. Atendeu, recostando-se na cadeira.— Francisco, boa noite. O que houve agora?— Boa noite, Gabriel. Preciso falar de algo sério. — A voz de Francisco era grave, o que fez Gabriel automaticamente endireitar a postura. — O caso do Marcos... Está ficando mais complicado do que imaginávamos.— Como assim? — Gabriel franziu a testa, uma pontada de cansaço o atingindo. — O que mais descobriram?— Coisas que podem afetar não só a vida dele, mas o nome da sua família. Estamos falando de documentos forjados, dinheiro vindo de fontes ilegais e possíveis conexões com pessoas... perigosas.Gabriel esfregou o rosto com a mão, respirando fundo para manter a calma.— E o que exatamente você precisa de mim?— Em breve, você terá que vir para São Paulo. Precisamos da sua presença para r
Capítulo 101Na manhã seguinte, Gabriel estava no escritório, imerso em papéis e e-mails, tentando colocar em ordem as pendências acumuladas nos últimos dias. O silêncio do casarão era quebrado apenas pelo som do vento que balançava as árvores do lado de fora. Ele suspirou, ajeitando-se na cadeira, quando o celular começou a vibrar sobre a mesa.Ao olhar o visor, franziu o cenho ao reconhecer o número do detetive particular que contratara semanas atrás para investigar os problemas de Marcos.— Detetive? — atendeu, com a voz firme, mas a preocupação evidente.— Senhor Monteiro, bom dia. Preciso conversar com o senhor com urgência. É algo que não posso tratar por telefone.Gabriel se inclinou na cadeira, apertando o celular contra o ouvido.— Do que se trata? É sobre o meu filho?— Sim, senhor. E outras situações relacionadas. É de extrema importância que tenhamos essa conversa pessoalmente. Preciso olhar nos seus olhos e mostrar todas as provas. Não é algo simples.O coração de Gabriel
Capítulo 102Durante o almoço, Gabriel parecia distante, mexendo na comida com o garfo mais do que realmente comendo. O silêncio dele não passou despercebido. Jussara o observava com preocupação, enquanto Dona Amélia, com seu olhar experiente, decidiu quebrar o gelo.- O que você tem, meu filho? Está mais quieto do que o normal.Gabriel suspirou profundamente, como se estivesse reunindo coragem para responder. Ele ergueu o olhar para a mãe e depois para Jussara.- O detetive está vindo para cá. Chega esta tarde.Jussara inclinou-se um pouco para frente, visivelmente interessada.- E o que ele disse?- Disse que tem algo de suma importância para conversar comigo - Gabriel respondeu, pousando o garfo no prato. - Sinceramente, estou preocupado. Se ele está vindo pessoalmente e falou dessa forma, não deve ser coisa boa.Dona Amélia franziu o cenho, mas manteve a calma, sempre a base da família em momentos tensos.- Filho, você não pode sofrer por antecipação. Espere o detetive chegar e ve
Capítulo 103Gabriel passou as próximas horas trancado no escritório, refletindo sobre o que o detetive havia revelado. Descobrir que Marcos não era seu filho legítimo foi como levar um tapa na cara. A revelação o deixou atordoado, revirando memórias e questionando tudo o que acreditava sobre o passado.Gabriel não tinha mais dúvidas de que Laura sabia que Marcos não era seu filho. Era difícil acreditar em tamanha traição. Não bastava ela tê-lo enganado quando namoravam, agora tudo parecia ainda mais claro. A possibilidade de Marcos ser seu filho havia sido uma farsa desde o início.Mesmo assim, na época, ele havia assumido o garoto, tentando fazer o que julgava ser o certo. Agora, com tudo revelado, sentia uma mistura de alívio e indignação. Contudo, tinha certeza de uma coisa: a justiça seria feita, mais cedo ou mais tarde.***Jussara caminhava lentamente até o escritório, seu coração pesado de preocupação. Gabriel estava trancado lá desde que o detetive havia partido, e o silêncio
Capítulo 104Pouco depois daquela conversa, o som de carros se aproximando do casarão chamou a atenção de todos. Gabriel se dirigiu à janela e viu duas viaturas estacionando na entrada principal. O coração dele acelerou, sabendo que aquele momento era crucial para manter Letícia atrás das grades.Jussara entrou na sala com Caterina no colo, seus olhos ansiosos ao perceber a movimentação.— Parece que a polícia chegou — disse Gabriel, virando-se para os outros. — Jussara, eles vão querer falar com você e com Mary.Dois policiais uniformizados entraram no casarão, liderados por um inspetor. Gabriel os recebeu com um aperto de mão.— Boa tarde. Sou o inspetor Almeida. Estamos aqui para colher os depoimentos e reforçar as evidências contra Letícia. É importante que todos sejam claros e precisos no que disserem.Gabriel indicou a sala de estar, onde Jussara já estava sentada, com Mary ao seu lado.— Jussara será a primeira.O inspetor Almeida assentiu, pegando o bloco de notas e um gravado
Capítulo 105Enquanto Jussara e Mary estavam no quarto com Caterina. Dona Amélia aproveitou a oportunidade para conversar com Gabriel. Ela o chamou discretamente até o escritório, ele percebeu pela expressão no rosto dela que havia algo importante a ser discutido.— Temos um pequeno probleminha que precisamos resolver antes de voltarmos para São Paulo — disse Dona Amélia, com um tom sereno, mas direto.Gabriel franziu a testa, intrigado.— Qual problema, mãe?Ela cruzou as mãos sobre a mesa, um leve sorriso no rosto.— Mary terá que ir conosco. Ela está namorando o Júlio, e eu acho que separar os dois não seria justo.Gabriel inclinou a cabeça, considerando as palavras da mãe. Após um momento, assentiu.— A senhora tem razão. Já está claro que têm sentimentos fortes um pelo outro.Ele se levantou com um leve sorriso, indicando que confiava totalmente no julgamento dela.— A senhora pode resolver esse assunto para mim?Dona Amélia sorriu de volta, segura.— Claro, meu querido. Já tenho