Capítulo 91Mary decidiu ajudar Letícia e a outra funcionária encarregada dos quartos naquela tarde, retirando os decanters de água do quarto de Dona Amélia e de Jussara. Ao carregar as peças até a cozinha, algo chamou sua atenção: a água do decanter de Dona Amélia tinha um tom ligeiramente diferente, como se algo estivesse fora do comum. Ela franziu a testa, mas acabou convencendo a si mesma de que era apenas impressão.Assim que chegou à cozinha, Mary lavou cuidadosamente os decanters e os encheu com água fresca. Enquanto isso, Júlio já estava na cozinha cortando os temperos que havia colhido mais cedo na horta, trabalhando com rapidez e eficiência. A movimentação era intensa, mas o clima de união entre todos era evidente.Mary decidiu permanecer na cozinha, já que toda ajuda era bem-vinda para que pudessem terminar os preparativos cedo e descansar antes da ceia.Dona Amélia, por outro lado, não conseguia disfarçar o sono persistente que sentia. Durante o dia, aproveitou um interval
Capítulo 92Ainda naquela noite...Letícia não conseguia controlar sua raiva enquanto montava um plano em sua cabeça. Caminhou de um lado para o outro, respirando fundo para não perder o foco. Pegou uma pequena lanterna em sua gaveta e um casaco, pois o vento começava a uivar lá fora, prenunciando uma chuva iminente.— Se ele não vai me ajudar, eu mesma dou um jeito — murmurou para si mesma, decidida.Descendo as escadas em silêncio, Letícia abriu a porta lateral da casa e seguiu apressada até o celeiro. A escuridão não era um problema, pois ela conhecia aquele caminho como a palma da mão.Assim que entrou no celeiro, a lanterna iluminou o canto onde havia escondido o sonífero e o veneno. Ambos estavam cuidadosamente guardados dentro de um saco velho, escondido entre os fardos de feno.— Aqui estão vocês — sussurrou, com um sorriso frio nos lábios.Enquanto examinava os frascos, seu celular vibrou em seu bolso. Era o primo novamente. Ela atendeu com um suspiro irritado.— Mudou de ide
Capítulo 93Jussara acordou assustada com o barulho, sentindo a presença de alguém no quarto. Antes que pudesse reagir, Letícia a agarrou pelo braço, uma expressão de pura fúria em seu rosto. - Sua hora chegou, Jussara! - rosnou Letícia, segurando o frasco de veneno com firmeza. Jussara tentou se soltar, debatendo-se, e conseguiu dar um golpe no braço de Letícia. O frasco escorregou das mãos dela, caindo no chão e se estilhaçando. - Sua desgraçada! - gritou Letícia, perdendo a paciência. Letícia puxou Jussara com força, tirando-a da cama e a arrastando pelo corredor. Jussara tropeçava a cada passo, tentando resistir. - Letícia, o que você está fazendo? - Jussara gritou, desesperada. - Acabando com você, sua maldita! - Letícia vociferou, empurrando Jussara em direção à escada. Jussara tentou se segurar no corrimão, mas Letícia a puxava com força, sua raiva fervendo. - Ninguém vai ficar no meu caminho! Você tem que morrer!***Enquanto isso, na outra parte da casa, Júlio estava
Capítulo 94Chegando ao hospital, Gabriel estacionou o carro de forma apressada e correu para a entrada. A ambulância já havia chegado, Jussara e Mary estavam sendo levadas para dentro.— Eu sou o marido dela! — ele falou para a recepcionista, que imediatamente apontou para onde deveria ir.Júlio também foi para a mesma ala. Gabriel seguiu os paramédicos até uma sala de emergência, onde médicos e enfermeiros se movimentavam rapidamente ao redor de Jussara. Dr. Henrique entrou na sala momentos depois, vestindo um jaleco e com uma expressão de preocupação controlada.— Gabriel, fique aqui fora por enquanto. Preciso avaliá-la imediatamente.— Por favor, doutor... cuide dela. Cuide do nosso bebê — Gabriel implorou, sentindo o nó na garganta apertar.Henrique assentiu, dando um leve tapinha no ombro de Gabriel antes de entrar na sala. As portas se fecharam, deixando Gabriel sozinho no corredor. Ele se sentou na sala de espera, os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos pressionando o rost
Capítulo 95Na manhã seguinte, os funcionários, que não haviam percebido a confusão da noite anterior por causa da forte chuva, encontraram rastros evidentes do tumulto: móveis fora do lugar, marcas de sangue secando no chão e a polícia ainda analisando a cena.Dona Amélia, que acordara com tonturas insuportáveis, foi rapidamente levada ao hospital por um dos empregados mais confiáveis. Lá, após exames detalhados, os médicos encontraram uma substância no sangue dela: um sonífero extremamente forte.— Isso poderia ter matado a senhora — disse o médico, ajustando os óculos enquanto analisava os resultados. — Por sorte, sua resistência física foi suficiente para suportar.Dona Amélia estava pálida, ainda sem compreender a gravidade da situação.— Como isso foi acontecer? — ela murmurou, segurando a cabeça entre as mãos.O médico suspirou.— Essa é uma questão que a polícia precisará investigar. Por ora, descanse.Enquanto isso, Gabriel saiu apressado para buscar o celular que havia deixa
Capítulo 96No dia seguinte, Dona Amélia foi liberada do hospital após os médicos confirmarem que ela estava fora de perigo. Apesar de ainda sentir o corpo um pouco fraco, sua vontade de visitar Jussara e conhecer a neta era mais forte. Assim que chegou ao quarto do hospital onde estavam mãe e filha, sua emoção era evidente.Ao entrar, viu Jussara sentada na cama com a bebê nos braços, enquanto Gabriel estava ao lado, sempre atento. Amélia levou as mãos ao rosto, contendo as lágrimas que ameaçavam cair.- Mamãe! - Gabriel exclamou, levantando-se para recebê-la com um abraço caloroso.- Meu filho... - disse ela, emocionada, segurando o rosto dele por um instante antes de olhar para Jussara. - Como você está, minha querida?- Melhorando a cada hora - respondeu Jussara com um sorriso sincero. - E muito feliz por ter vocês aqui.Amélia aproximou-se da cama com passos lentos. Gabriel pegou a pequena nos braços e, cuidadosamente, a entregou para a avó.- Aqui está sua netinha, mamãe.Assim
Capítulo 97Júlio acordou sobressaltado, os olhos arregalados. A mão dela ainda estava em sua cabeça, os dedos delicados e trêmulos. Ele inclinou-se para mais perto, o coração acelerado.— Mary? Você está acordada? — perguntou, a voz carregada de alívio e emoção.Ela abriu os olhos devagar, ainda parecendo frágil, mas o olhar carregava ternura.— Júlio... — repetiu, a voz fraca, mas suficiente para fazer o coração dele apertar.Ele segurou a mão dela entre as suas, inclinando-se até que suas testas quase se tocassem.— Graças a Deus, Mary. Eu estava tão preocupado... — A voz dele falhou, carregada de emoção.Mary tentou sorrir, mesmo com o cansaço visível no rosto.— Você ficou aqui o tempo todo?Júlio assentiu, o rosto marcado pelo cansaço.— Eu não conseguiria sair daqui, Mary. Não depois do que aconteceu.Ela suspirou, fechando os olhos por um momento antes de abri-los novamente.— Letícia... Ela...Júlio interrompeu, apertando suavemente a mão dela.— Não precisa falar disso agora
Capítulo 98Gabriel dirigia com cuidado, enquanto Jussara, no banco ao lado, segurava a bebê adormecida em seus braços. Júlio vinha logo atrás, com Mary encostada em seu ombro, olhando pela janela, absorvendo a tranquilidade da paisagem.Quando chegaram, Dona Amélia já os esperava na entrada, acompanhada de alguns funcionários da casa, todos ansiosos pelo retorno da família. Ao ver o carro estacionar, Amélia apressou-se em descer os degraus da varanda, com um sorriso caloroso no rosto.— Vocês estão em casa novamente! — disse ela, abraçando Gabriel e Jussara, com cuidado para não acordar a pequena. — E como está minha netinha?— Um anjo, Dona Amélia — respondeu Jussara, sorrindo.— Agora sim a casa está completa novamente — disse Amélia, os olhos brilhando de emoção.Júlio e Mary saíram do carro logo depois. Amélia se virou para eles, e seu sorriso se alargou ainda mais.— Mary, querida, como você está? — perguntou Amélia, segurando as mãos da jovem.— Melhor, Dona Amélia. Obrigada po