Killan Fury
Depois que meu irmão e eu ficamos presos no mundo dos humanos, tivemos que aprender a viver como um deles. Aqui se você não trabalhar, não terá onde morar, o que vestir e o que comer. Então, tivemos que arrumar um emprego.
Hiran e eu já estávamos acostumados a trabalhar para os bruxos, então não foi difícil arrumar um trabalho por aqui também. A única diferença ´que no mundo dos humanos existe uns pedaços de papel chamado de “documento”, coisas que meu irmão e eu não tínhamos, então precisamos inventar uma mentira.
Dissemos aos empregadores que nossa casa e tudo o que havia nela foi destruído pelo ataque dos bruxos, e como havia muitas pessoas nessa situação, não foi difícil arrumar um trabalho informal, como dizem por aqui. Agora trabalhamos para uma empresa que presta serviço para condomínios, empresas, hospitais... quem precisar de nossos serviços.
Dois anos depois, já estamos adaptados a vida por aqui. Já até conseguimos documentos falsos.
Depois de um dia de trabalho braçal cansativo em uma fazenda da região que precisava expandir seus celeiros, dirijo para a cidade, onde moro com meu irmão em um apartamento.
As estradas do interior são um misto de ruas asfaltada e outras de terra batida, o que faz o carro balançar um pouco. Aprendi a dirigir há um ano e consegui uma carteira de motorista, o que me ajudou muito a me locomover até os serviços para onde sou designado.
Ao me aproximar do ponte que atravessa o rio, vejo um carro parado no meio da estrada e ao me aproximar mais meu coração acelera com a cena que vejo: uma jovem está no parapeito da ponte e parece que está prestes a se jogar.
Paro o carro bruscamente e corro até ela, no momento exato em que havia se soltado para cair no rio caudaloso, meu braço passa pela sua cintura, abraçando-a e puxo-a para trás.
Caímos os dois no chão duro, ela por cima de mim e meu lado lobo se mexe em meu interior, querendo se libertar quando sinto o seu cheiro de fêmea. Mas me controlo, pois obviamente a mulher está abalada. As lágrimas vertem em seus olhos, seu rosto está rubro e ela treme com a tensão.
Tento entender o que pode ter levado uma mulher linda como ela a tentar dar fim a sua vida. Ela consegue se livrar de meu aperto e começa a se afastar, mas eu não vou embora até ter certeza de que ela está bem.
— Ei — chamo e vou atrás dela.
— Me deixe em paz — grita em lágrimas e isso faz algo dentro de mim se apertar. O que aconteceu para que ela esteja neste estado de desespero? O lobo dentro de mim quer protegê-la.
Com alguns passos largos alcanço rapidamente e seguro em seu pulso, puxando-a bruscamente, o que faz o seu corpo se chocar com o meu.
Quando ela ergue o seu olhar, vejo como seus olhos estão vermelhos e inchados. Sua face está rubra e úmida pelas lágrimas constantes.
— Você não pode ir embora desse jeito — falo em tom baixo, segurando-a firme para passar segurança. Meus olhos escuros estão fixos nos dela.
— Por que não? — ela devolve raivosa. — Você não me conhece, não sabe o que sofri, e se está perto de mim agora é porque espera ganhar algo. Os homens são assim, nenhum deles presta! — esbraveja e puxa o pulso com força, tentando se soltar do meu aperto, mas não a solto. Seguro-a firmemente.
— Fui separado da minha família pelo ataque dos bruxos — sussurro e isso prende a sua atenção. — Se não fosse por meu irmão, eu estaria perdido. — Com a mão livre, passo os dedos nos seus fios loiros. — Eu tinha alguém para me ouvir, que me desse suporte... se não tivesse isso... — Suspiro fundo. — Eu não sei o que teria sido de mim. E eu acho que você precisa disso, agora.
Ela pisca seus olhos inchados na minha direção, sua postura tensa relaxa um pouco.
— Me deixe ouvi-la, desabafe... Conte o que aconteceu... — Continuo, oferecendo meu ombro amigo.
— A história é longa — fala com a voz tão baixa que quase não a ouço.
— Temos tempo, e depois te levo para casa — ofereço e ela passa suas mãos pela face, limpando as lágrimas.
Seguro em sua mão de modo mais delicado e a levo para o meu carro. Ela me olha desconfiada, e não a recrimino. Sou um estranho e, por mais que esteja lhe ajudando, ela ainda está se decidindo se confia em mim ou não.
Pego a chave do carro, seguro em sua mão com a palma aberta para cima e coloco as chaves ali. Fecho suas mãos sobre o objeto. Um modo de dizer a ela que não precisa ter medo, que está no controle.
Abro a porta do carro para que a jovem entre e, com um suspiro, ela entra. Fecho a porta e me dirijo a outra porta, me acomodo ao seu lado e não a pressiono para que comece a falar. Deixo que diga algo quando quiser.
Os olhos dela vagueiam pela escuridão que domina do lado de fora e alguns trovões cortam os cèus. Em breve vai chover.
— Meu nome é Izys — se apresenta, mas não dá tempo para que eu diga o meu, pois já emenda em sua história. — Há um ano meu pai faleceu de câncer — fala e soluça ao se lembrar do ocorrido e levo a minha mão até o seu joelho e aperto, tentando passar força e confiança.
— Sinto muito — sussurro. Meus olhos queimam ao me lembrar que é como se toda a minha família tivesse morrido há dois anos, exceto por meu irmão gêmeo, mas não digo nada.
— E logo depois a minha mãe adoeceu — prossegue. — Ela vive indo e vindo do hospital. A doença dela é controlada com medicamentos, mas vez ou outra ela adoece de uma maneira que só a internação resolve.
— O que sua mãe tem? — questiono, mostrando interesse em sua história.
— É uma doença imunológica, às vezes ela fica bem, mas em outros momentos ela fica muito mal. A imunidade cai e até um pequeno resfriado pode matá-la.
Não sei o que significa doença imunológica ou imunidade, no meu mundo nada disso existia. Mas não procuro saber, pois este momento se trata do desabafo dela.
— Sua mãe faleceu também? Por isso estava prestes a se jogar da ponte? — Isso poderia explicar o seu desespero, mas ela balança a cabeça em negação.
— Não. Ela está internada agora, mas está melhor. — Respira fundo e olha para o teto do carro, como se tentasse conter as lágrimas que teimavam a escorrer novamente. — Eu fui traída — revela com a voz trêmula. — Ele disse que a culpa era minha minha.
Ela não consegue mais conter as lágrimas e eu passo meu braço direito sobre os seus ombros, puxando-a para mim. Izys apoia a cabeça em meu ombro e quando se acalma, volta a contar a sua história. Sinto raiva do seu ex-noivo, como ele pode ter agido desta forma com a sua mulher? No momento em que ela mais precisa de sua ajuda, ele a trai e a acusa de ser a culpada pela traição. Ele é um canalha. Não sabe como tratar uma mulher.
Levo-a para casa, como prometido. Consegui prender o seu carro no meu e o arrastei por todo o percurso. Ela jurou que estava bem e por isso a deixa e fui embora. Mas o meu coação ficou partido ao vê-la ir embora, porém, eu sou apenas um desconhecido que a ajudou em seu momento de desespero. Mas eu jurei a mim mesmo que vou descobrir quem é esse Albert, e darei a ele a lição que merece.
Um dia eu vou encontrá-lo, e vou dar uma surra que ele jamais se esquecerá.
Izys GhalagerMinha mãe recebeu alta do hospital um dia depois de eu ter flagrado Albert na minha cama com outra, de ter tentado me matar e de ter sido salva por um homem que nem prestei atenção em seu nome quando ele me disse. Me sinto culpada por isso, pois o homem salvou a minha vida. E eu só peço aos céus que possa reencontra-lo algum dia para agradecer pelo o que fez por mim.Dona Yolanda, a minha mãe, ficou em casa por uma semana, parecia estar tudo bem, até que ela simplesmente amanheceu com febre, sem fome e sem força para nada. E mais uma vez fui obrigada a chamar a ambulância e levá-la para o hospital.— Doutor, como está a minha mãe? — inquiro ao médico que a atendeu.Sou enfermeira neste mesmo hospital, e nem pude assumir meu posto de atendimento, pois estava acompanhando a minha mãe.— Izys — diz o médico que já está habituado a falar comigo de modo informal, devido ao trabalho. — Não vou mentir para você, o estado da sua mãe é delicado.As lágrimas voltam a escorrer por m
Hiran FuryQuando estou me preparando para me levantar daquela mesa de bar, uma bela mulher se senta na minha frente. Ela é linda, olhos azuis brilhosos, a pele meio rosada e os cabelos loiros lisos estão jogados de um lado só. Ela coloca na face um belo sorriso, parece estar empolgada com algo, mas esta não é a pessoa que eu esperava.— Oi, tudo bem? — ela me cumprimenta e sorrio em resposta.— Meu dia estava uma merda até agora, mas com sua chegada ele melhorou infinitamente — tento ser galante. Quem sabe eu consiga levar essa garota para a minha cama esta noite?— O que aconteceu? — inquire e parece realmente interessada. É estranho conversar com uma pessoa desconhecida que se comporta como se te conhecesse há muito tempo.Levanto a mão e peço mais uma garrafa de cerveja e mais um copo ao garçon.— Fui dispensado do meu trabalho, hoje. — Encaro-a, ela parece intrigada com meus olhos, pois ela me olha dentro deles. Não sei o que isso significa, talvez ela seja apenas uma mulher decid
Izys GhalagerHiran é um verdadeiro furacão de homem, nunca estive com alguém como ele. A princípio estranhei a cor de seus olhos, pois achei que eram negros como a noite mais escura, porém diante mim agora brilham mais azuis do que já pude imaginar.Mas é ele, eu sei que é ele. O seu porte físico inconfundível, a cor e cumprimento dos cabelos também não é muito comum. Não quis falar sobre a noite que nos conhecemos e aparentemente ele também não. Talvez pensasse ser indelicado me lembrar sobre um acontecimento tão complicado como aquele.Mas o que importa agora é que a tensão entre nós dois cresceu tanto no bar, que agora estamos aqui, no meu quarto. Minha cabeça está apoiada em seu peito forte, seu cheiro de macho invade as minha narinas e sinto meu ventre se aquecer mais uma vez.Gemo e remexo meu corpo nu, colando-me mais ao corpo úmido de suor dele. A rodada de sexo na sala de estar foi intensa, mas ao chegarmos ao quarto ele me levou nas alturas de tanto prazer. Com o traste do
Hiran FuryUm mês depois“ A campina verde e viçosa se expande até onde a vista alcança e além disso. O lugar transmite paz, é lindo e tranquilo e me faz lembrar de quando era só um filhote e corria livre pela grama verde. Então o campo não está mais vazio, há algo nele. É um filhote. Ele surge distante, correndo na minha direção. Um filhote preto com as patas e peito cinza. Estranho, não conheço um lobo assim. Meus irmãos e meu pai são pretos. Com exceção de Enry, meu irmão mais velho que é todo branco, todos da minha antiga aldeia em Terra de Luna são pretos.Havia outras aldeias e uma em especial que os lobos eram cinzentos, penso na possibilidade de ser o resultado de uma cruza entre membros das duas aldeias, mas algo dentro de mim me diz que não é isso.O filhote se aproxima, ele corre feliz na minha direção, com a língua para fora. Salta empolgado, mas algo o apanha e sinto uma dor em meu peito, mesmo sem saber o que aconteceu e quem era o filhote.A cena muda e então percebo q
Izys GhalagerO último mês não foi nada fácil. O quadro da minha mãe piorou, e agora está constantemente internada. Eu precisava de dinheiro e de continuar morando próximo ao hospital, por isso vendi o meu apartamento.Com o dinheiro da venda, custeei o tratamento e medicamento dela, mas até quando o dinheiro vai dar para cobrir essas despesas eu não sei. A casa da minha mãe, onde eu também morava antes de comprar aquele apertamento, fica distante demais para ir e vir todos os dias, por isso tenho dormido aqui mesmo no trabalho.Meu corpo está exausto e clamando por uma noite de sono melhor em uma cama macia. Precisei também deixar meu segundo trabalho, que era na clínica particular de um médico. Foram muitas mudanças e reviravoltas em tão pouco tempo, porém ainda não acabou. Há alguns dias tenho sentido tonturas e enjoos matinais, e tudo o que eu não posso agora é ficar doente.Assumi meu plantão de hoje às 7 da manhã, depois de uma noite até que razoavelmente decente de sono, mas nã
Hiran FuryNão preguei os olhos pelo restante da noite. O sonho que tive voltava várias e várias vezes mesmo com os olhos abertos e encarando o teto até o dia clarear.A possibilidade de Izys estar grávida me invade e tenho a vontade de me socar, como fui ceder ao desejo daquela maneira com uma fêmea que não é minha?Quando finalmente os primeiros raios solares atingem a terra, mudando as cores do céu, coloco-me de pé. Até que Killan se levante, eu tomo um banho rápido e enrolo a toalha ao redor da cintura.Saio do banheiro e Killan ainda dorme. Vou até aquele irresponsável e balanço-o até que desperte.— Acorda, cachorra velha e cansada — balanço meu irmão com implicância.— Por causa de você eu custei a dormir outra vez, e agora estou com sono... — resmunga, virando-se de lado e cobrindo o rosto com o travesseiro.— Quer perder o emprego? — inquiro. — Já basta o meu salário que vai vir com desconto por causa da suspensão que sofri.— Mas que merda, não posso nem dormir nessa casa! —
Killan FuryMeu irmão está pedindo para ser dispensado do trabalho, se ele ficar desempregado teremos que mais uma vez sair em busca de serviço.Não tenho o que fazer, por isso entro em meu carro e dou a partida, deixando o estacionamento do prédio para trás. Porém pouco tempo depois de chegar no trabalho, sou surpreendido com a caminhonete de Hiran chegando no pátio da empresa. Viro-me e caminho até ele.— Irmão... O que aconteceu? Você não me parece bem — afirmo, avaliando suas feições abatidas, assim que ele deixa o carro.Ao que parece Hiran não dormiu bem a noite e o encontro com a tal garota não foi nada bem.— Você não vai acreditar — comenta, aproximando-se de mim. — A garota vendeu o apartamento — revela abatido.— Vendeu? — inquiro confuso com a reação da mulher.O que levou-a a vendê-lo? Será que ela estava precisando de dinheiro?— É ... Acho que ela descobriu a gravidez e fugiu para que eu não os encontrasse.Franzo a testa para a hipótese de Hiran. Não acredito que tenha
Olá. meus lindos leitores. Vim avisar que ontem publiquei o capítulo errado, mas logo em seguida corrigi meu erro e substitupi o capítulo 8 pelo 9, mas sempre que pedimos alteração no capítulo, essa alteração entra em revisão. Sabendo disso, enviei um e-mail avisando sobre o erro que cometi e a alteração que pedi, pedindo a eles que aceitassem a revisão pedida. Não fui respondida e a alteração não foi realizada. Por isso, peço desculpas a vcs, e peço que ignorem o capítulo repetido. Estou postando o capítulo de ontem e o de hoje, boa leitura!Killan FuryMeu irmão está pedindo para ser dispensado do trabalho, se ele ficar desempregado teremos que mais uma vez sair em busca de serviço.Não tenho o que fazer, por isso entro em meu carro e dou a partida, deixando o estacionamento do prédio para trás. Porém pouco tempo depois de chegar no trabalho, sou surpreendido com a caminhonete de Hiran chegando no pátio da empresa. Viro-me e caminho até ele.— Irmão... O que aconteceu? Você não me p