Apaixonada pelos Betas gêmeos
Apaixonada pelos Betas gêmeos
Por: Flávia Saldanha
1- Traída

Izys Ghalager

Quando abro a porta do meu apartamento, acho tudo muito estranho. Geralmente é muito silencioso, pois meu noivo está no trabalho a essa hora, mas há um som vindo do quarto.

O apartamento é pequeno, apenas um refúgio que meu noivo e eu achamos necessário para nos encontrarmos e ter algum momento juntos, porém com toda a minha rotina de trabalho e cuidados com minha minha mãe, idas e vindas a hospitais, poucas foram as vezes que desfrutamos da privacidade deste apartamento.

Caminho cautelosamente até o quarto, o som está mais alto. Primeiro notei o som de uma música sensual, depois ouvi gritos, mas não de dor, eram gritos de prazer e isso fez meu estômago pesar, meu coração se apertar e fiquei estagnada na porta, tomando coragem para abrir.

De certa forma eu já sabia o que estava acontecendo ali dentro, mas abrir e ver, tornaria aquilo tudo real demais. Porém, respiro fundo tomando coragem, e abro a porta.

Albert leva um susto e a mulher cai de bunda no chão.

— Izys... o que faz aqui? — ele busca freneticamente pelo celular, verifica a hora e vê que ainda é cedo.

Ele não contava que chegaria mais cedo hoje de meu trabalho, nem eu contava com isso, porém fui liberada pelo meu chefe, pois ele precisou sair para resolver algo e não precisaria mais de mim naquele dia.

— Eu é que tenho que fazer esta pergunta, mas não a você exatamente — falo firme. — O que essa puta de esquina está fazendo no meu apartamento, na minha cama?

— Ei, eu não sou uma puta! — reclama, esfregando a bunda ao se levantar.

Ignoro o que a vagabunda diz.

— Por que fez isso, Albert? Se não estava feliz em nosso relacionamento, era só falar — agora minha voz sai trêmula, o peso do que vejo finalmente me afeta.

A piranha busca suas roupas e se veste, resmungando e xingando, dizendo que nunca foi tão humilhada, Na verdade, eu que deveria dizer isso. Meu noivo se levanta, completamente nu, vai em busca de uma roupa para vestir. Pega a calça e a veste mesmo sem colocar uma cueca por baixo.

— A culpa disso é sua, Izys — suas palavras me acertam como um golpe no meu estômago.

Como assim, ele faz uma baixaria dessas e ainda quer me culpar?

— Você é ridículo! — falo em prantos. — Como é capaz de colocar uma vagabunda na minha cama, e ainda dizer que a culpa é minha? — Espalmo a mão no peito, as lágrimas vertem por meu rosto, deixando as marcas de dor explícita.

Meu coração se aperta, dói e se parte em mil,pedaços.

A mulher passa resmungando e xingando, indo embora. Ainda reclamando por ter sido humilhada.

— Depois que seu pai morreu, sua vida é trabalho e hospital, nunca tem tempo para nós. Achou que iria ficar sem transar por causa de você?

Suas palavras duras só fazem a minha dor aumentar. Esse homem presenciou tudo o que sofri com meu pai doente, depois a sua morte devido ao câncer que o consumiu, acompanhou o meu sofrimento e como fiquei quando minha mãe também adoeceu.

Noites em claro no hospital com minha mãe, para depois encarar um plantão de 24h ou nos dias que deveria ser a minha folga, trabalhava em um consultório médico, o mesmo no qual fui liberada hoje mais cedo.

— Quando o doutor me liberou mais cedo hoje, a primeira coisa que pensei foi em preparar algo para nós, mas chego em casa e me deparo com esta cena!

— Você demorou um pouco para arrumar um tempo para nós, não acha? — O veneno escorre por seus lábios enquanto tenta encontrar razão para a sua atitude. — Não pensou que ficaria satisfeito com uma foda por mês, não é? — Ele ri das minhas lágrimas, pisa em minha dor e meu coração se parte ainda mais.

— Como pode falar assim comigo, Albert? Dizia que me amava, que iríamos nos casar e você me trai na minha cama e ainda debocha na minha cara!

Ele pega a camisa e termina de se vestir.

— Olha aqui, Izys, eu tinha pena de você! — Os olhos escuros dele focam nos meus, se aproxima tanto de meu rosto que sinto seu hálito que agora me dá nojo. — Se eu a deixasse choraria até o amanhecer e você já tinha sofrimento demais para lidar. Mas como você acabou flagrando, acho que acabou, não é?

Ele termina de ajeitar a camisa por dentro da calça, e eu fico paralisada por suas palavras cruéis. Albert pega a carteira, o celular e a chave de seu carro.

— Até nunca mais, Izys.

Sai a passos largos, como se não suportasse mais estar li naquele apartamento. Como se não suportasse mais olhar para mim.

“Pena”

“Ele tinha pena de mim”

O pensamento me sufoca, aperta meu peito, e as paredes parecem se fechar sobre mim. Saio correndo do quarto, atravesso o corredor, a sala e abro a porta aos prantos. Entro no meu carro e saio pela rua desesperada, a dor atravessando meu peito como um punhal.

Nem vejo para onde vou, somente dirijo sem direção até a noite cair. Não faço ideia de onde estou, há somente campo aberto por todo lado onde eu olho. Continuo dirigindo e meu carro avisa que o combustível está acabando, porém, não me importo. Quando a gasolina acabar, eu vou andando, não tem problema. Eu só quero sumir. Mas quando atravesso uma ponte sobre um rio caudaloso, tenho uma ideia. Paro o carro, caminho até a amurada e olho para baixo. As águas agitadas batem nas pedras e imagino minha dor sendo lavada por elas.

As lágrimas de desespero vertem mais rápido e mais doloridas conforme subo na mureta e me sento sobre ela. Só preciso de um impulso para cair dentro do rio e acabar com isso

A dor, a queimação das águas em meus pulmões levando a vida de mim, será nada comparado a tormenta que se tornou a minha vida. Respiro fundo, tomando coragem, mas quando vou me jogar sinto meu corpo ser abraçado por braços fortes e quentes que me tiram dali.

Em um segundo estou sobre um homem forte, os dois caídos no chão. Tudo aconteceu tão rápido que nem senti. Encaro os olhos escuros dele, a trança caída na lateral de seu corpo, o peito forte sem camisa. Espalmo minha mão sobre seu peito e me afasto bruscamente.

O que estou pensando? Homens são todos iguais.

Mas ele não me permite me afastar muito. Seus olhos parecem tristes e preocupados, seus dedos passam por meu cabelo loiro, os afastando de meu rosto.

— O que levou uma mulher tão bonita querer se jogar de uma ponte para a morte?

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