Izys Ghalager
Minha mãe recebeu alta do hospital um dia depois de eu ter flagrado Albert na minha cama com outra, de ter tentado me matar e de ter sido salva por um homem que nem prestei atenção em seu nome quando ele me disse. Me sinto culpada por isso, pois o homem salvou a minha vida. E eu só peço aos céus que possa reencontra-lo algum dia para agradecer pelo o que fez por mim.
Dona Yolanda, a minha mãe, ficou em casa por uma semana, parecia estar tudo bem, até que ela simplesmente amanheceu com febre, sem fome e sem força para nada. E mais uma vez fui obrigada a chamar a ambulância e levá-la para o hospital.
— Doutor, como está a minha mãe? — inquiro ao médico que a atendeu.
Sou enfermeira neste mesmo hospital, e nem pude assumir meu posto de atendimento, pois estava acompanhando a minha mãe.
— Izys — diz o médico que já está habituado a falar comigo de modo informal, devido ao trabalho. — Não vou mentir para você, o estado da sua mãe é delicado.
As lágrimas voltam a escorrer por minha face. Tenho medo do que possa acontecer a ela, dona Yolanda é a única pessoa que tenho no mundo.
— Ela vai morrer, doutor? — inquiro com o coração apertado.
— Vamos fazer de tudo para que ela se recupere — fala e tenta me oferecer um sorriso tranquilizador. O médico é bonito, mas no momento até mesmo o costume que tinha de admirar seus lábios e seus olhos verdes luminosos que se destacam em sua pele morena é deixado de lado —, mas desta vez terá que ficar na UTI.
— Na UTI? — me exalto, pois não sabia que ela havia sido levada para a UTI. Então o estado dela é ainda mais grave do que imaginei. — Então o estado dela é muito grave! — exclamo e ele tenta me acalmar.
— Fica calma, Izys. Colocamos na UTI porque ela é uma idosa e exige muitos cuidados, principalmente neste momento, e como o caso dela é delicado...
Balanço a cabeça em compreensão. Mas ainda assim fico preocupada com o seu estado de saúde.
— Eu posso vê-la? — questiono ao médico que sorri, tentando me animar.
— É claro, só não poderá demorar no quarto, você sabe como funciona as regras do hospital.
Balanço a cabeça em concordância.
— Eu sei, sim, doutor Christian. Vou assumir meu posto e vou visitá-la.
Levanto-me um pouco mais animada do que estava há um minuto atrás.
— Faça isso — aconselha e eu meneio em agradecimento.
Deixo o consultório médico e vou colocar o meu uniforme. Ser técnica de enfermagem não é nada fácil, exige muito amor pela profissão, atenção aos procedimentos, muita concentração quando estamos administrando um medicamento e às vezes muita força.
Depois de ver a minha mãe, que estava adormecida e nem pude falar nada com ela, talvez isso tenha me abalado ainda mais, fui atender os meus pacientes. Mas nada deu certo naquele dia de trabalho. Deixei uma comadre cheia de xixi cair no chão, deixando a faxineira muito irritada.
Ajudei as outras enfermeiras a dar banho nos pacientes, e até que neste momento nenhum acidente ocorreu. O que me deixou um pouco aliviada por um tempo, mas não me senti em condições de administrar medicamento no dia de hoje.
Depois do almoço, fui visitar a minha mãe novamente e eu a vi com tubos que ela não estava usando antes, isso me deixou ainda mais abalada. Procurei o doutor Christian, o mesmo que atendeu a minha mãe e que eu conversei mais cedo, mas não o encontrei.
O nervosismo tomou conta de mim e a pouca concentração que eu tinha foi toda embora. Fiquei a maior parte do tempo na sala da enfermagem, entregando materiais que as outras enfermeiras precisavam, tais como ataduras, álcool 70 % e outras coisas. Mas mesmo fazendo um trabalho tão simples, troquei o frasco de ácool em gel pelo o de soro fisiológico, e eles possuem tamanhos diferentes, além do nome bem grande escrito na frente. Entreguei uma caixa de luvas no lugar das ataduras e outras confusões do tipo, até que fui chamada na sala do médico responsável pelo nosso setor.
— Mandou me chamar, doutora Clara? — falo com a mulher que é a médica responsável pelo setor no dia de hoje e ela aponta para a cadeira na sua frente.
Me acomodo nervosamente, apertando os dedos e ela me olha fixamente com seus olhos castanhos escuros.
— O que está acontecendo com você, hoje, Izys? — inquire. — Você não é assim. — Conclui.
— Doutora — respiro fundo, antes de terminar de responder. — Minha mãe deu entrada no hospital hoje. — Conto a ela tudo o que aconteceu e como as coisas estavam indo razoavelmente bem até depois do almoço.
Ela me escuta com calma, percebo que se solidariza com a minha dor, mas sei que não posso ficar trabalhando deste jeito no hospital. Vidas dependem do meu trabalho.
— Sinto muito, eu mesma vou ver o prontuário da sua mãe e explicar o seu estado de saúde.
A mulher de longos cabelos escuros, porém presos em um coque no alto da cabeça, se levanta e caminha na minha frente. A sigo. Chegando lá, ela pega a prancheta com o prontuário e me explica que ela teve uma complicação respiratória, por isso a colocaram em um respirador.
Busco um lugar onde me sentar, pois minhas pernas vacilam. A médica vem ao meu socorro e me leva para a sala da enfermagem. Me sento e ela me oferece um copo com água gelada.
— Izys, é melhor que vá para casa. Volte amanhã, se estiver melhor — aconselha a doutora.
— Não, doutora, eu preciso ficar com a minha mãe.
— Não poderá ficar com ela, é uma UTI, você sabe como funciona — repete o que o doutor Christian havia dito.
— Eu sei — suspiro em derrota.
— Então, vá para casa. Ela está sendo bem assistida pelos médicos e enfermeiros da UTI.
Não há nada que eu possa fazer, ela tem razão. Agradeço por ter me liberado e vou trocar de roupa. Deixo o hospital completamente desolada, sem saber o que fazer da minha vida. O pior pode acontecer e ela é a única família que possuo.
Ando meio sem direção. Vou caminhando mesmo, respirando o ar noturno, olhando as estrelas e me lembrando do homem que salvou a minha vida. A única coisa boa que me aconteceu desde muito tempo.
Vejo um bar e resolvo entrar para beber. Não há nada melhor que entorpecer a mente com álcool nessas horas. Entro no bar e vejo um homem ocupando a mesa do canto esquerdo com uma garrafa de cerveja e um copo cheio do líquido dourado. Sinto um arrepio percorrer a minha espinha quando o reconheço. Os cabelos pretos grandes presos em um rabo de cavalo, o corpo gigante sentado à mesa. É ele, é meu salvador, e nem me lembro o seu nome.
Hiran FuryQuando estou me preparando para me levantar daquela mesa de bar, uma bela mulher se senta na minha frente. Ela é linda, olhos azuis brilhosos, a pele meio rosada e os cabelos loiros lisos estão jogados de um lado só. Ela coloca na face um belo sorriso, parece estar empolgada com algo, mas esta não é a pessoa que eu esperava.— Oi, tudo bem? — ela me cumprimenta e sorrio em resposta.— Meu dia estava uma merda até agora, mas com sua chegada ele melhorou infinitamente — tento ser galante. Quem sabe eu consiga levar essa garota para a minha cama esta noite?— O que aconteceu? — inquire e parece realmente interessada. É estranho conversar com uma pessoa desconhecida que se comporta como se te conhecesse há muito tempo.Levanto a mão e peço mais uma garrafa de cerveja e mais um copo ao garçon.— Fui dispensado do meu trabalho, hoje. — Encaro-a, ela parece intrigada com meus olhos, pois ela me olha dentro deles. Não sei o que isso significa, talvez ela seja apenas uma mulher decid
Izys GhalagerHiran é um verdadeiro furacão de homem, nunca estive com alguém como ele. A princípio estranhei a cor de seus olhos, pois achei que eram negros como a noite mais escura, porém diante mim agora brilham mais azuis do que já pude imaginar.Mas é ele, eu sei que é ele. O seu porte físico inconfundível, a cor e cumprimento dos cabelos também não é muito comum. Não quis falar sobre a noite que nos conhecemos e aparentemente ele também não. Talvez pensasse ser indelicado me lembrar sobre um acontecimento tão complicado como aquele.Mas o que importa agora é que a tensão entre nós dois cresceu tanto no bar, que agora estamos aqui, no meu quarto. Minha cabeça está apoiada em seu peito forte, seu cheiro de macho invade as minha narinas e sinto meu ventre se aquecer mais uma vez.Gemo e remexo meu corpo nu, colando-me mais ao corpo úmido de suor dele. A rodada de sexo na sala de estar foi intensa, mas ao chegarmos ao quarto ele me levou nas alturas de tanto prazer. Com o traste do
Hiran FuryUm mês depois“ A campina verde e viçosa se expande até onde a vista alcança e além disso. O lugar transmite paz, é lindo e tranquilo e me faz lembrar de quando era só um filhote e corria livre pela grama verde. Então o campo não está mais vazio, há algo nele. É um filhote. Ele surge distante, correndo na minha direção. Um filhote preto com as patas e peito cinza. Estranho, não conheço um lobo assim. Meus irmãos e meu pai são pretos. Com exceção de Enry, meu irmão mais velho que é todo branco, todos da minha antiga aldeia em Terra de Luna são pretos.Havia outras aldeias e uma em especial que os lobos eram cinzentos, penso na possibilidade de ser o resultado de uma cruza entre membros das duas aldeias, mas algo dentro de mim me diz que não é isso.O filhote se aproxima, ele corre feliz na minha direção, com a língua para fora. Salta empolgado, mas algo o apanha e sinto uma dor em meu peito, mesmo sem saber o que aconteceu e quem era o filhote.A cena muda e então percebo q
Izys GhalagerO último mês não foi nada fácil. O quadro da minha mãe piorou, e agora está constantemente internada. Eu precisava de dinheiro e de continuar morando próximo ao hospital, por isso vendi o meu apartamento.Com o dinheiro da venda, custeei o tratamento e medicamento dela, mas até quando o dinheiro vai dar para cobrir essas despesas eu não sei. A casa da minha mãe, onde eu também morava antes de comprar aquele apertamento, fica distante demais para ir e vir todos os dias, por isso tenho dormido aqui mesmo no trabalho.Meu corpo está exausto e clamando por uma noite de sono melhor em uma cama macia. Precisei também deixar meu segundo trabalho, que era na clínica particular de um médico. Foram muitas mudanças e reviravoltas em tão pouco tempo, porém ainda não acabou. Há alguns dias tenho sentido tonturas e enjoos matinais, e tudo o que eu não posso agora é ficar doente.Assumi meu plantão de hoje às 7 da manhã, depois de uma noite até que razoavelmente decente de sono, mas nã
Hiran FuryNão preguei os olhos pelo restante da noite. O sonho que tive voltava várias e várias vezes mesmo com os olhos abertos e encarando o teto até o dia clarear.A possibilidade de Izys estar grávida me invade e tenho a vontade de me socar, como fui ceder ao desejo daquela maneira com uma fêmea que não é minha?Quando finalmente os primeiros raios solares atingem a terra, mudando as cores do céu, coloco-me de pé. Até que Killan se levante, eu tomo um banho rápido e enrolo a toalha ao redor da cintura.Saio do banheiro e Killan ainda dorme. Vou até aquele irresponsável e balanço-o até que desperte.— Acorda, cachorra velha e cansada — balanço meu irmão com implicância.— Por causa de você eu custei a dormir outra vez, e agora estou com sono... — resmunga, virando-se de lado e cobrindo o rosto com o travesseiro.— Quer perder o emprego? — inquiro. — Já basta o meu salário que vai vir com desconto por causa da suspensão que sofri.— Mas que merda, não posso nem dormir nessa casa! —
Killan FuryMeu irmão está pedindo para ser dispensado do trabalho, se ele ficar desempregado teremos que mais uma vez sair em busca de serviço.Não tenho o que fazer, por isso entro em meu carro e dou a partida, deixando o estacionamento do prédio para trás. Porém pouco tempo depois de chegar no trabalho, sou surpreendido com a caminhonete de Hiran chegando no pátio da empresa. Viro-me e caminho até ele.— Irmão... O que aconteceu? Você não me parece bem — afirmo, avaliando suas feições abatidas, assim que ele deixa o carro.Ao que parece Hiran não dormiu bem a noite e o encontro com a tal garota não foi nada bem.— Você não vai acreditar — comenta, aproximando-se de mim. — A garota vendeu o apartamento — revela abatido.— Vendeu? — inquiro confuso com a reação da mulher.O que levou-a a vendê-lo? Será que ela estava precisando de dinheiro?— É ... Acho que ela descobriu a gravidez e fugiu para que eu não os encontrasse.Franzo a testa para a hipótese de Hiran. Não acredito que tenha
Olá. meus lindos leitores. Vim avisar que ontem publiquei o capítulo errado, mas logo em seguida corrigi meu erro e substitupi o capítulo 8 pelo 9, mas sempre que pedimos alteração no capítulo, essa alteração entra em revisão. Sabendo disso, enviei um e-mail avisando sobre o erro que cometi e a alteração que pedi, pedindo a eles que aceitassem a revisão pedida. Não fui respondida e a alteração não foi realizada. Por isso, peço desculpas a vcs, e peço que ignorem o capítulo repetido. Estou postando o capítulo de ontem e o de hoje, boa leitura!Killan FuryMeu irmão está pedindo para ser dispensado do trabalho, se ele ficar desempregado teremos que mais uma vez sair em busca de serviço.Não tenho o que fazer, por isso entro em meu carro e dou a partida, deixando o estacionamento do prédio para trás. Porém pouco tempo depois de chegar no trabalho, sou surpreendido com a caminhonete de Hiran chegando no pátio da empresa. Viro-me e caminho até ele.— Irmão... O que aconteceu? Você não me p
Izys GhalagerHá dois dias tive certeza de que estava grávida. A Obstetra do hospital realizou o exame ultravaginal, no qual me deu a certeza de que eu estou grávida. A médica me entregou a foto da tela com um pontinho sinalizado como meu bebê.Saí daquela sala sem nem saber para onde estava indo, meus olhos focados no papelzinho dado pela médica, enquanto minha amiga Nanda, toda eufórica, do meu lado me parabenizava.Até agora minha mente ainda está girando com o que significa ter um bebê crescendo dentro de mim. Não tenha nenhuma informação sobre o pai do meu filho, apenas o seu nome: Hiran Fury. Pelo menos poderei dizer ao meu bebê o nome de seu pai, mas não faço a menor ideia de onde encontrá-lo e na verdade nem sei se quero encontrá-lo. Estou muito confusa agora, então decido me dedicar ao trabalho como forma de distrair a minha mente.Minha mãe, dona Yolanda, está melhor desde o dia anterior. Está na enfermaria, e seu organismo tem respondido ao tratamento. Pelo menos valeu a pe