Noah pegou mais whisky para si mesmo e para James, servindo ambos com calma. Entregou o copo ao amigo e se sentou novamente, cruzando as pernas como quem se preparava para uma longa conversa.
— Sabe, James, acho que o que funcionou pra mim e a Kira foi… só ser eu mesmo.
James bufou, cético.
— Você quer me convencer que ela ficou com você depois de te ver dormindo todo espalhado, babando no travesseiro e ouvindo o som do seu estômago de monstro quando está com fome? Aparecesse assim, ela sairia correndo!
— Foi exatamente isso que eu fiz.
— Hã?!
Noah riu, balançando a cabe
— Kira, precisamos conversar.A seriedade na voz de Olivia fez Kira gelar. O ar entre elas parecia denso, Kira tentou disfarçar o nervosismo, mas sua garganta já estava seca.— O que foi, amiga? Alguma coisa com o Henry?— Não, é pior. Algo envolvendo o meu pai.Kira sentiu o chão sumir debaixo de seus pés. Noah? O que pode ter acontecido com Noah? Eles estiveram juntos na tarde anterior e conversaram pelo telefone depois disso. Ele não mencionou nada estranho, nenhum problema. Mas o tom de Olivia… algo sério estava por vir.— Estou desconfiada que meu pai está namorando.Kira engoliu seco. O nó na garganta apertava ainda mais. Sua mente disparou, imaginando co
Kira permaneceu diante do espelho, observando seu reflexo com atenção, como se quisesse absorver cada detalhe daquela noite. O vestido dourado que Olivia escolhera para ela era simplesmente deslumbrante. O tecido cintilava sob a luz do abajur, abraçando suas curvas com uma precisão quase pecaminosa. O decote discreto, mas estrategicamente desenhado, acentuava a delicadeza de seus seios, enquanto o corte sereia moldava seu corpo com uma elegância sensual. Mas o que realmente tirava seu fôlego era a parte de trás: o tecido descia em um corte profundo, revelando suas costas nuas, deixando apenas o necessário para manter a sofisticação. Um equilíbrio perfeito entre ousadia e requinte.Ela deslizou os dedos pelo vestido, sentindo a textura luxuosa sob suas mãos. Mesmo sem precisar de confirmação, sabia
Chegaram ao Imperial Hotel Califórnia, e a grandiosidade do lugar era de tirar o fôlego. O exterior mesclava o antigo com um toque moderno, enquanto o interior era decorado com uma fusão de artes orientais e ocidentais. Um enorme tapete vermelho guiava os convidados pelo saguão, passando por uma escadaria ornamentada que levava aos quartos. Lustres deslumbrantes iluminavam o salão principal, que estava decorado com uma sofisticação impecável, remetendo à riqueza e ao luxo do evento.O coração de Kira disparou assim que seus olhos captaram Noah à distância. Ele estava ao lado de James e outros investidores. O terno cinza perfeitamente ajustado destacava sua figura, e a gravata dourada era um toque sutil que harmonizava com o vestido dela. Ele estava deslumbrante, mas Kira podia ver nas linhas de seu rosto
O ar do salão estava pesado, sufocante. O riso de Noah ecoava ao fundo, e cada nota despreocupada de sua voz era uma facada no peito de Kira. Como ele podia parecer tão tranquilo enquanto ela se despedaçava? Enquanto o amor que guardava para ele se transformava em cinzas diante de seus olhos?Seu coração gritava para ficar, para confrontá-lo, para exigir que ele dissesse que sentia o mesmo. Mas sua razão já sabia a verdade.Então, ela esperou. Esperou que ele virasse de costas, que a atenção dele se voltasse para outra pessoa, qualquer pessoa que não fosse ela. Esperou o momento em que pudesse desaparecer sem que ele percebesse – porque doía demais pensar que talvez ele nem notasse sua ausência.E qua
A noite deveria ser perfeita.Tudo estava exatamente como ele planejou: a fusão da empresa foi um sucesso estrondoso, os contatos estavam estabelecidos e, no dia seguinte, seu nome estaria em todos os jornais e portais de negócios.Mas, no fundo, nada disso parecia suficiente.Noah sentia uma inquietação crescente, um nó apertado no peito que se recusava a se desfazer. Assim que conseguiu se livrar dos sócios, jornalistas, parceiros e todos que exigiam sua atenção, ele procurou desesperadamente por Olivia e Douglas.Encontrou-os perto de um dos balcões de bebidas, envolvidos em uma conversa casual. Ele se aproximou apressado, a euforia em sua voz mal conseguindo disfarçar a
Noah entrou no táxi como um homem à beira do colapso. O peito apertado, o coração martelando contra as costelas, a respiração descompassada. Cada fibra de seu corpo implorava para encontrá-la. Ele não podia perder Kira.— Los Angeles, por favor. Preciso de ajuda para encontrar um endereço específico.A voz saiu rouca, tensa, carregada de uma urgência desesperada. O motorista assentiu e arrancou com o carro, mas Noah mal percebeu o trajeto.Seu mundo estava em chamas. Tudo o que conseguia pensar era no rosto dela, nos olhos marejados, na dor que deve ter sentido ao pensar que ele não a amava.Mas ele amava. Amava mais do que qualquer coisa no mundo. E agora, ele es
Noah acordou perto das oito da manhã, embora não tivesse certeza se havia realmente dormido. Tudo parecia um borrão. Ainda de terno e com os sapatos jogados ao lado da cama, sentia-se esmagado pelo peso do silêncio. Pegou o celular mais uma vez. Desbloqueou a tela e encarou a última mensagem que havia enviado para Kira:“Kira, por favor, me atende. Vamos conversar.”O único risquinho permanecia ali, como uma ferida aberta. Não tinha sido entregue, e isso o deixava mais angustiado. Quantas mensagens já havia enviado naquela madrugada? Vinte? Trinta? Ele rolou a conversa, cada linha uma tentativa desesperada de alcançá-la:“Princesa, cadê você?”
Kira passou o final de semana trancada em casa, presa em um redemoinho de dor e autopunição. Entre o chão, a cama e a geladeira, movia-se como uma sombra do que um dia fora. Não conseguia comer, não conseguia pensar direito. O mundo lá fora parecia distante e cruel, enquanto ela se afundava em suas próprias emoções.A cada suspiro, a dor em seu peito parecia mais forte, como uma ferida que ela não sabia como curar.— Idiota, Kira. Você é uma completa idiota. — murmurava para si mesma, abraçada ao travesseiro. As lágrimas escorriam sem cessar, molhando o tecido já encharcado, enquanto as palavras se repetiam como um mantra cruel.Ela sentia vergonha de si mesma, de sua ingenuidade, por ter