Luana
— Tem certeza que é isso mesmo que você quer fazer? — Alice me pergunta pela milésima vez.
Estou terminando de arrumar a minha mala, quando ela chega em casa e me conta que André a tinha expulsado do quarto no hospital.
— Sim, tenho. Apesar de estar indo embora quebrada, vai ser melhor, não entendi o motivo dele ter feito tudo aquilo, mas se é assim que seu irmão quer... assim vai ser — digo firme para Alice, ninguém com exceção de Beto e Alice sabem o que aconteceu, seus pais não sabiam que eu havia desistido da viagem e é melhor que eu vá sem eles saberem a decisão de Rodrigo.
— Vai deixar o celular aqui mesmo? Como vamos nos falar? — Guardo o celular na gaveta, pois não vou levá-lo, não quero cair em tentação de ligar para Rodrigo e nem de enviar alg
LuanaPenso em puxar algum tipo de conversa com ela, mas quando vou abrir a boca, uma porta se abre rapidamente ao lado da recepção e vejo um par de olhos azuis que me olha assustado, parecendo não acreditar que eu estou ali.Ficamos por alguns segundos nos olhando, até que não aguento e corro em direção a ele, jogando-me em seus braços. Benício se assusta com minha atitude, mas aos poucos me abraça, um abraço amigo é tudo o que preciso nesse momento.— Hola! Querida Luana — ele diz se afastando e dando um beijo em meu rosto. — Senti saudades também, por que está chorando?Vê-lo me fez tão bem, que não percebo que estou chorando em seu ombro. Chorando por tudo! Por saudades dele, por minha vida, mas, principalmente por Rodrigo, essa ferida, com certeza, irá demorar a cicatrizar.
Luana— Chegamos — diz assim que desliga o carro. — Agora, doutora, tem uma pergunta que não sai da minha cabeça — fala saindo do carro e dando a volta para abrir minha porta. Não faço a mínima ideia do que ele quer perguntar, saio do carro e Benício retira a mala em silêncio o que me deixa angustiada.— Vai me matar de ansiedade? Fala logo o que quer saber? — Ele sorri da minha confissão, pega minha mão e com a outra carrega minha mala, quando chegamos em frente ao elevador ele solta minha mão e me olha sério.— Você veio só para o Congresso, ou vai fazer o curso também? — Não entendo o motivo da sua pergunta, mas respondo mesmo assim.— Vou fazer o curso também, já pretende se livrar de mim Benício? — pergunto fazendo cara de quem está chat
LuanaSento ao seu lado e vejo que está tudo perfeito, o café delicioso, o croissant com o queijo derretendo, ele se levanta e pega mais uma xícara e se serve, estamos em silêncio. De repente lembro que ainda não liguei para Alice, que deve estar tendo um filho de tanta preocupação, eu prometi que ligaria assim que chegasse e ainda não liguei.— Posso usar seu telefone? Preciso ligar para Alice, prometi que ligaria assim que chegasse e acabei me esquecendo.— Claro, fique à vontade. — Ele me passa seu celular e faz menção de se levantar.— Não. Não precisa sair. — Benício relaxa e continua tomando seu café.Disco o número do celular de Alice e no terceiro toque ela atende.— Lu? É você?— Oi, Lice. Sou eu…— Estava preocupada&
Ele para de falar e pela primeira vez deixo uma lágrima correr solta pelo meu rosto, não tinha noção do tamanho do erro que havia cometido ao expulsá-la do quarto de uma forma tão baixa, e ouvir as palavras de André foi mais dolorido do que eu pude imaginar, ele continua:— Além de afastar a mulher da sua vida, e olha que você não a afastou somente da sua vida, mas sim da vida de todos que se importam com ela. Três meses… serão três meses na Espanha, e agora me fala uma coisa, ela tem algum motivo para voltar? Você conseguiu afastar seu melhor amigo e sua irmã, você acha que não percebi que depois daquele episódio lastimável nenhum dos dois veio te visitar? — Ele vai até a cadeira e novamente coloca seu jaleco, não sei o que falar, na verdade não tenho o que falar. — Agora falando como seu médico,
RodrigoMeu Deus!Agora está tudo fazendo sentido!O desespero da Luana. a raiva da Alice, a indiferença do Beto. Ela nunca me traiu!― Filho! Tá tudo bem? ― minha mãe insiste mais uma vez. ― Como assim acabou com sua vida? Não fala besteira, moleque! ― Pelo jeito eles não sabem o que aconteceu. ― Vamos para o seu quarto. Clóvis, me ajuda a colocá-lo na cama, ele deve estar precisando dormir em uma cama de verdade, e não naquelas de hospital. ― Meu pai concorda e me ajuda, minha mente está longe. O que será que ela está fazendo agora... quatro dias... já faz quatro dias que ela se foi, e eu aqui sem poder fazer nada.―Vocês podem me deixar sozinho? ― Minha mãe me fita, seu olhar diz que está preocupada. ― Por favor... quero dormir um pouco.― Vamos, querida. Ele só precisa descansar um pouco. ― Mesmo
Rodrigo― Mas no apartamento dela não tem telefone? ― pergunto curioso, mesmo sabendo que Alice não me dará o número de bom grado.― Falei com ela no dia que chegou a Madrid e... ― Ela parece escolher as palavras para me dizer, ou tenta me esconder algo.― E... fala logo Lice. ― Estou perdendo a paciência.― Bem, você é o único culpado disso ― fala dando de ombros. ― Ela me ligou do apartamento do Benício. ― Sinto uma ardência subir e meu rosto queima diante daquela informação. ― Ele ficou de arrumar um lugar para ela e como Luana já tinha desistido de viajar, Benício não fechou o contrato do imóvel, e não permitiu que ela passasse a noite em um hotel. ― Tento controlar meus ciúmes diante daquela revelação, mas é quase impossível.― Depois disso ela não ligou novament
LuanaUma lágrima silenciosa escorre pelo meu rosto ao ouvir isso, sei o quanto deve estar sendo difícil para Rodrigo que sempre foi muito impulsivo e nunca gostou que ninguém o controlasse.— Acho que daqui uns dez dias ele vai poder começar a andar, claro que terá ajuda de uma muleta, por que ele ainda não pode forçar a perna, mas no máximo em três meses estará novinho em folha — ela termina de explicar.— Lice, hoje liguei do meu apartamento, então guarda esse número e pode me ligar a hora em que precisar. Bem, vou desligar, tenho que ir para o curso daqui a pouco. Beijos.— Fico feliz de ter resolvido deixar seu contato. Beijos e fica com Deus — diz finalizando a ligação.Arrumo-me rápido e vou em direção à faculdade, Carol, minha colega de apartame
LuanaNo final do dia estou exausta, marco de me encontrar com Benício em um restaurante brasileiro, já que hoje é meu dia na cozinha e não tem como Carol protestar sobre minha escolha. Ela não sabe que ele irá nos acompanhar, fiquei com medo que recusasse se soubesse da presença dele.Fui para casa sozinha, já que Carol havia saído mais cedo para resolver algo na embaixada, faço o caminho calmamente, mas sinto que algo não está bem e começo a me preocupar com esse cansaço, que não é normal, preciso fazer um check-up geral sem falta.Assim que chego em casa, vejo que Carol já está se arrumando, olho no relógio e vejo que falta uma hora e meia para o horário que combinei com Benício, ligo para um táxi que sempre utilizo e combino de nos pegar daqui a quarenta minutos, esse