Luana
Sento ao seu lado e vejo que está tudo perfeito, o café delicioso, o croissant com o queijo derretendo, ele se levanta e pega mais uma xícara e se serve, estamos em silêncio. De repente lembro que ainda não liguei para Alice, que deve estar tendo um filho de tanta preocupação, eu prometi que ligaria assim que chegasse e ainda não liguei.
— Posso usar seu telefone? Preciso ligar para Alice, prometi que ligaria assim que chegasse e acabei me esquecendo.
— Claro, fique à vontade. — Ele me passa seu celular e faz menção de se levantar.
— Não. Não precisa sair. — Benício relaxa e continua tomando seu café.
Disco o número do celular de Alice e no terceiro toque ela atende.
— Lu? É você?
— Oi, Lice. Sou eu…
— Estava preocupada&
Ele para de falar e pela primeira vez deixo uma lágrima correr solta pelo meu rosto, não tinha noção do tamanho do erro que havia cometido ao expulsá-la do quarto de uma forma tão baixa, e ouvir as palavras de André foi mais dolorido do que eu pude imaginar, ele continua:— Além de afastar a mulher da sua vida, e olha que você não a afastou somente da sua vida, mas sim da vida de todos que se importam com ela. Três meses… serão três meses na Espanha, e agora me fala uma coisa, ela tem algum motivo para voltar? Você conseguiu afastar seu melhor amigo e sua irmã, você acha que não percebi que depois daquele episódio lastimável nenhum dos dois veio te visitar? — Ele vai até a cadeira e novamente coloca seu jaleco, não sei o que falar, na verdade não tenho o que falar. — Agora falando como seu médico,
RodrigoMeu Deus!Agora está tudo fazendo sentido!O desespero da Luana. a raiva da Alice, a indiferença do Beto. Ela nunca me traiu!― Filho! Tá tudo bem? ― minha mãe insiste mais uma vez. ― Como assim acabou com sua vida? Não fala besteira, moleque! ― Pelo jeito eles não sabem o que aconteceu. ― Vamos para o seu quarto. Clóvis, me ajuda a colocá-lo na cama, ele deve estar precisando dormir em uma cama de verdade, e não naquelas de hospital. ― Meu pai concorda e me ajuda, minha mente está longe. O que será que ela está fazendo agora... quatro dias... já faz quatro dias que ela se foi, e eu aqui sem poder fazer nada.―Vocês podem me deixar sozinho? ― Minha mãe me fita, seu olhar diz que está preocupada. ― Por favor... quero dormir um pouco.― Vamos, querida. Ele só precisa descansar um pouco. ― Mesmo
Rodrigo― Mas no apartamento dela não tem telefone? ― pergunto curioso, mesmo sabendo que Alice não me dará o número de bom grado.― Falei com ela no dia que chegou a Madrid e... ― Ela parece escolher as palavras para me dizer, ou tenta me esconder algo.― E... fala logo Lice. ― Estou perdendo a paciência.― Bem, você é o único culpado disso ― fala dando de ombros. ― Ela me ligou do apartamento do Benício. ― Sinto uma ardência subir e meu rosto queima diante daquela informação. ― Ele ficou de arrumar um lugar para ela e como Luana já tinha desistido de viajar, Benício não fechou o contrato do imóvel, e não permitiu que ela passasse a noite em um hotel. ― Tento controlar meus ciúmes diante daquela revelação, mas é quase impossível.― Depois disso ela não ligou novament
LuanaUma lágrima silenciosa escorre pelo meu rosto ao ouvir isso, sei o quanto deve estar sendo difícil para Rodrigo que sempre foi muito impulsivo e nunca gostou que ninguém o controlasse.— Acho que daqui uns dez dias ele vai poder começar a andar, claro que terá ajuda de uma muleta, por que ele ainda não pode forçar a perna, mas no máximo em três meses estará novinho em folha — ela termina de explicar.— Lice, hoje liguei do meu apartamento, então guarda esse número e pode me ligar a hora em que precisar. Bem, vou desligar, tenho que ir para o curso daqui a pouco. Beijos.— Fico feliz de ter resolvido deixar seu contato. Beijos e fica com Deus — diz finalizando a ligação.Arrumo-me rápido e vou em direção à faculdade, Carol, minha colega de apartame
LuanaNo final do dia estou exausta, marco de me encontrar com Benício em um restaurante brasileiro, já que hoje é meu dia na cozinha e não tem como Carol protestar sobre minha escolha. Ela não sabe que ele irá nos acompanhar, fiquei com medo que recusasse se soubesse da presença dele.Fui para casa sozinha, já que Carol havia saído mais cedo para resolver algo na embaixada, faço o caminho calmamente, mas sinto que algo não está bem e começo a me preocupar com esse cansaço, que não é normal, preciso fazer um check-up geral sem falta.Assim que chego em casa, vejo que Carol já está se arrumando, olho no relógio e vejo que falta uma hora e meia para o horário que combinei com Benício, ligo para um táxi que sempre utilizo e combino de nos pegar daqui a quarenta minutos, esse
Luana— Luana, precisamos fazer um novo ultrassom, estamos na sala de exames do hospital — ela fala devagar, deve ter percebido minha incredulidade diante de tudo isso. Olho para o lado e vejo um monitor e o aparelho para ultrassom. — Pelo seu espanto acredito que ainda não sabia, não é? — Seu olhar é maternal, e de certa forma fico tranquila, doutor Ramirez está ao meu lado. — Doutor Ramirez, você pode nos dar licença.— NÃO... — grito desesperada. — Quer dizer, não precisa — falo estendendo minha mão em direção a ele, desde o primeiro dia de curso ele tem sido como um verdadeiro pai para mim, deve ter em torno de uns sessenta anos, mas aparenta ter bem menos, ele segura minha mão de maneira firme, como se quisesse dizer que tudo irá dar certo, que tudo está bem.— Você
Luana— Vou respeitar seu pedido, mas saiba que não concordo, você está longe de casa, da sua família, ele precisa saber.— Tenho vocês — falo olhando para os dois. — E vocês me bastam por hora. — Bufo, pois sei se ele vai continuar sendo totalmente contra e não vai parar de me perturbar enquanto não ligar e conversar com Rodrigo.— Mas você não pode tirar o direito de ele acompanhar sua gravidez, o filho também é dele. — Benício já está nervoso, Carol está sentada na cadeira ao meu lado e somente acompanha com os olhos essa guerra que foi travada entre nós.— Eu sei, só está sendo muita coisa para absorver de uma hora para outra, preciso de um tempo, preciso descansar. — Espero que eles entendam meu pedido.— Tudo bem, Luana, mas nossa
RodrigoAssim que chego ao restaurante, vejo que eles já estão à minha espera, mesmo tendo que andar um pouco devagar não consigo descrever a alegria que estou sentindo no momento.— Como você está maninho? — ela pergunta toda animada.— Estou bem, melhor agora sem aquela cadeira. — Sinto-me um novo homem pelo simples fato de não depender de ninguém mais para me locomover.— Você está com uma ótima aparência, cara! — Beto diz me cumprimentando, apenas sorrio em resposta, a alegria me contagia e me sinto cada vez melhor.— Já fizeram nosso pedido? — pergunto, sentando ao lado do Beto.— Não, também acabamos de chegar — minha irmã responde, chamando o garçom.Divertimo-nos muito durante o almoço, que foi regado de conversa