Luana
Uma lágrima silenciosa escorre pelo meu rosto ao ouvir isso, sei o quanto deve estar sendo difícil para Rodrigo que sempre foi muito impulsivo e nunca gostou que ninguém o controlasse.
— Acho que daqui uns dez dias ele vai poder começar a andar, claro que terá ajuda de uma muleta, por que ele ainda não pode forçar a perna, mas no máximo em três meses estará novinho em folha — ela termina de explicar.
— Lice, hoje liguei do meu apartamento, então guarda esse número e pode me ligar a hora em que precisar. Bem, vou desligar, tenho que ir para o curso daqui a pouco. Beijos.
— Fico feliz de ter resolvido deixar seu contato. Beijos e fica com Deus — diz finalizando a ligação.
Arrumo-me rápido e vou em direção à faculdade, Carol, minha colega de apartame
LuanaNo final do dia estou exausta, marco de me encontrar com Benício em um restaurante brasileiro, já que hoje é meu dia na cozinha e não tem como Carol protestar sobre minha escolha. Ela não sabe que ele irá nos acompanhar, fiquei com medo que recusasse se soubesse da presença dele.Fui para casa sozinha, já que Carol havia saído mais cedo para resolver algo na embaixada, faço o caminho calmamente, mas sinto que algo não está bem e começo a me preocupar com esse cansaço, que não é normal, preciso fazer um check-up geral sem falta.Assim que chego em casa, vejo que Carol já está se arrumando, olho no relógio e vejo que falta uma hora e meia para o horário que combinei com Benício, ligo para um táxi que sempre utilizo e combino de nos pegar daqui a quarenta minutos, esse
Luana— Luana, precisamos fazer um novo ultrassom, estamos na sala de exames do hospital — ela fala devagar, deve ter percebido minha incredulidade diante de tudo isso. Olho para o lado e vejo um monitor e o aparelho para ultrassom. — Pelo seu espanto acredito que ainda não sabia, não é? — Seu olhar é maternal, e de certa forma fico tranquila, doutor Ramirez está ao meu lado. — Doutor Ramirez, você pode nos dar licença.— NÃO... — grito desesperada. — Quer dizer, não precisa — falo estendendo minha mão em direção a ele, desde o primeiro dia de curso ele tem sido como um verdadeiro pai para mim, deve ter em torno de uns sessenta anos, mas aparenta ter bem menos, ele segura minha mão de maneira firme, como se quisesse dizer que tudo irá dar certo, que tudo está bem.— Você
Luana— Vou respeitar seu pedido, mas saiba que não concordo, você está longe de casa, da sua família, ele precisa saber.— Tenho vocês — falo olhando para os dois. — E vocês me bastam por hora. — Bufo, pois sei se ele vai continuar sendo totalmente contra e não vai parar de me perturbar enquanto não ligar e conversar com Rodrigo.— Mas você não pode tirar o direito de ele acompanhar sua gravidez, o filho também é dele. — Benício já está nervoso, Carol está sentada na cadeira ao meu lado e somente acompanha com os olhos essa guerra que foi travada entre nós.— Eu sei, só está sendo muita coisa para absorver de uma hora para outra, preciso de um tempo, preciso descansar. — Espero que eles entendam meu pedido.— Tudo bem, Luana, mas nossa
RodrigoAssim que chego ao restaurante, vejo que eles já estão à minha espera, mesmo tendo que andar um pouco devagar não consigo descrever a alegria que estou sentindo no momento.— Como você está maninho? — ela pergunta toda animada.— Estou bem, melhor agora sem aquela cadeira. — Sinto-me um novo homem pelo simples fato de não depender de ninguém mais para me locomover.— Você está com uma ótima aparência, cara! — Beto diz me cumprimentando, apenas sorrio em resposta, a alegria me contagia e me sinto cada vez melhor.— Já fizeram nosso pedido? — pergunto, sentando ao lado do Beto.— Não, também acabamos de chegar — minha irmã responde, chamando o garçom.Divertimo-nos muito durante o almoço, que foi regado de conversa
Rodrigo― Doutor Benício falando, quem gostaria de saber sobre a doutora Luana?Se eu falar que não fiquei desconfortável ao ouvir a voz do Benício estarei mentindo, esperava ouvir a voz da minha princesa, afinal de contas pedi informações sobre ela e no fundo tinha esperanças de falar diretamente com ela, mas pensando bem ele é o diretor do hospital e com certeza deve saber os horários que Luana está no hospital e também no curso.— Rodrigo Lopes, boa noite, doutor Benício.— Boa noite, Rodrigo. Você é a última pessoa que imaginei que ligaria — Seu tom é seco e firme, quem ele pensa que é para falar comigo dessa maneira? — Já que você a expulsou da sua vida.— Vejo que tem conhecimento de tudo o que aconteceu.— Sim. Lua
LuanaNão aguento mais ficar aqui sem nada para fazer, os enfermeiros de plantão são piores que a guarda da rainha Elizabeth, não consigo andar mais de dez minutos e já tem alguém atrás de mim mandando-me de volta para o repouso, passo muito tempo conversando com meu bebê, não quero que ele se sinta rejeitado, apesar das circunstancias tenho certeza que ele será muito amado.Nunca imaginei amar tanto uma pessoa como já o amo, amor materno é realmente indescritível, pedi para gravarem meu ultrassom e não me canso de assistir, o descanso de tela no notebook é sua primeira fotografia, o meu ultrassom.Tenho pensado muito em tudo o que conversei com Benício e de certa forma tenho medo de que Rodrigo tente falar comigo e ao falar com ele entenda tudo de uma forma errônea, Rodrigo morre de ciúmes dele e não sei co
Luana— Droga! — falo irritada — Pois é meu bebê, não é hoje que vamos falar com o papai. — Acaricio minha barriga. Vou tentar me levantar e sinto uma fisgada em meu ventre que me faz paralisar, deito novamente e fico esperando para ver se sinto algo mais, e graças à Deus não sinto mais nada, amanhã irei fazer um novo ultrassom e espero que esteja tudo bem com meu bebe.— Oi meu amor, fica calmo que logo resolveremos tudo, viu? Você tem que ser bonzinho com a mamãe, ela já está cansada de ficar presa aqui nesse hospital, sem nada para fazer, nem conseguimos passear por Madrid direito — falo acariciando minha barriga, que já está começando a aparecer. — Você tem que ficar quietinho para conseguir se desenvolver, mamãe já ama tanto você! Acho que seu pai vai pirar quando souber
RodrigoConversamos durante um tempo e explico a ele os motivos que fizeram com que eu tomasse essa decisão, que ao contrário de outras que já tomei em minha vida, essa foi muito bem pensada, essa decisão foi muito conversada nas sessões de terapia até ter certeza de que não estaria mais uma vez agindo por impulso.Durante nossa conversa doutora Kalline aparece, aproveito e converso com ela também, porém tenho certeza que foi André que pediu para chamá-la.— Estou muito orgulhosa do seu progresso, Rodrigo — ela diz e meu coração se enche de alegria, pois sua afirmação é um reconhecimento muito grande e com isso sei que estou no caminho certo. — Tenho um grande amigo que trabalha em Madrid e vou ligar para ele passando seu caso, tenho certeza que ele irá te atender. — Tira um cartão do bolso e me entrega. — Esse é o telefone dele, entre em contato assim que chegar.— Obrigado, doutora. E mais uma vez, obrigado por tudo, André — fa