Rodrigo
A recepção que os rapazes organizaram está ótima, prepararam um pequeno churrasco com vários tipos de carnes e bebidas à vontade, fazia tempo que não me divertia tanto assim, ainda mais com pessoas fora do meu convívio.
Olho no relógio e já passa das oito da noite, combinei de estar no bar às nove da noite, vou me despedindo do grupo, que ainda estão animados, pelo jeito essa comemoração vai até tarde.
— Lucca, vou indo. Preciso passar em casa e me arrumar ainda, tenho um pedido de casamento para fazer. Por falar nisso, faço questão da sua presença, envio uma mensagem com o endereço do bar, mas não tem como errar, é bem conhecido.
— Pode deixar que vou estar lá! — diz abrindo um sorriso animado.
Quando estou saindo do hotel lembro-me que deixei o
RodrigoPeço mais uma dose e fico ali remoendo todas as mudanças que aconteceram nesses últimos meses, fecho meus olhos e a única visão que tenho é de Luana gozando em meus braços e com essa visão meu amigo começa a ganhar vida.— Merda! — Levanto-me e vou cambaleando até o banheiro, nem sei como consigo chegar até lá sem cair no meio do caminho, faço minhas necessidades e jogo um pouco de água no rosto que deve ser suficiente para fazer com que eu tenha um pouco mais de concentração na estrada, preciso dormir um pouco e tirar todo esse álcool do meu sistema.Saio do banheiro e deixo algumas notas sobre o balcão que acredito ser mais do que suficiente para pagar minhas doses, apesar de ainda estar cambaleando um pouco acredito que consigo chegar até o hotel onde minha equipe está hospeda
Luana— Vou tentar falar com ele, não deve ter acontecido nada demais, deve ter deitado para descansar e acabou pegando no sono. — Ele sai fazendo a ligação, Alice se aproxima e se senta ao meu lado.— Vou arrebentar a cara do meu irmão por demorar tanto assim. — diz tentando brincar, mas sei que está tão preocupada quanto eu.Lucca chega com um copo de água, nem tinha reparado que ele havia saído, minutos passam e ninguém consegue falar com Rodrigo, já não sei o que pensar. Tento me manter forte, mas sei que algo grave deve ter acontecido com ele. Léo se aproxima com outro copo de água e um comprimido.— Minha querida, toma isso aqui que vai te ajudar a relaxar. — Estou tão sem forças que nem questiono o que ele está me dando, parece que estou em uma realidade paralela. Léo se
Dr. AndréChego ao hospital e vejo que os paramédicos da emergência acabaram de tirar o paciente, vou até o responsável e me atualizo do caso, um jovem de aproximadamente vinte e oito anos havia capotado o carro na autoestrada.— A vítima teve uma parada cardíaca, quase o perdemos, ele ficou desacordado por três minutos. Possível traumatismo craniano, a tíbia direita quebrada, com necessidade de cirurgia. — O paramédico me informa.— Prepare o paciente para tomografia computadorizada, ele pode ter um possível traumatismo craniano, faça as primeiras verificações e compare com o que o paramédico apresentou, vou me trocar e assim que voltar quero a ficha completa do paciente, chame o ortopedista de plantão, paciente com fratura na tíbia — peço para a enfermeira-chefe, e vou em dire&ccedi
RodrigoMais uma vez estou em um lugar lindo!Um campo com várias árvores e flores, não vejo ninguém além de mim. Caminho até um lago onde lindos peixes, das mais variadas formas e cores nadam livremente na água límpida, sento-me e fico admirando o vai e vem dos cardumes. Depois de algum tempo deito na grama e fecho os olhos, tentando descobrir como cheguei até aqui.— Continua teimoso. O tempo passou e você ainda não aprendeu a ouvir os conselhos dos mais velhos? — Abro os olhos e vejo tio Greg sentado ao meu lado. — Já não te falei que ainda não é o momento de você estar aqui? Você não pode continuar fugindo, tem que encarar tudo de frente.— Que lugar é esse? Aqui tudo é tão lindo, sinto uma paz que há muito tempo não sinto — falo sem encar&a
LuanaEmbaixo do chuveiro novamente sou tomada pelas lágrimas, sei que o estado dele pode ser grave, durante a faculdade vi inúmeros casos que pessoas que ficavam em estado vegetativo por anos e nem sei o que vou fazer se isso acontecer com ele.Sai do banho somente quando percebo que meus dedos estão enrugados, coloco um pijama, pego uma camiseta do Rodrigo que está com seu perfume e deito, o calmante que Léo me deu insiste em fazer efeito, mas não quero dormir.— Aqui, minha menina — Martinha fala ao meu lado, nem havia percebido que ela estava no quarto. — Vai se sentir melhor com esse chá morno e bem docinho, do jeito que você gosta — ela diz saindo do quarto logo em seguida.Termino de tomar meu chá, depositando a xícara sobre a mesinha lateral, o cansaço toma conta e como não consigo mais lutar contra, adormeço.&
LuanaHoje faz trinta dias que ele está internado e até agora não teve nenhum sinal de melhora.Organizo a mesa ao meu lado, a cada dois ou três dias, trago seus produtos de barba e cuido do seu rosto, esse é o único jeito que consegui de me manter útil para ele, como pedi afastamento do hospital para o ir congresso, não posso cuidar dele como gostaria, seu banho ficou a cargo dos enfermeiros e sempre é feito pela manhã.— Isso! Agora você está lindo como sempre — digo assim que termino de passar a loção pós barba em seu rosto. Cheiro seu rosto e dou um beijo em sua bochecha. — Volta para mim... — peço novamente como tenho feito nos últimos trinta dias, deixo meu rosto próximo ao dele.Meu celular vibra no bolso da minha calça, sento-me no sofá ao lado da cama, segurando
RodrigoDepois de algum esforço consigo apertar sua mão, sinto que Luana se levanta rapidamente, abro os olhos devagar e ela está na minha frente falando comigo, estou com algo na boca e não consigo falar, tudo é novo para mim nesse momento.Um médico entra no quarto e ela conversa com ele com lágrimas nos olhos dizendo que voltei para ela. Não. Ela está enganada, voltei por mim e nesse momento a única coisa que quero é ficar sozinho.— Oi, Rodrigo.... Sou o doutor André, vou tirar esse tubo que está na sua boca, ok? — Ele me diz, e simplesmente afirmo com a cabeça. — Quer um pouco de água? — Mais uma vez sinalizo que sim.— So...sozi...nho. — Consigo falar com muito esforço depois que beber um pouco de água.— Quer ficar sozinho? — o doutor me pergunta, como
Luana— Tem certeza que é isso mesmo que você quer fazer? — Alice me pergunta pela milésima vez.Estou terminando de arrumar a minha mala, quando ela chega em casa e me conta que André a tinha expulsado do quarto no hospital.— Sim, tenho. Apesar de estar indo embora quebrada, vai ser melhor, não entendi o motivo dele ter feito tudo aquilo, mas se é assim que seu irmão quer... assim vai ser — digo firme para Alice, ninguém com exceção de Beto e Alice sabem o que aconteceu, seus pais não sabiam que eu havia desistido da viagem e é melhor que eu vá sem eles saberem a decisão de Rodrigo.— Vai deixar o celular aqui mesmo? Como vamos nos falar? — Guardo o celular na gaveta, pois não vou levá-lo, não quero cair em tentação de ligar para Rodrigo e nem de enviar alg