— Então é isso? Eu vou ficar paralítica para sempre? - perguntei com desespero para Luís.
— Não, Lya, você tem chances de se recuperar... Mas vai precisar de muita fisioterapia e determinação. Em seis meses ou um ano, você pode voltar a andar. - ele se sentou ao meu lado e segurou minha mão - Eu sei que é difícil, mas você não está sozinha...— Eu não quero isso! - gritei com raiva - Quero que todos saiam daqui! - ninguém ousou me contrariar naquele momento e todos saíram do quarto, menos Lua - Você também, vai embora!— Eu não vou te abandonar, maninha... - ela sorriu com ternura - Quanto mais cedo você começar a fisioterapia, mais rápido vai se sentir melhor. - ela tinha razão, mas eu estava tão revoltada que não quis ouvir. Quando vi que teria que usar uma cadeira de rodas, eu entrei em pânico e tentei me matar durante a noite em casa. Meus pais, Lua, minhas amigas e o Luís tentaram me apoiar, mas eu me recusei a fazer a fisioterapia. Miguel levou uma surra do papai e do Luís quando voltou da sua viagem a Las Vegas. Os meses foram passando e eu fui me acostumando com a minha situação, mas Lua nunca desistiu de me incentivar a fazer a fisioterapia.DOIS ANOS DEPOIS... Depois de tanto tempo, eu finalmente decidi que precisava parar de me lamentar e começar a me tratar. Acordei cedo e, como sempre, Lua me ajudou a tomar banho e me vestir.— Eu vou fazer fisioterapia - disse olhando para ela enquanto ela colocava meu short - Vocês não vão precisar mais se preocupar comigo...— Que bom que você tomou essa decisão, lya. Você é minha irmã e eu amo ficar com você, mas você merece ser feliz e independente.— Você é uma ótima irmã - a porta se abriu de repente.— Vejam só quem está se arrumando... A aleijadinha - ele disse com deboche.— Vejam só quem está nos incomodando: O cachaceiro - Lua retrucou com ironia - Sai daqui, Miguel! ou eu chamo o papai para te dar uma surra por importunar nossa irmã - ele saiu bufando.— Eu odeio ele! - eu disse chorando.— Não liga para ele, merlya. Ele é um idiota que não sabe o que fala. Vamos, eu vou te levar para a clínica de fisioterapia. Hoje é o seu primeiro dia de uma nova vida.— Será que eu vou conseguir? - eu perguntei com medo.— Claro que vai! Você é forte e corajosa. E eu vou estar sempre ao seu lado, te apoiando.— Obrigada, Lua. Você é a melhor irmã do mundo.— De nada, lya. Você também é a melhor irmã do mundo. Agora vamos, temos que chegar cedo.Nós saímos do quarto e fomos para o carro. Eu estava nervosa, mas também esperançosa. Talvez eu pudesse voltar a andar e ter uma vida normal de novo. Talvez eu pudesse até reencontrar o hugo, que eu não via desde o acidente. Ele era o meu namorado na época, mas ele se afastou de mim depois que eu me recusei a fazer a fisioterapia. Eu ainda o amava, mas não sabia se ele ainda sentia o mesmo por mim.ALEXAcordei às 5 da manhã e fui direto para o banheiro tomar um banho e me arrumar para mais um dia de trabalho.— Bom dia, maninho. Eu só queria te perguntar uma coisa: você vai mesmo pedir aquela bruxa em casamento? - minha irmã apareceu na porta do meu quarto com uma cara de poucos amigos.— Anahí, Você é a minha irmã favorita, mas não tem o direito de se meter na minha vida assim - eu disse enquanto colocava a minha gravata.— Eu sou a sua única irmã... — ela revirou os olhos. Ela e Natália se odiavam e desde que eu anunciei que ia pedir a Natália em casamento, Anahi não parou de reclamar.— Oi, filho. Bom dia. — minha mãe entrou no quarto com um sorriso forçado. Ela também não gostava da minha noiva, mas tentava disfarçar.— Oi, mãe. Tô saindo — ela me entregou uma marmita com o café da manhã — AMO VOCÊS! — eu peguei uma maçã e saí correndo para o meu carro. Meu celular começou a tocar sem parar e eu atendi pelo viva-voz.— Oi - eu disse sem tirar os olhos do trânsito.— Quero que você venha aqui agora - ela disse com uma voz irritada - Ontem você me deixou sozinha para ir jantar com aquela vagabunda da sua irmã!! Eu não me importo se ela é sua parente, eu preciso que você esteja aqui comigo..— Se você ofender a minha irmã mais uma vez, eu vou terminar com você - eu disse com raiva e desliguei o telefone. Eu respirei fundo e tentei me acalmar. Eu amava a Natália, mas ela era muito ciumenta e possessiva. Ela não aceitava que eu tivesse uma família e amigos. Ela queria que eu fosse só dela. Eu sabia que isso não era saudável, mas eu tinha medo de ficar sozinho. Depois que meu pai morreu em um acidente de carro, eu mudei muito. Eu me tornei mais fechado e inseguro. A Natália foi a primeira pessoa que me fez sentir vivo de novo. Ela era linda, inteligente e bem-sucedida. Ela era tudo o que eu achava que precisava. Mas será que era mesmo?Eu cheguei no meu consultório onde eu trabalhava e estacionei o carroquando entrei dei de cara com minha assistente Melissa. Ela era simpática, divertida e gentil. Ela sempre me tratava bem e me fazia rir. Ela era diferente da Natália, que era fria, arrogante e mal-humorada. as vezes eu me pego pensando se é isso mesmo que eu quero da minha vida. Será que ela gostava de mim? Será que eu gostava realmente de Natália? Eu balancei a cabeça e afastei esses pensamentos. Eu estava Prestes a ficar noivo de Natália e me concentrar no meu trabalho. Eu tinha que fazer a minha escolha e viver com as consequências.Cheguei na clínica e vi que a minha paciente já estava me esperando.— Bom dia, Melissa.Melissa: Bom dia, doutor. A sua paciente está na sala.— Obrigado. - Entrei na sala e me sentei na minha mesa, sem olhar para a frente. - Senhorita miller, você demorou muito para começar a fisioterapia. Você já deveria estar andando. - Quando levantei os olhos, encontrei o olhar castanho e expressivo dela. - O que houve?— Eu preciso contar o motivo? - Ela revirou os olhos. Que garota mal-educada. gostei!— Você tem razão, então boa sorte com a sua recuperação. — Abri a porta. — Tenha um bom dia.— Tá... Eu sei que você é o melhor... Do bairro. — Ela disse, cedendo um pouco, mas não muito. - Eu ri. - Eu não queria mais fazer terapia porque não acreditava que pudesse voltar a andar.— Uau, temos um progresso. - Um barulho do lado de fora da sala chamou a atenção de todos. - Li... - A porta se abriu com força e bateu na parede, quebrando a maçaneta.— Então é com essa aleijada que você me trai? - E
MERLYALua se colocou na minha frente e tentou impedir que a mulher se aproximasse de mim. Ela era a minha irmã e a minha melhor amiga. Ela sempre me defendia e me apoiava de tudo e de todos.— Você acha que eu vou me rebaixar a bater em uma aleijada? - ela disse com desprezo.— Chega, Natália! Você passou dos limites! - ele disse com raiva. Ele pegou o braço dela e tentou levá-la para fora.— Me solta, Alex! Você é um traidor! Você vai se arrepender de ter me trocado por essa coitada! - ela gritou e se soltou dele. Eu não aguentei mais ouvir aquelas ofensas. Eu peguei o controle da minha cadeira de rodas e acelerei na direção dela. Ela se assustou e saiu correndo pelo consultório.— Você é louca!!! — ela correu para a porta.— E não volte mais! - eu disse com ironia.Eu senti uma mão na minha cadeira e olhei para trás. Era uma loira bonita e sorridente.— Você fez uma coisa que eu queria fazer a muito tempo — ela disse com admiração - Eu sou Anahí Puerte, a irmã do Alex.— Prazer, eu
NARRADORFazia apenas um mês que Merlya tinha começado a sua fisioterapia. Ela sentia dor nas pernas, mas entendia que era parte do processo para que ela voltasse a andar novamente. Durante as três sessões que fez, ela e Alex se aproximaram muito e se tornaram amigos. o dia da festa havia chegado e Merlya estava animada para ir, mas também um pouco nervosa. Ela não sabia se Alex estaria lá, e se estivesse, como ele reagiria ao vê-la. Ela tinha sentimentos confusos por ele, mas também sabia que ele era seu fisioterapeuta, e que isso poderia complicar as coisas. Ela se arrumou com a ajuda de sua irmã, que escolheu um vestido vermelho e um colar de pérolas para ela. Ela se olhou no espelho e se sentiu bonita, mas também insegura. Ela se perguntou se Alex gostaria dela assim.Elas chamaram o motorista particular da família e foram para o endereço que Anahí tinha mandado. Era uma casa grande e iluminada, com música alta e muitas pessoas. Elas entraram e foram recebidas por Anahí, que as ab
Merlya voltou para a festa e procurou por Anahí. Ela a encontrou na sala, conversando com Luana e outros amigos. Ela se aproximou dela e a puxou pelo braço.— Anahí, eu preciso falar com você. — disse Merlya, com a voz trêmula.— O que foi, Merlya? Você está bem? Você está chorando? — perguntou Anahí, preocupada.— Não, eu não estou bem. Eu acabei de descobrir uma coisa terrível. — disse Merlya.— O que foi? Me conta. — disse Anahí, levando Merlya para um canto mais reservado.— Você sabe que a Natália está aqui? — perguntou Merlya.— Natália? A ex-namorada do Alex? O que essa lambisgoia tá fazendo aqui? — perguntou Anahí.— Isso mesmo. Ela apareceu lá fora e disse ao Alex que está grávida dele. — disse Merlya.— O quê? Não pode ser. Isso é mentira. Ela está tentando enganar ele. — disse Anahí, indignada.— Eu não sei, Anahí. Eu só sei que eu fiquei arrasada. Eu gosto do Alex, Anahí. Eu gosto muito dele. E ele também gosta de mim, eu sei que sim. Mas agora ele vai ter um filho com outr
— Alex, eu sei que isso é difícil para você, mas eu preciso que você me escute. Eu sei que nós terminamos, mas eu ainda te amo. E eu sei que você também me ama, lá no fundo. Nós fomos feitos um para o outro. Nós temos uma história juntos, e agora nós teremos um filho juntos. Um filho que precisa de um pai, de uma família. Você não pode negar isso, Alex. Você não pode fugir da sua responsabilidade. Você tem que ficar comigo. Você tem que me dar uma chance. Nós podemos ser felizes juntos. Nós podemos criar o nosso filho com amor e carinho. Por favor, Alex, não me rejeite. Não rejeite o nosso filho. Ele é seu, Ele é seu. — disse Natália, o beijando Alex se afastou de Natália e empurrou-a para longe dele. Ele estava furioso e assustado com as palavras de Natália. Ele não acreditava nela. Ele achava que ela estava mentindo, que ela estava tentando enganá-lo. Ele não queria ficar com ela, nem com o filho dela. Ele queria ficar longe dela.— Para com isso, Natália! Para de mentir! Eu não te
Eu contei, mas ele não me ouviu. Ele não quis me ouvir. Ele me rejeitou, dona Maria. Ele me rejeitou e ao nosso filho. Ele disse que não me ama, que não quer ficar comigo, que não quer saber do nosso filho. Ele disse que vai fazer um teste de DNA para provar que o filho não é dele. Ele disse que vai me denunciar por falsidade ideológica e tentativa de extorsão. Ele disse coisas horríveis para mim, dona Maria. Coisas que me magoaram muito. — disse Natália, chorando.Dona Maria ficou indignada ao ouvir as palavras de Natália. Ela não podia acreditar que o seu filho fosse capaz de agir assim com a mãe do seu neto. Ela sentiu uma raiva e uma decepção por Alex.— Não pode ser, Natália! Não pode ser! O meu filho não pode ter feito isso com você! Ele não pode ter feito isso com o meu neto! Ele não pode ser tão cruel, tão insensível, tão irresponsável! Ele tem que assumir o seu filho, Natália! Ele tem que ficar com você! Ele tem que formar uma família com você! Ele tem que te amar, Natália! El
MERLYAEu estava na sala, assistindo a um programa qualquer, quando ouvi a campainha tocar. Comecei a controlar a minha cadeira e me dirigir até a porta. Natália estava encostada na porta, segurando um teste de gravidez.— Sabe o que é isso? - ela me encarou com raiva - Eu estou grávida do Alex. Você tem que terminar com ele para que esse bebê tenha um pai.Natália me olhou com uma mistura de fúria e loucura.— Não me interessa o que você tem a dizer - eu disse friamente - Você não tem o direito de vir à minha casa e me pedir isso.Eu puxei Natália pelo braço e empurrei-a para fora da minha casa. Ela tentou resistir, mas eu era mais forte.— Merlya, você não sabe com quem está lidando... TEMOS QUE CONVERSAR!! - ela gritou enquanto eu tentava fechar a porta— Conversar sobre o quê? Eu não quero nada com o Alex. Eu... Eu não posso!!Eu bati a porta na cara dela e tranquei-a com chave. Eu voltei para a sala e peguei o meu celular. Eu liguei para o Alex imediatamente.— Alô? Merlya? O que
MERLYALua e eu chegamos à casa de Alex. Era uma casa grande e linda, com uma vista incrível. Alex nos cumprimentou na porta, com um sorriso caloroso.— Olá, Merlya. Olá, Lua. - ele disse, nos cumprimentando. - Estou tão feliz que vocês puderam vir.— Obrigada pelo convite, Alex. - eu respondi, tentando parecer calma.Fomos conduzidas até a sala de estar, onde um homem alto e moreno estava sentado. Ele se levantou assim que nos viu e sorriu. Era o amigo de Alex que Lua tinha mencionado.— Lua, você não me disse que seu amigo era tão bonito. - eu brinquei, tentando aliviar a tensão.— Merlya, este é o Rafael. Rafael, esta é a minha irmã, Merlya. - Lua nos apresentou.— É um prazer conhecer você, Merlya. - Rafael disse, estendendo a mão para mim.— O prazer é todo meu, Rafael. - eu respondi, apertando sua mão.Passamos a noite conversando e rindo. Apesar da situação complicada, eu me senti à vontade na presença de Alex e Rafael. Eu podia ver que Lua estava feliz, e isso me fez sorrir.D