Ao Amanhecer - Livro 1 - Trilogia Durante Os Dias
Ao Amanhecer - Livro 1 - Trilogia Durante Os Dias
Por: L.G.Coelho
Capítulo 1

“Sua vida é sempre a mesma dia após dia.

Tudo o que faz, faz da mesma maneira, dia após dia.

Eu posso lhe mostrar um novo mundo, uma luz diferente.

Guarde seu corpo, seu coração, entregue sua alma para a noite e venha para mim.

Quando estiver sozinha, quando precisar de algo novo, venha para mim, quando estiver cansada.

Porque?

Porque tenho algo especial para você.

Só para você.”

– Os noturnos por Flávia Muniz –

▪︎ Capítulo 1 ▪︎

–Chloe, pode ir agora querida. Aqui está o dinheiro por ter cuidado da farmácia está noite. -o senhor Gomes me entrega um bolinho de dinheiro, sorrio para ele mesmo com sono e cansada. Na verdade estou bem acabada hoje foi uma noite bem movimentada por alguma razão tinham muitas pessoas pela cidade.

Moro nessa cidade desde meu nascimento e nunca vi tanto movimento de pessoas de fora como vi ontem. Não que aqui seja uma cidade pequena, mas não podemos dizer que Wyoming é grande como outros lugares por aí. Deve ser por causa da temporada de esqui, mas mesmo nessa época as pessoas preferem lugares mais conhecidos do que um lugar como Wyoming.

–Sabe que quando precisar, pode chamar. -ele faz que sim, tiro o colete colocando no lugar e pegando minha bolsa e casaco por causa do tempo frio que se aproxima, os ventos sopram cada vez mais gelados nesse horário. Além de que, por aqui sempre está frio e ventando.

Agora não passa das cinco e trinta da manhã, as cafeterias começam a abrir, os pássaros voam no céu azulado ainda meio escuro, longe se vê os primeiros raios de sol e o vento ruge em meus ouvidos, mais um dia que estou aqui pai. Espero que possa estar bem onde quer que esteja e que também esteja com a mamãe.

Respiro fundo e começo a andar, esse é um dos melhores horários do dia pra mim, o ar fresco batendo em meu rosto, as ruas quase que desertas, posso ir devagar e calma para casa. Pego as chaves da minha velha picape azul, suspiro antes de andar até a mesma, faz anos que dirijo essa velhinha e agora ela está começando a dar problema mas fazer o que, é o que tenho, abro a porta que faz um barulho alto e dou uma risada baixa antes de entrar na mesma e começar a me preparar para dirigir de volta para casa, quero deitar e descansar por pelo menos quatro horas.

Na última semana o senhor Gomes tem me pagado por hora para cuidar da farmácia dele durante a noite, mas acho que não terei esse luxo na próxima semana já que o filho dele está vindo para a cidade para ajudar, então tenho que guardar meu dinheiro e pagar as contas atrasadas, além de conseguir comprar minha comida.

Entro na minha picape e jogo minha bolsa no banco de trás, ligo o carro saindo do estacionamento da farmácia, vou demorar uns bons minutos ate em casa já que moro em um local mais afastado da área central da cidade. Tenho que passar no posto e pedir ao John para completar o tanque, depois que troquei o motor não estava gastando tanto com gasolina, mas era sempre bom precaver, porque não sei quando terei dinheiro para isso de novo.

Paro em frente ao posto e não vejo o John, peço para o outro cara novo encher o tanque e vou até a lojinha de conveniência atrás de açúcar, quero fazer alguns doces e pães para vender ainda nesse fim de semana. Isso mesmo açúcar, em uma lojinha de posto, por incrível que pareça nessas lojinhas da cidade vende de tudo, pego dois pacotes grandes indo ate o caixa pagando e seguindo ate a picape, pago o valor do combustível e saio pela rodovia rumo ao meu lar, estou com tanto sono.

Minha casa é bem afastada da cidade, perto de um grande Fazenda Resort para família, uns bons quilômetros para lá na rodovia, primeiro foi uma chácara dos meus avós, depois virou uma propriedade com um imenso quintal que foi dada aos meus pais, agora é minha casa com um quintal um pouco grande na frente, herdei o lugar depois da morte dos meus pais no ano passado.

O sol já nasce atrás de mim quando entro na rodovia, a imagem linda vista do retrovisor me faz abrir meu melhor sorriso, mesmo em tempos difíceis o bom é sempre manter um sorriso, isso foi o que minha avó me ensinou, até hoje sigo suas palavras firme e forte.

Já estou no meio do caminho quando algo ao lado da estrada me chama atenção, posso até mesmo estar enganada, esfrego os olhos com a mão por um tempo, mas aquilo não é sonho ou delírio e na hora que me dou conta começo a me ajeitar para estacionar.

Paro o carro no acostamento e desço, vejo o grande baú preto desbotado que avistei de longe, mas o que me deixou encabulada foi ver uma garotinha de cabelos loiros vestida em roupas finas mesmo nesse tempo frio, ela dorme sob o baú segurando um ursinho de pelúcia branco escrito mamãe e com os pés em uma sapatilha gasta, seu rosto está pálido e mesmo com minha proximidade ela não parece despertar.

Não há ninguém na rodovia, ela parece sozinha, não há condições de leva-la comigo, mas também não posso apenas deixa-la aqui para morrer congelada. Suspiro frustrada e a pego no colo, leve como uma pluma, caminho com ela em meus braços a levando até a picape e a colocando no banco de trás, seu sono parece profundo, talvez tenha sido dopada e deixada aqui, pego o grande baú preto colocando de um jeito que possa impedi-la de cair do banco caso eu acabe dando uma freada brusca.

Vamos nessa, o que mais pode dar errado? Além de ser acusada de sequestro, nada mais pode dar errado. Certo. Entro na picape ligando e seguindo caminho pra casa, hoje a tarde vou ao delegado e entrego a menina, ela deve ter sido abandonada ou fugido sei lá, mas não há nada que possa fazer sobre isso, vou apenas levar ela até a polícia e depois voltar.

Como uma garota pequena como ela iria fugir sua anta? Penso comigo mesma e começo a rir sozinha, não sei o motivo mas minha consciência grita e me dou conta dos fatos, ela não deve ter mais do que quatro anos, com toda certeza foi abandonada na beira da estrada contando com a própria sorte. Vejo o grande portão de madeira, que mantenho quase sempre aberto para não ficar descendo do carro para abrir toda vez que chegou ou saio de casa. Já entro e me dirijo ao lugar que sempre deixo a picape protegida do sol, de baixo de uma árvore que tem um balanço de pneu em baixo.

Desligo a picape saindo para pegar a menina adormecida, entro em casa a colocando em meu quarto e voltando ao carro para pegar todas as coisas, um baú, minha bolsa e os pacotes de açúcar pata os doces e pães. Coloco o baú e minha mochila na sala e vou direto para a cozinha prendendo meus cabelos em um coque colocando uma touca, tenho que começar a fazer as geleias de maçã ainda hoje porque quero descansar mais tarde e as maçãs podem acabar estragando até amanhã.

Há três motivos para fazer geleias de maçã agora, mesmo estando cansada pela noite acordada e também por ter uma criança desconhecida em minha casa eu preciso fazer isso de qualquer maneira.

Primeira, tudo já estava quase tudo pronto, até mesmo as maçãs já estavam colhidas e em banho de água quente. Segundo, preciso vende-las para conseguir grana e pagar as dívidas médicas e de enterro dos meus pais. E terceira, isso me ajudará a sobreviver daqui algumas semanas quando eu já não tiver empregada na farmácia e a casa estiver sem luz.

Esse com certeza será um dos anos mais rigorosos pra mim, sem dinheiro para comprar comida, sem meus pais, tendo que proteger minhas plantas e também tendo que pagar as muitas dívidas que ficaram após meus pais morrerem ao mesmo tempo ano passado. Mas seguindo em frente tudo se resolverá, basta que eu tenha um pouco de esperança. Isso era o que minha mãe sempre me dizia, e o que vovó sempre dizia para ela, somente preciso me manter firme e com um sorriso no rosto e conseguirei vencer essa tempestade.

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