Vi Justin tentando manter-se firme ao encarar o terrível Abaddon de frente. Ele engoliu em seco. Rapidamente, entendi qual era o meu papel ali.
- Eu também vi tudo – eu disse, e me arrependi, porque no segundo seguinte quem estava quase encostando nariz com Abaddon era eu. Fiz uma força tremenda para não me deixar abalar pela aproximação do chefe dos céus, que mais parecia ser chefe do Inferno – Eu estava em minha forma de anjo, vi tudo.
- Gostaria de me contar? – o demônio deu um ganido. Acho que ele queria dar uma risada curta e acabou se afogando na própria saliva.
- Mas é claro! – fechei meus olhos e me arrependi de não ter procurado por algo útil na biblioteca como Justin fizera.
Abri os olhos e fitei o teto de vidro. Isso foi até que irônico. Respirei fundo e levantei meus braços para o alto. Os anjos presentes olharam para
Andei pelos corredores da mansão de Dan, desesperançosa. Com certeza aquele demônio não ia dar o veredicto no dia seguinte. Eu não sabia nem se aquilo seria mesmo um veredicto ou algo do tipo, mas sabia que ele não ia tomar decisão alguma sobre aquilo tão cedo. Provavelmente ele ia escravizar Adnachiel para procurar incansavelmente por alguma brecha na lei.Abri uma porta aleatória no corredor do andar superior da mansão e entrei em um quarto bem bonito, cheio de flores, móveis de madeira escura e uma cama de casal enorme, de um dossel branco como a neve. Deitei na cama e fitei o delicado tecido do dossel que, aliás, era o único objeto delicado que eu havia visto na mansão até agora.Eu estava extremamente cansada e fechei meus olhos. Sem que eu pudesse controlar, meus pensamentos foram até o garoto que estava no outro quarto daquele mesmo corredor: Justin. Aq
Não sei como, mas eu acabei dormindo na confortável cama da mansão de Daniel. Acordei no outro dia e olhei para os lados, procurando por minhas coisas. Arrumei tudo o que eu podia, com intenção de ir embora o mais rápido possível, antes que se passassem vinte e quatro horas no Reino Superior, o que significava que estávamos há uma hora de vida atrasados no mundo real. Miah bateu na porta entrou no quarto em que eu estava. Ela olhou para mim com um rosto amigável e disse:- Kate, bom dia.- Bom dia, Miah. Já podemos ir? O Abaddon se pronunciou?- Não, ele não disse nada. Luviah pediu uma audiência na primeira hora da manhã e fomos liberados para voltar às nossas atividades normais enquanto aguardamos o veredicto. Mesmo ele não sendo um juiz, mas deixa isso para lá.- Beleza! – eu disse, empolgada, colocando a mochila nas costas
Finalmente estávamos Justin e eu na fila do Meet and Greet do show do Palante em Seattle e eu só conseguia pensar em dormir. Eu precisava urgentemente dormir e ter um sonho ou pesadelo para poder falar livremente com meus anjos da guarda, sem que estivéssemos sendo espionados pelos asseclas de Abaddon. Enquanto Justin conversava animadamente com outro fã na fila do Meet and Greet, eu estava passando mal de ansiedade: minha visão ficou embaçada e minhas pernas, bambas. Sentei num canteiro de grama e encostei na parede, fechando os olhos. Justin ficou preocupado com meu movimento e perguntou: - O que houve? Você está bem? - Estou tentando dormir – eu disse, frisando a última palavra para que ele, indiretamente, pudesse entender que eu precisava falar com meus anjos da guarda em particular. – Dormir e sonhar, ou ter um pesadelo quem sabe... - Nossa, adoro essa música! Dormir e sonhar, foi o próprio Jayden que compôs – disse o “humano” como qual Justin conversava animadamente na fila,
A cerveja não teve efeito algum. Não sonhei e tive que realizar meu trabalho sem as instruções que meu anjo negro tentara me entregar sorrateiramente em meu pesadelo, contra as regras angelicais. Eu não via Miah e Dan em lugar algum.Em minha forma angelical, eu caminhava atrás de Jayden, que passava pelos corredores dos bastidores do SoDo cumprimentando, de forma descolada, as pessoas que passavam por ele, chamando-as por seus primeiros nomes e apelidos: parecia íntimo de todos os que estavam ali. Enfim, parecia uma tarefa fácil cuidar de um sujeito famoso que vivia rodeado de pessoas que gostam dele e de seguranças. Desta forma, eu podia focar no que era mais importante para mim naquele momento: observar como era a vida de Jayden “por trás das telas”.Meu coração batia tão forte que eu achei que ele ia estourar meu peito. Além de tudo, me trazia extrema satisfação e uma felicidade inenarrável saber que, a convite dele, eu ia vê-lo no final do show para conversarmos sobre o sonho del
- E, por favor, Kate Engels, a ganhadora do Meet and Greet da rádio de Colville, me encontre no meu camarim, não estou te vendo agora, mas espero que você possa me ouvir!Ah, e como eu o ouvia! Sim, Jayden, eu estou aqui! Obviamente, não adiantava falar que eu estava ali, pois, em minha forma de anjo, ele não podia me ver. Era uma pena que eu só poderia parar de vigiá-lo depois de vinte e quatro horas...Subitamente, meu estômago deu um duplo twist carpado. Eu ia perder uma conversa íntima com o Jayden por causa disso! Não, não era possível que eu perdesse aquela oportunidade tão grande de me aproximar de Jayden e, quem sabe, beijá-lo? Podíamos até ficar juntos e, quem sabe, namorar? Um possível casamento? Meus pensamentos viajavam a mil por hora. Eu precisava dar um jeito naquilo!Jayden passou por mim após passar o som e segui atrás dele. Ele não conversou com ninguém e foi direto para o seu camarim. Eu fiquei na porta, desesperada. Ele estava sentindo ansiedade, possivelmente ansie
Minhas três primeiras músicas favoritas do Palante foram as três primeiras do show. Parecia que eu estava ganhando um grande presente de aniversário fora de época! Eu pulava e cantava junto com a banda! A performance deles ao vivo era de arrepiar!Nas pausas, entre as músicas, Jayden conversava com a plateia, que ficava completamente silente, prestando atenção a cada palavra que ele proferia. Era algo mágico! A bateria estava se destacando naquele show: sua energia emanava pelo espaço até atingir o último fã no fundo da plateia. A iluminação estava perfeita e a decoração com velas falsas, que na realidade acendiam com eletricidade, dava ao espetáculo uma aparência gótica fenomenal.Em um determinado momento entre músicas, quando Jayden estava bebendo um gole de água, alguém me segurou pelo pulso e eu olhei na direção da pessoa: era Justin. Ele estava na coxia também, não sei como ele tinha entrado ali, porque nem todos os participantes do Meet and Greet podiam acessar aquele espaço. A
Ouvi o barulho de batidas na porta e me assustei! Empurrei Jayden para longe de mim quando a porta do quarto do hospital se abriu. Meu rosto estava completamente vermelho, o coração acelerado e eu pude sentir o sangue pulsando em várias partes do meu corpo como nunca pulsaram antes.- O que houve? – perguntou Jayden, surpreso com minha quebra de clima.Depois, Jayden olhou para a porta, por onde minha mãe entrou. Ela disse, devagar:- Oi, Kate. Espero não estar atrapalhando...!Eu olhei para ela e pensei:“Não, imagina, não estava atrapalhando nada... a não ser, talvez, minha primeira experiência sexual de verdade...”- Não, senhora Miller – disse Jayden, dando um fora sem saber: minha mãe simplesmente odiava que a chamassem pelo sobrenome do meu pai.- Engels, por favor – disse ela, ostensivamente.- Senhora Engels...! – exclamou Jayden. Depois, ele acariciou meus cabelos castanhos com leveza e saiu do quarto, dizendo. – Volto em alguns minutos. Preciso dar uns avisos para a banda.-
Aquela semana tinha começado de um modo surpreendente. Viajei com Jayden pela primeira vez. Na verdade, eu estava mais indo para casa do que viajando em si, porém, foi muito especial. Expliquei a Jayden que não podíamos ficar nos beijando em público, por uma questão do meu pai estar desconfiado de que um namoro sairia daquela suposta relação de amizade pelo fato de eu ter salvo a vida de um artista famoso. Demos para meu pai uma desculpa de que o vocalista do Palante estava me levando para casa como uma forma de retribuir sua gratidão por mim.Eu estava achando aquilo tudo maravilhoso. Eu não podia estar mais feliz e tinha ficado “famosinha” por tabela. Demos algumas entrevistas e participei da minha primeira coletiva de imprensa, na qual fiquei encabulada com os elogios que ele despejava sobre mim sem nenhum pudor. Falava o quão corajosa eu havia sido salvando a vida dele e o quão grato ele estava por aquilo ter acontecido. Uma investigação criminal tinha começado e, como precisávamo