A cerveja não teve efeito algum. Não sonhei e tive que realizar meu trabalho sem as instruções que meu anjo negro tentara me entregar sorrateiramente em meu pesadelo, contra as regras angelicais. Eu não via Miah e Dan em lugar algum.Em minha forma angelical, eu caminhava atrás de Jayden, que passava pelos corredores dos bastidores do SoDo cumprimentando, de forma descolada, as pessoas que passavam por ele, chamando-as por seus primeiros nomes e apelidos: parecia íntimo de todos os que estavam ali. Enfim, parecia uma tarefa fácil cuidar de um sujeito famoso que vivia rodeado de pessoas que gostam dele e de seguranças. Desta forma, eu podia focar no que era mais importante para mim naquele momento: observar como era a vida de Jayden “por trás das telas”.Meu coração batia tão forte que eu achei que ele ia estourar meu peito. Além de tudo, me trazia extrema satisfação e uma felicidade inenarrável saber que, a convite dele, eu ia vê-lo no final do show para conversarmos sobre o sonho del
- E, por favor, Kate Engels, a ganhadora do Meet and Greet da rádio de Colville, me encontre no meu camarim, não estou te vendo agora, mas espero que você possa me ouvir!Ah, e como eu o ouvia! Sim, Jayden, eu estou aqui! Obviamente, não adiantava falar que eu estava ali, pois, em minha forma de anjo, ele não podia me ver. Era uma pena que eu só poderia parar de vigiá-lo depois de vinte e quatro horas...Subitamente, meu estômago deu um duplo twist carpado. Eu ia perder uma conversa íntima com o Jayden por causa disso! Não, não era possível que eu perdesse aquela oportunidade tão grande de me aproximar de Jayden e, quem sabe, beijá-lo? Podíamos até ficar juntos e, quem sabe, namorar? Um possível casamento? Meus pensamentos viajavam a mil por hora. Eu precisava dar um jeito naquilo!Jayden passou por mim após passar o som e segui atrás dele. Ele não conversou com ninguém e foi direto para o seu camarim. Eu fiquei na porta, desesperada. Ele estava sentindo ansiedade, possivelmente ansie
Minhas três primeiras músicas favoritas do Palante foram as três primeiras do show. Parecia que eu estava ganhando um grande presente de aniversário fora de época! Eu pulava e cantava junto com a banda! A performance deles ao vivo era de arrepiar!Nas pausas, entre as músicas, Jayden conversava com a plateia, que ficava completamente silente, prestando atenção a cada palavra que ele proferia. Era algo mágico! A bateria estava se destacando naquele show: sua energia emanava pelo espaço até atingir o último fã no fundo da plateia. A iluminação estava perfeita e a decoração com velas falsas, que na realidade acendiam com eletricidade, dava ao espetáculo uma aparência gótica fenomenal.Em um determinado momento entre músicas, quando Jayden estava bebendo um gole de água, alguém me segurou pelo pulso e eu olhei na direção da pessoa: era Justin. Ele estava na coxia também, não sei como ele tinha entrado ali, porque nem todos os participantes do Meet and Greet podiam acessar aquele espaço. A
Ouvi o barulho de batidas na porta e me assustei! Empurrei Jayden para longe de mim quando a porta do quarto do hospital se abriu. Meu rosto estava completamente vermelho, o coração acelerado e eu pude sentir o sangue pulsando em várias partes do meu corpo como nunca pulsaram antes.- O que houve? – perguntou Jayden, surpreso com minha quebra de clima.Depois, Jayden olhou para a porta, por onde minha mãe entrou. Ela disse, devagar:- Oi, Kate. Espero não estar atrapalhando...!Eu olhei para ela e pensei:“Não, imagina, não estava atrapalhando nada... a não ser, talvez, minha primeira experiência sexual de verdade...”- Não, senhora Miller – disse Jayden, dando um fora sem saber: minha mãe simplesmente odiava que a chamassem pelo sobrenome do meu pai.- Engels, por favor – disse ela, ostensivamente.- Senhora Engels...! – exclamou Jayden. Depois, ele acariciou meus cabelos castanhos com leveza e saiu do quarto, dizendo. – Volto em alguns minutos. Preciso dar uns avisos para a banda.-
Aquela semana tinha começado de um modo surpreendente. Viajei com Jayden pela primeira vez. Na verdade, eu estava mais indo para casa do que viajando em si, porém, foi muito especial. Expliquei a Jayden que não podíamos ficar nos beijando em público, por uma questão do meu pai estar desconfiado de que um namoro sairia daquela suposta relação de amizade pelo fato de eu ter salvo a vida de um artista famoso. Demos para meu pai uma desculpa de que o vocalista do Palante estava me levando para casa como uma forma de retribuir sua gratidão por mim.Eu estava achando aquilo tudo maravilhoso. Eu não podia estar mais feliz e tinha ficado “famosinha” por tabela. Demos algumas entrevistas e participei da minha primeira coletiva de imprensa, na qual fiquei encabulada com os elogios que ele despejava sobre mim sem nenhum pudor. Falava o quão corajosa eu havia sido salvando a vida dele e o quão grato ele estava por aquilo ter acontecido. Uma investigação criminal tinha começado e, como precisávamo
Daniel e eu deitamos em minha cama, estupefatos. Arfando, em minha forma angelical, fitei o teto do meu quarto. Eu estava me sentindo completamente satisfeita. A experiência que eu tinha tido com Daniel era indescritível. Não se parecia nada com o que tinha rolado com Jayden. Era completamente surreal. Virei meu rosto para Daniel e ele estava lá, lindo, olhando para mim.- Estamos encrencados – ele falou e começou a rir.Acompanhei a risada dele e perguntei:- Quanto tempo leva para eles descobrirem o que fizemos?- Muito menos do que levou para eu assumir que sou um rebelde – disse Daniel. – Eles estão por todos os lados, digo, os anjos que defendem o Abaddon. Existe uma conexão entre os anjos, você vai entender melhor quando virar uma de nós por inteiro.- Eu já tô inteira – eu disse, sorrindo para Daniel, beijando-o com vontade.- Eu sei – disse meu anjo negro, que retribuiu meu beijo, fazendo somente essa pausa para falar alguma coisa.Foi quando a porta do meu quarto se abriu. Jo
Justin olhou para mim, muito sério, dizendo que precisava conversar comigo. Eu sabia que este fato tinha algo a ver com os últimos acontecimentos em Seattle: até então, não tínhamos conversado. E eu não entendi porque ao invés de ele trocar para sua forma angélica, eu que tive que trocar para a minha forma humana para conversarmos. Será que ele precisava que eu não tivesse a capacidade de ouvir os anjos da guarda dele?- Oi, tudo bem? – perguntei para Justin, cínica. Ele nem havia me cumprimentado.- Não tenho tempo para isso, estou com meus dias contados aqui no plano terreno.- O que houve?Justin passou a mão nos cabelos pretos, apressadamente, e disse, tão baixo que eu quase não teria ouvido se a frase não contivesse um absurdo tamanho:- Eu sinto muito, mas minha tarefa no show do Palante era não deixar que você salvasse o Jayden.- O que!? – eu perguntei, pasma, também falando no mesmo tom baixo de Justin. – Seu trabalho era me sabotar?- Eu tentei parar você para conversar no m
No outro dia de manhã, bem cedo, eu e minha mãe nos surpreendemos com a velocidade com que minhas feridas se curaram. Nós fomos ao médico tirar os pontos enquanto Jayden dormia, totalmente apagado. Tentamos, mas, sinceramente, nem um trator conseguiria tirá-lo do lugar. Não demorou muito e voltei para casa, pronta para colocar meu primeiro plano em ação. Entrei no meu quarto e me preparei. Em alguns momentos, eu estava na sala de estar, pronta para sair. Vestia o meu vestido lindo e maravilhoso que eu estava guardando para um momento especial, carregava uma sacola de praia com toalhas e usei o perfume que eu também guardava para um momento especial. Como eu disse: nenhum momento é mais especial do que hoje, ainda mais nas circunstâncias em que eu me encontrava. Bati com os dedos no relógio e gritei, olhando lá pro alto da escada: - Jayden, vamos! Estamos atrasados! Minha mãe percebeu uma mudança clara em mim. Ela parecia feliz e muito satisfeita com isso. E eu estava animada. No fim