- Achei que você tinha um plano! – eu disse, bem indignada, tanto pelo fato da falta do plano quanto pelo fato da falta do abraço.- Eu tinha, sim, mas Luviah e Mobahel sabiam de tudo. Essa informação nova muda toda a perspectiva da resistência. E não vou ter tempo de avisar ninguém. Estão todos a postos para executar um plano que vai dar errado, pois será sabotado por dentro pelos anjos da guarda de Justin. Quer dizer... – ela parou para pensar um pouco – em partes. O que mais Justin te disse?- Ele disse que já estava morto, que caiu em uma água e bateu a cabeça numa festa, estava bêbado.- Sim. O que mais ele disse? – comentou Dan, parecendo que já sabia há muito daquela parte da história, que eu desconhecia há pouco.- Ele disse pra mim que ele achava que Abaddon queria a gente destruindo um ao outro.- Gar
Eu estava nervosa demais para conseguir viver em paz meus últimos sete dias de vida mortal. Enquanto eu visitava locais que eu queria na cidade e fazia as coisas que eu queria fazer, como terminar de ler alguns livros por exemplo, Jayden e eu estávamos organizando a festa do final de semana. Entretanto, ele estava muito irritado porque não conseguia fazer um mega show. Ele precisava da sua equipe para contratar tudo o que era necessário, palco e tudo o mais. Quanto ao resto da banda, os integrantes deram uma resposta muito desanimada, não queriam vir fazer um show gratuito numa cidade pequena como Colville. Jayden entrou em uma profusão de ódio que se tornou uma cólera irremediável. - Sabia que valorizar o comércio local é uma estratégia maravilhosa para conseguirmos fazer essa festa? – eu disse a ele, tentando acalmá-lo enquanto o vocalista estava prestes a arrancar todos os seus cabelos longos da cabeça. Determinado a fazer o show, ele mesmo foi contatando umas pessoas e até as lí
- Justin? – eu disse, no escuro. Minha voz ecoou. Não ouvi resposta. - Justin! – eu disse mais alto. Naquele breu todo, resolvi sacudir minhas asas cinzentas para ver se a escuridão sumia. Obviamente, não sumiu. Mas sabe como é, coisas estranhas acontecem quando estamos diante de uma situação dessas, então acaba que as ideias mais esquisitas podem acabar funcionando. Imaginei que Justin também iria me chamar, mas eu não ouvi nada. Comecei a andar devagar para frente, com os braços esticados diante de mim. Andei e andei, parecia que nunca chegaria a lugar nenhum, até que me senti segura para, finalmente, abrir minhas asas e voar. Possivelmente eu bateria no teto, fui devagar, mas logo percebi que não havia nada em cima de mim. - Ótimo – eu reclamei. – Daniel? Elemiah? – gritei o mais alto que eu pude. – Adnachiel? Eu estava voando e fiquei com medo de descer, pois eu não sabia o quão longe do chão eu estava e podia acabar machucando meus pés descalços. Então, tive uma ideia. Igual
- Você sabe sim, sabe porque está aqui. Pode me contar... – Adnachiel disse, me batendo de novo.- Parem com isso! – tentei me soltar. – Não sei do que estão falando!- Vocês estão contra o poder de Abaddon, não estão? – disse Adnachiel, com a voz afável.- O quê? – eu disse, perdida. Achei que o assunto ali era eu e meu teste para virar anjo ou até mesmo o incidente com o Dr. Austin, que aparentemente ninguém estava se lembrando naquele momento. Menti. – Não! Claro que não! Eu estou chegando agora, não sei de nada!- Sabe sim – disse o outro anjo, que era, na verdade, Abaddon com um feitiço de glamour, escondendo dos outros a sua verdadeira identidade de anjo caído.Foi nessa hora em que eu comecei a sentir a dificuldade daquilo tudo: eu vi Abaddon pegar um chicote idêntico ao de Adnach
O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias. https://www.cvv.org.br/ LIGUE 188 ---------- Ele terminou comigo. E eu? Bom, enquanto dirigia perdida para o norte, eu só pensava em me matar... Apesar de sempre ouvir mentalmente a voz dele, me dizendo que não era para eu fazer aquilo. Cortar os pulsos com uma tesoura ou entupir-me de remédios? Pareciam opções realmente sedutoras. Lá estava eu, próxima do fim, sentada na beira do lago May, olhando as opções de materiais com os quais eu terminaria minha jornada na terra. Era o final do verão. Isso combinava comigo: o fim da minha vida num fim de verão. Poético. Olhando pelo lado bom, eu não precisaria mais ir à aula, nem precisaria aguentar meu irmão indiferente ou meus pais me dizendo o que fazer. Não que eles me dissessem o que fazer, já há b
Enrolada em um cobertor grosso, eu estava na sala de estar da minha casa quando meu padrasto trancou a porta. As luzes da ambulância e do carro do xerife foram embora enquanto minha mãe me deu um beijo no rosto e foi até a cozinha buscar algo quente para que eu bebesse. Eu ainda sentia minhas vias respiratórias arderem da água que entrara e a garganta muito esquisita com a força da água que saíra dos meus pulmões quando o xerife terminara de me reanimar. Meu irmão acompanhou-me pelas escadas até o banheiro para que eu tomasse um banho enquanto ele separava roupas secas para mim. Ele também me deu um beijo na bochecha e me abraçou, como se a última vez que ele tivesse me visto fosse há uns trinta anos. Sozinha no banheiro, andei como se meus pés não estivessem firmes no chão. Curvei-me e abri o chuveiro para que ele pudesse ajudar a encher a banheira. Retirei a calça e a jaqueta molhadas e olhei-me refletida no espelho, de corpo inteiro. Imaginei-me com minhas asas e abracei meus próp
Novamente, eu acordei atrasada. Para variar, Carl entrara no banheiro de cima antes de mim, de modo que eu tive que usar o de baixo, cuja água era um tanto fria. Me arrumei. Jeans normal, jaqueta amarela normal e camiseta branca, como sempre. All Star no pé, caminhei até a cozinha e engoli um bolinho que minha mãe tinha feito ontem. Ela não estava ali, portanto não tive ninguém para me despedir. Abri a porta e, quando achei que tudo não passara de um sonho, lá estavam eles, me ladeando – Elemiah e Daniel, meus anjos da guarda. Achei melhor me acostumar com isso. Infelizmente, eu estava sem o Peugeot e tive que ir a pé para a escola. Não que eu não gostasse de uma boa caminhada pela manhã, mas eu estava cansada pela minha morte de ontem e tal. Os anjos estavam silenciosos caminhando ao meu lado, quando eu tive aquela divina ideia... - O que quer que esteja tramando, a resposta é não – disse Daniel. Ele sempre estava carrancudo quando falava, parecia estar constantemente com uma pedra
Naquela manhã eu senti um cheiro bom no ar. Era comida feita em casa? Eu estava deitada em minha cama, com o sol da manhã batendo em meu rosto. Mas o cheiro era de almoço. Agora sim eu estava em apuros: atrasadíssima para a escola. Ainda bem que o primeiro horário era matemática e o professor não estava. Quem sabe eu conseguiria chegar a tempo das aulas após o almoço? Eram dez da manhã. Peguei minha mochila, ajeitei mais ou menos meu cabelo e percebi que eu estava com uma camisola. Soltei a mochila, peguei uma calça e uma blusa de frio de moletom, correndo para a sala. Minha mãe me olhou, abismada: - Kate? - Mãe! Você não tem que trabalhar? Eu estou atrasada para a escola! - Kate, você está de atestado até a semana que vem. Você está com febre ainda, volte para a cama! - Mãe, o que aconteceu!? – quando ela disse aquilo, eu realmente me senti mal. - Você teve uma crise nervosa. No meio dos exames, você desmaiou de sono e acordou só agora. O médico fez perguntas e disse que foi devi