DANNA PAOLA MADERO Foi tudo tão maravilhoso que parecia um sonho. Mas acordei com leves sacudidas no meu ombro e a voz do John ao longe me chamando. — Você precisa acordar... — Que? — Murmurei ainda sonolenta enquanto esfregava os olhos com força. Aos poucos percebi que estava deitada no sofá da sala, enrolada em um lençol. — Vai se vestir e dormir. Precisamos acordar cedo amanhã. — Ele dizia em tom baixo, enquanto vasculhava meu rosto meio grogue. — Anram... Por que? Ele sorriu misterioso e colocou uma mecha do meu cabelo atras da orelha. — Amanhã nos casamos e na próxima semana estaremos indo embora para o Kansas. Engoli em seco assustada com a velocidade que as coisas tomaram. Era exatamente isso que eu queria, ter algo com o John e ir embora para longe desse lugar. Só não pensava que tudo viria assim de uma vez. E meu casamento com ele deveria ser por amor e não conveniência. Mas era o que estava me servindo no momento, então aceitaria sim! Com isso de
DANNA PAOLA MADEROSorri relaxada ao ouvir suas palavras. No caminho para a surpresa, John e eu íamos conversando sobre a cidade, era impressionante como a conhecia em cada cantinho da capital imensa, ele me contou que conseguiu através do seu trabalho como motorista. Depois de passar por muitas ruas iguais paramos em frente um pequeno hotel de faixada colorida e familiar. Fomos pelo estacionamento e pegamos um elevador que levava direto ao quarto. O lugar era adorável, aconchegante bem decorado com itens que logo percebi serem temáticos mexicanos. — Não acredito que fez isso! — Soltei uma gargalhada gostosa como há tempos não fazia. Ele me acompanhou rindo e seus olhos brilharam. Veio e passou um braço pela minha cintura enquanto a outra mão deslisou pelo meu queixo e apertou o pescoço sem aplicar força.— Tudo por você esposa. Sorri feliz. Íamos nos beijar quando alguém bateu na porta. Bufei chateada com a intromissão. — Deve ser sua outra surpresa. Aposto que vai gostar. —
DANNA PAOLA MADEROSe eu disse que não sentia medo, estaria mentindo. Na verdade, eu cairia dura no chão se não fosse pelo John segurando com firmeza minha cintura o tempo inteiro, sendo como um pilar. Estávamos no aeroporto, prestes a embarcar, nosso plano simples consistia em algo clássico que daria super certo: eu usaria um chapéu, óculos de grau e roupas largas. John estava normal, e carregávamos Elise como se fosse nossa filha. Esme estava furiosa, e sem querer concordar com o plano nos fuzilava de longe. Incapaz de conseguir me controlar, olhava para todas as direções, minhas mãos agarravam Elise como um salva vida, seu cheirinho infantil me acalmava um pouco. — Que demora dos infernos... — John murmurou irritado, ele também parecia nervoso, mas tentava esconder. — John! — Fiz sinal com a cabeça para lembra-lo da criança no meu colo. Ele fez uma pequena careta e desviou o olhar. Pouco tempo depois disso, nosso voo para o Estados Unidos foi chamado. Quase soltei um grito de
DANNA PAOLA MADEROA tensão dos dois dias seguintes fora horrível, sufocante. Esme, em busca de segurança, foi passar um tempo com uma amiga e a pequena Elise. John, precisava sair para trabalhar e eu ficava o tempo inteiro escondida no terraço, rezando para que ninguém aparecesse e me tirasse do que eu considerava uma vida quase perfeita. Por piedade da minha santinha, ninguém apareceu no apartamento. Ao fim dos dois dias, meus novos documentos foram entregues e pudemos finalmente viajar. Assim que o avião pousou em solo americano no Kansas, minha alma fez uma dancinha da vitória. O sorriso nunca fora tão sincero e feliz. Queria gritar para o mundo inteiro ouvir o som da minha liberdade. — Daqui para frente vamos construir um futuro juntos. — John beijou o topo da minha cabeleira de forma carinhosa e fez o mesmo na irmã que por incrível que pareça, sorria também. Pegamos um táxi, passamos o endereço da casa nova escrito em um papel meio amassado. Enquanto estávamos no carro, os
"Dedico esse livro para aqueles que tiveram um amor que é como uma flor nascendo em meio aos espinhos." DANNA PAOLA MADERO 18 anos, é a idade dos sonhos de todos os jovens cheios de energia e coisas a realizar, e também era o meu caso. Meu aniversário havia sido comemorado pela minha família e amigos com uma grande festa há mais ou menos dois meses, foi a primeira vez que meu pai deixou que eu tomasse alguma bebida com álcool, confesso que depois do segundo copinho de tequila, eu já estava zonza e sorridente, mas que se dane, eu estava feliz! Aquele era o dia da minha formatura no ensino médio. Eu estava eufórica, em fevereiro do próximo ano, meu pai me mandaria para cursar administração em Harvard, nos Estados Unidos. Por isso meu inglês era impecável, mal via a hora de poder sair da minha cidade em que nasci, cresci e nunca tinha botado os pés para fora. Meu pai era maravilhoso comigo, arrisco dizer que o melhor do mundo, mesmo sendo um narcotraficante, o El Rey del trá
DANNA PAOLA MADERO Senti uma dor aguda na cabeça, e a escuridão vazia me tomou. Tenho certeza que tudo não passou de um ou dois minutos, mas eu me lembro dessa parte como se fosse um filme. Recobrei a consciência não sei quanto tempo depois parecendo que dormi por dias. Abri devagar os olhos. O corpo inteiro doída. Especialmente minha cabeça e intimidade que latejavam quase no mesmo ritmo. O frio se alojou em meus ossos e os pelos se arrepiaram. Percebi nesse momento que estava nua deitada no chão e com correntes pesadas e grosseiras nos pulsos e tornozelos. Olhei em volta com o coração batendo em câmera lenta. Por quê estou nua? Que lugar é esse? Por que minha intimidade dói tanto? A cabeça dava voltas sem chegar a uma clara conclusão. O lugar era pequeno, claustrofóbico e escuro, apenas parcialmente iluminado por uma luz que vinha de fora pelas frestas da porta fechada. Ai minha Santa Guadalupe que lugar é esse?! — Papi? Miguel? — a voz saiu como um ba
DANNA PAOLA MADERO O ar faltou e minha mente se tornou enevoada. Levantei um pouco a cabeça para o lado a tempo de não sufocar com o próprio vômito. Queria que a imundice do meu corpo saísse toda assim. — M-meu pai... Meu pai pode dar o dinheiro que você quiser. — Consegui dizer com a voz rouca enquanto tentava limpar a boca do liquido fétido e azedo. O homem riu alto. — Eu quem dei o dinheiro que ele queria. — O que quer... — não consegui terminar a frase. O que ele insinuava era impossível. Simplesmente impossível. Eu não ia acreditar em um qualquer, e sim nos 18 anos de vida que tive ao lado do meu pai. — Ah por favor, não se assuste, é da natureza da sua família. — Não! É mentira! — balbuciei várias vezes como uma louca. — Acha que eu conseguiria tira-la dele assim tão fácil? Se ele mesmo não facilitasse o serviço? — Pensei nos muitos homens que me protegiam, lembrei do carro que vinha sempre atrás de nós quando saíamos de casa, e dessa vez, não sei
JOHN BACKER Eu havia acabado de conseguir um emprego como segurança em uma boate londrina: Luxury Hell. Pertencente à Paul Linse. Não sei muito sobre o cara, o que de verdade, não me importa, nunca tinha ido àquela boate, nem se quisesse, era uma das mais famosas da cidade, contendo prostitutas de luxo com direito e suíte master, bebidas e entorpecentes dos melhores. Contudo, nada disso me deixava animado a ir trabalhar naquele lugar. Mentira. Imagina viver dentro do "inferno de luxo"? Eu vou me esbaldar de sexo, modéstia à parte, sei que não preciso de dinheiro para conseguir isso de qualquer mulher, sempre me considerei expertise em conquista, nenhuma resistia a mim e ao meu charme bruto. Às vezes era difícil conseguir um emprego bom por conta de ter uma ficha criminal nada bonita de se ver, não que eu seja um criminoso, mas tenho duas ou três passagens pela polícia: uma apreensão de roubo em flagrante e uma tentativa de homicídio, e a outra nem lembro já que estava chapado