DANNA PAOLA MADEROSorri relaxada ao ouvir suas palavras. No caminho para a surpresa, John e eu íamos conversando sobre a cidade, era impressionante como a conhecia em cada cantinho da capital imensa, ele me contou que conseguiu através do seu trabalho como motorista. Depois de passar por muitas ruas iguais paramos em frente um pequeno hotel de faixada colorida e familiar. Fomos pelo estacionamento e pegamos um elevador que levava direto ao quarto. O lugar era adorável, aconchegante bem decorado com itens que logo percebi serem temáticos mexicanos. — Não acredito que fez isso! — Soltei uma gargalhada gostosa como há tempos não fazia. Ele me acompanhou rindo e seus olhos brilharam. Veio e passou um braço pela minha cintura enquanto a outra mão deslisou pelo meu queixo e apertou o pescoço sem aplicar força.— Tudo por você esposa. Sorri feliz. Íamos nos beijar quando alguém bateu na porta. Bufei chateada com a intromissão. — Deve ser sua outra surpresa. Aposto que vai gostar. —
DANNA PAOLA MADEROSe eu disse que não sentia medo, estaria mentindo. Na verdade, eu cairia dura no chão se não fosse pelo John segurando com firmeza minha cintura o tempo inteiro, sendo como um pilar. Estávamos no aeroporto, prestes a embarcar, nosso plano simples consistia em algo clássico que daria super certo: eu usaria um chapéu, óculos de grau e roupas largas. John estava normal, e carregávamos Elise como se fosse nossa filha. Esme estava furiosa, e sem querer concordar com o plano nos fuzilava de longe. Incapaz de conseguir me controlar, olhava para todas as direções, minhas mãos agarravam Elise como um salva vida, seu cheirinho infantil me acalmava um pouco. — Que demora dos infernos... — John murmurou irritado, ele também parecia nervoso, mas tentava esconder. — John! — Fiz sinal com a cabeça para lembra-lo da criança no meu colo. Ele fez uma pequena careta e desviou o olhar. Pouco tempo depois disso, nosso voo para o Estados Unidos foi chamado. Quase soltei um grito de
DANNA PAOLA MADEROA tensão dos dois dias seguintes fora horrível, sufocante. Esme, em busca de segurança, foi passar um tempo com uma amiga e a pequena Elise. John, precisava sair para trabalhar e eu ficava o tempo inteiro escondida no terraço, rezando para que ninguém aparecesse e me tirasse do que eu considerava uma vida quase perfeita. Por piedade da minha santinha, ninguém apareceu no apartamento. Ao fim dos dois dias, meus novos documentos foram entregues e pudemos finalmente viajar. Assim que o avião pousou em solo americano no Kansas, minha alma fez uma dancinha da vitória. O sorriso nunca fora tão sincero e feliz. Queria gritar para o mundo inteiro ouvir o som da minha liberdade. — Daqui para frente vamos construir um futuro juntos. — John beijou o topo da minha cabeleira de forma carinhosa e fez o mesmo na irmã que por incrível que pareça, sorria também. Pegamos um táxi, passamos o endereço da casa nova escrito em um papel meio amassado. Enquanto estávamos no carro, os
DANNA PAOLA MADERO— Por quem? — Continuei questionando curiosa. John puxou um sorriso de lado. — Por você. Sorri aliviada e bati no braço dele. — Eu não conto. Nunca teve outra mulher? Segurou minhas mãos e as beijou, me encarando de forma firme. — Sempre foi você. — Por que tão tarde? Você já é meio velho para só ter se apaixonado agora... — Velho?! — Fingiu estar ofendido e mordeu meu pescoço como punição. Ri alto abafando o som com as mãos. — Não, não era...— Minha mãe traia meu pai. — Me interrompeu e soltou com a voz sombria quando pensei que não teria outra resposta. — Minha mãe também nos deixou por outro homem. — Ela morreu em um acidente ao tentar fugir com o amante que no caso era o cunhado, irmão do meu pai. — Seu olhar se tornou mais sombrio ainda. Eu e minha boca grande...— Sinto muito. — Murmurei e deitei novamente em seu peito, agora como uma forma de conforta-lo. — Por isso, até antes de você, as mulheres só me serviam para aliviar o tesão e... — Coloqu
DANNA PAOLA MADERO Amedrontada, ignorei toda e qualquer coisa que estivesse sentindo e me agachei no chão para apanhar as frutas vermelhas e roliças. — Eu disse que você é fraca! — Se agachou e também veio catar as maçãs. Levemente irritada, a respondi áspera: — Esse é meu primeiro dia e isso foi um acidente. A senhora não me conhece o suficiente para me julgar apenas pela minha estrutura corporal. — Embora eu realmente estivesse mais magra que o normal ultimamente, meu apetite havia diminuído drasticamente. A mulher parou por uns estantes com os olhos estreitos e enrugados, fixos nos meus. Podia jurar que iria arremessar na minha testa uma das maçãs que apertava nas mãos até os dedos grossos ficarem brancos. Pensei que ia a ouvir gritar comigo como a vi fazer com o neto, mas não. Ela continuou catando o que faltava. Em silencio, a ajudei a terminar, e no fim, levantei e desatei o nó do avental. — Para onde vai? Acabei de perceber o obvio também, que aquele trabalho não
DANNA PAOLA MADEROInexplicavelmente, tive uma crise de riso das boas, as gargalhadas histéricas e estranhas. Não era possível!Na verdade, era sim. Meu sorriso foi morrendo na boca, à medida que me dei conta de que era casada, e tinha uma vida sexual ativa, então poderia ser verdade, agora eu precisava confirmar.Os dois me olhavam como se eu fosse louca. Caindo em si, voltei a seriedade e tentei convencer Rose do pouco que sabia sobre gravidez, que aquilo não me parecia uma doença, eu ainda poderia ficar.— Rose, se for verdade, eu não vejo problema nenhum eu continuar a trabalhar. — Mas eu vejo. Você é fraca demais, com um filho na barriga então... — Bela desculpa. — Murmurei e passei por eles magoada. Já ia pisar o pé na calçada quando a senti segurar meu braço. Sem dizer nada mirei seu rosto mais vermelho que o normal, os olhos marejados. Foi a primeira vez que a vi assim. Enfiou a mão no bolso e depositou na minha um maço de dinheiro. — Não preciso...— Precisa. Não é c
ESME BACKER No mundo, só havia duas coisas que amava mais que eu mesma: Elise e John. Eu tinha tudo que uma garotinha poderia sonhar em ter: uma família que me amava e venerava. Meu pai era um pouco duro conosco, mas entendiamos sua caranca de sempre, era por causa das dores crônicas nos joelhos, isso não o deixava mais correr pelo jardim brincando comigo, John e nossos primos. Minha mãe era minha fada madrinha, uma mãe e dona de casa exemplar. Porém ela destruiu tudo quando decidiu que seria uma boa ideia tranzar com o irmão do próprio marido. E tem meu irmão mais velho, John. Eu o amo tanto que chega a doer. Não quero que nada e nem ninguém o tire de mim! Ele sempre me protegeu, esteve comigo em todos os momentos da minha vida. E quando Elise nasceu, o apego com John triplicou. O pai dela quando soube da gravidez quis assumir a menina, mas eu preferi afasta-lo mentindo que a criança havia morrido ainda no útero. Eu queria que o meu John fosse o pai dela, que a amasse e c
JOHN BACKER Minha vida estava mudada não dava para negar. Se alguém, quem quer que fosse ou sei lá, uma vidente, tivesse me dito que aconteceria essas coisas comigo, eu riria na cara dela. Pois bem, estou eu aqui casado e prestes a ser pai! Depois que saímos de solo inglês, notei que a sombra de tensão que estava sempre sobre os ombros da Paola, finalmente se foi. Deixando apenas uma jovem cheia de alegria. Eu a amava muito. Faria loucuras por ela, inclusive deixaria minha irmã para seguir a vida sozinho em paz com ela e meu filho (a). Esme havia se tornado insuportável, e depois do dia que me descontrolei e lhe dei um tapa no rosto, ela passou a tratar a cunhada melhor, ou pelo menos fingia na minha presença. Por sorte, assim que cheguei na cidade nova, consegui arranjar um emprego numa área que gostava e entendia o suficiente para ser facilmente contratado. Depois de três meses de trabalho na oficina mecânica como ajudante, fui promovido a mecânico. Meu salário triplicou