Juliana teve que perguntar a várias enfermeiras até finalmente descobrir em qual quarto Lorenzo estava internado.Pegou o elevador até o sétimo andar. Quando o elevador parou no quinto, ela deu de cara com Tatiane.A maquiagem dela ainda estava impecável e, comparada à última vez em que Juliana a vira, parecia até mais centrada.Ver Juliana ali, no hospital, a deixou visivelmente surpresa.Tatiane rapidamente disfarçou qualquer emoção fora do lugar e falou com uma voz cuidadosamente controlada:— Srta. Juliana... Veio ao hospital por...Havia uma pontinha de provocação na pergunta.O que exatamente ela estava tentando sondar, só ela mesma sabia.Juliana lançou um olhar calmo e direto na direção dela. Depois de um segundo de silêncio, arqueou levemente os lábios num sorriso contido:— O que eu vim fazer no hospital... Não diz respeito à Srta. Tatiane, certo?A frase, à primeira vista, soava inofensiva.Mas, aos ouvidos de Tatiane, pareceu um tapa na cara.Seu rosto ficou tenso por dois
Por culpa, Gabriel transferiu a maior parte dos bens do Grupo Souza para o nome de Lorenzo.Chegou a declarar que tudo o que um dia pertenceu à família Souza agora era de Lorenzo.E quanto a Alexandre...Se fosse por Gabriel, bastava arrumar qualquer cargo dentro do Grupo Souza para ele, o suficiente pra não morrer de fome, e só.Lorenzo nunca teve a menor intenção de desperdiçar tempo com dramas familiares.Em relação à mãe e ao filho, Alexandre, ele apenas colocou alguém para monitorar discretamente. Nunca tomou uma atitude direta.Mas justamente essa postura passiva acabou servindo de combustível para a ambição daquela mulher.Ela queria tudo.Queria que o Grupo Souza inteiro pertencesse ao filho dela.E, para isso acontecer de forma natural... Lorenzo precisava sair do caminho.Sair de tudo.Ou seja: morrer.Lorenzo sabia que ela era perigosa. Mas não imaginava que seria cruel a ponto de mandar matar alguém.Uma raiva avassaladora tomou conta do peito dele.Cerrou o punho com tanta
Meia hora depois.Quem chegou primeiro foi Gustavo.Com dois galos enormes na testa e aquele rosto bonito coberto por uma expressão fechada, o jeito como se aproximou a passos largos era... Simplesmente cômico.Na memória de Juliana, a última vez que o vira tão acabado assim tinha sido no ensino médio, naquela vez em que ele saiu em sua defesa.Ela tinha sido assediada e ameaçada por uns valentões de um colégio vizinho, e Gustavo, sozinho, foi tirar satisfação.Quando finalmente o encontrou, ele estava coberto de hematomas.Talvez tenha sido ali que os sentimentos de Juliana por ele começaram a acelerar com força.Ela cresceu em um ambiente onde os pais eram severos, rígidos ao extremo. Nunca, ninguém havia arriscado nada por ela.Se fosse pra dizer de forma direta, era carência.Uma migalha de afeto de alguém já bastava para ganhar sua confiança inteira.Barato, né?Mais tarde, Juliana entendeu.Por que a gente precisa buscar segurança nos outros?Ela podia ser a própria base. O própr
Ele tinha certeza de uma coisa: nunca amara Viviane.Não sentia que devia nada àquele relacionamento.Apenas... Cometera o erro que muitos homens cometem.Enquanto Gustavo mergulhava nesse transe de autojustificativa, Juliana, naturalmente, entrelaçou o braço no de Bruno.Ela lançou um sorriso leve para Gustavo e disse, com um tom quase brincalhão:— Então, no nosso casamento, você não pode faltar.Havia algo no jeito de Juliana que despertava em Maia um tipo de satisfação difícil de explicar.Ser chamada de "titia" pelo ex... Só de imaginar a cena já dava um certo prazer.— Você não faria isso. — Disse Gustavo, com firmeza.A Juliana que ele conhecia jamais agiria daquela forma.Mas, no olhar dele, uma dor silenciosa passou como um relâmpago. Bruno percebeu.Seus olhos escureceram levemente, e ele entrelaçou os dedos nos de Juliana, apertando com força.Quando voltou a encarar Gustavo, havia um traço sutil de provocação no olhar.— E por que não? Você me conhece tão bem assim? — Julia
Três dias depois.Juliana voltou para o Brasil junto com Bruno.Vitor até queria ter ido com eles, mas não conseguiu resistir à pressão de Vinícius.Acabou ficando, com uma carinha de quem havia sido traído pelo destino.No fim das contas, aquele papo de “folga especial para assistir aos jogos no exterior”... Era uma armadilha! Uma grande conspiração!E ele, tão inocente, caiu direitinho.Tão puro, tão fácil de enganar.Na hora da despedida, os olhos do garoto até se avermelharam.No avião.Juliana só ativou o modo avião depois de responder à última mensagem de Lorenzo.Com a ajuda de Vinícius, o episódio da "perseguição sobre rodas" acabou sendo muito mais fácil de resolver.Para Lorenzo, foi praticamente esforço mínimo, resultado máximo.Todos os envolvidos foram presos, agora, era só esperar as autoridades brasileiras virem buscá-los para serem julgados.Juliana embolsou, feliz da vida, um valor de oito dígitos.Mas, como de costume, diante de um dinheiro que chegava fácil demais, d
Do lado de fora do aeroporto, já havia alguém esperando por eles.Eram pessoas enviadas pela família Costa.Bruno, sempre cortês, abriu a porta do carro para Juliana:— Ju, entra. A gente conversa melhor no caminho.Dentro do carro, o aquecedor estava ligado no ponto certo.As mãos e os pés gelados começaram, aos poucos, a recuperar o calor.Bruno falou com calma:— Minha irmã vai se divorciar do Lucas.Lucas.O pai biológico de Gustavo e Bianca.E também o cunhado de Bruno.Juliana não ficou particularmente surpresa com aquela revelação.Desde que Joana começara a sondá-la sobre assuntos sentimentais, ela já suspeitava que havia algo errado no casamento da outra.E, naquele momento, só havia uma razão capaz de fazer Joana tomar uma decisão tão definitiva:Lucas a havia traído.Anos e anos vivendo em cidades diferentes, cada um imerso em sua própria carreira, era quase um milagre que ainda fossem casados.No máximo, se viam uma ou duas vezes por ano.O contato diário era praticamente i
A voz chegou antes da dona.— Lucas!O chamado agudo e cristalino se aproximava rapidamente.Logo depois, uma mulher de estatura baixa entrou correndo pela porta da frente.Os cabelos pretos e sedosos caíam naturalmente sobre os ombros.Os traços eram delicados, a pele, extremamente clara.À primeira vista, ela não chamava tanta atenção.Bonita? Sim. Mas nada de tirar o fôlego.Era essa a amante do Lucas?Será que ele tinha perdido completamente o senso estético?Comparar aquela mulher com Joana era quase ofensivo.Uma era uma mulher comum; a outra, herdeira de uma das famílias mais tradicionais da elite.Era como se Lucas fosse um porco do mato recusando arroz refinado!— Vani, o que você tá fazendo aqui, hein? Eu não te pedi pra ficar quietinha me esperando? — Disse Lucas, num tom de repreensão suave, quase carinhoso.O olhar dele... Era puro afeto.Lucas tinha cinquenta anos, mas, graças a anos de atividade física, mantinha o corpo forte e a postura jovem.Poderia facilmente passar
Joana respirou fundo e caminhou até Bruno.Fez um leve gesto com a cabeça, pedindo que ele recuasse.— Deixa comigo. Eu mesma resolvo.Sua voz era baixa, contida.Mas o cansaço em seu olhar era impossível de esconder.Nos últimos três dias, ela mal dormira quatro horas por noite.E mesmo quando adormecia, o coração disparava e ela acordava sobressaltada, como se tivesse caído num pesadelo sem fim.Agora, cada nervo do seu corpo estava em estado de alerta. E doía.Ela parou de frente para Lucas.Ele ainda segurava Vanessa em seus braços, protetor.E o sorriso que se formou nos lábios de Joana... Tinha algo de melancolia. Algo de derrota.— Lucas.Chamou o nome dele com uma calma que assustava.Antes que Lucas respondesse, Vanessa se adiantou, encolhendo o corpo timidamente:— Sra. Joana...Joana lançou um olhar frio na direção dela.— Eu te chamei?A sala inteira pareceu congelar por um instante.Vanessa empalideceu no ato.Não chegou a chorar, mas fez um biquinho, como quem se sentia i