Todos os meses, Gustavo depositava uma mesada fixa para Juliana.Além disso, tinha dado a ela um cartão black sem limite.Mas, quando terminaram, Juliana devolveu tudo. Cada centavo. Sem sequer tocar no dinheiro.Aquilo deixou Gustavo inquieto por muito tempo.E agora... Justo agora...Será que ela estava tentando arrancar grana?— Se não quer pagar, volta pro teu carro. — Disse ela, com o mesmo tom frio de sempre. — Só que um aviso: você não vai conseguir chegar lá de novo.“E essa frase ajudou exatamente em quê?”— Um milhão. — Disse ele, seco.— Três milhões. — Rebateu Juliana, sem piscar.Gustavo franziu o cenho.— Dois milhões.Juliana destravou a porta com um “clique” satisfeito.— Fechado.Lorenzo, assistindo tudo de camarote: ...“Essa mulher não tem limites.”Gustavo entrou no banco de trás. Juliana, por consideração ao pagamento adiantado, lançou uma dica:— Coloca o cinto.Depois da performance anterior dela ao volante, ele não precisou de segunda chamada.Apertou o cinto e
O celular de Juliana estava no modo silencioso.Quando o aparelho começou a vibrar em sua mão, Gustavo lançou um olhar rápido para ela, que dirigia com foco total na estrada.Com o coração apertado, ele recusou a chamada discretamente.— A senha são seis meia.Só então Juliana percebeu que ainda não tinha contado a senha para Gustavo. Quando falou os números, foi como se cravasse uma estaca gelada direto no coração dele.Era como se milhares de agulhas de prata, finas e frias, atravessassem cada centímetro do seu peito.A dor apertava o peito dele de um jeito sufocante.Antes, todas as senhas de Juliana tinham a ver com ele.Ou era a data de nascimento dele, ou o dia em que começaram a namorar.E mais: Gustavo sempre teve acesso total ao celular dela. A senha da tela, os aplicativos, as contas, tudo ficava ao alcance dele, sem precisar pedir.Juliana nunca teve segredos com ele.Mas agora...Ela tinha mudado a senha.No passado, ele achava essas coisas bobas demais. Chegou a brigar com
— Nome?— Juliana Moreira.— Por que você invadiu a delegacia com o carro?A pergunta fez Juliana hesitar por um instante. Quando a policial loira, de olhos azuis, lançou um olhar firme em sua direção, Juliana respondeu com um leve sorriso:— E se eu disser que confundi o acelerador com o freio... Você acreditaria?Derrubar a cancela da entrada da delegacia fazia parte do plano de Juliana.Ela não fazia ideia de quem eram aqueles homens que os perseguiam. Se fossem ligados a alguém poderoso, cair direto numa delegacia podia muito bem ser uma armadilha.Mas... Danificar patrimônio público era outra história.No fim das contas, quem ia arcar com os prejuízos não era ela. Era o Lorenzo.E Gustavo...Bem, Gustavo só estava no lugar errado, na hora errada. Não dava pra culpar ela por isso.Juliana respondeu uma série de perguntas até que Vinícius e os outros finalmente chegaram, encerrando o interrogatório.Foi então que Vitor entrou na sala, correndo e visivelmente desesperado. Segurou os
Juliana teve que perguntar a várias enfermeiras até finalmente descobrir em qual quarto Lorenzo estava internado.Pegou o elevador até o sétimo andar. Quando o elevador parou no quinto, ela deu de cara com Tatiane.A maquiagem dela ainda estava impecável e, comparada à última vez em que Juliana a vira, parecia até mais centrada.Ver Juliana ali, no hospital, a deixou visivelmente surpresa.Tatiane rapidamente disfarçou qualquer emoção fora do lugar e falou com uma voz cuidadosamente controlada:— Srta. Juliana... Veio ao hospital por...Havia uma pontinha de provocação na pergunta.O que exatamente ela estava tentando sondar, só ela mesma sabia.Juliana lançou um olhar calmo e direto na direção dela. Depois de um segundo de silêncio, arqueou levemente os lábios num sorriso contido:— O que eu vim fazer no hospital... Não diz respeito à Srta. Tatiane, certo?A frase, à primeira vista, soava inofensiva.Mas, aos ouvidos de Tatiane, pareceu um tapa na cara.Seu rosto ficou tenso por dois
Por culpa, Gabriel transferiu a maior parte dos bens do Grupo Souza para o nome de Lorenzo.Chegou a declarar que tudo o que um dia pertenceu à família Souza agora era de Lorenzo.E quanto a Alexandre...Se fosse por Gabriel, bastava arrumar qualquer cargo dentro do Grupo Souza para ele, o suficiente pra não morrer de fome, e só.Lorenzo nunca teve a menor intenção de desperdiçar tempo com dramas familiares.Em relação à mãe e ao filho, Alexandre, ele apenas colocou alguém para monitorar discretamente. Nunca tomou uma atitude direta.Mas justamente essa postura passiva acabou servindo de combustível para a ambição daquela mulher.Ela queria tudo.Queria que o Grupo Souza inteiro pertencesse ao filho dela.E, para isso acontecer de forma natural... Lorenzo precisava sair do caminho.Sair de tudo.Ou seja: morrer.Lorenzo sabia que ela era perigosa. Mas não imaginava que seria cruel a ponto de mandar matar alguém.Uma raiva avassaladora tomou conta do peito dele.Cerrou o punho com tanta
Meia hora depois.Quem chegou primeiro foi Gustavo.Com dois galos enormes na testa e aquele rosto bonito coberto por uma expressão fechada, o jeito como se aproximou a passos largos era... Simplesmente cômico.Na memória de Juliana, a última vez que o vira tão acabado assim tinha sido no ensino médio, naquela vez em que ele saiu em sua defesa.Ela tinha sido assediada e ameaçada por uns valentões de um colégio vizinho, e Gustavo, sozinho, foi tirar satisfação.Quando finalmente o encontrou, ele estava coberto de hematomas.Talvez tenha sido ali que os sentimentos de Juliana por ele começaram a acelerar com força.Ela cresceu em um ambiente onde os pais eram severos, rígidos ao extremo. Nunca, ninguém havia arriscado nada por ela.Se fosse pra dizer de forma direta, era carência.Uma migalha de afeto de alguém já bastava para ganhar sua confiança inteira.Barato, né?Mais tarde, Juliana entendeu.Por que a gente precisa buscar segurança nos outros?Ela podia ser a própria base. O própr
Ele tinha certeza de uma coisa: nunca amara Viviane.Não sentia que devia nada àquele relacionamento.Apenas... Cometera o erro que muitos homens cometem.Enquanto Gustavo mergulhava nesse transe de autojustificativa, Juliana, naturalmente, entrelaçou o braço no de Bruno.Ela lançou um sorriso leve para Gustavo e disse, com um tom quase brincalhão:— Então, no nosso casamento, você não pode faltar.Havia algo no jeito de Juliana que despertava em Maia um tipo de satisfação difícil de explicar.Ser chamada de "titia" pelo ex... Só de imaginar a cena já dava um certo prazer.— Você não faria isso. — Disse Gustavo, com firmeza.A Juliana que ele conhecia jamais agiria daquela forma.Mas, no olhar dele, uma dor silenciosa passou como um relâmpago. Bruno percebeu.Seus olhos escureceram levemente, e ele entrelaçou os dedos nos de Juliana, apertando com força.Quando voltou a encarar Gustavo, havia um traço sutil de provocação no olhar.— E por que não? Você me conhece tão bem assim? — Julia
Três dias depois.Juliana voltou para o Brasil junto com Bruno.Vitor até queria ter ido com eles, mas não conseguiu resistir à pressão de Vinícius.Acabou ficando, com uma carinha de quem havia sido traído pelo destino.No fim das contas, aquele papo de “folga especial para assistir aos jogos no exterior”... Era uma armadilha! Uma grande conspiração!E ele, tão inocente, caiu direitinho.Tão puro, tão fácil de enganar.Na hora da despedida, os olhos do garoto até se avermelharam.No avião.Juliana só ativou o modo avião depois de responder à última mensagem de Lorenzo.Com a ajuda de Vinícius, o episódio da "perseguição sobre rodas" acabou sendo muito mais fácil de resolver.Para Lorenzo, foi praticamente esforço mínimo, resultado máximo.Todos os envolvidos foram presos, agora, era só esperar as autoridades brasileiras virem buscá-los para serem julgados.Juliana embolsou, feliz da vida, um valor de oito dígitos.Mas, como de costume, diante de um dinheiro que chegava fácil demais, d