Joana se forçou a manter a compostura e respondeu com firmeza:— Não precisa se preocupar com isso. O que você precisa agora é focar na sua recuperação. Quanto ao Lucas, vou pedir pro Guto tentar ligar pra ele de novo.Bruno não insistiu.Em vez disso, fez uma sugestão ponderada:— A Ju é profissional nesse tipo de situação, mana. Você podia conversar com ela.Joana ficou em silêncio por um momento.— Você tá mesmo completamente perdido.“Sério… Com tudo o que estava acontecendo, ele ainda arrumava tempo pra fazer propaganda da Juliana?”Bruno, por outro lado, parecia até satisfeito.Com a voz baixa e um olhar tranquilo, soltou:— Se for para me perder na Ju, que seja com gosto.Enquanto isso...Viviane tinha passado a noite inteira do lado de fora, despejando a raiva em tudo ao redor mas a fúria dentro dela ainda não dava sinal de trégua.Estava à beira da loucura.Ligara incontáveis vezes para Gustavo. No início, ele ainda atendia. Depois...[O número chamado está em ligação. Por fav
Alguns dias se passaram em total calmaria.O ferimento de Bruno já começava a cicatrizar bem e, finalmente, naquela manhã, o médico trouxe a notícia que todos esperavam: ele já podia voltar para casa e continuar a recuperação por lá.Mas, antes de liberá-lo, o médico lançou um olhar significativo para Juliana e recomendou:— Tente se controlar um pouco... Evite qualquer atividade física mais intensa, tá bom?Todos ali eram adultos. Ninguém precisava de legenda.A indireta ficou clara como o sol.Juliana ficou muda.Sério mesmo?Será que ela tinha cara de quem não sabe se controlar?Às vezes, ela achava que o problema do mundo era as pessoas terem boca.Se ninguém falasse besteira, metade dos conflitos simplesmente não existiria.Não muito longe, Rafaela observava a cena.Aquela manhã, ela aparecera sozinha. O marido, Henrique, precisou resolver algo urgente na empresa.Mas, como de costume, antes de sair, ele mandou uma mensagem:[Não esquece de almoçar direitinho. Me manda foto, hein.
A câmera do celular de Juliana ainda estava virada para trás.Mas aquela frase simples de Bruno “Amor… quero te ver” fez algo se agitar dentro dela.Como uma pedra lançada num lago tranquilo, criando pequenas ondas que se espalhavam silenciosamente.Sem responder de imediato, Juliana ouviu de novo a voz dele, agora mais baixa, mais suave:— Amor...Num impulso, ela encerrou a chamada às pressas.— Sr. Bruno, já tá tarde. Preciso dormir. Boa noite.Nem esperou resposta.Dois toques curtos.WhatsApp fechado.Bruno ficou olhando fixamente para a tela da conversa.Seus lábios se comprimiram devagar.Pensativo.“Teria exagerado?”Mas... Ele nem tinha dito nada demais.Ainda assim, registrou mentalmente:“Na próxima vez, menos intensidade. Não posso assustar a Ju.”Na manhã seguinte.Juliana dormiu até acordar naturalmente, sem despertador.Ao pegar o celular, viu uma enxurrada de mensagens não lidas.Primeiro, respondeu Isabella, perguntando em qual cidade do país A ela estava hospedada.De
Vitor levantou o queixo com arrogância e soltou um riso debochado.— Cuida da sua vida, tá legal? Comigo por perto, você não vai chegar nem a três metros da Ju!Na cabeça dele, a missão era clara: proteger Juliana daquele exemplo do que não fazer chamado Gustavo.Os pais já tinham avisado: “Gustavo era o típico cara que comia do prato... e ainda ficava de olho na panela. E olha que a tal panela já estava toda lascada! Sem gosto, sem graça, e ainda insistia. Que falta de critério!”Vitor batia no peito, orgulhoso:— Eu? Ser igual a você? Nunca!Se é para ter referência de homem, que seja o Bruno!Carisma, postura, respeito... O pacote completo.Antes de embarcar, Vitor fez questão de contar tudo para Bruno.Mensagem enviada com a moral lá em cima:[Vitor: Bruno, relaxa! Enquanto eu estiver aqui, o Gustavo não chega nem perto da Ju!][Vitor: Canalha tem que ficar no lugar dele. A Ju jamais vai reciclar lixo.]No avião, Vitor ainda fez questão de pedir à comissária um assento com vista pr
As palavras de Juliana atingiram Isabella como um raio em céu limpo, partindo sua alma em duas.Ela ficou completamente atônita, jamais imaginaria que Juliana seria capaz de dizer aquilo. — Como você sabe disso? — Escapou de seus lábios, num impulso, sem pensar.Juliana apenas assentiu, com um olhar tranquilo, quase previsível como quem já sabia o que ouviria.— Antes de virmos para o País A, fiz uma leitura de tarô para vocês dois. As cartas me revelaram essa informação.Desde o ensino médio, Juliana tinha fascínio por tarô. Era do tipo que passava horas em fóruns, estudando sozinha, aprendendo tudo que podia.Mais tarde, ao se tornar terapeuta de relacionamentos, o tarô virou uma ferramenta essencial em seu trabalho. E suas leituras eram incrivelmente precisas noventa e nove por cento de acerto.Isabella apertava os dedos com força, tentando conter a ansiedade. As sobrancelhas, antes franzidas, começaram a se suavizar aos poucos.Três minutos depois, respirou fundo e falou com calm
— Eu realmente gostava, é verdade… Mas depois desse reencontro, parece que aquele arrepio no coração, aquela emoção, simplesmente desapareceu. — Disse Isabella, com um tom leve, como se finalmente tivesse aceitado isso. Ela sorriu mais uma vez. — Talvez fosse só o orgulho da juventude. Eu não queria aceitar que tinha perdido.Juliana concordou com um aceno de cabeça.— Você resumiu bem.O que a gente não tem sempre parece mais bonito.Mas, quando a pessoa finalmente aparece de novo... Talvez o coração já tenha mudado.Ela não insistiu no assunto. Respeitava as escolhas de Isabella.Dez minutos se passaram.Vitor apareceu correndo, completamente ofegante. A neve ainda se derretia nos fios do seu cabelo, e o suor escorria leve pela testa.— Ju! — Gritou, alto, chamando a atenção de quem estava por perto.Os olhos dele brilhavam de empolgação enquanto se jogava no banco ao lado de Juliana.Isabella o viu pela primeira vez.Aquela energia contagiante, espontânea, a pegou de surpresa.Julia
Sob a neve que caía sem trégua, um homem desceu do banco traseiro do carro, vestindo um sobretudo preto que contrastava com o branco ao redor.Alto, imponente, sua simples presença impunha uma pressão silenciosa, quase palpável.Vitor saiu correndo como um foguete.— Irmão! — Gritou, cheio de entusiasmo.Apesar de terem quase a mesma altura e feições com uns 70 ou 80% de semelhança, as auras deles não poderiam ser mais diferentes.Vitor ainda carregava a leveza da juventude. Perto de Vinícius, parecia apenas um garoto brincando de ser adulto.— Sim. — Respondeu Vinícius, com um leve aceno de cabeça, enquanto seus olhos passavam por Vitor e pousavam em Juliana, que se aproximava a passos firmes.O rosto dela, familiar, o fez ficar atônito por um instante.Juliana tomou a iniciativa, mantendo a educação de sempre:— Sr. Vinícius.Ele então despertou do breve transe. Seus olhos, escuros e profundos, esconderam qualquer traço de emoção nas sombras de um olhar indecifrável.— Srta. Juliana,
Tatiane Martins foi a primeira a se levantar, chamando-o com entusiasmo.Estava prestes a puxar conversa com Vitor quando viu Juliana entrando logo atrás. O sorriso radiante em seus lábios se desfez instantaneamente.Vinícius acenou com a cabeça em direção a ela, cumprimentando-a de maneira breve.Antes que ele tivesse a chance de puxar a cadeira, Vitor foi mais rápido e, com toda a educação, fez um gesto para que Juliana se sentasse primeiro.— Ju, se senta aqui!O entusiasmo do garoto era contagiante. Tatiane observou a cena por alguns segundos, até que seu sorriso voltou, embora mais contido, quase forçado.Vinícius acomodou-se ao lado dela.Por um momento, o ambiente ficou silencioso. Quase solene.Tatiane quebrou o gelo:— Prazer, eu sou a Tatiane, amiga do seu irmão. Ouço ele falar de você o tempo todo.Vitor, sempre espontâneo, respondeu com um sorriso largo:— Tatiane, nada de formalidade! Pode me chamar só de Vitor!Tatiane então apresentou a jovem ao seu lado:— Essa é a Sabr