O nome Bruno, na boca daquele grupo ali, era quase sagrado.Distante. Intocável.Acima de todos eles.E agora…O que Raul tinha acabado de ouvir?Juliana é esposa do Bruno?!Era piada.Tinha que ser.Um surto coletivo.Devia ser mais uma encenação da Juliana, cheia de orgulho, talvez com a ajuda do Paulo, tentando montar um teatrinho barato pra salvar as aparências.Raul simplesmente não conseguia aceitar.A garota que ele sempre tratou como invisível, descartável, a filha de mentira...Agora era esposa do homem mais poderoso que ele já conheceu?Era como ver uma fênix surgindo das cinzas e voando acima de todos.Um verdadeiro tapa sem mão.Maia, que tinha ficado para trás, cruzou os braços e lançou um olhar de puro desprezo na direção de Raul.— Ué… Ainda não entendeu? — Disse, com a voz carregada de ironia. — A Ju agora é nora da família Mendes.Ela se aproximou um passo e completou, com gosto:— Então faz um favor, toda vez que for falar com ela, trate com o respeito que ela merece.
— Laura, você tá tentando abusar dele enquanto ele tá inconsciente?A voz repentina fez Laura puxar a mão de volta no reflexo, um arrepio subindo pela espinha.Ela virou o rosto e viu Juliana afastando a cortina com uma das mãos, entrando no quarto.O rosto bonito e gelado trazia um sarcasmo impossível de ignorar. Cabelos negros, pele clara como neve, inconfundível.Laura mordeu os lábios, tomada pela inveja.— Não vem me caluniar! Eu só vim ver o Bruno! — E, como se não bastasse, ainda virou o jogo. — E você? O que tá fazendo escondida no quarto dele, hein?! Quem quer abusar do Bruno é você, Juliana! E ainda tem a cara de pau de me acusar!Juliana já conhecia esse tipo de teatro, gente que faz a sujeira e tenta jogar a culpa nos outros.A mesma sensação de descrença. A mesma vontade de rir.Na verdade, ela riu mesmo.Ergueu uma sobrancelha, com desdém:— Abusar do meu próprio marido? Laura, você tem certeza do que tá falando?A verdade é que Bruno estava consciente o tempo todo.Conse
Vitor achava que já tinha explicado tudo direitinho, agora o Hildo ia entender, né?Mas tudo que ouviu de volta foram duas palavras secas:— E daí?Agora foi Vitor que travou.— Ué… Como assim “e daí”? A Ju é a esposa do Bruno, então é normal ela chamar ele de marido. — Dito isso, ele deu uns passinhos pra trás, garantindo uma distância segura, e só então assumiu aquele ar de irmão mais velho entendido da vida, falando com um tom todo professoral. — Irmão, você tá sendo muito quadrado. Tem que acompanhar as tendências da galera jovem!A testa de Hildo chegou a se contrair, reflexo claro da irritação que ele tentava conter.— Vitor!O garoto saiu correndo antes que o irmão pudesse dizer mais alguma coisa.E deixou só o eco da voz no ar:— Estou indo pro hospital, tá? Te vira aí, irmão!Aquele moleque nunca dava um minuto de sossego.Enfim.Depois de resolver tudo que precisava na delegacia, Hildo pegou o carro e saiu sozinho em direção ao hospital.Ao mesmo tempo...A polícia já havia c
Ninguém sabia ao certo quando Bruno tinha acordado.O rosto seguia pálido, quase sem cor, e os olhos escuros encaravam Vitor com um olhar frio, direto... E totalmente desperto.Vitor levou um baita susto, daqueles de dar nó na espinha.— Bru... Bruno... Você tá acordado esse tempo todo e nem avisou?!Parecia cena de filme de terror!Ainda bem que ele não tinha problema no coração… Senão já estava a caminho da UTI também.Bruno baixou os olhos e tossiu duas vezes. O esforço fez a dor da ferida se intensificar, deixando-o ainda mais pálido, quase translúcido.Juliana se aproximou rapidamente e apoiou a mão com cuidado no peito dele, tentando acalmá-lo.— Tá doendo muito?A voz dela, fria como de costume, dessa vez trazia uma nota suave de preocupação.E Bruno... Simplesmente amava isso.Com a voz rouca, ele respondeu:— Um pouco. Mas não se preocupe.Juliana apertou o botão de chamada ao lado da cama. Poucos minutos depois, Paulo apareceu com a equipe médica.Ela e Vitor saíram do quarto
Sarah estava completamente fora de si, gritando feito uma louca para cima dos dois.O rosto, sem um pingo de vaidade há pelo menos duas semanas, deixava à mostra os sinais da idade, pele marcada, traços contorcidos pela raiva.Cadê a dama da alta sociedade? Nem sombra.Naquele dia, era Viviane quem a acompanhava no hospital, pra mais um retorno médico. Na última consulta, Sarah tinha desmaiado de tanto ódio, e o médico descobriu um nódulo no seio, recomendou exames regulares.Só não imaginava topar com uma bomba dessas logo hoje.Carolina… Não era filha de Joaquim.E Sarah, aquela superprotetora, ia engolir isso calada?Nem em sonho.Arrastou Viviane pelos corredores do hospital até encontrar Larissa. E, sem dar chance de reação a ninguém, chegou estalando a mão na cara dela.Raul estava de lado, com o rosto fechado. Abaixou o tom, mas a voz saiu firme e grave:— Sarah! Já deu!— Deu?! Raul, você tá mesmo defendendo o filho da amante?! Já esqueceu quem salvou a sua família quando a Rod
O som seco de um tapa cortou o ar, intensificando ainda mais o clima carregado de tensão e ódio que dominava o ambiente.Exceto por Juliana e Maia, quase todos ficaram boquiabertos com a atitude inesperada.Viviane, a atingida, levou a mão ao rosto, completamente atônita.Sua expressão oscilava entre indignação e incredulidade, enquanto o rosto ia ficando marcado por tons de vermelho e roxo. A dor ardida da pancada vinha acompanhada de uma humilhação esmagadora.Larissa saiu do torpor e chamou, hesitante:— Ju...Juliana soltou a mão de Larissa com um gesto calmo, quase preguiçoso. O olhar era frio, distante, como se estivesse diante de algo irrelevante.— De nada. Considere um presente… Massagem facial grátis.Da boca de quem agia como cachorro, Juliana nunca esperou pérolas. E, na visão dela, quem escolhia se comportar assim merecia exatamente o tratamento que recebia.Viviane sempre fora desse jeito.Talvez mimada pelos pais e pelo irmão, mas Juliana? Ela não era de passar pano. Nun
Juliana lançou um olhar de canto para o rosto bonito de Felipe, pensativa por um breve instante.Mas não disse nada.Logo voltou sua atenção para o quarteto tumultuado à sua frente.Raul, claramente incomodado, ergueu a mão num impulso, mas parou no último segundo. Não teve coragem de seguir adiante.Foi nesse exato momento que uma enfermeira apareceu, acompanhada de dois seguranças. Com uma expressão dura e firme, ela não mediu palavras:— Eu não quero saber dos problemas de vocês, nem de mágoas ou brigas familiares. Aqui é um hospital! Pacientes precisam de paz, acompanhantes precisam descansar. Se quiserem brigar, façam isso lá fora. Caso contrário, vou ser obrigada a chamar a direção e retirar todos vocês daqui.Hospitais eram lugares de cuidado, não de confronto.Ela já vinha observando a confusão de longe, e estava mais do que claro: era a tal família do senhor Raul que estava atacando a mãe da criança. Absurdo!Sarah ficou indignada. Já era humilhante engolir a insolência de Ju
Enquanto isso...No quarto de Bruno.Depois de terminar os exames, Paulo dispensou os demais e puxou uma cadeira, sentando-se ao lado do leito com um suspiro cansado.— Bruno, dessa vez, faz o favor de não sair correndo por aí. Fica quieto e se recupera direito. Senão, quando sua esposa fugir com outro, só vai te restar bater o pé feito criança mimada.A ferida insistia em reabrir. Paulo precisava admitir, Bruno era, no mínimo, teimoso até o limite da loucura.Como médico, ele sempre falava sem rodeios, direto ao ponto, sem açúcar nem exagero.Ainda mais nesse caso. A área atingida já era delicada por si só. Se a recuperação fosse lenta ou malfeita, o risco de uma sequela permanente era alto. E ele, Paulo, não ia carregar esse peso nas costas.Recebeu como resposta apenas um olhar gélido. Nada fora do comum vindo de Bruno.Aproveitando o momento, deu um resumo rápido da confusão envolvendo Larissa.Também não sabia dos detalhes, mas seu instinto dizia que havia um escândalo monumental