Juliana manteve a expressão impassível, mas por dentro, quase riu.Ela digitou a resposta:[Você mesma disse que ele é sua ex. Então, com quem ela está ou deixa de estar já não é mais seu problema.][Sugestão: não se meta onde não é chamada.]Na noite anterior, na adega da família Costa, Juliana usou Bruno para provocar Gustavo ao máximo. Ela disse, sem rodeios, que ele teria que chamá-la de “tia”.Para alguém tão orgulhoso como Gustavo, suportar essa humilhação era simplesmente impossível. Ele ficou tão irritado que nem conseguiu jantar.Depois disso, sem sequer consultar o Sr. Michel ou os outros, decidiu, por conta própria, que iria se casar com Viviane. Claro que…Havia uma boa dose de birra nessa decisão.[Ela não pode ficar com o meu tio!]Só de pensar que, no futuro, ao encontrá-los, teria que chamar a ex-namorada de “tia”, Gustavo sentia um nó apertado no peito. A imagem de Juliana beijando Bruno ainda estava vívida em sua mente. Tão vívida que…Até nos seus sonhos ele revi
— Isso não tem nada a ver com a Vivi. — Finalmente, Gustavo falou.Ele continuou a virar copos, um após o outro, com o olhar sombrio e perigoso, afastando qualquer um que ousasse se aproximar. O barulho ao redor parecia abafado, como se ele estivesse mais sozinho ali, no meio de uma multidão, do que se estivesse em um quarto trancado.Alexandre acompanhou algumas rodadas de bebida.De repente, ouviu Gustavo perguntar:— Alexandre, e se sua ex começasse a namorar com seu tio?O raciocínio de Alexandre travou na hora.Ex? Tio? Namorando?— Gustavo, você está bêbado? Que besteira é essa que tá falando...— Responde.O tom de ordem fez Alexandre engolir o resto da frase.— Se minha ex ficasse com o meu tio? — Ele riu, debochado. — Eu ia rir até cair no chão! Meu tio é viciado em jogo e mulher. Se ela fosse atrás dele, estaria se humilhando sozinha. Arranjar alguém pior do que eu? Isso só faria dela uma piada eterna!Maia transferiu os cem mil para a conta de Juliana.[Maia: Ju, você fez m
— Amiga, você tem velas em casa?Sob a luz forte do sensor, o jovem se destacava pela postura alta e esbelta, a pele morena e saudável, e os traços faciais ainda imaturos, mas já sugerindo o potencial de se tornar um encantador perigoso. Nos seus olhos negros, uma leve inquietação era visível, e seus dedos estavam apertados, com as articulações ficando brancas.Juliana desviou o olhar rapidamente. — O prédio tem atendimento 24 horas. Se houver falta de energia, é só ligar para eles.Diante do homem batendo à sua porta no meio da noite, Juliana manteve-se alerta, sem baixar a guarda. Ela deu um passo atrás, pronta para fechar a porta, quando, de repente, o jovem caiu no chão com um estrondo, de bruços.Juliana ficou chocada.Seria o novo vizinho tentando enganá-la?Ela rapidamente ligou para a emergência e se abaixou para virar o jovem. Colocando o dedo indicador perto do nariz dele, percebeu uma respiração quente e fraca. Ele ainda estava vivo.Juliana suspirou aliviada.Ela então
Vítor se forçou a bater na porta de Juliana, mas, debilitado, acabou desmaiando de fraqueza.Será que a assustou?Pouco acostumado a refletir sobre suas próprias ações, sentiu uma pontada de arrependimento.Ao despertar, afastou o cobertor e tentou se levantar, mas uma mão firme o empurrou de volta para a cama.— Bruno? — Confuso, ergueu o olhar. — Ela não veio.Três palavras foram o suficiente para deixá-lo abatido, como uma flor murcha ao sol escaldante.Bruno, sem demonstrar muita emoção, perguntou:— Você já a conhecia antes?— Não, foi a primeira vez que a vi hoje. — Após responder, Vítor coçou a cabeça, intrigado. — Mas tive uma sensação estranha... Como se já a conhecesse.Nem ele mesmo sabia explicar o motivo.Mais tarde, quando seu assistente chegou, Bruno finalmente se despediu.No celular, havia uma mensagem de Juliana.[Ele está bem?][Sim, foi só uma crise de hipoglicemia.]Só então Juliana suspirou, aliviada.Ela teve uma noite de sono tranquila. Ao acordar, percebeu qu
Juliana franziu a testa, sentindo-se completamente confusa.— Juliana, a família Rodrigues nunca te deixou faltar nada! Comida, roupas, tudo! Como você tem a ousadia de fazer isso?!A voz do outro lado da linha estava carregada de fúria, uma raiva prestes a explodir.Diante do computador, Joaquim encarava a tela, os olhos fixos na linha de tendência que despencava sem parar. As têmporas latejavam.Os últimos dias tinham sido um inferno.Antes mesmo do escândalo de Simão vir à tona, a empresa já estava na mira de ataques. Primeiro, vazaram informações estratégicas. Depois, começaram a surgir funcionários-chave sendo recrutados pela concorrência.E, por fim, veio a bomba: Simão.Os produtos que ele promovia foram completamente rejeitados pelo público. Os clientes exigiam reembolso imediato. Ninguém queria ter seu nome associado a um traidor.Diziam que confiar em algo promovido por um canalha trazia azar para a vida...Que absurdo!Assumir os negócios da família já era um desafio e tan
Os dois acabaram trocando contatos.Um jovem de dezoito anos, era uma verdadeira bola de energia.Todos os dias, encontrava diversos motivos para puxar conversa com ela, e quando descobriu que Juliana conhecia Bruno... Aí ficou impossível segurar a curiosidade.[Ju, como você conheceu o Bruno?][Ju, me conta, vai~ Eu sei um segredinho sobre ele.][Juro que é bombástico!]Um segredo sobre Bruno?Juliana não podia negar: Vítor tinha conseguido fisgá-la direitinho.Ela sabia pouquíssimo sobre Bruno e, por mais que tentasse, não encontrava quase nada sobre ele na internet.[Eu e o Bruno nem somos tão próximos assim. A primeira vez que nos vimos foi quando fui fazer intercâmbio no exterior.]Ela não estava mentindo.Acomodada na poltrona, digitou calmamente.[Agora é sua vez. Qual é o segredo dele?][O Bruno tá quase fazendo trinta anos e nunca namorou. Sabe por quê?]Juliana arqueou a sobrancelha.[Ele gosta de homens?]Assim que leu a mensagem, Vítor praticamente saltou da cama, assustado
Maia: [Foto][Ju, dá uma olhada. Esse aí não é o seu pai adotivo?]Juliana franziu a testa e ampliou a imagem.A foto foi claramente tirada às escondidas, com iluminação precária. Sob a luz fraca de um poste, dava para ver vagamente a silhueta de um homem.Ele estava abraçado a uma mulher, bem próximos.[Onde você tirou essa foto?][Fui buscar um documento no escritório hoje à noite. Quando saí, vi um casal agindo de forma suspeita. O cara me parecia familiar.]Juliana compreendeu na hora.Somando isso ao que ela tinha ouvido escondida do lado de fora do escritório... Não restavam mais dúvidas.Raul estava traindo há anos.Ela salvou a foto e começou a pensar na melhor maneira de expor tudo.A família Rodrigues a maltratou por tantos anos. Se dissesse que não guardava rancor, estaria sendo hipócrita.Juliana nunca se considerou uma santa. Para ela, dívida se pagava na mesma moeda.Não havia absolutamente nada naquela família que merecesse sua consideração.Nem mesmo Joaquim, que antes
Paulo, com toda sinceridade, buscava conselhos com Bruno.Bruno ficou sem palavras.Ele não deveria ter vindo esta noite.Definitivamente.Bruno soltou um suspiro discreto e respondeu com indiferença:— Eu sempre digo a mim mesmo, ela não vai se casar com o Gustavo.E era a verdade.Desde que descobriu que Juliana era a noiva de seu sobrinho, Bruno mandou investigá-la minuciosamente.Naquela época, ele já tinha percebido o sutil vínculo entre Gustavo e Viviane.Uma universitária pobre, sem qualquer antecedente, de repente se tornando amiga do herdeiro da família Costa?Não fazia o menor sentido.Agora, os fatos apenas confirmavam suas suspeitas.— Por que você tem tanta certeza? Mesmo que ela não se case com seu sobrinho, ela pode acabar se casando com outra pessoa, né? — Paulo estreitou os olhos.Alguém como Juliana, tão bonita e brilhante, nunca ficaria sem pretendentes.Se não fosse por sua tendência a se apaixonar cegamente, provavelmente já teria tido centenas de namorados.Bruno