Os dois acabaram trocando contatos.Um jovem de dezoito anos, era uma verdadeira bola de energia.Todos os dias, encontrava diversos motivos para puxar conversa com ela, e quando descobriu que Juliana conhecia Bruno... Aí ficou impossível segurar a curiosidade.[Ju, como você conheceu o Bruno?][Ju, me conta, vai~ Eu sei um segredinho sobre ele.][Juro que é bombástico!]Um segredo sobre Bruno?Juliana não podia negar: Vítor tinha conseguido fisgá-la direitinho.Ela sabia pouquíssimo sobre Bruno e, por mais que tentasse, não encontrava quase nada sobre ele na internet.[Eu e o Bruno nem somos tão próximos assim. A primeira vez que nos vimos foi quando fui fazer intercâmbio no exterior.]Ela não estava mentindo.Acomodada na poltrona, digitou calmamente.[Agora é sua vez. Qual é o segredo dele?][O Bruno tá quase fazendo trinta anos e nunca namorou. Sabe por quê?]Juliana arqueou a sobrancelha.[Ele gosta de homens?]Assim que leu a mensagem, Vítor praticamente saltou da cama, assustado
Maia: [Foto][Ju, dá uma olhada. Esse aí não é o seu pai adotivo?]Juliana franziu a testa e ampliou a imagem.A foto foi claramente tirada às escondidas, com iluminação precária. Sob a luz fraca de um poste, dava para ver vagamente a silhueta de um homem.Ele estava abraçado a uma mulher, bem próximos.[Onde você tirou essa foto?][Fui buscar um documento no escritório hoje à noite. Quando saí, vi um casal agindo de forma suspeita. O cara me parecia familiar.]Juliana compreendeu na hora.Somando isso ao que ela tinha ouvido escondida do lado de fora do escritório... Não restavam mais dúvidas.Raul estava traindo há anos.Ela salvou a foto e começou a pensar na melhor maneira de expor tudo.A família Rodrigues a maltratou por tantos anos. Se dissesse que não guardava rancor, estaria sendo hipócrita.Juliana nunca se considerou uma santa. Para ela, dívida se pagava na mesma moeda.Não havia absolutamente nada naquela família que merecesse sua consideração.Nem mesmo Joaquim, que antes
Paulo, com toda sinceridade, buscava conselhos com Bruno.Bruno ficou sem palavras.Ele não deveria ter vindo esta noite.Definitivamente.Bruno soltou um suspiro discreto e respondeu com indiferença:— Eu sempre digo a mim mesmo, ela não vai se casar com o Gustavo.E era a verdade.Desde que descobriu que Juliana era a noiva de seu sobrinho, Bruno mandou investigá-la minuciosamente.Naquela época, ele já tinha percebido o sutil vínculo entre Gustavo e Viviane.Uma universitária pobre, sem qualquer antecedente, de repente se tornando amiga do herdeiro da família Costa?Não fazia o menor sentido.Agora, os fatos apenas confirmavam suas suspeitas.— Por que você tem tanta certeza? Mesmo que ela não se case com seu sobrinho, ela pode acabar se casando com outra pessoa, né? — Paulo estreitou os olhos.Alguém como Juliana, tão bonita e brilhante, nunca ficaria sem pretendentes.Se não fosse por sua tendência a se apaixonar cegamente, provavelmente já teria tido centenas de namorados.Bruno
[Ainda não.][Estou na delegacia agora.]Juliana se sentou na cama de um pulo.Delegacia?Ela trocou rapidamente o pijama, vestiu um casaco e saiu apressada.O vento lá fora estava gelado, e quando Juliana finalmente chegou, já haviam se passado trinta minutos.O local estava bem iluminado.Desde o incidente com Lorena, os policiais já conheciam o rosto de Juliana.Bonita e competente.Ela foi direto procurar Elder.— Sr. Elder.Juliana manteve-se ereta, os olhos percorrendo rapidamente o ambiente. Mas não viu Bruno em lugar nenhum.Na verdade, nem sabia ao certo por que tinha ido até ali.Bruno não a havia chamado. Apenas disse que estava na delegacia.E, no entanto, ela veio correndo.— Veio procurar o Bruno? Ele está na sala de descanso… — Perguntou Elder.Na sala de descansoFábio rangia os dentes enquanto desinfetava os ferimentos.Um dos olhos estava inchado e roxo, e havia um corte no canto da boca.O dorso de suas mãos tinha vários arranhões, e o sangue seco formava crostas esc
Juliana ficou confusa.Se fosse só Fábio brigando, ela até entenderia.Mas por que Bruno... também tinha se envolvido na confusão? Na concepção dela, a palavra "impulsivo" jamais poderia ser associada a Bruno.Como se lesse seus pensamentos, Bruno enfatizou com calma:— Foi legítima defesa.Enquanto falava, ergueu ligeiramente o braço, revelando os arranhões avermelhados no antebraço.O olhar de Juliana foi imediatamente atraído para as marcas, e uma leve ruga de preocupação se formou em sua testa.Bruno notou cada detalhe de sua reação.Seus lábios se curvaram levemente, e ele comentou com naturalidade:— Não dói.Fábio ficou sem palavras.“Espera aí, amigo, Juliana nem perguntou se estava doendo ou não. Por que você já tá se explicando desse jeito?”Ver esse lado de Bruno era uma experiência nova para Fábio.Ele o encarou com surpresa, como se estivesse conhecendo uma pessoa completamente diferente.Abriu a boca para dizer algo, mas o olhar gelado de Bruno fez com que ele recuasse i
Bianca estava completamente suada.As mãos, escondidas atrás das costas, se entrelaçavam nervosamente, tomada por uma inquietação extrema.Se soubesse que seu tio Bruno estava aqui, ela jamais teria vindo, nem mesmo para pagar a fiança de sua melhor amiga!— Tio Bruno, isso deve ser um mal-entendido! Me deixe explicar!Ela começou a procurar na cabeça alguma desculpa plausível.Mas Fábio era mestre em desmontar desculpas esfarrapadas.Ele saiu da sala de descanso em um segundo, com os braços cruzados e um olhar cínico.— Explicar é o mesmo que esconder. E esconder é o mesmo que inventar história. Bianca, olha só o tipo de gente que você chama de amigo!Afinal, ela era a herdeira da família Costa. Como tinha conseguido se desviar tanto do caminho certo?Aqueles caras, com tatuagens baratas, sem educação alguma, soltando palavrões a cada frase…Só de olhar, Fábio já se sentia sujo.E Bianca não só os chamava de amigos, como ainda vinha pagar fiança por eles?!Quem estava louco aqui? Bian
Dado o quanto Bianca a odiava, era certo que, depois de passar raiva, ela ficaria ainda mais descontrolada.Juliana não via necessidade de ir até lá servir de saco de pancadas.Logo depois, ouviu vagamente o som do choro de Bianca, misturado com o estalo de um tapa.Só quando Fábio e Bruno entraram na sala de descanso, ela desligou a tela do celular e se levantou.— Juliana, está tudo resolvido. — Disse Fábio.— Seu rosto... Você está bem? — Juliana olhou para ele.Os hematomas roxos e azulados eram prova de que quem havia batido não teve nenhuma consideração.Fábio percebeu o olhar frio de Bruno e teve um estalo.— Juliana, eu só tive alguns arranhões, nada demais! Mas o Bruno, sim! — Ele apontou dramaticamente para o outro. — Não se deixe enganar pelo jeito tranquilo dele, com certeza ele sofreu lesões internas!Às vezes, era melhor quando certas pessoas simplesmente ficavam de boca fechada.Fábio aproveitou a oportunidade para dar uma de cupido e, sem hesitar, pegou a única chave do
Juliana ficou momentaneamente paralisada. Por um instante, ela forçou um sorriso tranquilo e respondeu:— Eu considero o senhor Bruno como meu amigo. Não é normal se preocupar com um amigo?Seu rosto parecia inabalável, mas suas palmas estavam úmidas de suor. A presença de Bruno era sufocante, principalmente dentro do espaço apertado do carro. Rapidamente, Juliana baixou o vidro da janela. O vento da noite entrou, trazendo um pouco de alívio.— É mesmo? — Ela ouviu Bruno perguntar de volta. O tom dele era enigmático, tornando impossível decifrar suas intenções. Juliana sequer teve coragem de encará-lo diretamente. Ela se esforçou para afastar pensamentos confusos e acenou afirmativamente.— Sim. — Por fim, temendo que sua resposta soasse rígida e criasse um clima desconfortável, Juliana decidiu devolver a pergunta no mesmo tom que ele costumava usar. — Ou será que o senhor Bruno não me considera como amiga?Bruno percebeu a tentativa de fuga e captou cada detalhe de sua inquietação.