[Ainda não.][Estou na delegacia agora.]Juliana se sentou na cama de um pulo.Delegacia?Ela trocou rapidamente o pijama, vestiu um casaco e saiu apressada.O vento lá fora estava gelado, e quando Juliana finalmente chegou, já haviam se passado trinta minutos.O local estava bem iluminado.Desde o incidente com Lorena, os policiais já conheciam o rosto de Juliana.Bonita e competente.Ela foi direto procurar Elder.— Sr. Elder.Juliana manteve-se ereta, os olhos percorrendo rapidamente o ambiente. Mas não viu Bruno em lugar nenhum.Na verdade, nem sabia ao certo por que tinha ido até ali.Bruno não a havia chamado. Apenas disse que estava na delegacia.E, no entanto, ela veio correndo.— Veio procurar o Bruno? Ele está na sala de descanso… — Perguntou Elder.Na sala de descansoFábio rangia os dentes enquanto desinfetava os ferimentos.Um dos olhos estava inchado e roxo, e havia um corte no canto da boca.O dorso de suas mãos tinha vários arranhões, e o sangue seco formava crostas esc
Juliana ficou confusa.Se fosse só Fábio brigando, ela até entenderia.Mas por que Bruno... também tinha se envolvido na confusão? Na concepção dela, a palavra "impulsivo" jamais poderia ser associada a Bruno.Como se lesse seus pensamentos, Bruno enfatizou com calma:— Foi legítima defesa.Enquanto falava, ergueu ligeiramente o braço, revelando os arranhões avermelhados no antebraço.O olhar de Juliana foi imediatamente atraído para as marcas, e uma leve ruga de preocupação se formou em sua testa.Bruno notou cada detalhe de sua reação.Seus lábios se curvaram levemente, e ele comentou com naturalidade:— Não dói.Fábio ficou sem palavras.“Espera aí, amigo, Juliana nem perguntou se estava doendo ou não. Por que você já tá se explicando desse jeito?”Ver esse lado de Bruno era uma experiência nova para Fábio.Ele o encarou com surpresa, como se estivesse conhecendo uma pessoa completamente diferente.Abriu a boca para dizer algo, mas o olhar gelado de Bruno fez com que ele recuasse i
Bianca estava completamente suada.As mãos, escondidas atrás das costas, se entrelaçavam nervosamente, tomada por uma inquietação extrema.Se soubesse que seu tio Bruno estava aqui, ela jamais teria vindo, nem mesmo para pagar a fiança de sua melhor amiga!— Tio Bruno, isso deve ser um mal-entendido! Me deixe explicar!Ela começou a procurar na cabeça alguma desculpa plausível.Mas Fábio era mestre em desmontar desculpas esfarrapadas.Ele saiu da sala de descanso em um segundo, com os braços cruzados e um olhar cínico.— Explicar é o mesmo que esconder. E esconder é o mesmo que inventar história. Bianca, olha só o tipo de gente que você chama de amigo!Afinal, ela era a herdeira da família Costa. Como tinha conseguido se desviar tanto do caminho certo?Aqueles caras, com tatuagens baratas, sem educação alguma, soltando palavrões a cada frase…Só de olhar, Fábio já se sentia sujo.E Bianca não só os chamava de amigos, como ainda vinha pagar fiança por eles?!Quem estava louco aqui? Bian
Dado o quanto Bianca a odiava, era certo que, depois de passar raiva, ela ficaria ainda mais descontrolada.Juliana não via necessidade de ir até lá servir de saco de pancadas.Logo depois, ouviu vagamente o som do choro de Bianca, misturado com o estalo de um tapa.Só quando Fábio e Bruno entraram na sala de descanso, ela desligou a tela do celular e se levantou.— Juliana, está tudo resolvido. — Disse Fábio.— Seu rosto... Você está bem? — Juliana olhou para ele.Os hematomas roxos e azulados eram prova de que quem havia batido não teve nenhuma consideração.Fábio percebeu o olhar frio de Bruno e teve um estalo.— Juliana, eu só tive alguns arranhões, nada demais! Mas o Bruno, sim! — Ele apontou dramaticamente para o outro. — Não se deixe enganar pelo jeito tranquilo dele, com certeza ele sofreu lesões internas!Às vezes, era melhor quando certas pessoas simplesmente ficavam de boca fechada.Fábio aproveitou a oportunidade para dar uma de cupido e, sem hesitar, pegou a única chave do
Juliana ficou momentaneamente paralisada. Por um instante, ela forçou um sorriso tranquilo e respondeu:— Eu considero o senhor Bruno como meu amigo. Não é normal se preocupar com um amigo?Seu rosto parecia inabalável, mas suas palmas estavam úmidas de suor. A presença de Bruno era sufocante, principalmente dentro do espaço apertado do carro. Rapidamente, Juliana baixou o vidro da janela. O vento da noite entrou, trazendo um pouco de alívio.— É mesmo? — Ela ouviu Bruno perguntar de volta. O tom dele era enigmático, tornando impossível decifrar suas intenções. Juliana sequer teve coragem de encará-lo diretamente. Ela se esforçou para afastar pensamentos confusos e acenou afirmativamente.— Sim. — Por fim, temendo que sua resposta soasse rígida e criasse um clima desconfortável, Juliana decidiu devolver a pergunta no mesmo tom que ele costumava usar. — Ou será que o senhor Bruno não me considera como amiga?Bruno percebeu a tentativa de fuga e captou cada detalhe de sua inquietação.
— Então, acho que morar aqui está ótimo. Para ser sincero, eu também gosto muito da Juliana.Bruno se virou lentamente, seus olhos se fixando em Vítor, que ainda vestia pijama.Por trás das lentes, seu olhar afiado se estreitou perigosamente. — O que?Vítor, sempre expansivo, não percebeu a súbita tensão no ar.Abriu a geladeira, pegou duas garrafas de água mineral e voltou com a mesma naturalidade de antes. — Desde a primeira vez que vi a Juliana, senti uma afinidade instantânea. Parece que já a conheço há anos.O sentimento de Vítor por Juliana era bem diferente do de Bruno.Ele apenas queria estar próximo dela, o que explicava seu jeito caloroso e espontâneo de interagir nos últimos dias. No fundo, agia assim sem nem perceber.Com Juliana, Vítor era um livro aberto. Falava tudo o que lhe vinha à mente, desde as fofocas da alta sociedade até os assuntos internos da família Moreira.Mesmo tendo visto Juliana menos de três vezes, ele já agia como se fossem amigos de longa data, sem
— Juliana se arrumou tão bem para sair hoje… Tem algo errado!Ao ouvir isso, Bruno virou levemente o rosto, lançando um olhar de soslaio para Vítor. Seus olhos frios brilharam por um instante antes de voltarem à serenidade habitual.— Você está sendo paranoico.Juliana já era naturalmente bela. Mesmo sem maquiagem, chamava a atenção por onde passava.Bruno saiu do elevador, e Vítor apressou o passo para acompanhá-lo.— Ei, Bruno, confia na minha intuição! Aquela mulher mais velha que estava com a Juliana é a melhor amiga dela, certo? Hoje é segunda-feira, um dia normal de trabalho, então, claramente, ela estava indo para o escritório. Mas por que levaria Juliana junto? Baseado nos meus anos de experiência, elas devem estar indo encontrar alguém!O tom de Vítor era cheio de certeza, como se estivesse apresentando um argumento inquestionável.Bruno parou de repente.— Encontrar alguém?— Sim! E, pelo que eu sei, Juliana está solteira. Talvez seja um encontro arranjado para ela…Vítor es
De repente, uma voz ecoou atrás de Juliana.— Benjamin, é mesmo você?! Quando foi que voltou para o país?O som familiar fez com que Juliana apertasse instintivamente a borda do copo.Ela abaixou os olhos, ocultando a expressão complicada que passou por seu olhar.Viviane se aproximou, animada. Ao notar a confusão no rosto de Benjamin, apresentou-se com naturalidade:— Sou eu, Vivi! Viviane.Benjamin a observou por alguns instantes, até que finalmente conseguiu recuperar na memória as lembranças relacionadas a Viviane.Naquela época, ela era apenas uma estudante de origem humilde, sustentando-se com trabalhos temporários. Resiliente e determinada, enfrentava as adversidades sem nunca perder seu espírito de luta.E por que ele se lembrava tão bem disso?Porque certa vez, ao sair da biblioteca, escutou três frases ditas por ela com uma indignação tão forte que ficaram gravadas em sua mente:“Primeiro, eu não me chamo "ei"! Meu nome é Viviane.”“Segundo, estou ocupada. Não perca meu tempo