Como elas tinham conseguido convencer a Viviane? Isso estava bem longe das preocupações de Juliana naquele momento.No fim das contas, o plano delas tinha fracassado.Será que ela, Juliana, parecia mesmo tão frágil assim?Enquanto mergulhava nesses pensamentos, um barulho repentino ecoou do lado de fora. Alguém havia chutado a porta com força. Logo depois, uma voz feminina, aguda e acusatória, se fez ouvir:— Bruno, eu vi com meus próprios olhos! A Juliana entrou nesse quarto com o Gustavo...A porta se escancarou num estalo.A cama estava toda desarrumada, mas o quarto estava vazio.Passos apressados seguiram direto para o banheiro. Um grupo de pessoas surgiu e encontrou Juliana lá dentro.À frente, Catarina ficou visivelmente surpresa ao ver Juliana completamente vestida e com uma aparência impecável.Não era nada do que ela tinha imaginado.Juliana, serena, mantinha a expressão calma. Estava longe de parecer alguém que acabara de viver um momento íntimo. Pelo contrário, quem estava
“Vai lá.”“Vai lá?”Aquilo era uma armadilha. E Viviane sabia disso muito bem.Por mais tentadora que a proposta pudesse parecer, depois de ter caído nas armadilhas de Juliana tantas vezes, ela hesitou. Ficou parada, alerta, os olhos semicerrados de desconfiança.Não conseguia acreditar que Juliana estivesse sendo generosa ao ponto de ceder Gustavo assim, de mão beijada.Aquilo com certeza escondia alguma coisa.Antes que Viviane dissesse qualquer coisa, Gustavo, consumido pela dor e quase enlouquecendo por causa do feitiço, olhou para ela com os olhos vermelhos de sangue e gritou, furioso:— Sai! Se você encostar em mim, eu juro que te mato!Viviane congelou.Ela jamais tinha visto aquele lado de Gustavo.As lágrimas vieram sem aviso. Seus olhos se encheram rapidamente.— Guto… — Murmurou, entre soluços.Mesmo assim, ela tentou. Estendeu a mão, hesitante, na direção do braço dele. Seus dedos mal tocaram a barra da camisa quando um novo berro explodiu no quarto.— Eu disse: sai!Num mo
Viviane ainda tentou se fazer de vítima, buscando arrancar algum pingo de compaixão de Gustavo.Mas era tarde demais.Ele já tinha enxergado a verdadeira face dela há muito tempo.Sob o domínio cruel do feitiço, Gustavo se lançou sobre os lábios de Viviane, mordendo como uma fera descontrolada. Não havia nenhum traço de razão em seus atos.Viviane se debatia, desesperada.Sem conseguir respirar, seu rosto passou do branco para o vermelho em poucos segundos. Quando suas forças começaram a sumir e os movimentos se tornaram fracos, Gustavo subitamente se afastou.Um fiapo de lucidez voltou.Com um estrondo, ele bateu a porta do banheiro e se trancou lá dentro.Ligou o chuveiro de água fria no máximo. A banheira logo se encheu, e ele mergulhou o corpo inteiro na água gelada, tremendo da cabeça aos pés.Seus dentes batiam de frio. As palmas das mãos estavam tão tensas que ele se feriu sem perceber. O sangue vermelho se espalhou na água como tinta dissolvida.“Eu não posso tocar na Viviane.
A simples menção ao nome Juliana fez com que todos na sala sentissem um calafrio percorrer a espinha.Vítor, por outro lado, não pensou duas vezes antes de responder com entusiasmo:— A Juliana é incrível! No dia em que nos conhecemos, ela me salvou! Se não fosse por ela, vocês nem estariam me vendo aqui agora!A fala parecia um pouco exagerada.Mas a admiração que Vítor sentia por Juliana era evidente. Estava em cada palavra, no brilho nos olhos.Eduardo e Mariana conheciam bem o temperamento do filho mais novo. Se ele falava bem de alguém, era porque aquela pessoa realmente merecia crédito.Além disso, eles próprios haviam sentido algo estranho, quase sobrenatural , quando viram Juliana pela primeira vez.Uma espécie de familiaridade inexplicável.Aquela beleza refinada, os traços harmônicos… Como se alguém tivesse escolhido a dedo o melhor dos dois para formar aquele rosto.Se não fosse pelo laudo de DNA comprovando o vínculo com Sabrina, eles não teriam hesitado nem por um segundo
A sensação de querer fugir e não poder era sufocante.Vanessa, depois de muito hesitar, finalmente criou coragem. A voz tremia:— Agora é um país de leis, tá? Se vocês fizerem algo comigo, eu denuncio! E o meu marido é da família Costa! Vocês não têm noção de com quem estão lidando...— Seu marido?A voz de Joana a interrompeu. Carregada de um sarcasmo frio.Ao ouvir aquelas duas palavrinhas, ela não conseguiu conter a risada.Seus olhos afiados brilhavam como lâminas. O mesmo tipo de olhar cortante que Bruno tinha. Era uma frieza que vinha de dentro.Afinal, eles eram irmãos.— Vanessa… Eu e o Lucas ainda nem assinamos o divórcio. Ele ainda não é seu marido.O tom era calmo, mas cortante como uma lâmina bem afiada.Joana sabia que jamais voltaria com Lucas. Isso era certo. Mas isso não a impedia de usar a situação para provocar Vanessa um pouco mais.E conseguiu.O rosto de Vanessa empalideceu na hora.Mesmo assim, ela tentou resistir. A voz vacilante:— O Lucas não gosta mais de você
Quando recebeu a mensagem de Bruno, Juliana tinha acabado de sair do banho.Os longos cabelos negros ainda estavam molhados, colados nas costas. As gotas escorriam pela pele alva, deixando marcas cintilantes sobre o branco impecável de sua pele.O robe branco envolvia seu corpo com certa displicência. Por entre as aberturas, revelava uma pele tão clara e delicada que chegava a ofuscar.Bruno havia perguntado como ela queria lidar com Viviane.Nos dias de hoje, com o Estado de Direito funcionando, assassinato obviamente não era uma opção.Além disso, Juliana nem sequer achava que a morte fosse uma punição eficiente.Pelo contrário. Viver uma vida de tormento... Isso sim era punição de verdade.Viviane, a falsa herdeira da família Rodrigues, desfrutara por mais de vinte anos de uma vida de luxo e prestígio.Mas como diz o ditado: é fácil subir o padrão, difícil é voltar atrás.A família Rodrigues estava à beira da ruína. Afundada em dívidas, sem qualquer chance de recuperação. E, como nã
[Ju, como é que você sabia?! Ela tá dormindo no quarto de hóspedes por enquanto. O dela ainda não foi arrumado.]O resultado do teste de DNA confirmava: Sabrina era, de fato, filha biológica da família Moreira.Teoricamente, Vítor já deveria estar chamando ela de irmã com naturalidade.Mas, por algum motivo, isso simplesmente não saía.Na frente de Sabrina, ele se sentia... Estranho.Incomodado, até.Nunca tinha parado pra pensar muito nisso, achava que era só porque nunca tinham convivido antes.Sentir uma certa distância era, para ele, perfeitamente normal.O que ele se esquecia... Era que no dia em que viu Juliana pela primeira vez, sentiu uma conexão imediata. Um tipo de familiaridade inexplicável.[Ju, por que você ainda tá acordada a essa hora? Tá pensando na treta da família Costa?]A situação de Gustavo, apesar de não ter viralizado na internet, já circulava entre os convidados da festa beneficente.Vítor ouviu os boatos vindo de todos os lados.[Só não estou com sono.]A respo
Ao ouvir o nome de Gustavo ser mencionado de repente, Juliana estreitou levemente os olhos.— O que tem ele?Joana ficou em silêncio por um instante. Lembrou-se da expressão do filho ao acordar. Seu olhar se encheu de sentimentos confusos.Depois de um breve momento, ela disse:— Quando você vê-lo, vai entender.Não era que Joana não quisesse contar... Ela simplesmente não sabia como.Afinal, a questão da perda de memória era algo difícil de acreditar.Os médicos tinham dito que isso não afetara a inteligência dele, apenas que sua memória havia regredido para uma fase anterior da vida. Quanto tempo levaria para voltar ao normal? Eles também não sabiam dizer.Ao encarar a tela do celular e ver que a ligação tinha sido encerrada, Juliana foi tomada por uma sensação estranha, uma espécie de pressentimento ruim.Mas não pensou muito no assunto.De qualquer forma, ela e Gustavo já tinham rompido totalmente.Se ele ousasse se aproximar de novo, só podia estar sendo cara de pau.Juliana apago