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Capítulo 5: Sombras do Outro Lado

O laboratório estava silencioso, exceto pelo som incessante das teclas enquanto Daniel e Clara digitavam freneticamente, analisando os dados que haviam recebido após seu retorno. As flutuações de energia que eles captaram antes e depois da jornada para o universo paralelo agora faziam sentido de uma maneira que nunca imaginaram. Era como se cada pulso, cada variação, fosse parte de uma linguagem codificada, uma mensagem enviada através de dimensões.

— Está ficando mais forte — disse Clara, seus olhos fixos na tela. — As flutuações estão aumentando, como se algo estivesse pressionando essa barreira entre os universos.

Daniel assentiu, concentrado. Ele podia sentir a tensão no ar, o tempo correndo contra eles. Embora estivessem de volta à Terra, ele não conseguia afastar a sensação de que ainda estavam sendo observados, como se a presença que sentiram na torre tivesse atravessado junto com eles.

— Temos que localizar a fonte dessas flutuações — ele disse, com a voz firme. — Não podemos estabilizar nada sem saber de onde está vindo. O Guardião falou de um ponto de convergência... isso deve significar um lugar onde a barreira entre os universos é mais fraca.

— E você acha que essa "barreira" é aqui na Terra? — Clara perguntou, inclinando-se para mais perto dos monitores. — Como podemos rastrear algo assim?

Daniel ficou em silêncio por um momento, processando. Então, uma ideia surgiu. Ele se levantou abruptamente e começou a vasculhar suas anotações antigas, folhas e mais folhas de equações e gráficos de energia que ele havia arquivado. Finalmente, ele encontrou o que procurava.

— Lembra-se daquele experimento na Sibéria? — ele perguntou, os olhos brilhando. — Aquele evento de anomalia gravitacional que não pudemos explicar. As leituras de lá... eram semelhantes a essas flutuações. E se aquele lugar for um ponto de convergência?

Clara arregalou os olhos. Ela se lembrava bem do incidente. Na época, não conseguiram entender completamente o que causara a distorção na gravidade, mas agora parecia claro que poderia ter sido uma manifestação da fraqueza na barreira entre os universos.

— Precisamos ir lá — disse ela, resoluta. — Se o colapso está começando, pode ser nosso único ponto de partida.

Daniel concordou, já mentalmente planejando a viagem. Eles sabiam que não tinham muito tempo. Se as flutuações continuassem a aumentar, o caos poderia começar a se infiltrar na Terra, e as consequências seriam catastróficas.

Dois dias depois, Daniel e Clara aterrissaram na Sibéria, em uma região remota e fria. O vento cortante e o céu acinzentado tornavam o lugar inóspito, mas o que os atraía não era a paisagem, mas o que estava escondido abaixo da superfície.

Carregando equipamentos científicos e detectores de energia, eles se dirigiram ao ponto exato onde, anos atrás, uma anomalia inexplicável havia sido detectada. O solo ainda parecia estranho, como se houvesse uma leve ondulação na realidade ao redor deles.

— Está aqui — disse Daniel, olhando para o detector. — A energia está se acumulando. As flutuações são mais intensas exatamente neste ponto.

Clara posicionou um scanner no chão e começou a medir a intensidade do campo. As leituras eram alarmantes. O gráfico mostrava um padrão crescente de instabilidade, como se o espaço estivesse prestes a se rasgar.

— Isso não vai se sustentar por muito tempo — ela disse, preocupada. — Se não fizermos algo rápido, o colapso pode começar aqui.

Daniel estava prestes a sugerir uma solução quando, de repente, o chão sob eles tremeu. Um zumbido baixo percorreu o ar, e as flutuações energéticas começaram a pulsar violentamente. Ele sentiu um arrepio na espinha.

— Daniel… você está sentindo? — Clara sussurrou, olhando ao redor. O ar ao redor deles parecia distorcido, como se estivessem vendo o mundo através de uma lente quebrada. Uma sombra densa e silenciosa começou a se formar no ar, tomando forma lentamente, até que uma figura familiar surgiu da distorção.

Não era o Guardião.

A forma que apareceu à sua frente era escura, envolta em sombras profundas, com olhos que brilhavam em um tom avermelhado. Diferente da presença quase serena do Guardião, essa entidade exalava uma aura de ameaça, como se fosse feita do próprio caos.

— Vocês não deviam estar aqui — disse a figura, sua voz como um eco distorcido que causava calafrios. — Vocês cruzaram para onde não foram chamados.

Clara deu um passo para trás, o medo evidente em seu rosto. Daniel, por outro lado, fixou seu olhar na figura, tentando manter a calma.

— Quem é você? — perguntou ele, sua voz tensa. — O Guardião nos mandou. Estamos aqui para impedir o colapso.

A figura riu, um som baixo e perturbador, que parecia reverberar dentro deles.

— O Guardião… sempre tentando manter o equilíbrio. Mas o equilíbrio está prestes a ser destruído, e nada pode impedi-lo. Vocês acham que têm poder sobre os universos? — A sombra se aproximou mais. — Vocês são apenas peças. O caos é inevitável.

Daniel sentiu um frio na espinha. As palavras da figura reverberavam em sua mente. Algo sobre a forma como falava, como se soubesse mais do que eles jamais poderiam compreender, o enchia de pavor.

— E o que você quer? — Clara perguntou, tentando manter a voz firme, embora sua mão tremesse.

A sombra parou, os olhos vermelhos brilhando com intensidade. — Quero o colapso. Quero que os universos se misturem, que as realidades se quebrem. Quero o caos total. E vocês, assim como todos os outros, não podem fazer nada para impedir.

O chão tremeu novamente, com mais força desta vez, e Daniel olhou para os detectores. As flutuações estavam fora de controle, crescendo em intensidade. O colapso estava começando.

— Não vamos deixar isso acontecer — disse Daniel, decidido, pegando uma das ferramentas que traziam para estabilizar as energias. — Se podemos fechar a porta, vamos fazer isso.

A sombra riu mais uma vez, mas dessa vez houve uma mudança em seu tom, como se estivesse desafiando-os.

— Tentem, se puderem. Mas saibam que, a partir do momento em que cruzaram para aquele outro lado, já estavam destinados a falhar.

Com um último tremor, a figura se desfez no ar, deixando para trás apenas o eco de sua presença. Daniel e Clara estavam sozinhos novamente, mas o perigo era claro. O tempo estava se esgotando.

— Temos que agir agora — Clara disse, os olhos brilhando de determinação.

Daniel assentiu. Sabia que o caos estava à espreita, mas se havia uma chance de salvar os universos, eles teriam que enfrentá-lo de frente.

E a batalha para impedir o colapso começava naquele exato momento.

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