O silêncio após o tumulto era quase ensurdecedor. O frio cortante da Sibéria, por um breve momento, pareceu perder a intensidade. Daniel e Clara permaneciam imóveis, encarando a fenda contida, enquanto tentavam recuperar o fôlego. O peso da última hora ainda os pressionava.Daniel finalmente quebrou o silêncio.— Precisamos encontrar o Guardião. Ele é a nossa única chance de selar isso de vez.Clara assentiu, mas o cansaço e a incerteza estavam claros no rosto dela. O Guardião, a enigmática figura que lhes dera pistas fragmentadas antes, parecia estar em todos os lugares e lugar nenhum ao mesmo tempo. Ninguém sabia ao certo se ele era um aliado ou apenas uma entidade indiferente, observando o caos se desenrolar.— Mas como? — Clara perguntou, seus olhos fixos em Daniel. — Ele nos encontrou da última vez. Como vamos achá-lo agora?Daniel hesitou. A verdade é que ele não sabia a resposta. Mas o pouco que tinham aprendido sobre o Guardião sugeria que ele poderia estar mais perto do que i
Clara viu Daniel dar o passo final em direção à fenda, e seu coração parecia parar. O caos do outro lado pulsava, como se a própria escuridão o aguardasse, ansiosa para envolvê-lo. Ela gritou seu nome, mas o som foi abafado pela energia vibrante ao redor deles. O Guardião observava em silêncio, como um espectador distante e implacável do destino que se desenrolava.O tempo parecia desacelerar. Clara sentiu as lágrimas escorrerem pelo rosto, enquanto as mãos de Daniel tremiam levemente, a poucos centímetros da ruptura. O brilho pulsante da fenda lançava sombras distorcidas sobre o rosto dele, e, por um momento, ele olhou para trás, seus olhos encontrando os de Clara.— Não... — ela sussurrou, incapaz de aceitar o que estava prestes a acontecer.Mas o destino estava selado.Assim que a ponta dos dedos de Daniel tocou a energia da fenda, o mundo ao redor deles explodiu em uma onda de luz e som. Clara foi lançada ao chão, o impacto da energia a fazendo perder o fôlego. A fenda brilhava co
A noite na Sibéria caía silenciosa e mortal, enquanto Clara permanecia estática no mesmo lugar onde a fenda havia sido selada. O frio era implacável, mas ela mal o sentia. Sua mente estava em um redemoinho de pensamentos, dilacerada pelo sacrifício de Daniel. A ruptura havia desaparecido, mas o vazio que ele deixara era profundo demais para ser ignorado.Com os olhos fixos no horizonte, Clara lutava para entender o que viria a seguir. O Guardião havia partido, e com ele as respostas que ela tanto buscava. O caos parecia contido, mas a presença sombria e inquietante de tudo o que havia acontecido ainda pairava no ar. E agora, ela estava sozinha.Porém, conforme o vento uivava ao redor, algo começou a mudar. Primeiro, foi uma leve sensação de calor, uma presença que parecia contradizer o frio cortante. Depois, veio o sussurro — suave, quase inaudível, mas inconfundível.— Clara...Ela se virou abruptamente, seu coração disparando. A voz... era familiar demais para ser ignorada.— Daniel
O caos ao redor de Clara e Daniel começou a se contrair, como se estivesse sendo pressionado por forças invisíveis. A escuridão líquida pulsava, cada vez mais densa. Clara sentia a opressão crescente, mas, ao mesmo tempo, a determinação dentro dela não vacilava.— Precisamos encontrar o Guardião novamente — Clara disse, sua voz cortando o silêncio. — Ele sabe mais do que está dizendo. Há uma saída, Daniel, eu sei disso.Daniel assentiu lentamente, mas sua expressão ainda estava sombria. Ele não era mais o mesmo. O caos havia começado a corroê-lo, transformando-o de maneiras que Clara não conseguia entender completamente. Mesmo assim, algo dentro dele parecia resistir.— O Guardião não dá respostas fáceis — Daniel murmurou. — Ele joga com o equilíbrio, não com nossas esperanças. Ele nunca quis que nós vencessemos, apenas que retardássemos o inevitável.Clara balançou a cabeça. Ela se recusava a aceitar a ideia de que tudo o que fizeram até ali fosse em vão.— E se o caos não for o inev
Quando a luz se dissipou, Clara e Daniel se encontraram em um lugar que desafiava qualquer lógica. O chão não era chão, o céu não era céu. Tudo ao redor era uma mistura de formas em constante transformação: montanhas que surgiam e desapareciam, rios de luz e sombra que se entrelaçavam como serpentes, e criaturas sem rosto que flutuavam, observando-os silenciosamente.O caos pulsava ao redor deles como um organismo vivo, respirando, esperando, consciente de sua presença. Clara agarrou a mão de Daniel com força, seus olhos vasculhando aquele mundo imprevisível.— Isso é... — ela começou, mas não encontrou as palavras certas para descrever o que via.— O centro do caos — Daniel completou, sua voz baixa e pesada. — É daqui que tudo emana. E é daqui que nós podemos tentar controlá-lo.Os dois sabiam que não havia tempo a perder. Cada segundo ali era um risco, pois o caos tentaria corrompê-los, assim como havia feito com Daniel antes. Eles não poderiam perder o foco.— Temos que encontrar o
O caos rugia ao redor de Daniel e Clara, enquanto a entidade colossal emergia do núcleo em sua forma plena. Ela era pura desordem, uma força de destruição e renascimento que desafiava qualquer tentativa de controle. Cada passo que ela dava distorcia o espaço e o tempo, curvando a realidade à sua volta.Clara sentia o peso da presença daquela entidade como se a gravidade ao redor dela tivesse se multiplicado. Sua mente lutava para se manter centrada, para não ser engolida pelo pavor que irradiava daquela forma indefinida.— Não podemos lutar contra isso! — ela gritou, olhando para Daniel, cuja expressão estava rígida, determinada.Daniel apertou os punhos, seus olhos fixos na entidade que se aproximava. Ele sabia que ela estava certa. Não podiam lutar contra o caos com força bruta. Mas havia outro caminho — algo que o Guardião mencionara de forma sutil, algo que ele só agora começava a entender.— Não precisamos lutar — Daniel disse, seus olhos se iluminando com uma nova compreensão. —
Os dias após a grande ruptura passaram como um borrão para Clara. O mundo estava quieto, estável, como se o caos nunca tivesse ameaçado sua existência. Mas dentro dela, tudo parecia diferente. A ausência de Daniel era uma dor persistente, uma sombra que a acompanhava aonde quer que fosse.Ela retornara à base de operações, onde os outros cientistas e agentes que haviam sobrevivido tentavam entender o que acontecera. Ninguém, além de Clara, sabia o sacrifício que Daniel havia feito. Eles só viam os resultados: a barreira entre os universos havia sido estabilizada, o colapso evitado. Mas Clara carregava a memória daquele momento solitário em seu coração, onde a escolha final de Daniel havia sido feita.— Clara, está tudo bem? — uma voz suave interrompeu seus pensamentos.Era Sara, uma jovem cientista que havia trabalhado com eles em missões anteriores. Ela olhou para Clara com preocupação, como todos faziam desde seu retorno.— Sim — Clara respondeu automaticamente, embora a verdade fos
O sol nascia em um horizonte que parecia mais calmo, como se o universo tivesse finalmente encontrado sua harmonia. Clara estava na mesma colina onde ela e Daniel haviam começado tantas missões, refletindo sobre tudo o que haviam conquistado e perdido. Embora o mundo ao seu redor estivesse em paz, ela sabia que o caos não era algo que pudesse ser completamente eliminado. Sempre haveria distúrbios, pequenos desequilíbrios que testariam os limites da realidade.Mas algo a perturbava naquele amanhecer. As investigações sobre a assinatura energética desconhecida estavam longe de terminar, e ela sentia que o que haviam descoberto era apenas a ponta de algo muito maior. Um movimento, um novo ciclo estava se iniciando, e Clara estava mais do que pronta para enfrentá-lo.Ela puxou o casaco ao redor do corpo, o vento frio da manhã cortando sua pele, mas dessa vez, havia algo diferente no ar. Uma leve vibração. Clara se levantou rapidamente, seus instintos imediatamente alertas. Não era algo vi