A escadaria da Torre da Sombra parecia interminável, envolvida por uma escuridão densa que consumia qualquer luz externa. Lúcia e Kael avançavam lentamente, cada passo acompanhado por ecos profundos, como se a própria torre respirasse. O cristal pulsava em suas mãos, emitindo um brilho suave que parecia resistir à opressão do ambiente.— É como se estivéssemos caminhando dentro de algo vivo — comentou Kael, olhando ao redor.Lúcia concordou em silêncio. A energia ali era diferente de tudo que haviam encontrado. Não era apenas escuridão; era uma presença, uma força que os observava, analisava cada movimento.Quando finalmente chegaram ao topo, encontraram uma sala circular. No centro, um pedestal segurava um segundo cristal, mas este era negro como o espaço entre as estrelas, emanando uma energia densa que parecia pesar sobre seus ombros.— Este é o fragmento sombrio do Véu — disse Lúcia, a voz baixa. — Ele representa tudo o que tememos, tudo o que tentamos esconder.Kael franziu a tes
O ar ao redor da torre pulsava com uma energia renovada, mas ainda havia um peso invisível no ambiente. Lúcia e Kael, agora ligados pela força do Véu restaurado, seguiram em direção à planície que se estendia além da Torre da Sombra. Cada passo parecia ecoar em harmonia com o universo, como se fossem parte de uma sinfonia maior.Enquanto caminhavam, as estrelas no céu começaram a brilhar com uma intensidade diferente. Não eram apenas pontos de luz; pareciam formar padrões e símbolos, como se uma mensagem estivesse sendo escrita no próprio tecido do cosmos.— Você sente isso? — perguntou Kael, a voz baixa.Lúcia assentiu.— As constelações... elas estão nos chamando.De repente, uma figura emergiu do horizonte: um homem de idade indefinível, com olhos que refletiam o céu estrelado. Seu manto brilhava como uma noite pontilhada de estrelas, e ele carregava um cajado que parecia pulsar com o mesmo brilho das constelações.— Eu sou Elias, o Guardião das Constelações — anunciou ele, sua voz
A escuridão que antes dominava o céu havia desaparecido, substituída por uma tapeçaria de luzes e constelações que pareciam vivas. As estrelas não eram apenas pontos de luz; elas pulsavam, mudando de cor como se estivessem se comunicando em uma linguagem antiga que apenas os corações mais conectados poderiam entender.Lúcia e Kael permaneciam de pé ao lado de Elias, o Guardião das Constelações, sentindo o ar carregado de propósito. A energia ao redor deles parecia respirar, como se o próprio universo estivesse despertando de um longo sono.— Vocês chegaram ao limiar da criação — Elias disse, a voz cheia de um peso quase solene. — O Véu foi restaurado, mas há algo além disso, algo que transcende o equilíbrio.Kael olhou para Elias, intrigado.— O que é esse "algo além"?Elias ergueu o cajado, apontando para uma pequena constelação que brilhava intensamente no horizonte.— O equilíbrio foi apenas o começo. Agora vocês devem despertar a Criação, a força que molda os mundos e dá propósito
O mundo recém-criado parecia pulsar com uma energia nova, como se cada partícula estivesse sintonizada com uma melodia universal. Lúcia e Kael estavam no topo da Torre de Cristal, agora transformada em um farol dourado que irradiava harmonia para todos os cantos da realidade.Mas algo no horizonte chamou a atenção de Lúcia. Era uma linha tênue de sombra, quase imperceptível, serpenteando pelo ar.— Kael, você vê isso? — Lúcia perguntou, apontando para a anomalia.Kael estreitou os olhos e assentiu.— Sim. Parece que o equilíbrio ainda não é absoluto.Antes que pudessem reagir, Elias apareceu, sua figura agora mais etérea, como uma extensão do próprio espaço ao redor. Ele carregava uma expressão de calma, mas seus olhos estavam repletos de sabedoria inquietante.— Vocês despertaram a Criação, mas o ciclo nunca é completo — disse ele. — Cada realidade, por mais perfeita que pareça, carrega dentro de si a semente da próxima.O Eco do VéuLúcia sentiu um frio subir pela espinha.— Então i
O cosmos se estendia diante deles como uma tapeçaria em constante mutação. Lúcia e Kael haviam deixado a Torre de Cristal para trás, mas suas almas estavam imersas na vastidão do novo ciclo. Eles flutuavam agora em um mar de estrelas e energia pura, onde o tempo parecia se dissolver, e o espaço se expandia sem limites.— É estranho, Kael — Lúcia murmurou, sua voz se perdendo na imensidão. — Não há mais um começo ou fim. Só existe o agora.Kael sorriu, sua presença ao seu lado tão familiar quanto sempre. Ele sentia que a jornada deles havia se completado, mas também que algo novo e desafiador se aproximava. Algo além do que podiam imaginar.— O infinito não é vazio, Lúcia. Ele é cheio de possibilidades — respondeu ele, tocando o ar ao redor. Cada movimento que fazia parecia gerar ondas de luz que se espalhavam, conectando-se com o que estava além.Mas o universo, por mais belo que fosse, estava longe de ser simples. À medida que avançavam, começaram a perceber sinais de que sua ascensã
O universo, agora recriado, se estendia como um campo sem fim. Lúcia e Kael, em sua nova forma de unidade, flutuavam entre as estrelas, observando o nascer de novas realidades. Era como se cada centelha de luz fosse um reflexo de sua jornada, e cada sombra, uma parte necessária do todo. O que antes parecia um abismo de incertezas, agora era um mar infinito de possibilidades, fluindo com uma harmonia que transcende o entendimento humano.Kael, que antes estava repleto de dúvidas e incertezas, agora sentia uma serenidade profunda. Ele não sabia onde o destino os levaria, mas a certeza de que estavam no caminho certo era uma chama constante em seu coração.— Lúcia, você percebe? — Kael perguntou, sua voz leve, como se ainda estivesse se ajustando à imensidão ao redor. — Tudo o que fazemos agora ecoa no infinito. Nossas escolhas, nossas palavras, tudo se reflete nas realidades que ainda virão. O Véu, a torre, o ciclo... Tudo foi apenas o começo.Lúcia olhou para ele, seus olhos brilhando
O silêncio que se seguiu à criação das primeiras notas do ciclo eterno era profundo e vibrante, como o espaço entre o agora e o nunca. Lúcia e Kael, em sua união transcendental, flutuavam no centro dessa vastidão, suas almas conectadas à energia primordial que formava o alicerce da nova realidade.O infinito se desdobrava à sua frente como um labirinto de possibilidades, e cada caminho se abria diante deles, mas havia algo diferente nesta nova etapa da jornada: o peso da escolha não mais pesava sobre eles como antes. Eles não eram mais meros espectadores ou manipuladores do destino. Agora, eram seus co-criadores.O universo estava em constante expansão, e cada segundo que passava, novas realidades nasciam, entrelaçando-se umas com as outras. Mas o que realmente os surpreendia era a percepção de que, no fundo de cada escolha que faziam, havia uma centelha de algo maior — algo que os unia a tudo.A Visita dos ViajantesEnquanto Lúcia e Kael meditavam sobre o vasto horizonte de sua criaç
Era uma noite sem lua quando Daniel observava o céu. A vastidão negra parecia um manto infinito, salpicado com minúsculas estrelas, como cicatrizes luminosas no tecido do universo. Ele sempre se perguntava o que existia além do que os olhos podiam ver, além da luz das estrelas que já estavam mortas, mas continuavam a brilhar.Daniel, um jovem astrofísico em ascensão, dedicara sua vida a estudar os mistérios do cosmos. Seu fascínio por buracos negros começou cedo, uma curiosidade alimentada por teorias e especulações. Para muitos, os buracos negros eram ameaças silenciosas no universo; para ele, eram portais para algo maior.Naquela noite, algo mudou.Em meio às observações rotineiras, seus monitores começaram a registrar flutuações que desafiavam qualquer explicação conhecida. Um sinal incomum, vindo de um ponto distante, onde apenas um buraco negro colossal reinava. O nome da região era SG-103, um dos buracos negros mais antigos já descobertos, um verdadeiro monstro cósmico.— O que