O silêncio que se seguiu à criação das primeiras notas do ciclo eterno era profundo e vibrante, como o espaço entre o agora e o nunca. Lúcia e Kael, em sua união transcendental, flutuavam no centro dessa vastidão, suas almas conectadas à energia primordial que formava o alicerce da nova realidade.O infinito se desdobrava à sua frente como um labirinto de possibilidades, e cada caminho se abria diante deles, mas havia algo diferente nesta nova etapa da jornada: o peso da escolha não mais pesava sobre eles como antes. Eles não eram mais meros espectadores ou manipuladores do destino. Agora, eram seus co-criadores.O universo estava em constante expansão, e cada segundo que passava, novas realidades nasciam, entrelaçando-se umas com as outras. Mas o que realmente os surpreendia era a percepção de que, no fundo de cada escolha que faziam, havia uma centelha de algo maior — algo que os unia a tudo.A Visita dos ViajantesEnquanto Lúcia e Kael meditavam sobre o vasto horizonte de sua criaç
O brilho dourado da torre de cristal havia se espalhado pelo horizonte, um eco visível do Véu restaurado. Contudo, o ar ao redor ainda carregava um peso sutil, como se o universo estivesse suspenso em expectativa. Lúcia sentia isso em sua alma, um puxão suave, mas insistente, que a impelia para frente, como se o equilíbrio alcançado fosse apenas o prólogo de algo maior.Kael permaneceu ao lado dela, sua mão estendida em um gesto silencioso de apoio. A proximidade entre eles era palpável, um reflexo de tudo o que haviam superado juntos. Ainda assim, ambos sabiam que algo faltava, uma peça final que daria sentido completo ao que haviam alcançado.— Não parece que terminou, não é? — Kael perguntou, a voz baixa.Lúcia balançou a cabeça. — Não. Sinto que o Véu ainda espera por algo... ou talvez por alguém.Antes que Kael pudesse responder, o Guardião Sombrio emergiu mais uma vez. Agora, ele não era mais uma figura ameaçadora, mas um ser de luz e sombra entrelaçadas, sua presença emanando e
A restauração do Véu havia trazido uma calma que nenhum deles podia negar. A torre de cristal brilhava agora em um tom sereno, refletindo o equilíbrio alcançado pelos quatro elementos. Porém, enquanto o vilarejo celebrava, Lúcia sentia um desconforto sutil. Algo ainda estava por vir.Kael percebeu seu olhar perdido e aproximou-se, colocando uma mão em seu ombro.— Está tudo bem? — ele perguntou, a voz baixa e carregada de preocupação.Lúcia suspirou, olhando para o horizonte. — Acho que ainda não terminamos. Sinto que o Véu... precisa de algo mais.Idris e Elara, que estavam conversando perto da torre, voltaram sua atenção para eles. Idris, sempre direto, cruzou os braços.— O equilíbrio foi restaurado. O que mais poderia estar faltando?Antes que alguém pudesse responder, o Guardião Sombrio apareceu mais uma vez, sua figura imponente projetando uma sombra ao redor. Sua expressão era neutra, mas havia um brilho intenso em seus olhos, como se soubesse algo que eles ainda não compreendi
Quando os quatro atravessaram o portal, foram envoltos por um turbilhão de luzes e sensações indescritíveis. Era como se estivessem passando através de várias camadas de realidade, cada uma pulsando com uma frequência diferente. O tempo parecia se dobrar e se estender, até que, de repente, tudo ficou silencioso.Lúcia abriu os olhos e percebeu que estavam em uma vasta planície iluminada por um céu que não parecia pertencer a nenhum mundo que conheciam. O horizonte era um mosaico de cores que se misturavam e dançavam, e o solo sob seus pés parecia cristalino, emitindo um brilho suave.— Onde estamos? — perguntou Elara, sua voz carregada de reverência e curiosidade.Antes que alguém pudesse responder, uma figura começou a se formar diante deles, como se estivesse sendo esculpida pela própria luz. Era alta e etérea, com uma aparência andrógina e olhos que refletiam todo o cosmos.— Bem-vindos ao Nexus do Véu — disse a figura, sua voz ressoando diretamente em suas mentes. — Este é o ponto
O silêncio do mundo cinza os envolvia, tornando cada passo uma jornada pesada. As ruínas ao redor eram um testemunho mudo de um colapso que parecia ter acontecido há muito tempo. Construções despedaçadas, árvores petrificadas e o ar denso criavam um cenário sufocante.— Este lugar parece... morto — murmurou Kael, enquanto movia uma pedra para abrir caminho.— Não está morto, só esquecido — respondeu Elara, com um toque de melancolia. — Há vida aqui, escondida. Podemos senti-la.Lúcia parou ao lado de uma estrutura que parecia ter sido uma torre de vigia. Seus dedos roçaram as marcas nas paredes, símbolos que não reconhecia, mas que pareciam vibrar com uma energia residual.— Este mundo foi algo grandioso, mas algo o desestruturou completamente — disse ela, pensativa.De repente, Idris ergueu a mão, sinalizando para que todos parassem. Um som baixo, quase imperceptível, chegou aos seus ouvidos. Era como um sussurro distante, misturado com uma pulsação rítmica.— Vocês ouviram isso? — p
Os passos ecoavam na imensidão do corredor cristalino. Lúcia, Kael, Idris e Elara caminhavam em silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos, enquanto se aproximavam do coração do mundo perdido. O mapa projetado pela esfera indicava que estavam próximos do Núcleo, o epicentro da energia que havia sustentado aquele mundo antes de sua queda. — O silêncio aqui é quase ensurdecedor — comentou Idris, quebrando a tensão. — É como se o próprio ar estivesse esperando algo acontecer — respondeu Elara, seus olhos atentos às paredes brilhantes. A estrutura parecia viva, pulsando com uma energia tênue que lembrava batidas de coração. À medida que avançavam, as paredes pareciam reagir à sua presença, mudando de cor e emitindo um brilho mais intenso. — Estamos perto — disse Lúcia, segurando firmemente a esfera dourada. — O Véu está nos guiando. Kael, sempre vigilante, olhou para trás, como se esperasse ver sombras os seguindo. — Algo não está certo — disse ele, franzindo a testa
O vento dentro da câmara girava em espirais, carregado por uma energia ancestral que fazia o ar vibrar. Lúcia, Kael, Idris e Elara estavam parados ao redor do Núcleo, observando a esfera dourada que flutuava ao centro, conectando-se à gigantesca matriz de energia. A escuridão que corroía parte do Núcleo parecia pulsar em desafio, reagindo à presença deles como uma fera encurralada.— O tempo está se esgotando — disse Idris, a voz tensa. Ele observava as manchas negras se espalharem lentamente pelo Núcleo, cada vez mais próximas dos fios de luz que sustentavam aquele mundo. — Se não agirmos agora, essa corrupção vai consumir tudo.Lúcia deu um passo à frente, o olhar fixo no Núcleo. Ela podia sentir o peso do Véu sobre si, como uma responsabilidade que não podia ser ignorada. Mas a escuridão dentro do Núcleo também parecia sussurrar para ela, mostrando seus próprios medos, suas inseguranças mais profundas.— Não é apenas a corrupção do Núcleo que enfrentamos — disse Lúcia. — É a nossa
A paisagem além da câmara do Núcleo parecia renovada. O céu, antes obscurecido por nuvens carregadas, agora brilhava em tons de ouro e prata, como se refletisse a fusão do equilíbrio que o grupo havia alcançado. Contudo, havia uma sensação latente no ar, uma tensão que não podia ser ignorada.Lúcia sentiu isso antes dos outros. Um murmúrio distante, como uma melodia antiga, chamou sua atenção. Era uma canção sem palavras, mas cheia de significado, reverberando em seu coração como um chamado que não podia ignorar.— Vocês ouvem isso? — perguntou Lúcia, parando abruptamente no caminho.Kael franziu a testa, tentando captar o que ela mencionava. — Ouvir o quê?— Uma música — disse ela, olhando para o horizonte. — É como... um sussurro vindo das montanhas.Elara inclinou a cabeça, fechando os olhos por um momento. Quando os abriu novamente, seu olhar estava fixo em Lúcia. — Eu não ouço, mas sinto algo. Como se o próprio Véu estivesse nos chamando.Idris apertou o punho da espada que carre