A paisagem além da câmara do Núcleo parecia renovada. O céu, antes obscurecido por nuvens carregadas, agora brilhava em tons de ouro e prata, como se refletisse a fusão do equilíbrio que o grupo havia alcançado. Contudo, havia uma sensação latente no ar, uma tensão que não podia ser ignorada.Lúcia sentiu isso antes dos outros. Um murmúrio distante, como uma melodia antiga, chamou sua atenção. Era uma canção sem palavras, mas cheia de significado, reverberando em seu coração como um chamado que não podia ignorar.— Vocês ouvem isso? — perguntou Lúcia, parando abruptamente no caminho.Kael franziu a testa, tentando captar o que ela mencionava. — Ouvir o quê?— Uma música — disse ela, olhando para o horizonte. — É como... um sussurro vindo das montanhas.Elara inclinou a cabeça, fechando os olhos por um momento. Quando os abriu novamente, seu olhar estava fixo em Lúcia. — Eu não ouço, mas sinto algo. Como se o próprio Véu estivesse nos chamando.Idris apertou o punho da espada que carre
O vento cortava o ar gelado das montanhas, e o céu, ainda tingido de dourado, começava a escurecer, sinalizando que a jornada do grupo havia apenas começado. Lúcia sentia a pressão da responsabilidade pulsando em seu peito, mas também uma força crescente, uma convicção de que, apesar dos desafios à frente, eles eram os escolhidos para reescrever o destino do Véu.O primeiro Círculo estava mais distante do que pareciam as horas de caminhada que haviam percorrido até ali. O mapa, projetado pela figura etérea, indicava uma região conhecida como as Planícies do Caos. Kael, observando o terreno rochoso ao redor, sabia que essa seria uma jornada mais difícil, onde não poderiam confiar apenas em sua força ou astúcia. Eles precisariam da união de seus espíritos, da compreensão profunda do Véu e da verdadeira natureza da harmonia.— A primeira prova será sobre o Caos — disse Elara, quebrando o silêncio que havia se instalado entre eles. — E pelo que o Eco disse, o Caos não é uma simples batalh
A jornada havia se intensificado, e, com ela, o peso da responsabilidade. Lúcia sentia que o Véu pulsava, mais forte, mais presente, como uma energia viva que agora corria por suas veias. Cada passo, cada respiração, parecia conectá-la mais profundamente ao destino que aguardava além das montanhas e planícies que haviam cruzado. No entanto, sabia que aquilo que enfrentaram até agora não era nada comparado ao que ainda estava por vir.Eles estavam agora na borda de um vasto oceano de névoa, onde a visibilidade era limitada e o som era abafado, como se o próprio ar estivesse carregado de um mistério denso. As águas calmas refletiam as estrelas acima, criando uma ilusão de tranquilidade, mas Lúcia sabia que ali não havia espaço para a complacência.— O que nos espera além dessa névoa? — perguntou Elara, com a voz baixa, quase como se temesse perturbar a serenidade ao redor.Lúcia olhou para o horizonte nebuloso, seus olhos fixos em um ponto distante, como se pudesse ver através da névoa.
A jornada havia atingido um ponto de inflexão. Os ventos da mudança sopravam mais forte à medida que Lúcia e seu grupo avançavam para uma nova fase, a mais desafiadora até aquele momento. O Véu, que sempre fora um mistério profundo e intrigante, parecia agora ter se tornado uma presença constante e palpável. O que antes era um segredo distante agora estava ao alcance de suas mãos, e cada passo dado parecia mais pesado, mais significativo.Enquanto o grupo caminhava pelo caminho iluminado pelas estrelas, uma sensação estranha começou a invadir o coração de Lúcia. Era como se algo estivesse prestes a acontecer, algo que mudaria o curso de sua jornada de uma maneira irreversível. Ela sabia que o Véu não oferecia respostas fáceis, mas o que agora se aproximava não era apenas um desafio físico ou mental. Era algo mais profundo, mais essencial.— Você sente isso? — perguntou Kael, seu olhar fixo no horizonte, onde uma luz misteriosa começava a se formar. — A presença... está ficando mais fo
O ar estava mais denso, carregado de uma energia que parecia pulsar em sincronia com o batimento dos corações do grupo. Eles haviam cruzado o limiar da realidade conhecida e entrado em um território onde o tempo e o espaço se distorciam, desafiando qualquer conceito de ordem. O Véu se estendia diante deles, uma barreira invisível que não podia ser tocada ou vista, mas que se fazia sentir em cada respiração, em cada movimento. Era como se uma força silenciosa os observasse, aguardando o momento certo para se revelar.Lúcia avançou, seus passos firmes no solo instável, sentindo a energia do Véu à medida que se aproximava. O som ao seu redor parecia distorcido, como se os ecos do universo estivessem se entrelaçando com o fluxo do tempo. Ela sabia que o caminho à frente não seria fácil, mas havia algo de profundo em sua jornada, algo que os tornava mais fortes a cada desafio enfrentado.Ao seu lado, Kael caminhava com a testa franzida, claramente absorto nos pensamentos. Algo estava difer
O sol surgia no horizonte como um farol de esperança, tingindo o céu de um dourado profundo, enquanto a brisa matinal carregava o aroma da terra úmida e das flores que desabrochavam após a longa noite de caos. Lúcia e Kael estavam à beira do penhasco cristalino, suas mãos entrelaçadas, os olhares fixos na vastidão que se estendia diante deles. O Véu, agora restaurado, tremeluzia no ar como uma aurora viva, suas tonalidades douradas, prateadas e azuladas dançando em uma sinfonia silenciosa. Era um espetáculo de beleza transcendental, mas, para Lúcia, era também um lembrete da responsabilidade esmagadora que carregavam.— Parece um sonho — disse Lúcia, a voz quase um sussurro. Seus olhos refletiam o brilho do Véu, mas em seu coração ainda pairava a dúvida. — Mas também parece... frágil.Kael apertou sua mão, transmitindo-lhe uma força silenciosa. — Todo equilíbrio é frágil, Lúcia. É por isso que estamos aqui. Para garantir que ele permaneça.Aquelas palavras carregavam um peso que Lúcia
Os passos de Lúcia e Kael ecoavam suavemente enquanto atravessavam a trilha que os levava de volta ao vilarejo. A energia do Véu ainda vibrava ao redor deles, sutil e constante, como uma melodia distante que apenas eles podiam ouvir. A cada passo, sentiam o peso da responsabilidade que haviam assumido, mas também uma estranha paz que parecia emergir do equilíbrio recém-restaurado.O vilarejo estava mais vibrante do que nunca. Os habitantes, que antes viviam sob a sombra do medo e do caos, agora trabalhavam juntos para reconstruir o que havia sido perdido. As casas ganhavam cores vivas, as crianças corriam pelas ruas, e uma sensação de renovação pairava no ar. Era como se o Véu não apenas conectasse realidades, mas também espalhasse uma energia transformadora.No centro do vilarejo, Ísis e Celina esperavam por eles, acompanhadas de Elias, o sábio viajante que havia guiado a comunidade durante os momentos mais sombrios. Os três pareciam envoltos em uma aura de expectativa, como se soube
O vento soprava forte nas encostas das montanhas, como se tentasse barrar o avanço de Lúcia e Kael. O caminho era íngreme, cheio de pedras soltas e neve que começava a se acumular. O céu cinzento parecia anunciar uma tempestade iminente, mas os dois viajantes não tinham outra escolha senão seguir em frente. — Você sente isso? — perguntou Kael, olhando ao redor com os olhos estreitados. Lúcia parou por um momento, tentando perceber o que ele queria dizer. Então, sentiu: uma presença, distante, mas inconfundível. Era como uma pulsação no ar, semelhante ao Véu, mas com uma frequência diferente, quase discordante. — Não estamos sozinhos — murmurou ela, apertando o cabo de sua adaga. Kael assentiu. — Seja o que for, está nos observando. A trilha os levou a um desfiladeiro estreito, onde as paredes de pedra se erguiam como gigantes silenciosos. A cada passo, a sensação de serem vigiados aumentava, até que, finalmente, algo se revelou. Uma figura encapuzada apareceu no final do de