⚠️ alerta de gatilho! temas sensíveis a seguir⚠️ Três dias. Já haviam passado três dias, ou seriam mais? Eu já não conseguia distinguir, não sentia nem mesmo minhas mãos. Meus olhos ardiam, quase não havia lágrimas para chorar. Vez ou outra caio entrava no cômodo fechado e dizia que eu devia comer... e sempre estapeava meu rosto quando eu me recusava. Se não quiser comer comida, vai morrer de fome. Se não me obedecer, vou machucar você. Se não parar de gritar, vou fazer com que tenha motivos para isso. Quando não eram ameaças feitas por ele, uma voz vinda de fora da porta passava horas dizendo a mesma coisa. Obedeça. Repetidas e incansáveis vezes. Obedeça, obedeça, obedeça... Não sentia vontade de gritar, não sentia vontade de chorar, e quase não conseguia mais me lembrar de como era a
Igor.Três anos depois.— Igor? — Barbara batia na porta outra vez. Abri os olhos pouco sensíveis à claridade. — Vim ver como está... Igor? oh...Deus.... Igor! — seus dedos frios tocaram no meu rosto machucado.— Papai? — Ergui os olhos e Zola olhava-me fixamente na porta da minha casa, podia ver como segurava fortemente o seu unicórnio de pelúcia. Senti uma forte dor no peito num misto de ódio e vergonha. Aquela era a minha filha, o meu bem mais precioso e eu a estava magoando profundamente outra vez. Barbara pôs-se entre nós dois, encolhi-me junto a parede.— Chuck! — gritou segurando os ombros dela, a abraçou — não querida... não olhe, o papai não está bem. — Suspirou — Chuck! — — O que?! — ele tinha sacolas nas mãos. — Não pode esperar... eu só ia... SANTO DEUS! — Não vi o que fizeram depois disso, mas ele levou-a rapidamente para seu quarto no segundo andar — O que está fazendo com você mesmo
Ele não me permitiu tomar outra dose do remédio. Disse que eu precisava estar bem acordada para a festa, ele nunca me mostrava tanto em público, apenas para algumas pessoas, e geralmente eu sempre ficava calada. Não conseguia ouvir o que diziam, as vezes ele tocava-me nos ombros, e sussurrava que logo eu voltaria para aquele maldito quarto. Não sabia quem eram aquelas pessoas, não sabia onde estava, e chorar não era mais uma opção para mim. Eu só teria aquela chance, e talvez nunca mais fosse acontecer outra vez... Eu havia errado na primeira tentativa, mas não dessa vez. O remédio tramal estava dentro de um pequeno buraco entre a renda e o forro do vestido, tudo o que precisava era da oportunidade certa.Eu nunca havia saído de verdade de dentro daquele lugar, mais após ganhar certa confiança eles permitiam-me caminhar pela casa, afinal as várias manchas ferruginosas de sangue que constantemente estavam no macacão do homem mais
Bianca Ele estava parado no sinal, vez ou outra eu tentava olhar para outro lugar se não a arma em seu bolso. Ele já não vestia o casaco de couro e nem usava mais a gravata, as gotas de suor desciam por sua testa. Ofeguei ainda colada a porta, procurava de algum modo achar alguém... algum guarda municipal ou até de trânsito na rua, uma viatura... qualquer coisa. — Tinha alguma coisa na bebida...— ele olhava para suas mãos quando o sinal voltou a abrir. Pisquei ainda angustiada — Não... a sua bebida é seleciona... ninguém pode tocar nela...— Ele me olhou e voltou a dirigir. — Eu sei baby-doll...— Pouco depois ele parou o carro, estávamos na entrada do central Park, que estava vazio por ser a noite. Ofeguei buscando alguém, alguma ajuda. Levei uma das mãos a trava da porta, os meus movimentos eram lentos, ele estava bêbado, mas ainda tinha uma arma na cintura.
Abri os olhos. A luz forte no meu rosto queimava a minha retina, suspirei sentindo a cânula no meu nariz, tentei abrir os olhos, mas ainda estava tudo muito confusa. Respirei outra vez, e percebi uma mulher de branco na porta, ela observava-me, me fixei nela por alguns segundos e ela correu pelo corredor movimentado. Tentei sentir os pés, e quase chorei ao ver que conseguia mover os dedos, mesmo que com certa dificuldade. — Ela está acordada. — Olhei para aporta e outro homem estava lá. — Obrigado enfermeira Costa. — O homem se aproximou. — Olá, eu sou o investigador Renan. — Sorriu afavelmente. — Consegue me ouvir?— Pisquei afirmando. — Muito bem. — Sorriu. — Sabe seu nome? Pisque uma pra sim, duas pra não.— Pisquei uma vez — A
BiancaAlgumas horas antes.— Então, vieram as torturas psicológicas. — as minhas mãos tremiam sob as minhas pernas. — Luzes apagadas por dias ou acessa por dias... perdi a noção de tempo. — Os homens ouviam-me atentamente. — Quando a água acabou... — as lágrimas caiam como pedaços de chumbo, e apesar de tudo, a minha expressão neutra continuava, os olhos não saíram da luz vermelha do gravador por um segundo sequer. — Depois de um tempo... eu bebi algo ruim... — lágrimas pesadas rolavam no meu rosto — acredito que era minha urina. — Notei que uma das policiais investigativas havia fechado os olhos e contraindo as sobrancelhas em agonia. — Acordei um dia com uma música tocando atrás da porta. Eu sempre odiei música country ... — ergui os olhos para Renan.— Fizemos alguns exames, e colhemos as digitais daquele senhor que estava no carro com você no dia do acidente. — encolhi-me — eu não sei como dizer isso... mas, bem... senhorita Bianca, mas nosso país tem uma dívida com a você. — olh
Com certo esforço fiquei de pé no saguão do aeroporto. Renan acompanhava-me, e ele mesmo fazia a minha segurança.Uma semana já havia se passado, Renan havia me contado que eles estavam saindo do país, e aquela era minha última oportunidade de ver o meu marido.Caminhei com certa dificuldade até a cabine de passageiros, eu os via. Igor abraçava uma mulher loira, o meu coração quase saia pela boca. — Eles estão seguros... — Renan falou baixo.Sorri — eles estão. — Zola estava tão crescida. E Igor... Deus! — eu queria...—— Se entrar em contato com eles, vai colocá-los em perigo. — S
Três meses, eu era a testemunha fantasma. Estava residindo em uma cidade afastada de nova York, em um programa de proteção a testemunhas, a minha rotina era sempre a mesma. Levantava, tomava banho, e cuidava de um setor específico no mercadinho, o nome no meu crachá era Sara, o meu cabelo havia crescido um pouco mais abaixo dos ombros.Renan ligava-me três vezes por semana, as perguntas eram sempre as mesmas...— Estou bem, melhor que ontem...— — Não será por muito tempo sara.— — Tem notícias— E ele sempre dizia o mesmo. — Ele está bem, estão seguros.— Mordi o lábio. — Ele... ainda lembra de mim?— — Eu não saberia dizer...— logo em seguida um suspiro. — Vai ficar tudo bem. Olha...— — Obrigado por ligar, boa noite.— Desliguei o celular. O meu corpo estava envolto na água da banheira, a luz fraca e amarelada lembrava-me o entardecer em Luanda, suspirei e afundei-me na água, estava nua, e mesmo estando debaixo da água, sentia que as minhas lágrimas misturavam com a água. Conseg