Donaldo olhou para o rio diante de si, o reflexo distorcido de sua face na água imóvel. Ele estava só, sentado em uma rocha gasta pelo tempo. A tenda e suas concubinas ficaram para trás, deixadas em um momento de introspecção que ele raramente permitia a si mesmo. O licor em sua mão tremia levemente, como se até mesmo ele sentisse o peso das memórias que o assombravam.Era irônico, ele pensou, que um homem temido e respeitado por seu poder pudesse ser tão assombrado por algo tão banal quanto o passado.A traição era uma cicatriz que jamais se fechara.Anos atrás, Donaldo era diferente. Mais jovem, mais cheio de vida, com olhos que reluziam com uma ambição voraz. Ele tinha uma esposa, Clara, que parecia ser o complemento perfeito para sua energia inabalável. Clara era inteligente e encantadora, uma mulher cuja presença iluminava qualquer ambiente.Mas a vida de Donaldo não era simples. Ele dedicara anos à construção de sua fortuna, movendo-se de um negócio
A escuridão havia caído como um véu de carvão sobre a floresta.Donaldo caminhava sozinho, o negrume em volta cortado apenas pela luz instável da tocha que tremeluzia em sua mão — como se até ela hesitasse desafiar a amplitude das Trevas. O ar era pesado, carregado de umidade e um cheiro acre de vegetação apodrecida. Cada passo parecia mais difícil do que o anterior, como se o chão abaixo de seus pés estivesse vivo e resistisse à sua presença.— Essas malditas árvores — murmurou ele, os olhos atentos ao menor movimento. — Acham que podem me deter?Mas, no fundo, ele sabia que a floresta era mais do que árvores. Sentia isso em seus ossos, um arrepio que não era causado pelo frio, mas pela percepção de que algo o fitava. Algo que sabia seus segredos.Naaldlooyee estava esperando.O bruxo surgira entre as sombras como uma extensão delas, sua presença tão natural quanto o farfalhar das folhas. Seu manto escuro parecia absorver a luz da tocha de Donaldo, tornando-o uma silhueta indistinta e
— Eu aceito — disse Kennett finalmente, sua voz baixa, mas firme.Naaldlooyee sorriu novamente, mas desta vez havia algo mais em sua expressão. Algo como triunfo.O ocultista estendeu a mão para selar o pacto, conforme a floresta parecia gritar em protesto.Naquele instante, Donaldo sentiu no âmago de seu ser: cruzava um limite que talvez jamais pudesse voltar.O céu sobre a floresta era um abismo sem fim, pesado, nuvens imóveis abafando até o sussurro do vento. Não havia estrelas para guiar os perdidos, apenas um manto de escuridão que aparentemente se fechava mais a cada instante.A primeira mudança foi quase imperceptível.Uma árvore, altiva e vigorosa no coração da mata, começou a fenecer. Suas folhas, antes verdes e brilhantes como jade, tornaram-se cinzentas, frágeis, e caíram como lágrimas silenciosas sobre o solo. Cada folha que tocava a terra era um aviso, um lamento de algo profundamente errado.Perto de um rio, Yara flagrava-se agachada, os olhos fixos na água turva que corr
A mãos dele exploravam o corpo dela com uma mistura de desejo e curiosidade. Os avantajados seios. A virilha. A parte interna das coxas. Cada cantinho reservado aos meandros da imaginação. Excitada, a moça respondeu — removendo a fina calcinha de seda e abrindo as pernas, ao que a rosada vulva revelou-se. Úmida. Convidativa. Donaldo entrou nela, e a concubina envolveu-o com seus braços, atraindo-o para mais perto, levando-o a mergulhar ainda mais profundamente nela, conforme intensificavam a troca de beijos e toques e carícias.Ela gemeu conforme ele se movimentava, entrando e tornando a entrar.O calor dentro da tenda se condensou.Os lençóis de seda espalhavam-se pelo chão como rastros de uma batalha silenciosa.A loira arquejava sob ele, as unhas cravando-se em suas costas.Donaldo grunhiu, segurando-lhe os pulsos acima da cabeça, dominando-a com facilidade.— Você gosta disso, não é? — sussurrou ele, o hálito quente roçando o pescoço dela.Ela gemeu em resposta, os olhos vidrados d
O vento murmurava lá fora, carregando consigo a poeira da terra ressecada.Dentro da tenda, o calor sufocava.Pele contra pele.Carne contra carne.Os lençóis embolados, úmidos de suor e desejo.Os suaves gemidos da esguia mulher abaixo dele se fundiam ao ranger do colchão e ao cadenciado som dos corpos em movimento.Mas Donaldo não estava totalmente ali.Seus olhos fitavam o vazio, mesmo conforme seu corpo seguia o movimento, seus dedos cravados nos quadris da concubina de pele azeitonada.Ela gemeu alto, arqueando-se contra ele, buscando sua atenção.— Você está noutro lugar, meu senhor — sussurrou ela, arranhando-lhe o peito.Donaldo não respondeu.Porque seu pensamento estava envolto por outra presença.Naaldlooyee.Donaldo não sabia exatamente quando começou a temer Naaldlooyee.Quando firmara o pacto, acreditava que controlaria a escuridão, que manteria as sombras sob seu comando.Mas, agora, não tinha certeza se a escuridão não começava a controlá-lo.E ele se perguntava:Naaldl
O silêncio da noite pesava como um manto sufocante sobre o acampamento. A fogueira lá fora já não passava de brasas lânguidas, e dentro da tenda principal, Donaldo repousava... mas seu sono era agitado.No começo, era um sonho comum. Ele estava de volta à sua casa, muito antes de sua jornada rumo às florestas e ao hermético poder. A madeira das vigas rangia suavemente com a brisa noturna, e o cheiro de terra molhada impregnava o ar.Mas algo estava errado.O corredor... parecia longo demais.As paredes, onde outrora havia quadros e tapeçarias, agora estavam nuas e pulsantes, como se tivessem vida própria.Ele olhou para suas mãos. Estavam manchadas de... sombra? Como tinta negra escorrendo por sua pele.Ao fundo, um som abafado vinha do quarto. Risos. Um riso masculino, entrelaçado com suspiros de desejo.O ódio explodiu dentro dele, queimando como fel. Ele conhecia aquele quarto. Conhecia cada centímetro da madeira, cada imperfeição no teto. Era o quarto de Clara. Era o seu quarto.A
A lua cheia pairou sobre a ravina, derramando uma luz prateada que banhou as pedras e a vegetação, tingindo o cenário de um brilho fantasmagórico. À beira do precipício, Lyra, a concubina de Donaldo, assentou-se com os pés balançando no vazio, ao que seus olhos mergulharam nas profundezas, onde as sombras se estendiam como dedos esqueléticos, conforme um arrepio gelado percorria sua espinha.Entre as muitas concubinas de Donaldo, Lyra era singular. Sua mente inquieta e seu coração ainda não haviam sido absolutamente subjugados pelo poder e pela riqueza de seu senhor. Ela nutria uma curiosidade insaciável sobre o passado de Donaldo, sobre os fios que teceram o homem que ele se tornara. Seria ele ainda aquele que conquistara corações femininos, ou apenas uma casca vazia, arrastada para as trevas?— Ele está bem? — sussurrou Lyra, sua voz quase engolida pelo vento que sibilava entre as rochas. — Ou está se perdendo nas sombras, afundando, como um navio à deriva?As histórias que ouvira s
O ar em volta parecia carregado de eletricidade, cada movimento uma melodia de sensações que os conectava de maneira quase transcendental. Ele sentia o calor dela envolvê-lo, um abraço íntimo que o fazia perder o fôlego. Cada avanço, cada recuo – uma dança que ambos conduziam com paixão e ternura, como se o mundo exterior tivesse deixado de existir.Ela arqueava as costas, os dedos dele marcando levemente sua pele, conforme murmúrios escapavam de seus lábios, palavras entrecortadas que misturavam desejo e afeto. Ele respondia com ações, cada toque, cada movimento, uma promessa silenciosa de que aquele momento era só deles, um segredo guardado a portas fechadas.O ritmo acelerava, a respiração ofegante ecoando no quarto, enquanto as mãos dela exploravam suas costas, sentindo cada músculo tensionado, cada onda de prazer que o percorria. Era como se estivessem à deriva em um mar de sensações, onde o tempo não tinha mais importância.E então, quando o ápice se aproximou, ela o fitou, os ol